PT apostará nos eleitores de Simone Tebet para o primeiro turno

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O PT apostará tudo, agora, nos 5% de Simone Tebet (MDB) nas pesquisas para tentar fechar a eleição em primeiro turno. Caso não consiga — e a tendência é ter segundo turno —, Luiz Inácio Lula da Silva espera contar com o apoio da emedebista no mano a mano contra o presidente Jair Bolsonaro (PL). A expectativa petista é de que Simone não repita o que fez Ciro Gomes (PDT), na eleição passada, que, ao se ver fora do segundo turno, voou para Paris. A senadora, até aqui, tem dito que não apoiará nem um, nem outro.

Só tem um detalhe: a leitura dos petistas é a de que Simone tem atacado Bolsonaro e preservado Lula. Por isso, a aposta geral é a de que ela apoiará o petista. Se não o fizer, uma parte do MDB investirá para que ela adote esse caminho. Simone, até aqui, porém, só tem uma certeza: se não estiver no segundo turno, sairá desta campanha muito maior do que entrou.

Ei, você aí…

A campanha de Bolsonaro distribuiu uma cartilha via WhatsApp para orientar o eleitorado como doar recursos ao candidato à reeleição. A vaquinha eleitoral é considerada fundamental para essa reta final.

Quem confia?
A avaliação de que “o dinheiro acabou” — feita há alguns dias, reservadamente, pelo presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, e recentemente reforçada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) —, é vista com desconfiança por muitos aliados. Há muita gente dizendo que Costa Neto quer é tirar a turma do PL da sua antessala, onde não são poucos os candidatos que aguardam pacientemente uma audiência em busca de recursos.

Enquanto isso, no PP…
Com um partido menor do que o PL, o Progressistas do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, está mais controlado no quesito recursos financeiros. Há quem agradeça aos céus pelo fato de Bolsonaro ter escolhido o PL. Assim, sua turma foi para lá e o PP terminou poupado, pelo menos em parte, da guerra pelo dinheiro.

Sai, mas fica
Embora Bolsonaro tenha dito, em entrevista ao podcast Collab, que, se perder a reeleição, estará fora da política, seus mais fiéis escudeiros não acreditam. Primeiro, Flávio Bolsonaro tem mais quatro anos de mandato no Senado e Eduardo Bolsonaro tem tudo para se reeleger deputado por São Paulo. E, até aqui, é o presidente quem mobiliza a direita. Enquanto não aparecer outro líder que fale diretamente com esse segmento do eleitorado, Bolsonaro será chamado pelos seus apoiadores a continuar exercendo esse papel.

Assunto encerrado/ Ao aprovar o teste de biometria nas urnas proposto pelas Forças Armadas, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) quer colocar um ponto final nas discussões sobre a votação eletrônica. Os ministros da Corte dizem que este tema agora está definido.

Para poucos/ Na cerimônia do funeral da rainha Elizabeth II, só entrarão os chefes de Estado e de governo e suas mulheres. Logo, alguns ministros, como o da Casa Civil, Ciro Nogueira, por exemplo, decidiram seguir direto para Nova York, onde o presidente abre a Assembleia Geral da ONU.

Por falar em viagem…/ O presidente ficará fora do Brasil por, pelo menos, três dias. Mas não fora da internet. Enquanto isso, Lula vai ao Sul do país, inclusive Santa Catarina, onde algumas pesquisas dão a vantagem a Bolsonaro.

E as pesquisas, hein?/ O Ipec deu esperança a Lula de uma vitória no primeiro turno. O Instituto Paraná apontou empate técnico entre Lula e Bolsonaro. A campanha segue seu curso e o que vale é a urna de 2 de outubro.

Poder de mobilização nas ruas pode ser sinal de um “terceiro turno”

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Já no finalzinho da entrevista ao CB.Poder, ontem, o presidente Jair Bolsonaro (PL) deu a senha para, se for o caso, reclamar do resultado. Ele disse, com todas as letras, que se depois do 7 de Setembro, com o que viu nas ruas — em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e outras capitais —, “acho que está decidida a eleição no primeiro turno. Não tem explicação o outro lado ganhar”.

Em tempo: entre advogados eleitorais, ficou a desconfiança de que a frase indica um terceiro turno, em caso de um resultado desfavorável. E com gente na rua a favor do presidente. Afinal, a contar pelo que se viu de mobilização popular, Bolsonaro, ganhando ou perdendo, mostrou que lidera e que seus apoiadores atendem ao seu chamado.

“Bazuca”

É assim que os advogados de Bolsonaro tratam a Aije — Ação de Investigação Judicial Eleitoral —, que o PDT apresentou contra o presidente-candidato em relação aos atos de 7 de Setembro. A aposta é a de que o caso só seja resolvido depois do pleito. E se Bolsonaro perder a eleição e, posteriormente, a Aije, pode ficar inelegível por oito anos.

A vingança é um prato…
… que se come frio. Para alguns petistas, a estratégia está clara: se Luiz Inácio Lula da Silva foi preso e, por isso, não pôde ser candidato em 2018, Bolsonaro não poderá ser candidato em 2026, se perder essa ação lá na frente.

O que une os partidos
Se tem algo que a maioria dos políticos concorda com Bolsonaro naquilo que se refere ao Supremo Tribunal Federal (STF) é nas críticas ao excesso de decisões monocráticas. É no sentido de coibir essas decisões que muitos querem agir no próximo ano.

Enquanto isso, no Parlamento…
Bolsonaro e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), conversaram sobre a ausência do presidente à solenidade do Congresso, em homenagem ao Bicentenário. Bolsonaro meio que se desculpou pela ausência, mas foi claro: o 7 de Setembro foi na quarta-feira.

Técnicos/ No intervalo da entrevista, o ministro da Justiça, Anderson Torres, e a ex-ministra Flávia Arruda se aproximaram do presidente para passar os dados sobre segurança e apoio às mulheres.

Por falar em técnicos…/ A ordem na campanha de Bolsonaro é comparar o lucro das estatais e os ministros. A avaliação da equipe é a de que não há imagem mais forte do que um ministro da Fazenda delatando um presidente, tal como Antonio Palocci fez com Lula.

Homenagens à rainha I/ Na homenagem à rainha Elizabeth II, Lula tratou de mostrar a amplitude internacional de seu antigo governo, citando os acordos que promoveu. Foi ainda uma forma de rebater as acusações dos opositores de que só se relacionava bem com ditadores ou presidentes com viés de esquerda.

Homenagens à rainha II/ A presença de Bolsonaro nos funerais da rainha dependerá da agenda de viagens. Nesta reta final de campanha, o único compromisso fora do Brasil é a abertura da Assembleia Geral da ONU, no próximo dia 20.

Presidente Jair Bolsonaro obteve um dia inteiro de transmissão ao vivo

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A contar pela pressa de seus adversários em ações judiciais para que o presidente-candidato Jair Bolsonaro (PL) seja proibido de exibir as imagens dos eventos do 7 de Setembro no horário eleitoral gratuito, e investigado por uso da máquina, a estratégia da campanha reeleitoral funcionou. Bolsonaro obteve um dia inteiro de transmissão ao vivo para os eventos híbridos, ou seja, solenidades oficiais seguidas de atos de campanha. Chamou Luiz Inácio Lula da Silva de “quadrilheiro de nove dedos”, e repetiu a frase do ex-governador Geraldo Alckmin, hoje candidato a vice na chapa do petista, sobre o PT voltar “à cena do crime”. E, por tabela, viu seus apoiadores tomando as ruas por todo o país em volumes para lá de expressivos. Sua equipe de campanha estava eufórica com o saldo da mobilização e saiu convencida de que a eleição caminha para o segundo turno.

Em tempo: entre os petistas, há quem, olhando pelo retrovisor, calcule que tenha sido um erro Lula não ter preparado uma agenda para este 7 de Setembro. Há quem diga que ele deveria ter ido, por exemplo, ao Rio Grande do Norte ou à Bahia, estados governados pelo PT. Ciro Gomes (PDT), por exemplo, fez uma movimentação em Ouro Preto (MG), e Simone Tebet (MDB), em São Paulo.

Seguiu o script
Não eram só os marqueteiros que estavam eufóricos com o saldo do 7 de Setembro em favor de Bolsonaro. A coordenação jurídica da campanha considera que o presidente fez tudo o que foi acertado para evitar conflito com o Poder Judiciário.

Questão de sobrevivência I

De olho nas pesquisas em Alagoas que apontam Lula na liderança, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), preferiu guardar distância de Bolsonaro. A 25 dias das eleições, a ordem é não correr riscos. De quebra, ele deseja ainda concorrer a um segundo mandato no comando da Câmara, independentemente de quem seja o futuro presidente da República.

Questão de sobrevivência II
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), também preferiu ficar distante, porque aposta no papel de pacificador do país logo após as eleições. Pacheco é do PSD, partido de Gilberto Kassab, que ficou neutro justamente para seguir neste papel.

À la Zema
A candidata do MDB, Simone Tebet, olha com esperança para o que ocorreu com o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), na eleição de 2018. Em 8 de setembro, ele tinha 5% das intenções de voto e venceu. Por isso, a presidenciável acredita que a eleição está em aberto.

Reforço/ O resultado do plebiscito sobre a nova Constituição do Chile servirá de argumento para que os bolsonaristas continuem questionando as pesquisas de intenção de voto no Brasil. Lá, as sondagens indicavam 46% contra a nova Carta. O resultado final foi de 62% contra, ou seja, 16 pontos percentuais a mais.

A visão dela/ Presente à solenidade do 7 de Setembro e ao comício de Bolsonaro, logo depois, em cima de um caminhão de som, a deputada Bia Kicis (PL-DF) não viu nada demais no fato de o presidente comparar as primeiras-damas. “Ué, ele não pode elogiar a própria mulher?”, reagiu.

Enquanto isso, em São Paulo…/ Sem a presença de Bolsonaro, quem aproveitou o embalo na Avenida Paulista foi o ex-ministro Tarcísio de Freitas, candidato ao governo local. Lá, conforme avalia o cientista político Leonardo Barreto, está em aberto quem irá para o segundo turno contra o petista Fernando Haddad, que lidera a disputa — se Tarcísio ou o governador-candidato, Rodrigo Garcia, do PSDB.

Por falar em PSDB…/ Em caso de derrota do governador paulista, os tucanos fecharão seu ciclo de poder no estado, comprometendo, inclusive, a bancada no Parlamento. É em São Paulo que o partido tem seu berço político, daí a preocupação geral.

Mais pobres serão alvos preferenciais de Lula e Bolsonaro

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Passado o primeiro debate, as campanhas se voltam para os mais pobres, que demonstram preferência por Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na tevê, Jair Bolsonaro (PL) manterá a estratégia de colar o Auxílio Brasil no valor de R$ 600, e o Bolsa Família nos R$ 192. Os bolsonaristas registraram, ainda, a forma como o PT abordou o benefício no horário eleitoral gratuito esta semana e ficaram com a impressão de que estão no caminho certo, uma vez que o programa petista de rádio desta semana foi dedicado a este tema, com o locutor dizendo que apenas Lula manterá o valor de R$ 600. O petista, aliás, terá outras inserções com referência aos programas sociais de seu governo. O estica e puxa pelos mais pobres e por obras continuará até o final da eleição.

Essa disputa por programas e projetos de governo é mais um ponto que tira de Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (UB) e Felipe D’Ávila (Novo) a perspectiva de quebrar a polarização. Mas nenhum deles desistirá no meio do caminho.

Tudo em paz

Os filmes publicitários e as inserções da campanha pela reeleição de Bolsonaro conseguiram apaziguar os diferentes núcleos: político, ideológico e a própria comunicação. Os vídeos mais elogiados pelas três instâncias são o da primeira-dama Michelle Bolsonaro sobre a água, e o do próprio presidente falando do Pix. A criação, o roteiro e a direção dos comerciais são do marqueteiro Duda Lima.

Ranking de corrupção
O PT ainda não definiu como vai explorar a compra de imóveis com dinheiro vivo pela família Bolsonaro, conforme notícia publicada pelo site Uol. Uma ala do PT tem o receio de que muitos ataques nessa seara coloquem novamente em campo a delação de Antonio Palocci, altamente explorada pelos bolsonaristas nas redes sociais, e vire um tiroteio de quem é “o menos pior” nessa seara.

Por falar em receio…
O crescimento de cinco pontos de Cláudio Castro (PL) na pesquisa Ipec para o governo fluminense fará com que o PSB aumente a pressão para que Lula tenha mais agendas no Rio de Janeiro.

A chave para subir…
A análise do cientista político Alberto Almeida sobre a pesquisa CNT/MDA desta semana relaciona a melhoria da avaliação do governo Bolsonaro à redução da distância entre o presidente e Lula na corrida eleitoral. Almeida lembra que, de fevereiro para cá, a consulta CNT/MDA detectou que o ótimo e bom do governo medido pela mesma pesquisa subiu de 26% para 33%. O mesmo instituto mostrou que, em fevereiro, Lula estava 14 pontos à frente de Bolsonaro. Hoje, essa diferença caiu para oito pontos.

…é o governo
Em seis meses, a avaliação positiva do governo subiu sete pontos e a diferença entre Lula e Bolsonaro caiu para seis pontos. Alberto Almeida conclui: “A avaliação do governo será o fator preponderante para definir a eleição daqui a 32 dias”.

PSD dividido em Minas/ O ministro da Agricultura, Marcos Montes (PSD), avisa que não fará campanha para o candidato de seu partido ao governo do estado, Alexandre Kalil. “O rumo que ele tomou nos tira da campanha dele”, diz, referindo-se à aliança com o PT.

Carreira solo/ O Republicanos de Damares Alves tem dedicado seus programas eleitorais na tevê à ex-ministra. Ela aparece, inclusive, no programa dos candidatos a deputados federais do partido. Já o governador Ibaneis Rocha, que tem o apoio do partido, não é sequer citado. Damares tem como suplente Manoel Arruda, do União Brasil.

Por falar em União Brasil…/ O partido de Manoel Arruda tem Soraya Thronicke como candidata a presidente. Ela será a entrevistada de hoje no CB.Poder, logo após o horário eleitoral gratuito do início da tarde.

Aliados avaliam que Bolsonaro se saiu melhor do que o esperado

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Terminada a entrevista do presidente-candidato Jair Bolsonaro ao Jornal Nacional, apoiadores do chefe do Executivo separaram a gravação para uma pesquisa qualitativa, a fim de saber a impressão dos eleitores de vários segmentos sociais sobre o que foi discutido nos 40 minutos. Eles querem ver se confirmam as suspeitas de que os entrevistadores ultrapassaram a mesma linha fina que, em 1998, Cristovam Buarque cruzou num debate com Joaquim Roriz, que terminou “vitimizado” e ganhou pontos.

A avaliação geral, logo depois da entrevista, foi de que ele se saiu melhor do que seus apoiadores imaginaram. No que interessa à população, os mais críticos de seus simpatizantes consideraram que ele foi seguro ao dizer que não faltou vacina e que criou um auxílio para evitar que as pessoas morressem de fome na pandemia, esquivando-se muito bem de perguntas que tentavam obter como resposta a admissão de que cometeu algum erro. Quanto ao meio ambiente, porém, assessores consideram que ainda é o calcanhar de Aquiles e um tema que, nos próximos dias, a campanha pretende trabalhar melhor.

A “colinha” …
O que estava escrito na mão do presidente não era bem uma “colinha” de quatro palavras. Nicarágua, Argentina e Colômbia, governos de esquerda que ele, se tivesse tempo, citaria para atacar a esquerda, como fez em outras ocasiões.

…e o recado de Bolsonaro
O quarto nome era Dario Messer, “o doleiro dos doleiros”, preso em 2019, que disse ao Ministério Público do Rio de Janeiro ter feito repasses à família Marinho, dona das Organizações Globo. Ficou ali, para o caso de, durante a entrevista, alguém querer ligar o governo à corrupção.

Volte uma casa

O PT cogitou uma “retratação” de Lula por causa da frase: “Quer bater em mulher? Vá bater em outro lugar, não dentro de casa ou no Brasil”, dita durante comício no fim de semana. Até as 20h de ontem, a resposta tinha ficado a cargo da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que divulgou em suas redes sociais que o que vale é a prática e não uma frase mal colocada.

A roupa conta/ O ex-presidente Lula trocou a roupa mais informal pelos ternos na maioria dos compromissos de campanha. Foi assim, por exemplo, com a entrevista aos jornalistas estrangeiros. O ar mais presidencial será usado.

Caiu na rede I/ Depois de soltar um “Flávio, por favor, desintoxica” para o empresário Flávio Rocha, dono da Riachuelo, Ciro Gomes ganhou nas redes o apelido de “Ciro detox”. Os pedetistas gostaram: “Melhor do que tchuchuca do Centrão”, comentaram aliados de Ciro.

Caiu na rede II/ Faltando menos de uma hora para o início da entrevista ao Jornal Nacional, o senador Flávio Bolsonaro postou em suas redes o “Bolso Jackson”, com o presidente Jair Bolsonaro saindo do estúdio do JN e se transformando em Michael Jackson, com a música Billie Jean.

Homenagem a Grossi/ O advogado José Gerardo Grossi recebeu uma homenagem póstuma, ontem, com o lançamento de um livro na Trattoria da Rosário. Organizado por Nilo Batista, a publicação traz vários artigos sobre a advocacia de Grossi, sob o título José Gerardo Grossi — alguma advocacia.

Lei da Improbidade leva partidos a reavaliar candidaturas

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Os advogados eleitorais de candidatos que veem suas candidaturas balançarem por causa da não retroatividade da lei da improbidade avisam: o capítulo final dessa novela se dará apenas no período da diplomação. Só tem um probleminha aí: as nominatas dos partidos podem terminar prejudicadas, caso a Justiça Eleitoral casse o registro de algum candidato às eleições proporcionais. É que os votos dados a postulantes que não conseguirem o diploma terminam anulados.

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Portanto, diante do risco de nulidade de votos dados a candidatos enrolados, os partidos terão de decidir se mantêm essas candidaturas e arriscam, lá na frente, perder os votos dados a esses candidatos, ou buscam quem esteja fora de perigo de naufrágio ao longo do processo.

As contas de Pacheco

Em jantar, dia desses, com os senadores do seu partido, o PSD, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e os parlamentares começaram a fazer as contas sobre as perspectivas de mais dois anos no comando da Casa. As projeções indicam que a legenda ficará maior que o MDB e, portanto, terá a prerrogativa de lançar Pacheco à reeleição como candidato oficial.

Teoria & prática
A conta, porém, não é tão redondinha assim. Em 2018, Davi Alcolumbre, que era do DEM, desancou Renan Calheiros, e seu partido tinha apenas seis senadores. O MDB, que corre o risco de ver sua bancada reduzir de 12 para oito, tem planos de voltar à Presidência do Senado.

Bolsonaro e o empresariado
O presidente Jair Bolsonaro aproveitará o evento desta semana, em São Paulo — em almoço do Grupo Esfera —, para reforçar que a economia está em fase de recuperação e que a inflação no país é, em grande parte, “importada”. Lembrará, também, que na Inglaterra, por exemplo, o índice está acima dos 10%, o maior nos últimos 40 anos.

Por onde vai Lula
O lançamento da campanha do ex-presidente Lula em São Paulo colocou de vez na roda a tentativa do PT e dos aliados de encerrar a eleição no primeiro turno. A ideia foi colocada logo no primeiro discurso da manhã, o do candidato ao Senado Márcio França (PSB).

As andanças de Moro/ Embora seja candidato ao Senado no Paraná, o ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro, do União Brasil, tem andado muito por São Paulo. Por esses dias, ele esteve na capital para uma reunião com a senadora Soraya Thronicke, candidata ao Planalto pelo partido.

A mensagem da Caixa/ A campanha publicitária Caixa Pra Elas já está nas ruas. Com o conceito Uma CAIXA de Cuidado e Oportunidades Pra Elas, a comunicação é encontrada nos lugares de alta concentração da população, como rodoviárias, pontos de ônibus e, em especial, nos vagões de metrôs para mulheres e salões de beleza. Além disso, a tevê, o rádio e as redes sociais estão divulgando a iniciativa: apoio na denúncia contra a violência às mulheres e fomento ao empreendedorismo feminino.

Compensa aí/ Depois de o presidente Jair Bolsonaro lançar a sua campanha com um jingle bem sertanejo, os petistas corrigiram a “rota”. Em vez do Lula lá, o que firmou no Vale do Anhangabaú foi o jingle Lula é o cara, numa mistura de sertanejo com axé.

E na semana do JN…/ Os bolsonaristas espalharam pelo WhatsApp a ideia de dar audiência à entrevista do capitão ao Jornal Nacional, o telejornal mais tradicional do país, e, nos dias dos demais candidatos, desligar as tevês.

 

O esforço do PP para segurar Bolsonaro

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Integrantes do Partido Progressista estão cada dia mais empenhados em evitar estragos na campanha pela reeleição do presidente Jair Bolsonaro. Contudo, a avaliação de alguns é de que “estão enxugando gelo”, porque há um grupo no entorno de Bolsonaro que insiste no debate sobre a urna eletrônica. Nesse sentido, até 2 de outubro, data da eleição das bancadas, os partidos vão empurrar essa tensão. Num segundo turno, porém, a história será diferente: ou o presidente segue a cartilha mais alinhada, com a recuperação da economia, ou o risco de abandono será grande, uma vez que deputados e senadores já estarão eleitos.

Da parte dos integrantes da ala política do governo, a ordem é virar essa página. É o que tem feito o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. Em seminário sobre o Equilíbrio entre os Poderes, promovido pelo grupo Esfera, em São Paulo, ele ressaltou o caráter de maturidade das instituições, com Bolsonaro, Lula, Dilma Rousseff e Michel Temer presentes à posse de Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Os temas para debate são livres. Não tem conflito. E o fato de pensar diferente não quer dizer que tenha conflito”, disse Ciro.

O TSE tem a força
No evento do grupo Esfera, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, deu ainda uma senha ao presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, que recebe na semana que vem o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio: se o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entender que as propostas do Exército não contribuírem para melhoria do sistema, essas sugestões devem ser descartadas. “O Exército foi convidado a opinar (…) Ninguém é obrigado a aceitar.” Para bons entendedores, está claro que Bolsonaro pode debater o que quiser, mas não contará com o PP para qualquer ato de força, em caso de derrota ou rejeição às propostas dos militares.

Siameses

Em São Paulo, as impressões daqueles que conhecem o dia-a-dia da política local levam a crer que, se o presidente Jair Bolsonaro abrir uma grande vantagem em relação ao ex-presidente Lula, arrasta Tarcísio de Freitas (Republicanos) para o segundo turno. Caso contrário, se o presidente encolher, quem vai para a fase final por lá é o governador-candidato, Rodrigo Garcia (PSDB).

Por falar em Bolsonaro…
A ausência do governador-candidato Ibaneis Rocha ao debate do Correio Braziliense/TV Brasília com os candidatos ao governo do Distrito Federal deixou o presidente Jair Bolsonaro sem defensor. Nos púlpitos, a maioria ali é adversária ao presidente da República. E o PSD de Paulo Octávio, que também corre na raia dos votos de Ibaneis, está neutro na eleição presidencial, com um pé em cada canoa.

Se a moda pega…
A suspensão de repasses de recursos para a campanha de Roberto Jefferson ao Planalto acendeu o pisca-alerta dos partidos. Nove em cada dez advogados passaram o dia preocupados com seus clientes enrolados em processos ficarem sem dinheiro para botar a candidatura na rua.

Centrão é legal!/ No debate em São Paulo, o ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli repetiu que o Centrão é visto como algo “pejorativo ou maléfico”, mas não é bem assim. “Ainda bem que temos um centrão ou centro que distensiona e transita entre os extremos, que não prega ódio e não prega desavenças. Não podemos criar impasses que se criaram em países vizinhos, Venezuela, Argentina”, lembrou.

Não vai ter golpe/ “As nossas Forças Armadas sabem o preço que pagaram quando ficaram no poder por muito tempo. Foram chamadas para intervir e devolver o poder aos civis. Quando resolveram ficar, viram que aquilo foi um desastre. (…) Criamos coisas boas nesse período, mas também criamos um país burocrático e travado”, avaliou o ministro.

Memória I/ Toffoli lembrou que, quando a urna eletrônica foi instalada em todo o país, ele era advogado do PT. Havia uma desconfiança do partido de que o sistema poderia beneficiar José Serra, amigo do então ministro Nelson Jobim, com quem dividiu apartamento nos tempos de deputado. “Imaginava-se que (as urnas) seriam fraudadas para que o Serra ganhasse. Sempre testemunhei que aquilo era impossível, urnas não eram em rede, todo o sistema era auditável”, disse.

Memória II/ Toffoli ainda citou o caso de 2014, quando o então candidato, Aécio Neves, perdeu a eleição para Dilma Rousseff, inclusive em Minas Gerais. “O próprio Aécio reconheceu depois que errou ao reclamar das urnas. O país precisa virar essa página”, comentou. “Todos os políticos aqui foram eleitos pela urna eletrônica. O TSE não decide eleição. Quem decide é o povo, soberanamente”, afirmou.

Governo prepara terreno para auxílio de R$ 600 permanente

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Enquanto os políticos se dedicam à campanha eleitoral, uma reunião ministerial no Palácio do Planalto, esta semana, deflagrou a discussão sobre o resgate da proposta de reajuste do Imposto de Renda, já aprovada na Câmara, para garantir os recursos necessários para que o Auxílio Brasil de R$ 600 se torne permanente. O projeto, considerado a fase dois da reforma tributária, corrige as tabelas de IR e prevê a taxação de lucros e dividendos para os 60 mil mais ricos do país.

“Muitos se esqueceram dessa proposta, mas eu não me esqueci”, disse ao Correio o ministro da Economia, Paulo Guedes, que já discute com a área política — leia-se Casa Civil e Secretaria de Governo — a estratégia para tentar votar essa reforma assim que terminar o processo eleitoral.

Sem escapatória
Propostas de taxação de lucros e dividendos não são privilégio do atual governo. O economista Guilherme Mello, que integra a equipe dedicada a elaborar os projetos econômicos do PT, tem defendido esse caminho em palestras pelo país afora.

Apostas palacianas
No coração do governo, espera-se que os números do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas pesquisas melhorem a partir da segunda quinzena de agosto, depois que a população receber a parcela do Auxílio Brasil de R$ 600 e os outros benefícios da PEC das Bondades.

Falta garantir o cascalho

A estratégia de José Antonio Reguffe, do União Brasil, de ir às redes sociais para dar um ultimato contra a ameaça de ele não ser candidato a nada, caso a legenda não cumprisse o acordo de dar-lhe passe-livre para uma candidatura ao GDF, deu certo em parte. O partido aceitou a candidatura, mas daí a garantir o financiamento, será outra novela.

6 x 5
É esse o placar que alguns políticos projetam para a votação do Supremo Tribunal Federal (STF) para a retroatividade da Lei de Improbidade. E segundo alguns, será no sentido do que apresentou Alexandre Moraes — ou seja, não retroagir a lei para os casos que já foram julgados.

Ele entende de contas/ O ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, passou esta semana em Brasília, em contatos com parlamentares da direita à esquerda. Nesses encontros, a maioria deles no rooftop do B Hotel, projetou a vitória de Bolsonaro.

A missão de André Janones…/ Ao anunciar o apoio ao ex-presidente Lula, o deputado federal recebeu dos petistas um pedido para que ajude a alavancar a campanha presidencial nas redes sociais.

… e dos artistas/ Artistas aliados a Lula, como Chico Buarque, Daniela Mercury, Anitta, entre outros, também serão chamados a ajudar. A ideia é deixar a coordenação dessa turma a cargo de Janja, a mulher do ex-presidente.

Esforço diluído/ O Congresso bem que tentou fazer um “esforço concentrado” para votações, esta semana, mas, no geral, a turma preferiu distribuir o foco entre compromissos de campanha e sessões virtuais. É que, a menos de 60 dias das eleições, ninguém quer perder tempo.

Para caciques do PL, Bolsonaro não irá para a ruptura institucional

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Os presidentes do PL, Valdemar da Costa Neto, e do PP, Ciro Nogueira, já sabiam que o presidente Jair Bolsonaro criticaria as urnas eletrônicas em encontro com embaixadores. Agora, vão se preparar para as representações judiciais que a oposição levará ao Tribunal Superior Eleitoral e ao Supremo Tribunal Federal. E é por aí que vão agir. Até aqui, ambos têm dito, em conversas reservadas, que a missão deles está relacionada a questões partidárias. Aliados de Ciro vão além: dizem que ele já cumpriu o seu papel ao aprovar a emenda constitucional que ampliou o Auxílio Brasil e criou o Auxílio Caminhoneiro.

Isso não significa que irão apoiar qualquer medida que tente comprometer o processo eleitoral. Porém, inicialmente, acreditam que Bolsonaro não irá para a ruptura institucional. Se a aposta deles está correta, o tempo dirá.

Corrida pelo primeiro turno

A reunião de Lula com representantes de diretórios do MDB em 11 estados a poucos dias da temporada de convenções faz parte do jogo do PT para ver se consegue ampliar a distância para Jair Bolsonaro e, assim, tentar vencer no primeiro turno. O PT considera que uma vitória na primeira rodada daria mais estofo para lidar com o presidente Bolsonaro e as ameaças sobre as urnas eletrônicas.

Ela vai assim mesmo
Simone Tebet não vai desistir. Ela continuará viajando pelo país e será candidata, mesmo sem o lastro de todos os diretórios regionais. Alguns desses dirigentes regionais já admitem votar na candidatura dela, embora estejam inclinados a apoiar Lula.

Dois imbróglios
Só Rio de Janeiro e o Distrito Federal são considerados problemas hoje dentro da Federação do PSDB com o Cidadania, a ponto de serem tratados na reunião desta semana. No DF, como já se sabe, é a queda de braço entre a deputada Paula Belmonte e o senador Izalci Lucas, que têm projetos diferentes.

O que vem por aí
A unidade do União Brasil em torno de Reguffe deu uma balançada. No partido, há quem esteja pregando que ele só tenha recursos financeiros para a campanha se concorrer à reeleição para o Senado.

CURTIDAS

Leite leva MDB/ A maioria dos prefeitos do MDB gaúcho selou o apoio à candidatura de Eduardo Leite para o governo do Rio Grande do Sul. Foram 52 votos a dez.

A paróquia é o que interessa/ Enquanto Rodrigo Pacheco falava em suas redes sociais sobre o discurso de Bolsonaro aos embaixadores, o presidente da Câmara, Arthur Lira, postava que o prefeito de Arapiraca (AL) irá apoiar o Rodrigo Cunha (PSDB) e Davi Davino Filho (PP) ao governo estadual.

Um google resolveria/ O power point que o presidente Jair Bolsonaro apresentou em seu discurso contra as urnas eletrônicas trouxe a inscrição “brienfing”, quando a palavra correta é briefing. A contar pelos parcos aplausos, a fala presidencial também não agradou.

Temer cortejado/ O ex-presidente Lula não desistiu de ter um diálogo com o ex-presidente Michel Temer. Hoje tem mais uma tentativa do PT de se aproximar dele.

PT vai propor reforma tributária ampla

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Em palestra no 6º Congresso Luso-Brasileiro de Auditores Fiscais, em Salvador, o economista Guilherme Mello, coordenador do Núcleo de Acompanhamento de Políticas Públicas do PT, defendeu que, concomitantemente à PEC 110 da reforma tributária, o Congresso discuta a reforma na tributação direta, por uma revisão do imposto de renda, em especial, sobre lucros e dividendos.

“Cada vez mais estou convencido de que, se a gente quiser fazer uma verdadeira mudança na estrutura tributária, voltada para o novo modelo de desenvolvimento, a gente precisa discutir, junto com a tributação indireta, a tributação direta”, disse. “E por um motivo muito simples: os maiores problemas da estrutura tributária brasileira estão na sua composição. Se não mudar a tributação direta, não consegue reduzir a indireta. A não ser que decida abandonar de vez a Constituição de 1988, o estado de bem-estar social; acaba com o SUS, com a previdência pública. Como esse parece não ser o objetivo da sociedade brasileira, a gente vai ter que entrar na discussão sobre como avançar na tributação sobre lucro e propriedade e reduzir a tributação indireta”, argumentou Mello.

Em tempo: o economista do PT fez questão de frisar que colocava ali suas opiniões pessoais. Mas, dentro do partido, não há dúvidas de que a PEC 110, centrada na tributação sobre o consumo, é insuficiente para resolver os problemas do Brasil. Por isso, vem por aí, no projeto petista, uma mexida geral no sistema de impostos do país para tornar a distribuição mais justa. Falta combinar com o setor financeiro e o mercado, que ainda não se convenceram dessa necessidade.

Compensa aí

Depois do desaparecimento de Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo, há dentro do grupo bolsonarista moderado quem defenda, pelo menos, o anúncio de uma força-tarefa que permita ao governo mostrar que existe algum controle sobre a região. Afinal, lá fora, a ideia é de que a Amazônia neste governo virou terra sem lei e comandada pelo narcotráfico. A ordem agora é tentar desfazer essa imagem.

Quem muito fala…
…Dá bom dia a cavalo. Até os bolsonaristas consideram que o presidente Jair Bolsonaro entrou com o “pé esquerdo” nos comentários sobre o desaparecimento de Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo, ao dizer que o jornalista era “malvisto na região”. Até aqui, pelo que se sabe, Dom era considerado persona non grata por quem descumpre a legislação.

Contramão
Enquanto os técnicos tributaristas pedem uma reforma tributária ampla, os congressistas fazem mais um “puxadinho”. Na próxima terça-feira, a Câmara votará uma proposta de emenda constitucional para manter a diferença de alíquota entre o etanol e a gasolina. O objetivo é garantir a competitividade do álcool combustível perante os fósseis.

CURTIDAS

Contagem regressiva/ Em duas semanas, o ex-governador de São Paulo Marcio França, do PSB, definirá seu futuro político. Aliados preveem que ele não terá condições de manter a candidatura ao Palácio dos Bandeirantes sozinho.

Não cante vitória/ Mesmo que não seja candidato ao governo, França não está convencido de que deve apoiar o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad, do PT. O líder do PSB tem conversado com correligionários de Rodrigo Garcia, do PSDB.

Por falar em vitória…/ A votação expressiva em favor do projeto que limita o ICMS dos combustíveis mostrou que, num ano eleitoral, os congressistas vão aprovar tudo o que apresentar um discurso favorável ao contribuinte. Por isso, na área econômica, já tem muita gente defendendo logo o recesso.