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Coluna Brasília-DF
Com a troca de comando na Casa Civil, Jair Bolsonaro terá na sua equipe o general que mapeou todas as milícias do Rio de Janeiro, no período em que foi interventor no Estado, na área de segurança pública. O tempo, entretanto, foi curto para que o general Walter Braga Netto pudesse “limpar” a área, ou seja, extirpar a milícia do Rio.
Ele conseguiu cumprir a missão de reequipar as forças policiais, renovar frota de veículos e trocar postos-chaves na estrutura da polícia estadual. Ou seja, não é apenas o governador Wilson Witzel que terá conhecimento geral do que se passa no estado onde o presidente e dois de seus filhos, Carlos e Flávio, fazem política. A memória das ações de 2018 está agora no coração do Planalto.
O político palaciano
A saída de Onyx Lorenzoni da Casa Civil deixa o presidente como o único que tem conhecimento do Congresso, onde deu expediente por 28 anos. Os líderes governistas são unânimes em afirmar que Bolsonaro pode até parecer meio atrapalhado. Porém, sabe perfeitamente como “toca a banda” do parlamento. Até aqui, mesmo que aos trancos e barrancos, funcionou. Vejamos o futuro.
Aviões em quarentena?
Não foi apenas o excesso de trabalho no Brasil que tirou o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), da agenda nos Estados Unidos por esses dias. Ele iria na mesma aeronave que trouxe os brasileiros de Wuhan, na China, mas as autoridades americanas não autorizaram o pouso justamente por causa da viagem recente dos jatos ao epicentro do coronavírus. Melhor assim. O governo economiza e a excelência se agarra ao serviço por aqui.
Pelo Twitter
O ministro da Cidadania, Osmar Terra, estava numa agenda no Amazonas, quando soube que estava confirmada a ida de Onyx para a pasta. Restou desejar boa sorte ao companheiro.
Agora vai
Políticos gaúchos comentavam ontem, à boca pequena, que agora Onyx terá a faca e o queijo na mão para aparecer visitando ações sociais no Rio Grande do Sul, e alavancar uma candidatura ao governo do Estado.
“Se não houver uma fiscalização constante, você sempre corre o risco de alguém se desvirtuar. Seja policial, das Forças Armadas, político, qualquer poder. Meu pai dizia o seguinte: a oportunidade não faz o ladrão, revela”
Do novo ministro da Casa Civil, general Braga Netto, em entrevista à Agência Brasil, em julho de 2018.
Aliviado/ Com o Conselho da Amazônia a cargo da Vice-Presidência da República, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, tem uma declaração padrão para tratar do tema: “Isso é com o vice, Hamilton Mourão”.
Foco/ Um dos legados que o ministro quer deixar quando sair do cargo é a mudança total no tratamento do lixo no país, em todas as regiões. A ideia é espalhar usinas para produção de bioenergia e recicláveis. Se conseguir, terá sido um grande feito.
Aliança na live/ Bolsonaro passou a aproveitar as lives das quintas-feiras para pedir apoio à criação do seu novo partido, o Aliança pelo Brasil. Nas palavras do presidente, “um partido para chamar de seu”.
Todo cuidado é pouco/ Como o pedido de apoio ao Aliança pelo Brasil foi feita de uma live transmitida ontem, na biblioteca do Alvorada, os advogados eleitorais não viram problemas na fala de Bolsonaro. Afinal, o presidente estava em casa. Mas, no Palácio do Planalto, aconselham alguns especialistas, é melhor evitar para não dar margem a reclamações da oposição.
Caso Onyx vá para o lugar de Osmar Terra, MDB se sentirá rebaixado
Coluna Brasília-DF
Seis por meia dúzia. É assim que os congressistas se referem às mudanças que o presidente Jair Bolsonaro pretende fazer na sua equipe, substituindo Onyx Lorenzoni pelo general Braga Netto na Casa Civil. É o reforço dos militares no governo, que haviam perdido terreno num determinado momento e agora retomam com força. E sem aproveitar a troca para estreitar relações com o Congresso, sinal de que nada muda por ali e que o presidente está satisfeito com a performance de Eduardo Ramos.
Entre os maiores aliados do presidente no Congresso, há a certeza de que, enquanto as pesquisas estiverem indicando que Bolsonaro permanece em alta perante os eleitores, não haverá mudança de eixo de poder, ou seja, a escolha dele continuará voltada para o meio militar, considerado o mais organizado e estratégico do país.
Cobre um santo…
… descobre outro. Bolsonaro está numa sinuca de bico. Se tira Osmar Terra (MDB-RS) do Ministério da Cidadania para abrigar Onyx Lorenzoni (DEM), o MDB é que se sentirá rebaixado. E o presidente precisará de todos os partidos de centro para aprovar uma reforma do gosto do governo federal, e não dos estados.
Nem vem, talkey?
Não são poucos os pré-candidatos a prefeito de capital que procuram o Planalto em busca de uma foto ou um apoio mais explícito do presidente Jair Bolsonaro. Ele, porém, vai evitar influir nesses pleitos para não ser responsabilizado se algo der errado. Afinal, quando há vitória, o sujeito acha que ganhou por conta própria. Quando perde, sempre dá um jeito de buscar outro culpado.
E a administrativa, hein?
Se o governo não enviar uma proposta, os parlamentares é que não vão se mexer para tratar desse tema indigesto em ano eleitoral. Ainda mais depois da conversa do ministro chamando servidores de parasitas. Ok, ele pediu desculpas, mas a mágoa dos funcionários não esfriou.
A salvação da reforma
Os servidores públicos estão prontos para apresentar propostas para a reforma administrativa: “Se houver diálogo, o próprio setor público pode apontar caminhos que permitam a boa gestão das carreiras de Estado”, diz o presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal, Kleber Cabral.
O conselheiro/ Cotado para a Casa Civil, o general Braga Netto (foto) virou interventor no Rio de Janeiro por indicação do general Sérgio Echegoyen, ministro do Gabinete de Segurança Institucional do governo do presidente Michel Temer. Agora, o ex-ministro continua no mesmo papel de ajudar os presidentes.
Ele, não/ Braga Netto esteve cotado recentemente para assumir um cargo no governo Witzel, no Rio de Janeiro. Entre levar o general para o Planalto e deixá-lo disponível para Witzel, Bolsonaro prefere ter Braga Netto ao seu lado.
Faça como ele/ O governador do DF, Ibaneis Rocha, manda hoje para a Câmara Legislativa do Distrito Federal a indicação do engenheiro Vinicius Benevides para a diretoria da Adasa. Um nome técnico para um órgão técnico. Vinicius é engenheiro especialista em recursos hídricos, tratamento de água e saneamento urbano. Foi um dos responsáveis pela Lei das Águas aprovada no Congresso Nacional. Há quem esteja disposto a sugerir a Bolsonaro que siga esse exemplo na hora de indicar os diretores das agências reguladoras.
Não façam como ele/ O ministro da Economia, Paulo Guedes, não consegue ficar uma semana sem uma declaração polêmica. Depois de chamar os servidores de parasitas, agora foi a vez de destilar preconceito contra os mais pobres, mais especificamente, os empregados domésticos, ao mencionar o dólar caro, que, segundo o ministro, é bom, porque “estava uma festa danada”. Sinal de que o governo não tem muita preocupação em acabar com a desigualdade e quer o mercado da Disney apenas para o andar de cima.