Com Bolsonaro doente, ninguém se mexe

Publicado em coluna Brasília-DF
Crédito: Caio Gomez

Coluna Brasília/DF, publicada em 15 de abril de 2024, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito

O quadro de saúde do ex-presidente Jair Bolsonaro fez com que todos os pré-candidatos a presidente da República paralisassem os movimentos. A palavra mais usada para definir a situação dos partidos mais conservadores é “imprevisível”.

O União Brasil, do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, está totalmente dividido. O PL, maior partido conservador, não admite que se fale em outros nomes para concorrer em nome do seu maior líder, em termos de capacidade de mobilização e de votos. O Republicanos, o PSD e o Novo, que também têm seus atores nesse processo — respectivamente caso dos governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas, do Paraná, Ratinho Júnior, e de Minas Gerais, Romeu Zema —, também recolheram os flaps.

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Ninguém quer ser acusado de ter aproveitado uma situação delicada para entrar na disputa. Isso significa que, enquanto Bolsonaro não estiver recuperado, a única pauta dos seus aliados será o projeto de anistia aos acusados pelas depredações às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. E olhe lá.

Ruído na relação

Quem acompanha com uma lupa os bastidores da COP 30, tomou um susto ao ver o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciar Brasília como sede do encontro preparatório para a cúpula do clima. Esperava-se que essa reunião fosse no Rio de Janeiro.

Nem pensar

Lula pisa em ovos no tema COP 30. No governo, há quem diga que se fizesse o evento no Rio, haveria especulações de favorecimento ao prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes (PSD). Brasília é considerada território neutro.

Faltaram eles

O único discurso que arrancou aplausos durante a Lide Brazil Emirates Conference, em Dubai, foi quando o ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, mencionou que o empresariado é que deve orientar o governo sobre o que funciona e que não deve ser feito em termos de políticas voltadas à sustentabilidade. E não havia um ministro de Lula sequer para rebater e debater.

Antes tarde do que nunca

A ideia do governo de fazer exames e cirurgias na rede privada, a fim de acelerar a fila do SUS, foi exatamente o que foi feito pelo então governador João Doria. Com o nome de “Corujão da Saúde”, o programa acabou com a fila de exames em 90 dias e mais de 900 mil pessoas foram atendidas na rede de hospitais privados de São Paulo, entre as 20h e as 6h. “Fico feliz que estejam copiando nossa ideia, mesmo 10 anos depois”, disse à coluna.

CURTIDAS

Intensivão/ Nem todos os médicos aguentaram o tranco de 12 horas para operar o ex-presidente Jair Bolsonaro, no domingo. Um deles, dito ser mais novo em idade que outros integrantes da equipe, precisou ser trocado durante o procedimento.

Pausa na agenda/ O governador Ibaneis Rocha aproveitou o tempo livre em Dubai, antes da palestra no Lide Brazil Emirates Conference, para assistir à corrida de Fórmula Um, no Bahrein, no domingo. Outros políticos preferiram visitar o majestoso Burj Khalifa, o maior prédio do mundo. Para subir até o topo, dependendo do dia e da disponibilidade, paga-se quase R$ 1 mil por ingresso, além horas de fila.

Enquanto isso, entre os empresários…/ A aposta principal do empresariado que busca recurso dos petrodólares é Tarcísio de Freitas. Alguns ainda se referiam a Bolsonaro como o Doutor Smith, do antigo seriado Perdidos no Espaço, e emendavam: “Nada tema, com Tarcísio não há problema”.

Empresários clamam por Reforma Administrativa

Publicado em coluna Brasília-DF

Por Denise Rothenburg — Os aplausos mais efusivos no Lide Brazil Investment Forum, em Nova York, foram para os palestrantes que defenderam o equilíbrio fiscal e uma Reforma Administrativa que inclua avaliação de desempenho. “O Estado foi capturado de tal forma pelo corporativismo que existe, hoje, para servir aos servidores, e não ao usuário”, cobrou o deputado Arthur Maia (União-BA), defendendo uma mudança que coloque o funcionalismo no mesmo patamar da iniciativa privada. O mesmo aplauso efusivo ocorreu quando o presidente da Febraban, Isaac Sidney, pregou políticas públicas que caibam dentro do Orçamento da União.

A posição de Maia indica que qualquer proposta Reforma Administrativa que venha no sentido oposto à cobrança de desempenho ou métricas que tragam uma espécie de isonomia de tratamento entre o público e privado, terá dificuldades no Parlamento. Quem conhece o traçado, recomenda ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que permaneça dentro da regulamentação da Reforma Tributária e deixe a administrativa para um futuro mais distante.

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Função pública e não privada

A nova comandante da Petrobras, Magda Chambriard, é vista como uma pessoa da linha de Dilma Rousseff — não tem conversa. Nos tempos de Agência Nacional do Petróleo (ANP), era vista como alguém que defendia que a empresa estivesse a serviço do Brasil, e não dos seus acionistas.

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Hora de tratar das dívidas

O governador Claúdio Castro, do Rio de Janeiro, fez questão de lembrar que se não fossem os juros cobrados no pagamento das dívidas, talvez o Rio Grande do Sul tivesse recursos para investir e evitar tragédias. Porém, em seguida, esclareceu: “Não vamos jamais usar uma tragédia dessas para tratar de renegociação de dívidas. O Rio Grande do Sul, hoje, é um caso humanitário, precisa de ajuda e solidariedade”.

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O lema de Zema

Em todas as solenidades de que participa, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, adota um discurso que soa como música ao empresariado: “Minas está crescendo bem acima da média nacional. Voltou a ter credibilidade e não complica a vida de quem investe”.

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Curtidas

Senhoras do agro/ Assim como a ex-senadora Kátia Abreu (foto), a senadora Tereza Cristina (PP-MS) já foi ministra da Agricultura e saiu do evento do Lide lançada para presidir a Confederação Nacional de Agricultura (CNA). “Nossos caminhos são muito parecidos: fomos deputadas, ministras, senadoras. Falta presidir a CNA e há tempos não temos uma mulher por lá”, disse a ex-senadora.

E de muito mais/ Kátia não citou, mas já foi candidata a vice-presidente da República do ex-deputado e ex-governador do Ceará Ciro Gomes. Tereza é lembrada como uma opção para uma chapa presidencial dos conservadores, em 2026.

Por falar em candidatura…/ O governador de Goiás Ronaldo Caiado saiu de Nova York aquecido para disputar uma indicação ao Planalto no futuro. Em seu discurso, lembrou logo que se tem negócios falindo em Goiás, são aqueles relacionados a carros blindados e segurança privada. Vai focar todo seu discurso em segurança pública.