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O deputado Luiz Miranda (DEM-DF) telefonou nesta segunda-feira para senadores da CPI da Pandemia para pedir uma ajuda nesta terça-feira, no Conselho de Ética. Miranda fez apelos para que alguns intercedessem junto a deputados do conselho. O relator é o deputado Gilberto Abramo, do Republicanos, eleito por Minas Gerais. É bispo da Igreja Universal do Reino de Deus e aliado ao governo.
A preocupação do deputado deixou a muitos senadores a certeza de que Luiz Miranda não gravou a conversa com o presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Alvorada, onde esteve junto com o irmão, Luiz Ricardo, para denunciar cobrança de propinas na Saúde na compra de vacinas.
Em várias oportunidades, o deputado Luiz Miranda deu a entender aos senadores que havia gravado a conversa. Em entrevista ao CB.Poder, disse com todas as letras que teria como provar cada palavra dita a Bolsonaro. E acrescentou não saber que seu irmão tinha alguma gravação do encontro com Bolsonaro.
O governo está atônito com a convocação de Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro, para depor na
CPI da Covid. A ira está grande e a quantidade de impropérios contra os senadores idem. A avaliação feita há pouco por alguns inquilinos do Planalto nesta temporada inclui frases do tipo, “eles (os senadores do G7) só pensam em f… o Bolsonaro”. Para completar, ainda tem a suspeita de que o senador, do qual o lobista Marconny Faria diz não se lembrar do nome, é o 01, Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).
Diante desse cenário, os palacianos consideram que a missão “segura CPI”, entregue ao ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, está longe de ser cumprida, embora o ministro tenha dito que estava tudo resolvido. Ciro teria dito recentemente ao presidente Bolsonaro que ele não precisaria se preocupar, porque a CPI não tem nada que envolva o presidente ou seus ministros em corrupção. Porém, mesmo com esse cenário, a convocação da ex-esposa do presidente deixa claro que Bolsonaro ainda terá muita dor de cabeça com a CPI da Pandemia. No Palácio, entretanto, segue a avaliação de que o presidente está blindado em relação à vacina Covaxin e à Precisa Medicamentos, porque não houve um centavo gasto nessas operações nebulosas.Ninguém contava com a astúcia do G7, de aprovar a convocação de Ana Cristina Vale, a mãe de Jair Renan, que, a pedido de Marconny Faria, teria tentado influenciar na nomeação do chefe da Defensoria Pública da União.
Na cesta de problemas que o governo tem para administrar ao longo deste semestre, nenhum é mais urgente do que a sanção do Orçamento, prevista para a próxima semana. Nem mesmo a CPI. E nesse sentido, o mais novo lance relacionado ao Orçamento é um parecer técnico da Câmara que dá ao presidente da Casa, Arthur Lira, condições de manter sua posição, de defender que seja sancionado do jeito que está e, se for o caso, corrigir ao longo do ano, com projetos de lei enviados ao Parlamento. Os pareceres do Executivo, porém, recomendam vetos e colocam o chefe do Planalto na hora da verdade: ou atende à sua equipe econômica, liderada pelo ministro Paulo Guedes, ou agrada à área política.
Em tempo: se a sanção fosse obra do presidente da Câmara, ele não hesitaria um segundo em seguir a orientação técnica da Casa. Já o presidente da República não pode desconsiderar o que diz a sua própria equipe. O tempo está se esgotando, e esse tema é o que mais terá reflexos, seja político, seja econômico, para o futuro do governo. Ao contrário da CPI, em que haverá o confronto de narrativas, as contas públicas chegaram ao ponto em que não há mágica.
O amigo do inimigo
A opção do presidente Jair Bolsonaro por Arthur Lira (PP-AL), um dos principais adversários políticos do senador Renan Calheiros e do governador Renan Filho em Alagoas, levou diversos governistas a vetar o nome de Renan para relatar a CPI da Covid. O alagoano está, hoje, na oposição, fez campanha para Fernando Haddad, em 2018, e já declarou a intenção de apoiar Lula em 2022.
O inimigo do inimigo
Se Bolsonaro fizer qualquer gesto de aproximação com Renan, a fim de tentar obter uma postura mais afável do senador, terá problemas com Lira, o homem que tem a chave da gaveta em que os pedidos de impeachment se acumulam.
Se correr, o bicho pega…
A intenção, de uma maioria de líderes, de deixar que a própria CPI defina seu funcionamento ensaia ser o pior dos mundos para o governo. É que os independentes, somados aos oposicionistas, prometem fazer o presidente e o relator. Nesse caso, o governo não ficará com nenhum dos postos importantes da CPI.
… e se ficar, o bicho come
O governo vai tentar deixar a CPI para o futuro, por causa da pandemia, mas essa espera é uma faca de dois gumes. Afinal, quanto mais demorar, mais perto do calendário eleitoral estará o cronograma da comissão parlamentar de inquérito. É mais desgastante para o governo federal e, também, para alguns governadores.
Ouviu, Moro?/ A frase da ministra Cármen Lúcia (foto), do Supremo Tribunal Federal, de que “plenário
não é órgão revisor de turma”, é um recado direto ao ex-juiz Sergio Moro. Ela considera que não há espaço para
o pleno do STF rever a suspeição
do ex-ministro.
Por falar em STF…/ As apostas do PT são de que Lula estará livre para fazer campanha no ano que vem. Aliás, tanto bolsonaristas quanto petistas sonham com essa polarização e já preparam material a respeito.
Campanha 2022 no ar/ Voltou a circular em grupos de WhatsApp uma imagem de Lula em 2018, num ato político em que um casal gay se beija na frente do palco. Sob essa imagem, uma do presidente Jair Bolsonaro em formatura do colégio militar e a inscrição “a escolha é sua”.
Um país de luto/ Einhart Jacombe, publicitário da primeira campanha de Ciro Gomes à Presidência da República e que trabalhou nas campanhas de Fernando Henrique Cardoso, é mais uma vítima da covid-19, assim como o deputado José Carlos Schiavinato (PP-PR). Nesse cenário de mais de 360 mil mortes, só mesmo as vacinas para renovarem as esperanças de dias melhores. A antecipação de dois milhões de doses da Pfizer, anunciadas pelo governo, é um alento.