Nem aliados de Bolsonaro acreditam em pacificação com o Congresso

Publicado em coluna Brasília-DF

A contar pelas primeiras declarações do presidente Jair Bolsonaro depois da saída do hospital, nem os aliados conseguem vislumbrar o recesso parlamentar como um espaço para acalmar os ânimos entre governo, Congresso e Supremo Tribunal Federal. O presidente mantém o tom bélico em relação aos senadores da CPI da Covid e, agora, devido aos ataques ao vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), o presidente se desgasta com mais um pedaço da Câmara.

Nesse clima, até os maiores aliados de Bolsonaro classificam o recesso como um período em que cada um aproveita para escolher melhor as suas armas. Não há um esforço coletivo para promover a pacificação.

Mourão pressiona Bolsonaro

Foi assim que aliados do presidente leram a frase “eu vetaria” dita pelo vice-presidente Hamilton Mourão sobre o veto ao fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões. Bolsonaro ficou sem saída, a não ser vetar a proposta. Se mantiver essa decisão, vai se desgastar com parte da sua base. Porém tudo ainda pode ser rediscutido na votação do orçamento, no segundo semestre.

Recesso sob risco

Se o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Kassio Nunes Marques acolher o pedido de parlamentares para anular a votação do fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões, a decisão leva para o ralo o recesso parlamentar. É que, reza a Constituição, sem LDO, não tem recesso.

Água mole em pedra dura

Bolsonaro vai falar do voto impresso praticamente todos os dias até o dia da votação, até repetir que não acredita mais na aprovação da proposta. Quer, com isso, ver se consegue virar votos ou, no mínimo, mobilizar seus seguidores, que marcaram uma manifestação para 1º de agosto, em defesa da emenda constitucional em análise na Câmara.

O dono da caneta

Em conversas reservadas, aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), dizem que não leva a lugar algum a solicitação do vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos, para ter acesso aos pedidos de impeachment apresentados contra Bolsonaro. É que cabe ao presidente da Casa decidir sobre o tema. E Lira não pretende viajar fora do período regulamentar de recesso. Até aqui, nem para as chamadas missões oficiais.

Sutis diferenças/ Ao defender o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello no caso do vídeo em que o general menciona perspectiva de compra direta da CoronaVac, Bolsonaro disse que Brasília é o paraíso de lobistas e picaretas. A constatação leva as autoridades públicas a não perderem tempo com eles. Especialmente, em casos de vacinas que já tinham parcerias fechadas no Brasil, a CoronaVac com o Butantan e a AstraZeneca, com a Fiocruz.

Temor…. / O setor de shoppings, um dos mais afetados pela pandemia, movimentou R$ 192 bilhões em 2019. Com o vírus em cena, viu sua receita cair 33,2% e os empregos baixarem 10%. Com a proposta de reforma tributária do governo, já davam a perspectiva de recuperação como perdida.

… e esperança/ Agora, porém, depois que o relator da reforma tributária, Celso Sabino (PSDB-PA), alterou o texto da reforma, importantes líderes do setor, como o vice-presidente institucional da Multiplan, Vander Giordano, e o presidente da Associação Brasileira de Shoppings, Glauco Humai, prometem ao governo apoiar a proposta.

Aliados vão aproveitar afastamento de Bolsonaro para amenizar crise entre os Poderes

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Enquanto o presidente Jair Bolsonaro se mantiver afastado sob cuidados médicos, os seus articuladores políticos querem aproveitar para tentar amenizar a crise entre os Poderes que vinha numa onda crescente. A ordem é aproveitar o período do recesso parlamentar e do Judiciário para baixar a poeira e promover conversas nos bastidores, que costumam ser muito mais produtivas do que os encontros formais, com discursos protocolares que não surtem efeito prático.
Até aqui, avisam alguns, o escalado para essa tarefa foi o ministro de Comunicações, Fábio Faria, um dos mais próximos de Jair Bolsonaro.

Diga ao povo que fico
Bolsonaro segue no comando do país, mesmo no hospital. É que, com o vice-presidente Hamilton Mourão viajando, Arthur Lira (PP-AL), o presidente da Câmara, passaria pelo constrangimento de não poder assumir porque é réu em processo no Supremo Tribunal Federal. Assim, a Presidência da República, até a volta de Mourão, marcada para sábado, ficaria a cargo do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

Quem manda
A decisão sobre licença caberá à equipe que está atendendo o presidente. Se os médicos assim determinarem, Bolsonaro terá que se licenciar para cuidar da saúde e Mourão pode, inclusive, antecipar sua volta ao Brasil para preservar Lira.

Deixe tudo para depois
Com Bolsonaro internado, temas importantes para ele foram adiados. No caso da proposta que estabelece a impressão do voto, por exemplo, falta número para aprovar. Ou o presidente põe seu pessoal na porta do Congresso exigindo essa aprovação ou não passa.

E dá-lhe desgaste

Com a prorrogação da CPI da Covid aprovada, o governo pode se preparar para ficar sofrendo desgastes até o final de outubro — ou seja, um ano antes da eleição.

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Sobrou para ele/ A contar pela determinação dos congressistas em partir para o recesso, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), ficará até o final do mês “sangrando”, esperando o depoimento à CPI. É o único que não tem nada a ganhar com o recesso.

É por aí/ Se o caso de Bolsonaro fosse simplesmente um mal-estar, ele não teria sido transferido para São Paulo.

Sem trégua/ Com o presidente internado, vários passageiros de carros que passavam em frente ao Hospital das Forças Armadas (HFA), em Brasília, gritavam “Fora Bolsonaro”. Um grupo de apoiadores fez o contraponto, com bandeiras e orações.

Parceria reforçada/ Na véspera de sua internação, o presidente conversou pela primeira vez com o primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett. Além dos protocolares agradecimentos pelos calorosos parabéns que Bolsonaro enviou pelo estabelecimento do governo em Israel, Bennett elogiou a eleição do Brasil como membro não-permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas e enfatizou a posição forte e contínua do Brasil ao lado de Israel na arena internacional.

Bolsonaro prepara afagos para não perder o Centrão

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As deferências do presidente Jair Bolsonaro ao líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), vieram sob encomenda para servir de amortecimento para o caso do surgimento de gravações do presidente durante a conversa com os irmãos Miranda, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e o técnico do Ministério da Saúde Luis Ricardo, em março deste ano.

O governo, aliás, está disposto a contornar as falas desastradas do presidente nos últimos dias, que afastam muitos apoiadores do Centrão e criam instabilidade. A ideia é promover várias demonstrações de apreço aos integrantes da base aliada. Bolsonaro sabe que não pode prescindir do Centrão, onde estão Barros e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Especialmente se houver algum pedido de licença para que ele seja processado no Supremo Tribunal Federal (STF), dentro da investigação em curso.

Se não correr…

A baixa de Bolsonaro nas pesquisas e as incertezas que cercam seu futuro político são os ingredientes que o levaram a marcar conversas com a cúpula do PSC, do Pros e do PTB para amanhã, notícia publicada em primeira mão no site do Correio pela repórter Ingrid Soares. Bolsonaro quer sentir o clima, uma vez que, nos bastidores, muitos partidos já não fazem tanta questão de receber a filiação do presidente da República.

… perde o barco
A aposta de muitos partidos é a de que Bolsonaro, se não corrigir os rumos do discurso, terá dificuldades em se recuperar. Hoje, não são poucos os parlamentares da base governista com a avaliação de que ele, da mesma forma que se fez praticamente sozinho, está se inviabilizando também praticamente sozinho.

E o Mourão, hein?
As declarações do vice-presidente Hamilton Mourão, garantindo a realização de eleições, foram lidas no Congresso como um “estamos aí” para assumir a Presidência, caso haja alguma mudança de rota dos congressistas em relação aos pedidos de impeachment.

Nem vem
As excelências, porém, não querem de fato o impeachment de Bolsonaro. O receio é que o vice caia no gosto da população e seja candidato em 2022, com chances de vitória.

E as reformas, hein?/ A tributária hoje tem muito mais chance de ser aprovada do que a administrativa. E quanto mais perto do ano eleitoral, mais difícil ficará.

Dória no quadrado de Ciro/ A ampliação da escola em tempo integral em São Paulo vem sendo comparada ao projeto que marcou a vida do pedetista Leonel Brizola, que implantou o sistema no Rio de Janeiro, quando foi governador. É uma forma de tentar atrair o segmento do eleitorado brizolista que não é lá muito simpático à candidatura de Ciro Gomes.

A hora dos ministros/ Diante das dificuldades de ouvir técnicos que chegam ali e ficam calados, caso de Emanuela Medrades, que se disse “exausta”, a CPI da Covid deve promover em breve o desfile de ministros. Estão na lista Walter Braga Neto e Onyx Lorenzoni, além de Wagner Rosário, da Controladoria-Geral da União.

Por falar em Emanuela…/ Ao se declarar “exausta”, a funcionária da Precisa deu a deixa para os senadores. Alessandro Vieira (Cidadania-SE) já começou dizendo que “exaustão” não é motivo para não responder. E o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), completou: “Exaustos estão os familiares das mais de 530 mil pessoas que morreram de covid”.

Bolsonaro dobra a aposta e volta a desdenhar a CPI da Covid

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As acusações que o presidente Jair Bolsonaro levantou contra o senador Omar Aziz (PSD-AM) em conversa com apoiadores, sem apresentar provas, serviram de motor para a carta enviada ao Palácio do Planalto, em que a CPI da Pandemia cobra uma posição do capitão em defesa do líder do governo, Ricardo Barros. Até aqui, o chefe do Planalto vinha sendo poupado de um pedido de explicação oficial. Agora, diante da carta, a CPI acreditava ter colocado o presidente numa sinuca de bico: se defendesse o líder e chamasse o deputado Luis Miranda de mentiroso, poderia ser confrontado com uma gravação da conversa entre ele e Miranda. Se atacasse o líder, brigaria com uma parcela expressiva do Centrão.

Ocorre que Bolsonaro chutou essa granada para fora do campo. A resposta do presidente, “caguei”, dita na live desta semana, indica que o presidente vai continuar tratando a CPI como algo feito apenas para desgastar o governo. Porém, diante dessa inflexibilidade e de ataques aos senadores, fica mais difícil para os governistas encontrarem algum espaço capaz de quebrar a hegemonia do G7 na CPI da Pandemia, chamados, inclusive, de patifes e picaretas pelo presidente. O problema é que, nesse cenário, quanto a Barros, o risco é essa granada que Bolsonaro atirou para fora cair no colo do líder. Barros, por sua vez, já percebeu e, ontem mesmo, foi à tribuna da Câmara se defender. Enquanto não for chamado à comissão, é ali que ele apresentará a sua defesa.

Em tempo: com o presidente irredutível, a estratégia da CPI, agora, é jogar Ricardo Barros contra Jair Bolsonaro. Daqui para a frente, serão muitas as declarações de integrantes da CPI no sentido de levar o líder a cobrar publicamente do presidente se é verdadeira ou falsa a versão do deputado Luis Miranda, de que Bolsonaro citou o nome do seu líder na Câmara quando recebeu de Miranda a denúncia de que havia esquema de corrupção em gestação na Saúde. É um jogo de truco de final, até aqui, imprevisível.

O jogo de Bolsonaro

A frase “ou fazemos eleições limpas ou não temos eleições” não foi dita por mero acaso. Faz parte de uma estratégia engendrada no Planalto para impor a vontade de aprovar o voto impresso, ou voto auditável, para as eleições do ano que vem. A proposta, porém, depende da aprovação de uma emenda constitucional em debate no Congresso e, hoje, não há 308 votos a favor.

Auxílio menor tira força da reeleição

O auxílio emergencial num valor menor do que a metade dos R$ 600 pagos no passado é visto até por apoiadores do presidente como o responsável pela queda da popularidade e o aumento da rejeição, como demonstram todas as pesquisas de opinião. Em especial, entre aqueles que recebem até dois salários mínimos, conforme registrou o DataFolha.

Dois fatores

Os ministros, porém, consideram que essa queda de popularidade entre os mais pobres será possível resolver com o novo Bolsa Família. A economia é o ponto nevrálgico para 2022 e, até aqui, avaliam alguns, não reagiu a contento. O outro fator é denúncia de corrupção.

Até aqui…

As denúncias de suspeita de corrupção no Ministério da Saúde estão nas costas da raia miúda que foi exonerada, Roberto Dias e Laurício Monteiro Cruz, respectivamente, diretores do Departamento de Logística e de Imunização e Doenças Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.

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O pacificador/ Aos poucos, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, vai se colocando como alguém não tão afastado do governo, mas de outra cepa. Há quem diga que está preparado para herdar os votos dos decepcionados com o jeitão de Bolsonaro e avessos ao PT.

Nem tanto/ Alguns senadores têm dito que Pacheco, porém, ainda não está na pista, e foi o general Braga Netto quem ligou para o presidente do Senado, a fim de desfazer mal-estar entre os Poderes, e não Pacheco que procurou o ministro.

Na área dele/ Depois do Rio Grande do Sul, Bolsonaro irá, na semana que vem, ao Amazonas, estado do presidente da CPI, senador Omar Aziz. A ideia é mostrar que tem apoio no território do inimigo.

Enquanto isso, no Congresso…/ A corrida para aprovar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) ainda não está ganha. A tendência, por enquanto, é de recesso branco.

O maior ativo eleitoral que Bolsonaro quer manter

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Com o aumento de menções negativas ao governo nas redes sociais, numa espiral crescente, desde que a CPI da Covid começou, o presidente Jair Bolsonaro quer tirar de cena todos os problemas que possam associar a imagem do governo à corrupção. Neste pacote, estão a demissão de Ricardo Salles do Ministério do Meio Ambiente e, inclusive, o contrato para compra da Covaxin. A ordem é tirar os intermediários na compra da vacina indiana e, se for o caso, buscar um novo contrato direto com o fabricante, tal e qual vem sendo feito com os imunizantes que já chegaram ao Brasil.

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Bolsonaro acredita que seu maior ativo para 2022, numa polarização com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, será dizer que, no atual governo, não houve corrupção e que, quando houve suspeita de fatos ilícitos graves, os envolvidos foram afastados e contratos não foram assinados. Os bolsonaristas estão convictos de que, mesmo com as provas contra Lula anuladas por causa da suspeição de Sergio Moro, será possível refrescar a memória do eleitorado sobre o desvio de recursos da Petrobras e a quantidade de pessoas presas à época por causa daquele processo.

Quem manda

Bolsonaro decidiu afastar Salles depois de ser informado que o Supremo Tribunal Federal (STF) poderia requerer o afastamento do ex-ministro. O presidente da República abomina a ideia de ver a Suprema Corte querendo definir quem fica e quem sai no seu governo.

A guerra do Centrão

A bomba detonada pelo deputado Luís Miranda (DEM-DF) tem como pano de fundo a disputa de contratos na saúde por parte de um grupo simpático ao líder do governo, Ricardo Barros (Progressistas-PR), que já foi ministro da pasta e conhece o setor. Não por acaso, há um mês, a turma mais afinada com o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), tentou catapultar Barros do cargo. Bolsonaro bancou o líder.

Modus Operandi

Abraham Weintraub deixou o Ministério da Educação, em 18 de junho do ano passado, no mesmo dia em que a Polícia Federal prendeu Fabrício Queiroz na casa do advogado Frederick Wassef, que atende a família Bolsonaro. Ernesto Araújo saiu no mesmo dia do afastamento de toda a cúpula da Defesa. Agora, Salles sai do cargo na data em que Luís Miranda apresenta mais um desgaste para o Planalto. Em política, reza a lenda, não há coincidências.

Agora, vai

A suspeição de Moro no caso do tríplex no Guarujá, que levou Lula para cadeia, era tudo o que o PT esperava para tentar atrair apoios de outros partidos, em especial, o PSB, que conversa com o ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato do PDT ao Planalto.

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E o Moro, hein?/ Os amigos do ex-ministro dizem que a família dele não quer que seja candidato. O desejo é de levar uma vida mais tranquila e sem muita exposição.

O que Miranda queria/ No elenco de entrevistas e conversas ao longo do dia, Luís Miranda reclamou que foi barrado pelo Planalto para relatar a reforma tributária. Isso, porém, não quer dizer que suas denúncias não devam ser averiguadas pelas autoridades competentes.

A desejar/ O fato de o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, fazer apenas um pronunciamento, e não abrir espaço para perguntas, reforçou o pedido de convocação dele à CPI da Covid. Há várias perguntas sem respostas.

No meio dessa confusão toda…/ A CPI vai praticamente esquecer os governadores e jogar todos os holofotes na história da Covaxin, inclusive com perspectiva de ampliar o prazo de 90 dias de funcionamento da comissão de inquérito.

Que São João nos ilumine!

O plano bolsonarista para um segundo mandato

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Enquanto o presidente Jair Bolsonaro reforça o discurso de que o futuro presidente da República indicará mais dois ministros para o Supremo Tribunal Federal, seus mais fiéis escudeiros na Câmara preparam nova investida para ver se conseguem baixar de 75 anos para 70 a idade limite de permanência na Suprema Corte. Assim, em vez de dois, indicaria quatro. A suspeita de muitos é de que, a partir daí, o presidente apostará, inclusive, na perspectiva de sucessivas reeleições, com possível aval do STF.

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É por isso que, desde já, tanto os partidos de centro fora da órbita do Planalto quanto os de oposição radical ao governo, com receio desse plano presidencial de dominar o STF, vão evitar que essas propostas de antecipação de aposentadoria dos ministros tenham espaço no Parlamento. Esta semana, muita gente suspirou aliviada ao perceber que Bolsonaro não reúne uma maioria folgada para aprovar propostas de emendas constitucionais. Mas, reeleito, sairá fortalecido e, segundo seus próprios aliados, com musculatura para impor uma agenda e controle dos demais Poderes.

Mágoas

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva busca um político para vice numa chapa presidencial encabeçada pelo PT. Está meio decepcionado com o empresariado. A amigos, tem dito que fez tudo pelo setor produtivo do país quando era presidente e, quando caiu em desgraça, os empresários não moveram uma palha para ajudá-lo.

Aliás…

Um dos maiores receios de potenciais aliados do ex-presidente é de que ele, se vencer, venha com sede de vingança em relação àqueles que lhe viraram as costas.

Baleia, o vice

O vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, começa a fechar acordos para a sua campanha ao Palácio dos Bandeirantes no ano que vem. Se o governador João Doria for candidato a presidente da República, o vice dos sonhos é o presidente do MDB, Baleia Rossi, a quem o prefeito paulistano, Ricardo Nunes, é ligado.

Corre com isso aí

Com o risco de o Supremo Tribunal Federal (STF) acolher a decisão da ministra Rosa Weber, sobre a suspensão da convocação de governadores à CPI da Covid, cresce o movimento de governistas para encerrar a comissão o mais rápido possível. No Planalto, há a certeza de que não há mais nada a fazer ali para diluir o desgaste presidencial, a não ser dizer que a CPI quer apenas enfraquecer Bolsonaro politicamente.

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Dois galãs na mesma novela/ O ingresso do deputado Marcelo Freixo (RJ) no PSB é visto com preocupação por alguns socialistas, uma vez que a agremiação já tem Alessandro Molon como sua estrela no Rio de Janeiro. “É como se tivéssemos Tarcísio Meira e Francisco Cuoco na mesma novela, ou Cauã Reymond e Caio Castro. Alguém vai acabar sobrando”, comentou um dos observadores.

Dino e Lula/ No PSB, Flávio Dino diz que não está ali para obrigar o partido a se aliar a Lula. Mas, nos bastidores do PT, o governador do Maranhão desponta como uma aposta para levar os socialistas a seguir com o PT em 2022.

Foi só o começo…/ A tentativa de invasão dos índios ao Congresso, que resultou num confronto e até em um policial ferido, não vai cessar enquanto a Casa não abrir o diálogo com as tribos para tratar da proposta que modifica a demarcação das terras indígenas.

… e não tem trégua/ Se da parte dos índios há disposição de briga, da parte do presidente da Câmara, Arthur Lira, não é diferente. Depois de aprovar a privatização da Eletrobras, agora ele quer aproveitar as sessões virtuais para “passar a boiada” em outras searas.

MP da Eletrobras pode ser parâmetro para medir a força de Arthur Lira

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Todos os aliados mais fiéis do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), trabalharam para ajudar a acionar o rolo compressor e aprovar a medida provisória de privatização da Eletrobras. Não que Arthur seja o mais governista dos governistas. É que, no papel de presidente da Câmara, ele deseja deixar claro que, se algo der errado para o governo Jair Bolsonaro mais à frente, o Executivo não poderá pôr a culpa no Congresso.

Nesse caso, porém, tem um probleminha: se a conta de luz aumentar, como preveem os técnicos, vai sobrar para o Congresso também o desgaste de ter aprovado a medida provisória. O momento é de fazer as contas e, se for o caso, mais à frente buscar os culpados pelos prejuízos.

A terceira onda

Ao mesmo tempo em que termina essa fase de demarcar as responsabilidades pelo descontrole da covid-19 no Brasil, a CPI da Covid entra no aquecimento para acusar formalmente o presidente Jair Bolsonaro pelo patamar de 500 mil mortos.

O primeiro movimento
O governo vai continuar tratando dessa tentativa de investigar o presidente da República na CPI como parte da disputa política rumo a 2022. Na avaliação do Planalto, a comissão de inquérito é apenas mais uma batalha política.

PSDB em jogo duplo
Os tucanos querem montar uma candidatura presidencial de oposição para 2022, mas, na Câmara, votaram a favor da medida provisória de privatização da Eletrobras, um texto que sai do Congresso sob medida para atender o Centrão, aliado de Bolsonaro. Não será por aí que, segundo os integrantes da terceira via, os tucanos conseguirão construir uma alternativa viável para a corrida eleitoral.

Esqueçam as PECs
A tirar pelo placar do texto-base da proposta de privatização, ontem, na Câmara, o governo tem muito chão pela frente para aprovar qualquer proposta de emenda constitucional. Foram 258 votos a favor. As PECs só passam com 308 votos favoráveis.

Sinais de recuperação
O setor portuário movimentou 380,5 milhões de toneladas, entre janeiro e abril deste ano, um crescimento de 9,73% em relação ao primeiro quadrimestre de 2020. O presidente da Agência Nacional de Transportes Aquaviários, Eduardo Nery, comemora: “A tendência é de que se mantenha esse viés de alta ao longo do ano”, diz.

O VAR de Júlio Delgado/ Ao orientar contra a votação da medida provisória de privatização da Eletrobras, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) mostrou o vídeo em que o próprio Bolsonaro se colocava contra a venda da empresa no passado. Nem Arthur Lira deixou de sorrir com a fala do socialista.

A criatividade cresce/ O deputado Leônidas Cristino (PDT-CE) foi direto ao definir o projeto de privatização da Eletrobras que saiu da Câmara: “Esse projeto pode até não ter jabutis, mas tem quelônios”, disse, referindo-se à ordem em que os jabutis estão classificados.

Quem diria…/ O Partido Novo, de viés liberal, e o PSol votaram juntinhos contra a proposta de privatização e capitalização da Eletrobras.

Muita calma nessa hora/ Quem conhece o presidente Jair Bolsonaro considera que o destempero e as agressões verbais a jornalistas, como as que ocorreram em Guaratinguetá, virão num crescente, daqui até a eleição. Pode apostar.

Governo busca novo discurso para alfinetar Doria

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O governo não trará isso a público agora, mas, internamente, já começou a colocar em dúvida a capacidade da CoronaVac em conter a infecção pela covid-19. Isso porque tanto no Chile quanto no Uruguai, países nos quais as coberturas vacinais foram exemplares, o avanço da doença continuou, assim como as internações hospitalares. Não por acaso, Jair Bolsonaro fez apelos à Pfizer para que antecipe o envio de imunizantes ao Brasil. Oficialmente, o discurso é o de garantir a oferta de doses à população, mas, na seara política, há quem diga que o presidente está se armando para tentar tirar do governador João Doria, de São Paulo, o discurso da vacina. Essa disputa ainda terá muitos lances mais à frente — pode apostar.

Freio de arrumação

Esse foi o motivo da reunião ministerial desta semana: trazer um alinhamento do discurso do governo sobre a recuperação da economia e também questões da saúde. Com a vacinação acelerada, o Palácio do Planalto considera que, até o final do ano, a tempestade provocada pela CPI da Covid terá passado. O ministro Paulo Guedes (Economia), por exemplo, foi direto ao mostrar o cenário de recuperação e mais confiança com a vacinação ampliada.

Mais um ingrediente

Como se não bastassem as desconfianças de que a MP da Eletrobras resultará em aumento de despesa, e não de lucro para o governo, o tema ganhou mais um entrave. A Associação de Empregados da Eletrobras apresentou denúncia ao Tribunal de Contas da União (TCU) de irregularidades e inconstitucionalidades na proposta.

Bem apimentado

O documento enviado ao TCU elenca vários dispositivos da medida provisória. Diz, por exemplo, que a “descotização trará um aumento estrutural das tarifas para as famílias brasileiras, além de ser uma quebra de contrato válido até 2042, ano que termina a concessão das usinas em cotas”.

Vai sobrar e sem divisão

Com a tendência do Supremo Tribunal Federal (STF) de conceder a todos os governadores o direito de não comparecer à CPI da Covid, foi por água abaixo a estratégia do governo de tentar jogar a tragédia da pandemia no colo dos gestores estaduais. Eleitoralmente, os governistas já admitem reservadamente que Bolsonaro será o mais prejudicado e que os governadores que forem chamados vão jogar a granada de volta para o governo federal. O ex-governador do Rio Wilson Witzel, por exemplo, vai hoje à comissão tendo Bolsonaro como alvo.

Compensa aí, talkey?

Ciente da baixa de popularidade provocada pela pandemia, o governo aposta que consegue virar o jogo no ano eleitoral, ou no final do segundo semestre deste ano, quando a cobertura vacinal estiver mais ampla e a economia apresentar mais sinais de recuperação com a retomada do emprego. Mas os estrategistas palacianos acreditam mesmo é no aumento do valor do Bolsa Família, com a troca do nome para alavancar simpatias.

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Assim não vai/ O PT tem pedido o palanque de Alexandre Kalil para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Belo Horizonte. Mas, no papel de candidato, Kalil já avisou que tende a fazer sua campanha em carreira-solo, independentemente da disputa entre o PT e Bolsonaro.

Vai sobrar para todo mundo/ Com base naquilo que disse o ex-secretário de Saúde de Manaus, Marcellus Campelo, à CPI da Covid, a tragédia da capital amazonense tem muitos culpados. Os senadores garantem que ninguém será poupado.

Enquanto isso, no interior paulista…/ Barretos terá lockdown total a partir de sábado. A ocupação de leitos está em 100%, e há uma fila à espera por UTI. Por uma semana, vai fechar tudo. Fala-se até em postos de gasolina.

Assunto para meses/ O presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Ricardo Liáo, e a vice-presidente do Grupo de Ação Financeira Internacional (Gafi), Eliza Madrazo, participam, hoje, da abertura da 3ª edição do Congresso de Prevenção e Combate à Lavagem de dinheiro e ao Financiamento ao Terrorismo Internacional. O evento vai até 3 de setembro, com painéis e discussões para troca de conhecimento nessa área.

Quando entrar setembro/ Transmitido de São Paulo, o congresso promovido pelo Instituto de Prevenção e Combate à Lavagem de Dinheiro e ao Financiamento do Terrorismo reunirá on-line autoridades como os ex-ministros da Justiça Sergio Moro e Nelson Jobim, que foi também ministro da Defesa. Jobim falará em 1º de setembro; e Moro, no dia seguinte.

Guerra na CPI da Covid reflete no plenário

Publicado em coluna Brasília-DF

Quanto mais a CPI da Covid incomoda o governo, mais difícil fica a relação entre os partidos. O medo do governo agora é de que atrapalhe a votação da medida provisória de capitalização da Eletrobras, polêmica e considerada a prova de fogo desta semana. O governo quer o texto aprovado conforme saiu da Câmara, para que não corra riscos de ficar pelo caminho, uma vez que o prazo da MP termina em 22 de junho. O trabalho, hoje, será para tentar restringir as disputas com os partidos de centro na comissão de inquérito, de forma a não comprometer as votações econômicas fora da pandemia. Vale lembrar que os ministros têm dito que o atendimento aos congressistas, com emendas orçamentárias e cargos, estão a pleno vapor. Portanto, já houve o “toma lá”. Agora, chegou o momento do “dá cá”.

Há vagas

O Centrão não perde um mapeamento dos cargos que podem ficar vagos no governo federal. Agora, as raposas descobriram que o secretário de Agricultura e Cooperativismo, Fernando Schwanke, vem sendo sondado para um posto num organismo internacional.

Passado e presente
Da mesma forma que o ex-presidente Lula terminou acusado de favorecer a Odebrecht na África, o presidente Jair Bolsonaro corre o risco de sair da CPI da Covid suspeito de ter favorecido empresas produtoras de hidroxicloroquina, uma vez que atuou para o envio de insumos da Índia para a produção do fármaco. Pelo menos é por aí que parte do G-7 da comissão de inquérito caminha na reta final da primeira fase da investigação.

Futuro
Vem aí prorrogação. E se o governo for contra, vai ficar ruim, porque soará como quem não quer investigar os repasses a estados e municípios.

Um olho no gato…
O governo brasileiro acompanha com muita atenção as conversações entre União Europeia e os Estados Unidos, que podem acabar com 17 anos de disputas entre a Airbus e a Boeing.

… outro no peixe
É que a brasileira Embraer tem feito gestões junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra os subsídios que o governo canadense dá à Bombardier, que ainda é dona da empresa de jatos executivos. O receio é de que os acordos se restrinjam aos interesses da Airbus e da Boeing, deixando o resto do mundo à margem.

Pacheco na roda/ Conforme o leitor da coluna já sabe há tempos, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, percorre o país tentando fazer do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), candidato a presidente da República. E pelos movimentos do senador e conversas que teve recentemente com Michel Temer e Fernando Henrique Cardoso, será candidatíssimo.

Maia livre, mas…/ A expulsão de Rodrigo Maia (RJ) do DEM já estava “precificada”. Ironia será se Pacheco for mesmo candidato e, lá na frente, Maia terminar no palanque do senador mineiro com todo mundo dentro do PSD de Gilberto Kassab.

Ensaio eleitoral I/ A entrada de Bolsonaro nas conversas para antecipação do envio de vacinas da Pfizer vem sob medida para ser usada na eleição e rebater as famosas histórias de “se virar jacaré” e por aí vai.

Ensaio eleitoral II/ Bolsonaro sabe que tudo isso será usado na campanha, de forma passiva. E agora quer deixar passar a ideia de que foi apenas retórica, sem qualquer prejuízo à população. Falta combinar com as famílias das vítimas da covid-19.

Bolsonaro aperta Queiroga

Publicado em coluna Brasília-DF

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que tem defendido o uso de máscaras por onde passa, balança no cargo, tal e qual seus outros colegas médicos, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, balançaram no ano passado. Aliás, há até entre aliados do governo quem veja o fato de Bolsonaro pregar a dispensa do uso de máscaras por quem já teve covid ou tomou vacina e, de quebra, levantar dúvidas sobre o número de mortos pela doença, como movimentos casados para tentar tirar a pandemia de cena e acelerar a retomada da economia. Diante dessa determinação presidencial, ou “o tal de Queiroga” faz o que Bolsonaro manda, ou pede o boné.

Queiroga está realmente com um problema: a ciência ainda não decretou o fim da pandemia. Para que isso ocorra, é preciso reduzir o contágio e aliviar o sistema de saúde, que continua sob pressão. Esta semana, por exemplo, 20 estados apresentaram situação preocupante de ocupação de leitos, 11 deles e o DF acima de 90%. Mato Grosso do Sul se viu obrigado a enviar pacientes para outros estados. Enquanto o país estiver com esse cenário, vai ser difícil acabar com a crise sanitária do jeito que deseja Bolsonaro.

No embalo de Wilson, resta a via Wagner

Depois que o governador do Amazonas, Wilson Lima, não foi depor na CPI da Pandemia, o depoimento do ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, é considerada a tábua de salvação do senador Eduardo Girão para fazer valer a investigação sobre o uso de recursos enviados aos estados voltados ao combate e à prevenção da covid.

Assessoramento não é ilegal

Os senadores aliados ao Planalto vão bater na tecla de que o presidente da República tem direito a ouvir quem quiser para adotar as políticas de governo. Nesse sentido, já está separado para colocar num possível relatório alternativo na CPI o grupo que assessorou o presidente Fernando Henrique Cardoso na época do apagão.

Um tijolo a mais

O ingresso do governador do Maranhão, Flávio Dino, e do deputado Marcelo Freixo (PSol-RJ) no PSB dará mais peso no partido àqueles que defendem a candidatura de Lula. Assim, será menos uma agremiação para tentar compor uma alternativa à polarização entre o petismo e o bolsonarismo.

Este é o jogo da hora

Hoje, o petismo trabalha para tentar evitar qualquer outro candidato forte no seu campo, da mesma forma que o bolsonarismo age para tentar atrair as estrelas dos partidos mais conservadores.

Pode arrumar as gavetas/ Tem gente aconselhando Arthur Lira a esperar a volta das sessões presenciais na Casa para colocar em pauta a cassação do mandato da deputada Flordelis. Assim, ela ganha uma sobrevida, mas não escapa.

E o Daniel, hein?/ Há, no Congresso, quem aposte num relatório alternativo à suspensão de seis meses pedida pelo relator do caso Daniel Silveira. É que ele ainda tem outros processos para responder no colegiado, portanto, a ideia é ir subindo gradualmente a pena.

Agora vai/ Depois que o G-7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) jogou suas fichas na criação de um imposto global para as grandes multinacionais, o deputado Danilo Forte quer aproveitar a onda para dar mais visibilidade à sua proposta de taxação das gigantes de tecnologia das redes sociais e dos aplicativos.

E eles também/ Danilo Forte tem citado ainda esses aplicativos sobre jogos de futebol, que cresceram e apareceram nos últimos anos.