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A desistência do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de concorrer ao Planalto, praticamente selou a filiação de Eduardo Leite ao partido de Gilberto Kassab. Salvo alguma hecatombe daqui até o final do mês, o governador do Rio Grande do Sul aproveitará a oportunidade para apresentar seu nome para a candidatura presidencial. “De zero a 10 para o Eduardo Leite se filiar ao PSD, eu aposto hoje em 9,5”, diz o deputado Marco Bertaiolli (PSD-SP).
Afinal, uma candidatura à Presidência pode fazer de Leite um player nacional, uma novidade no cenário e, de quebra, dentro de um partido que, sem muito alarde, constrói uma estrutura de fazer inveja a muitos. Como no Rio de Janeiro, onde além do prefeito da capital, Eduardo Paes, há pelo menos dois deputados federais previstos, Pedro Paulo e Marcelo Calero, ambos ligados a Paes.
Leite não deixará de aproveitar esse “cavalo encilhado” que passa à sua frente. E se surgir uma hecatombe, Kassab ainda tem o ex-senador e ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung para se apresentar à disputa nacional, como o leitor diário da coluna sabe há tempos. O gaúcho é, agora, o plano A e a chance de quebrar a polarização. Chega num bom momento, em que a campanha está “no aquecimento” e anima o cenário.
Como o leitor da coluna sabe, Kassab jamais cogitou apoiar Lula no primeiro turno. O presidente do PSD tem plena consciência de que, se o fizesse, o partido racharia, uma vez que não são poucos aqueles que resistem a apoiar o PT. E ao lançar um candidato ao Planalto, conseguirá manter o partido unido no primeiro turno. Se ficar fora do segundo turno, sempre haverá espaço para negociar apoios e a Presidência do Senado para Rodrigo Pacheco.
O que assombra o Planalto…
O que mais tira o sono do governo, neste momento, é a ameaça de greve dos caminhoneiros, especialmente por ser um ano eleitoral. Daí a corrida para aprovação dos projetos no Congresso e as reuniões para tentar suavizar alguns fatores que influem no preço dos combustíveis.
…e os aliados do governo
A postagem do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sobre o preço dos combustíveis, foi recebida com preocupação pelos aliados do presidente Jair Bolsonaro e vista como algo do tipo “apoio tem limite”. O deputado se referiu ao aumento do preço dos combustíveis como “um tapa na cara do país que luta para voltar a crescer”.
Santo Antônio sai da toca…
Depois da denúncia de Arlindo Chinaglia à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para que a entidade avalie o balanço da Santo Antônio Energia, confrontando-o com a arbitragem da dívida relacionada ao consórcio construtor da empresa e com o relatório da Deloitte, a empresa divulgou a seguinte nota: “A Santo Antônio Energia esclarece que as Demonstrações Financeiras relativas ao exercício de 2021 seguiram o habitual trâmite previsto em lei e não procede a informação de que recebeu da auditoria independente solicitação de retificação. Em relação ao Procedimento Arbitral, está em andamento o período legal de esclarecimentos. Somente após a conclusão deste período e os esclarecimentos finalizados a sentença se tornará definitiva”.
...e está pronta para a briga
Porém, a empresa esclarece que não teria como fazer essa inclusão, porque ainda não se sabe o valor exato de provisão que deveria ser incluído no balanço de 2021, uma vez que a arbitragem, segundo a empresa, está justamente na fase que pode ser equiparada nos processos judiciais aos embargos de declaração. À CVM caberá dizer quem tem razão, uma vez que as fontes da coluna mantêm a informação publicada de que o balanço deveria ter sido ajustado. Essa novela ainda terá muitos capítulos.
O ringue do Twitter I/ As mensagens trocadas entre os pré-candidatos a presidente nas redes sociais dão o tom do que vem por aí e indicam que ninguém ficará falando sozinho sem levar uma cotovelada. Lula, por exemplo, foi às redes para dizer que a gasolina, o gás e o diesel estão caros porque o governo privatizou a BR Distribuidora. Não demorou muito, Sergio Moro entrou no ar, respondendo. Moro chamará Lula para o debate sempre que for possível.
O ringue do Twitter II/ Moro entrou direto: “Sabe por que a Petrobras ainda existe, Lula? Porque a Lava Jato impediu que o PT continuasse saqueando e desviando recursos da maior estatal do Brasil. Se não fosse o nosso trabalho, talvez a Petrobras nem existisse mais. Felizmente, mudamos o rumo dessa história”.
O leque de Leão está aberto/ O PT da Bahia está com um problemão para resolver, desde que Jaques Wagner (PT) e o senador Otto Alencar (PSD) desistiram de concorrer ao governo do estado. Uma parte dos petistas resiste em apoiar uma candidatura do vice-governador João Leão (PP). Leão, uma fera nas articulações políticas, está solto. Perguntado sobre como estão as conversas com ACM Neto, do União Brasil, respondeu assim: “Converso com todos os grupos políticos da Bahia. Do papa aos evangélicos”, disse.
Adeus, máscaras…
Foto comemorativa do Dia do Agricultor gera conflitos entre Planalto e Congresso
A foto divulgada, ontem, pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República como parte das comemorações do Dia do Agricultor, promete trazer dores de cabeça ao presidente Jair Bolsonaro. Parte dos congressistas planeja, inclusive, recorrer à Procuradoria-Geral da República (PGR), acusando o governo de instigar conflitos agrários, ao usar uma imagem de uma arma com mira telescópica. O estrago está feito, ainda que o governo tenha retirado a imagem do ar.
A PGR, consultada por alguns, respondeu que “não antecipa posicionamentos ou manifestações”. Se acionada, terá que se posicionar a respeito e juristas que analisaram consideram que um processo é viável, até para evitar que as incitações aos conflitos prevaleçam.
Foi proposital
A bancada do agronegócio foi a primeira a pedir que o governo explicasse por que homenagear o Dia do Agricultor com a imagem de um caçador com um rifle com mira telescópica. Recebeu como resposta extraoficial uma mensagem de que “fazia parte de um contexto”.
Veja bem
Os deputados e senadores consideraram a imagem um “erro crasso” e pediram que o governo retirasse do ar, porque isso só reforçaria o lado negativo do campo, e não a produção. A avaliação do setor é a de que a agricultura precisa se aproximar da sociedade como um todo, e acabar com os conflitos. Por isso, a imagem foi retirada. Porém, o estrago já estava feito.
Outro nível
A imagem que a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) divulgou para marcar o 28 de julho mostra agricultores trabalhando com crianças, outros usando máscaras de proteção, mulheres sorrindo e a inscrição “produtores de alimentos”. Melhor assim.
Micou
Sabe aquela história de fusão de partidos discutida entre PSL, DEM e PP? Pois é, já era. O DEM não quer abrir mão da liberdade de administrar seu partido. Já o PSL, detentor de um fundo partidário de fazer inveja a muitos, também não dividirá os valores com os “sócios”. Logo, fica tudo como está.
O que vem por aí
Depois da baixa adesão à greve dos caminhoneiros pelo país, circulou pelo WhatsApp uma convocação do ex-deputado Sérgio Reis para mobilização em Brasília, num acampamento de três dias, às vésperas do Sete de Setembro: “Queremos dar um jeito de mobilizar este país e salvar o nosso povo. Estaremos lá, num movimento, artistas e grandes empresários do Brasil que não aceitam mais a situação do nosso país. O convite está feito”.
A linguagem de Ramos/ O presidente Jair Bolsonaro não estava brincando quando disse que o então ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, desconhecia o linguajar dos políticos. Circula pelo Congresso a história de que o ministro, sempre muito brincalhão e bem-humorado, atendeu assim a ligação de um integrante da cúpula do Parlamento: “Para emendas, disque um; para cargos, disque dois; para outros pedidos, disque três. Fala, meu amigo!” A excelência, em vez de levar na brincadeira, ficou possessa.
De judeu para judeu/ Ex-ministro da Justiça, Milton Seligman foi ao Twitter mandar a seguinte mensagem ao ex-secretário de Comunicação Fábio Wajngarten. “Presta atenção @fabiowoficial e explica para sua gente que neta de nazista que milita em partido neonazista é tão nazista quanto os que o recebem com pompa e circunstância”.
Não está sozinho/ Seligman não fala apenas por si. A avenida Faria Lima, que hoje concentra grandes fortunas, pensa da mesma forma.
Easy rider/ O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, tem mais em comum com Jair Bolsonaro do que o “somos Centrão”. Ciro é dono de uma concessionária da Honda no Piauí.
Desde que o presidente Jair Bolsonaro anunciou a reforma ministerial, as salas do Palácio do Planalto viraram um mar de especulações. Quem mais tem sido objeto desse disse me disse é a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, que “passeou” pela Esplanada como se estivesse certo seu deslocamento para outras pastas. Até aqui, de certo mesmo é o deslocamento do ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, que, avaliam os políticos, é simpático, mas não tinha o traquejo para o cargo. Na Secretaria de Governo, por enquanto, não há qualquer confirmação de mudança por parte dos auxiliares diretos de Bolsonaro.
Flávia, pelo visto, terá no senador Ciro Nogueira (PP-PI) um coordenador político para acelerar o “atendimento” das excelências, sempre incansáveis na busca de emendas e espaços no governo. E como a Casa Civil tem diversas atribuições, ele terminará dividindo esse trabalho com a ministra. E até prefere alguém mais “calma”, como Flávia, do que alguém que ficaria disputando espaço.
A pressão continua
Além da pasta do Trabalho e Emprego, há uma pressão nos bastidores para a volta do Ministério do Planejamento, que sempre cuidou do Orçamento e das políticas públicas. Só tem um probleminha: Bolsonaro, em princípio, não quer saber de tirar tanta coisa das mãos de Paulo Guedes, o seu “Posto Ipiranga” da área econômica.
Tamanho P
A greve dos caminhoneiros até aqui não provocou tantos estragos quanto previu a oposição.
Tamanho GG
O sonho do Progressistas é, na Casa Civil, conseguir fazer crescer a bancada do partido nas próximas eleições. Já tem gente, inclusive, sugerindo a Ciro Nogueira que não concorra ao governo do Piauí, no ano que vem, para manter o status quo em pleno ano eleitoral.
Nada passou, mas…
Ao cancelar os estudos sobre a Covaxin solicitados pela Precisa, empresa intermediária citada em um esquema de pedido de propina sob investigação, o governo acredita que será possível deixar claro que não houve malfeito na compra de vacinas. Só tem um probleminha: tentativa também é crime. E é por aí que a maratona da CPI da Covid volta na semana que vem.
Ele não/ A forma como Bolsonaro se referiu ao vice-presidente Hamilton Mourão, segunda-feira (26/7), como “aquele cunhado que você tem que aturar”, foi vista como um sinal de que não há hipótese de essa parceria ser mantida em 2022.
E o fundão, hein?/ Se ficar em R$ 4 bilhões, ninguém vai chiar.
Toque feminino/ A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) ganhou uma integrante em sua diretoria. Especializada em regulação de transportes aquaviários, Flávia Takahashi é a primeira mulher a ser indicada para a diretoria da autarquia.
Fadinha/ Diante das incertezas que o país atravessa, especialmente na educação, a medalha de Rayssa Leal, aos 13 anos, foi vista com um incentivo e um sinal de que nem tudo está perdido. A prática esportiva é o portal que temos nesses tempos estranhos.