Bolsonaro adota discurso mais moderado

Publicado em Covid-19

O pronunciamento de hoje mostrou que o presidente Jair Bolsonaro sentiu o tranco da queda de popularidade e estende a mão para o diálogo e para tentar recuperar o que perdeu. Falou da saúde das pessoas, da necessidade de união, se colocou como aquele que detém o comando da equipe ao dizer que determinou aos ministros que cuidem dos brasileiros. Falou inclusive em união de todos, governadores, prefeitos, Legislativo, Judiciário na guerra contra o coronavírus. O discurso de união, de “vamos juntos” e de preocupação primeiramente com a saúde das pessoas finalmente substituiu o da “gripezinha”.

Resta saber se as ações presidenciais seguirão nesse sentido. Na reunião dos governadores do Sudeste, semana passada, por exemplo, o presidente mais atacou do que discutiu saídas para estados como São Paulo, o epicentro da pandemia no Brasil. Ficou mais preocupado com o embate politico com o governador João Doria, citando inclusive a eleição de 2022, algo que não está na cabeça do brasileiro nesse momento. A tensão com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, é outro ponto. Não dá para o presidente nomear um ministério técnico e desprezar as recomendações técnicas de sua equipe, ao ponto de ministro ter que olhar para o seu colega da Casa Civil, Braga Neto, e escolher as palavras mais amenas para expor os resultados do confinamento _ como fez Mandetta na coletiva de hoje.

Bolsonaro não deixou ainda de citar a parte que lhe agradou do discurso do diretor Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom. Porém, manteve dessa “missa” a metade, ao mencionar apenas a parte em que Adhanom fala sua preocupação com os informais e desconhecer o trecho com a referência à necessidade de proteção dessas pessoas por parte dos governos.

A parte da OMS, porém, não ocupou tanto o discurso como se esperava e o ponto alto foi mesmo a mudança de tom. Embora Bolsonaro tenha mantido suas referências à cloroquina e à preocupação com o emprego, fez questão de lembrar que não há tratamento específico para Covid-19 e nem vacina. Agora, assim como os médicos trabalham incansavelmente para recuperar a saúde dos cidadãos que procuram os hospitais, o presidente trata de querer recuperar a sua saúde política. Ainda está em tempo. Basta levar o discurso à prática.

Depois de fala de Eduardo, deputados mandarão recado à família Bolsonaro

Publicado em Política

Coluna Brasília – DF

O puxão de orelhas que Eduardo Bolsonaro recebeu do presidente Jair Bolsonaro por cogitar um novo AI-5, no caso de uma hipotética radicalização da esquerda, não será suficiente para resolver sua situação na Câmara dos Deputados. A ideia de muitos no Congresso é aproveitar o episódio para mandar um recado à família, de que não pode haver retrocessos no sistema democrático brasileiro e qualquer flerte com o autoritarismo deve ser repudiado. O grau dessa punição, entretanto, deve cair para uma advertência.

Da parte das esquerdas, a frase despertou a vontade de testar as forças nas ruas, com a convocação de uma manifestação “Basta de Bolsonaro”, para 5 de novembro, por parte da União Nacional dos Estudantes (UNE). A aposta dos mais experientes é de que não terá apelo. Afinal, a economia começa a dar sinais de melhora, e muitos consideram que ainda não é o momento para protestos.

O que vem por aí

Em conversas reservadas, partidos de centro olham com uma certa desconfiança para a reforma administrativa que o governo enviará ao Congresso. O Planalto pretende incluir o fim da estabilidade e da licença-capacitação para quem ingressar no serviço público. Há quem se preocupe com a possibilidade de a grita dos servidores ser usada pela oposição como massa de manobra para inflar manifestações.

Durou pouco

O PSL voltou a se unir a Jair Bolsonaro no meio da semana, quando se verificou que a casa do presidente, na Barra da Tijuca, havia sido citada de forma equivocada como um dos locais visitados por um suspeito do assassinato de Marielle Franco. Agora, depois da frase infeliz de Eduardo Bolsonaro, a turma que se aproximava desistiu de seguir nesse caminho. Se 03 for levado ao Conselho de Ética, não contará com esse grupo.

Por falar em PSL…

O grupo bivarista se reuniu e decidiu reduzir as falas e as manobras contra os aliados do presidente da República. No ritmo que vai, diz a turma de Bivar, o grupo ficará isolado no Parlamento.

Veja bem

O pedido de desculpas de Eduardo vai dar discurso aos poucos aliados que ele tem na Casa, no sentido de evitar uma punição. É nessa direção que todos vão trabalhar nas próximas horas, a fim de chegar à segunda-feira com o episódio no rol dos resolvidos.

Não é com eles/ Os militares não soltaram qualquer nota a respeito da fala do deputado Eduardo Bolsonaro.

Muda o enredo/ O líder do governo, Eduardo Gomes, trabalhará nos próximos dias para tentar virar a página das crises e evitar maiores estragos depois da fala: “Ressaca eleitoral já deu. Vamos para frente. A reforma da Previdência está aprovada. O ambiente tem que ser de trabalho e crescimento”.

Sigam o primogênito/ O recado do líder vale também para 02 (Carlos Bolsonaro), que vive de provocações na internet, e para 03 (Eduardo). O senador Flávio Bolsonaro, o 01, tem centrado sua energia na pauta do Senado.

Cola neles!/ Luciano Huck foi aconselhado a ouvir os políticos mais experientes que, mesmo sem mandato, se mantêm atentos a tudo o que acontece no cenário político. No topo da lista, o ex-senador e ex-deputado ulyssista Heráclito Fortes

Aprovação de Eduardo dada como certa, mas não se sabe a que preço

Eduardo Bolsonaro e Jair Bolsonaro
Publicado em coluna Brasília-DF, Governo Bolsonaro

Coluna Brasília-DF/ Por Leonardo Cavalcanti

A prioridade tem um número: 03

O presidente Jair Bolsonaro gastou boa parte do discurso do evento comemorativo aos 200 dias do atual governo para fazer campanha para o filho Eduardo, o 03, virar o embaixador nos Estados Unidos. O capitão reformado lembrou que o filho queria sair do Brasil, mas, a partir de conselhos do pai, fez concurso para a Polícia Federal. Antes de ingressar na corporação, viajou para os EUA e trabalhou para custear os próprios gastos. Antecedendo o discurso de Bolsonaro, o presidente da Câmara, Davi Alcolumbre (DEM-AP), deixou claro o entusiamo: “O Parlamento está aberto a estender a mão ao Executivo”.

»   »   »

No mercado de apostas de Brasília, é dada como certa a aprovação de Eduardo para a embaixada, mas não se sabe a que preço. Como o Correio antecipou na quarta-feira, o diplomata Nestor Forster, anteriormente cotado para o cargo, deverá ser o embaixador alterno, responsável por lidar com o lado operacional da representação brasileira em Washington, enquanto o hoje deputado cuidará dos olavistas-trumpistas. Um detalhe para que Forster aceite o cargo é a ausência de postos diplomáticos importantes e vagos na Europa e na Ásia.

Fernando de Noronha I

Em conversa com o Correio na tarde de ontem, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles — que está em Fernando de Noronha para vistoriar o Parque Marinho —, disse que, no primeiro dia de visitação, constatou uma série de demandas de moradores, comerciantes e pescadores. Ele esteve reunido com representantes da concessionária EcoNoronha, que administra as visitas de turistas ao local. Bolsonaro havia se queixado dos valores cobrados para a entrada nas praias: R$ 106 para brasileiros e R$ 212 para estrangeiros, autorização válida por 10 dias.

Fernando de Noronha II

Amanhã, Ricardo Salles fará anúncios relacionados à ilha durante coletiva de imprensa. Segundo ele antecipou na entrevista ao Correio por telefone, pelo menos duas medidas já foram tomadas: a instalação de banheiros ecológicos nas praias — uma demanda da comunidade, que será custeada pelos donos das pousadas — e melhorias no mirante da praia do Boldró, uma das mais exuberantes de Fernando de Noronha. “Há muita coisa que foi postergada nos últimos anos”, disse Salles.

Curtidas

Fora da lista tríplice I / Inflado pela turma ideológica do governo para ocupar a chefia do Ministério Público, Aílton Benedito Souza tem um problema para disputar a vaga: ele não é subprocurador, posto dado como crucial entre os últimos escolhidos. O presidente Jair Bolsonaro deve cravar o nome do procurador-geral na primeira quinzena de agosto, um mês antes da saída de Raquel Dodge do cargo. Uma coisa é dada como certa nos bastidores do Planalto: a lista tríplice escolhida pela categoria no mês passado deve ser desconsiderada.

Fora da lista tríplice II / A nova aposta dentro do Planalto é Mônica Nicida, considerada um trator no trabalho e autora de livros jurídicos e especializada em acordos de leniência. Nicida é subprocuradora-geral da força-tarefa da Lava-Jato em São Paulo, uma espécie de general na hierarquia do Ministério Público. A defesa não do nome dela, mas de alguém que tenha o posto de subprocurador, teria sido feita diretamente pelo ministro Dias Toffoli a Bolsonaro, sob pena de o indicado à vaga, que, no plenário do STF, senta-se ao lado do presidente, ser desvalorizado.

Delegado Jorge Pontes. Crédito: Arquivo Pessoal.

Crime.gov / Os delegados da Polícia Federal Jorge Pontes (foto) e Márcio Anselmo lançam, em Salvador, em agosto, o livro Crime.gov — quando corrupção e governo se misturam (Selo Objetiva, R$ 54,90). O evento ocorrerá durante o Simpósio Nacional de Combate à Corrupção, promovido pela Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), nos dias 22 e 23 do mês que vem. Os autores narram, a partir da longa experiência com as próprias investigações, os detalhes de como o crime se infiltrou nas instituições brasileiras.

Proteção de dados / Em parceria com o Instituto Legislativo Brasileiro (ILB), o #Instituto Illuminante promove, no próximo dia 6, o evento “Os Impactos da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) na sociedade brasileira”. A palestra será de Adriano Mendes, especialista em direito digital, e ocorrerá, entre 15h e 18h, no auditório Petrônio Portela do Senado. A entrada é franca mediante inscrição prévia no link https://lnkd.in/eYfZHPu.