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Com Moro, Lava-Jato entra na campanha contra Lula e Bolsonaro
A chegada de Sergio Moro à arena da política leva a memória da Lava-Jato para a campanha presidencial de 2022, gerando um constrangimento tanto para o PT de Lula — que ensaia um discurso sobre não ter havido corrupção na Petrobras — quanto para Jair Bolsonaro, que hoje marcou seu ingresso no PL, de Valdemar Costa Neto, para 22 de novembro. No caso do presidente, os constrangimentos irão mais além, uma vez que o ex-ministro tem a simpatia do vice Hamilton Mourão, que definia o ex-juiz como “uma reserva moral do governo”. Na Polícia Federal, Ministério Público e militares, segmento nos quais Bolsonaro reinou em 2018, os ventos dos votos tendem a soprar para Moro. O ex-juiz não está a passeio.
Simone, a vice dos sonhos
A senadora Simone Tebet (MDB-MS) é vista no Podemos como um nome a ser procurado para vice de Moro. Além de atrair o eleitorado feminino, reforça o ex-juiz no Centro-Oeste, onde o presidente Jair Bolsonaro é forte.
Implodiu…
O União Brasil foi lançado com o desafio de eleger parlamentares no Distrito Federal praticamente cumprido, uma vez que a fusão do DEM com o PSL lhe daria Bia Kicis (PSL), Alberto Fraga e Luís Miranda (ambos do DEM). O grupo, porém, vai esfacelar. “Eu já tenho candidato a presidente, mas ainda não tenho partido”, disse Miranda à coluna.
… e encolheu
Bia Kicis vai esperar a filiação de Bolsonaro ao PL para definir seu destino. No União Brasil não ficará. Resta Alberto Fraga, que está decidido a concorrer a um mandato de deputado federal.
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Alckmin quer união/ O ex-governador Geraldo Alckmin voltou a conversar com o União Brasil, onde a conversa de vice de Lula não está nos planos. Alckmin, hoje, tem a certeza de que o PSD o apoiará ao governo de São Paulo, em qualquer hipótese. O União Brasil já avisou que o quer como candidato ao governo, mas apenas se ele estiver filiado à legenda. As conversas voltam depois das prévias do PSDB, onde Alckmin trabalha por Eduardo Leite.
Novo balança/ O partido Novo, que não se uniu em torno da candidatura do Luís Felipe D’Ávila à Presidência da República, marcou presença forte na filiação de Sergio Moro ao Podemos. Os deputados Marcel Van Hatten (RS), Alexis Fonteyne (SP) e a distrital Júlia Lucy fizeram questão de ir até o Centro de Convenções dar um abraço no ex-juiz.
Discretíssimo/ O procurador aposentado Carlos Fernando dos Santos Lima, que integrou a força-tarefa da Lava-Jato e, hoje, é advogado especialista em compliance, fez questão de ir à filiação de Moro ao Podemos. Porém, preferiu ficar bem distante do palco. “Sem a mudança do sistema político, o Judiciário não consegue impor a lei aos poderosos. As grandes empresas e os empresários estão preocupados e não se envolvem mais. Agora, se não seguirmos em frente com mudança na política, voltará ao que era antes”, disse à coluna.
João Roma na lida/ Quem não saiu do Congresso nos últimos dias, cabalando votos, foi o ministro da Cidadania, João Roma. A todos dizia que votar contra a PEC dos Precatórios era votar contra os R$ 400 do Auxílio Brasil. Fará o mesmo discurso no Senado.
“Estou no projeto. O que Rodrigo Pacheco precisar, eu faço”, comentou o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) ao presidente do PSD, Gilberto Kassab, assim que terminou a solenidade de filiação no Memorial JK. A frase de Delgado é música para os ouvidos de Kassab, que já anunciou Pacheco como candidato a presidente da República. As contas do partido são as seguintes: em 2018, Minas Gerais somava 10,65% do eleitorado do país. Se conseguir unir os mineiros em torno do seu nome, Pacheco entra na disputa ao Planalto com capacidade de atrair outras forças políticas e gerar um movimento capaz de lhe dar a pole position do mar de pré-candidatos que pretende quebrar a polarização entre Lula e Bolsonaro.
A contar pela presença de líderes mineiros na filiação de Rodrigo Pacheco ao PSD, essa missão, de começar unindo Minas Gerais, está quase cumprida. No Memorial JK, estavam representantes de praticamente todos os partidos de centro, e da esquerda, estava Júlio Delgado. Até aqui, Minas surge como o único dos maiores colégios eleitorais com chance de sair mais coeso em torno de um projeto eleitoral.
PSD receberá outros
O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) perguntou ao presidente do PSD, Gilberto Kassab, se conversariam em Minas ou em Brasília. A filiação é esperada para breve. Do PP, que espera o presidente Jair Bolsonaro, estão de saída o deputado Aguinaldo Ribeiro (PB), líder da maioria na Câmara, e a irmã dele, a senadora Danielle Ribeiro (PB). E é só o começo.
Vice? Nem pensar
Lula, que fez aniversário ontem, justamente na data de filiação de Pacheco ao PSD, adoraria ter o senador como seu vice. Sonha, PT. O presidente do Senado chegou para ser protagonista, e não coadjuvante.
Dossiê na área?
Depois de assistir ao vídeo em que o presidente Jair Bolsonaro sai da entrevista ao Pânico por causa de uma pergunta do humorista André Marinho, o empresário Paulo Marinho, pai de André, mandou o seguinte recado ao chefe do Executivo: “Capitão, quando o senhor estiver chorando no banheiro do Palácio, lembre-se de Gustavo Bebbiano. Ele não o esqueceu”. Bebbiano era braço direito de Bolsonaro na campanha eleitoral e há quem diga que deixou informações preciosas com Marinho, suplente de Flávio Bolsonaro.
Anderson longe de Dilma
Quem circulou incógnito, no meio dos pessedistas que se aglomeraram no palco do auditório do Memorial JK para cumprimentar Rodrigo Pacheco assim que terminou a solenidade, foi Anderson Dornelles, que, por 19 anos, assessorou a ex-presidente Dilma Rousseff. Anderson contou que será “candidato a deputado federal” e, presidente do Avante do Rio Grande do Sul, foi dar um abraço em Rodrigo Pacheco.
Olho na numerologia
Presidente do PSD do Distrito Federal, Paulo Octavio tratou a filiação de Pacheco como o renascimento do partido, uma vez que se deu exatamente 56 anos depois que o Ato Institucional 02 da ditadura militar extinguiu o PSD de JK.
“Não sou eu. Você acha que eu, sozinho, teria condições de travar uma sabatina?”
Do presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Davi Alcolumbre, já saindo de fininho, ao responder à coluna por que ainda não pautou a sabatina de André Mendonça para ministro do Supremo Tribunal Federal
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“Malandrinho” na área/ Quem ficou a cargo da execução do Hino Nacional no Memorial JK foi o grupo de choro Malandrinho, de Diamantina. A música “Peixe vivo”, marca de Juscelino Kubitschek, foi o pano de fundo quando a neta do fundador de Brasília e presidente do Memorial JK, Anna Christina Kubitschek, colocou o pin do PSD na lapela de Pacheco. Na plateia, alguns deputados cantavam a versão “como pode um homem livre viver sem democracia”.
Amigos, amigos, projetos à parte/ Amiga do governador de São Paulo, João Doria, a neta de Kubitschek e esposa do ex-governador Paulo Octavio, ligou para Doria para dizer que o Memorial seria anfitrião da filiação de Pacheco ao PSD. Doria disse que, mais à frente, estarão todos juntos.
E os precatórios, hein?/ Virou questão de honra para o presidente da Câmara, Arthur Lira, entregar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios — que parcela as dívidas judiciais do governo — aprovada e o mais breve possível. Seria mais fácil, porém, se o Auxílio Brasil estivesse incluído no texto. E ainda tem outro probleminha: há uma gama de empresários desesperada para receber as dívidas.
O Partido Liberal, de Valdemar Costa Neto e da ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, ofereceu ao presidente Jair Bolsonaro o seguinte acordo: A aula direção, leia-se Valdemar, continua a administrar os recursos dos fundos partidário e eleitoral e Bolsonaro fica com o direito de indicar os candidatos ao Senado. O presidente, que tem o convite do PP __ e muitos progressistas já têm essa filiação como fechada__, ficou de pensar e ainda não decidiu onde apoiará suas fichas.
Com o PP, o minero Ciro Nogueira tem dito aos amigos que “está tudo certo e nada decidido”. Isso porque alguns estados estão co dificuldades em aceitar que o presciente indique os candidatos ao Senado. Em Goiás, por exemplo, Bolsonaro planeja ter como candidato ao Senado o ministro de Infra-estrutura, Tarcísio de Freitas, mas a vaga no PP já está reservada para Alexandre Baldy, hoje secretário de Transporte Urbano em São Paulo no governo do João Dória.
Em tempo: Para Flávia Arruda, pré-candidata ao Senado, e ministra com espaço no Palácio do Planalto, não há meios de dizer não ao chefe. Porém, as apostas são as de que Bolsonaro dificilmente repetirá os 70% que obteve no Distrito Federal em 2018. Até aqui, a incerteza reina quando o assunto é sucessão presidencial.
Para o presidente, porém, a escolha entre um e outro partido está complicada. Há o receio de, ao optar por um, perder o outro. a não ser, claro, que venha uma fusão capaz de resolver essa parada. O problema é que, se isso ocorrer, vai ser difícil Bolsonaro ter o direito de indicar todos os candidatos, como deseja.
Embora o PT tenha convocado o ato em prol do impeachment do presidente da República, Lula tem dito em suas conversas mais reservadas com petistas que não quer saber da saída antecipada do presidente. Aliás, essa foi a leitura feita por nove em cada 10 políticos, depois que Lula não compareceu ao ato do último sábado. Aliás, amigos do presidente repetem diariamente que não é porque um presidente vai mal, que ele deve sofrer impeachment. Essa seara cabe ao eleitor decidir nas urnas.
O discurso de Bolsonaro para 2022
Ainda que não consiga levar adiante a retomada da economia, o presidente Jair Bolsonaro tem pronto o roteiro que levará para a sua campanha reeleitoral, caso seja candidato. Como repete hoje, ele reforçará que a situação ficou ruim por causa do #fiqueemcasa promovido pelos governos estaduais e prefeituras. E só não ficou pior porque o governo deu o auxílio emergencial e o financiamento às empresas.
Página virada
Quanto à CPI e à gestão da pandemia, o presidente e seus aliados acreditam que, até a eleição, com toda a população vacinada, esse tema estará superado. Aliás, na avaliação dos políticos, a chave já virou: a economia está falando muito mais alto do que o medo do vírus.
Moro na pista…
O ex-ministro e ex-juiz Sérgio Moro ampliou as conversas sobre uma candidatura à Presidência da República. Assim que terminar a prévia do PSDB, em novembro, voltará a se sentar com os partidos. O leque inclui Podemos, Cidadania, DEM/PSL e até uma composição com o PSDB.
…e com discurso
A avaliação dos fiéis escudeiros de Moro é a de que a bandeira de combate à corrupção foi para o limbo depois das suspeitas sobre os filhos de Bolsonaro e a aliança do presidente com partidos enroscados em escândalos recentes, como o Petrolão.
A hora da caça
O adiamento da votação da Lei de Improbidade não significa que a Câmara dos Deputados tenha sérias dificuldades em aprovar o texto. Ao contrário: tese de que, se não houver a intenção de dolo, estará tudo bem, agrada e muito à maioria dos políticos.
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Saldo/ Das conversas de Lula com o PSB e o PSD, saiu a certeza de que uma aliança com os socialistas dependerá dos acordos estaduais. Já com o partido de Gilberto Kassab, a investida deu água. Kassab está convencido de que o melhor caminho para a sobrevivência nesse cenário incerto é a candidatura própria.
Plano A e plano B/ Kassab dá como certo que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, se filiará ao partido e será candidato. Se chegar ao segundo turno, ótimo. Se não chegar, o PSD estará inteiro. Afinal, se optar por qualquer um dos polos de hoje num primeiro turno, o partido racha ao meio e não chegará a lugar algum.
Questão de honra/ A cúpula do PSB coloca como prioridade, por exemplo, os candidatos aos governos de Pernambuco, do Espírito Santo e o do … Rio de Janeiro. No Rio, o PSB já apresentou nome de Marcelo Freixo, oriundo do Psol, e hoje filiado ao partido. E quer também a candidatura ao Senado para o líder da minoria, o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ).
Se colar, colou/ O PSB quer mais à frente discutir a candidatura a vice na chapa de Lula. O petista, porém, prefere um nome do empresariado, tal qual o ex-senador José Alencar.

O governo está atônito com a convocação de Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro, para depor na
CPI da Covid. A ira está grande e a quantidade de impropérios contra os senadores idem. A avaliação feita há pouco por alguns inquilinos do Planalto nesta temporada inclui frases do tipo, “eles (os senadores do G7) só pensam em f… o Bolsonaro”. Para completar, ainda tem a suspeita de que o senador, do qual o lobista Marconny Faria diz não se lembrar do nome, é o 01, Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).
Diante desse cenário, os palacianos consideram que a missão “segura CPI”, entregue ao ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, está longe de ser cumprida, embora o ministro tenha dito que estava tudo resolvido. Ciro teria dito recentemente ao presidente Bolsonaro que ele não precisaria se preocupar, porque a CPI não tem nada que envolva o presidente ou seus ministros em corrupção. Porém, mesmo com esse cenário, a convocação da ex-esposa do presidente deixa claro que Bolsonaro ainda terá muita dor de cabeça com a CPI da Pandemia. No Palácio, entretanto, segue a avaliação de que o presidente está blindado em relação à vacina Covaxin e à Precisa Medicamentos, porque não houve um centavo gasto nessas operações nebulosas.Ninguém contava com a astúcia do G7, de aprovar a convocação de Ana Cristina Vale, a mãe de Jair Renan, que, a pedido de Marconny Faria, teria tentado influenciar na nomeação do chefe da Defensoria Pública da União.
O presidente Jair Bolsonaro chega à primeira semana pós-tensão do Sete de Setembro com mais ganhos do que perdas, conforme contam seus mais fiéis escudeiros. Primeiramente, os candidatos de centro que se reuniram no último fim de semana mostraram uma capacidade de mobilização compatível com os números que detêm nas pesquisas, ou seja, muito baixa a preços de hoje. Em segundo, o fato de o PT não encorpar o ato de 12 de setembro, onde, aliás, Lula foi atacado, terminará por afastar essa turma de centro de uma possível candidatura petista num segundo turno, se mantida a polarização.
Para completar a alegria dos governistas, o impeachment perdeu fôlego. O PT não quer tirar Bolsonaro, porque acredita que o vencerá fácil num mano a mano em 2022. O agronegócio e outros segmentos que têm voz ativa no Parlamento também não querem o afastamento do presidente. O país pode se preparar para a volta dos antigos problemas.
A contar pelas declarações de Michel Temer ao CB.Poder abrindo a semana, o MDB também está fora desse barco do impeachment. A ordem nesses partidos, aliás, é parar com as tensões para mostrar temas considerados urgentes, gasolina cara, preço do gás nas alturas, energia elétrica e por aí vai. A primeira será hoje, com o plenário transformado em comissões gerais para ouvir a Petrobras.
Arthur na área…
A contar pela investida do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), chamando o presidente da Petrobras, Silva e Luna, para cobrar o salgado preço dos combustíveis, o governo não terá tanta paz quanto parece. O detalhe é que, em vez de processo de impeachment, Lira vai entrar na cobrança dos temas que mais interessam à população.
…sem passar recibo
O chamamento a Silva e Luna vem sob encomenda para que, sem brigar diretamente com o Planalto, fique claro que os aliados de Bolsonaro no Congresso não estão confortáveis com a situação a que foram submetidos na semana passada. Muitos não gostaram de ver o presidente Bolsonaro prestigiar Michel Temer na hora de refluir do “modo tensão” para o “paz e amor”, deixando Lira, que pediu pacificação, meio de lado.
Indefinição impera e auxilia
Ao tirar de pauta a decisão de foro sobre processo das rachadinhas contra o senador Flávio Bolsonaro, o presidente da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Nunes Marques, ajuda o senador a ganhar tempo. Tem muita gente dizendo que, enquanto Jair Bolsonaro for presidente, Flávio não será julgado.
“Missão cumprida”/ Assim, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, tem se referido à CPI da Pandemia, quando os amigos lhe perguntam se os perigos para o governo por ali terminaram. A tentativa de negociata com a compra da Covaxin, assegura o ministro, não tem como vincular Jair Bolsonaro à corrupção.
Alessandro que se prepare/ Um dos alvos dos governistas a partir de agora será o senador Alessandro Vieira, apresentado na semana passada como o candidato a Presidência da República pelo Cidadania.
Renan na escuta/ O grupo Prerrogativas já foi acionado pelo advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, para apresentar sugestões ao relatório de Renan Calheiros na CPI da Pandemia. A ideia é apresentar ideias para evitar que tudo o que for apurado pela CPI termine nos escaninhos, sem consequências legais.
Temer é pop/ Em seu Instagram, o ex-presidente tem feito um pouco de tudo, desde declarações sobre a necessidade de diálogo com todas as forças políticas até sugestões de séries. No final de semana, sacou Billy Holiday.
O pronunciamento do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), resumiu o espírito do Centrão em relação aos atos do Sete de Setembro. A ordem do agrupamento é usar os próximos dias para baixar a poeira das manifestações e do clima de guerra entre o presidente Jair Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal (STF). A avaliação é a de que, enquanto o Centrão estiver nessa toada de cobrar um chamamento à razão, não haverá abertura de qualquer processo de impeachment.
Porém, se Bolsonaro continuar nesse processo de provocar a guerra entre os Poderes, virá uma operação casada por parte do Centrão: Lira abre o processo e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, entregará o cargo. Portanto, se Bolsonaro não quer levar o país para o caos e seu governo para o buraco negro, é melhor se moldar à cadeira presidencial e buscar uma postura mais institucional.
Os dois, aliás, foram à casa de ministros do STF para baixar a poeira por lá. A ideia é buscar interlocutores de Alexandre de Moraes a fim de fazer com que o ministro não “exagere” ao ponto de levar pessoas a depor para esclarecer xingamentos em bares, como no Clube Pinheiros, em São Paulo. Pelas contas dos bolsonaristas, já são 14 presos “políticos”.
Apelou, perdeu
Bolsonaro conseguiu no Sete de Setembro algo que Fernando Collor tentou em 13 de agosto de 1992, mas não foi feliz. O ex-presidente chamou seus apoiadores às praças e a população saiu de preto, pedindo seu impeachment. Bolsonaro levou um grande contingente de seguidores às ruas. Tropeçou, porém, no discurso. Vinte e quatro horas depois, os próprios aliados do presidente acreditam que, se ele tivesse ficado algumas oitavas abaixo, teria saído maior do que chegou à Avenida Paulista.
Saldo I
A avaliação é a de que Bolsonaro conseguiu um número suficiente para evitar, por enquanto, um processo de impeachment. Porém, não tão grande para se manter no poder a qualquer custo.
Saldo II
No STF, muitos consideram que Alexandre de Moraes tem extrapolado. Mas, diante dos arroubos autoritários de Bolsonaro nas ruas, dizendo que não respeitará decisões judiciais e incitando seus apoiadores contra a Corte — falando inclusive em dissolução —, os ministros se fecham em copas em defesa da sua posição enquanto Poder constituído.
Assim fica difícil
Alguns governistas têm a impressão de que Bolsonaro não consegue ver seus discursos como fatores de instabilidade na economia. E está a cada dia ouvindo mais incendiários e menos bombeiros.
Pior para André Mendonça
O clima de instabilidade gerado a partir do tom das declarações presidenciais têm como reflexo mais um atraso na análise do nome de André Mendonça para o STF.
O Cerrado que queime/ Logo depois das manifestações, o vice-presidente Hamilton Mourão tomou distância de Bolsonaro. Ontem, por exemplo, foi para o Norte, tratar dos temas amazônicos. Por lá, está tudo mais ameno.
A que ponto chegamos/ O presidente José Sarney costuma dizer que o cargo de presidente da Funai é o campeão de problemas. Pois, no momento, avisam os deputados, o mais problemático é a Presidência da República.
Por falar em República…/ Bolsonaro, na verdade, trocou as bolas em seu discurso em Brasília. Ele reuniria o conselho de ministros e não o Conselho da República. Afinal, quer distância de seus opositores que integram o Conselho da República.
Heleno na área/ O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, voltou a frequentar o Palácio da Alvorada. É hoje um dos principais interlocutores de Bolsonaro.
E o PSDB, hein?/ Se é para ser oposição, conforme a nota divulgada ontem, o partido precisará combinar com a ala que vota constantemente com o governo.
Coluna Brasília-DF, por Ana Dubeux (interina)
O efeito colateral das manifestações do 7 de Setembro será sentido mais fortemente hoje (8/9), quando o Brasil volta ao normal. Após os gritos de “liberdade” e “fora Alexandre de Moraes”, voltam as preocupações reais dos brasileiros: a inflação galopante, a gasolina a R$ 7, o desemprego a afligir milhões, a pandemia. Em relação às manifestações de ontem (7/9), a expectativa em Brasília se volta inteiramente para o Supremo Tribunal Federal, principal alvo escolhido pelo presidente Bolsonaro nos discursos inflamados para a massa de apoiadores. O discurso do ministro Luiz Fux, presidente da Corte, dará o rumo da crise institucional insuflada pelo presidente da República.
No campo político, os primeiros movimentos em reação aos protestos liderados por Bolsonaro partiram do PSDB. Embora se apresente como uma legenda do centro, o partido marcou uma reunião de Executiva para avaliar a possibilidade de propor o impeachment de Bolsonaro em razão dos ataques contra o Judiciário desferidos ontem. A nova postura do PSDB tem apoio de dois tucanos de proa, os governadores João Doria e Eduardo Leite. A decisão da Executiva pode jogar o partido para um ponto mais extremo na polarização pré-2022.
Nunca é demais lembrar, o presidente do PSDB, Bruno Araújo, deu o voto que sacramentou o impeachment de Dilma Rousseff em 2016 na Câmara dos Deputados. Na mesma sessão, o então deputado Jair Bolsonaro homenageou o torturador Brilhante Ustra para votar pelo afastamento da presidente.
O Procurador-geral da República, Augusto Aras, acompanhou passo a passo as manifestações do 7 de Setembro em Brasília. Com certa apreensão, Aras concluiu que o dia foi relativamente tranquilo ante a perspectiva de problemas na Esplanada dos Ministérios. O receio era que que as manifestações ultrapassassem ainda mais os limites dá democracia e da independência dos Poderes.
Mais protestos
Nesta quinta-feira, as mulheres indígenas marcham, pela segunda vez, em Brasília. “Que os valores da democracia falem mais alto que os arroubos da tirania. Elas vão reforçar o Não ao PL 490 e ao Marco Temporal”, brada a professora Fátima Santos (PSOL).
Pacote cultural
O setor cultural brasiliense segue de olho na Câmara Legislativa. Esta semana, os distritais devem aprovar o crédito suplementar do Fundo de Apoio à Cultura (FAC). A equipe da Secretaria de Cultura trabalhou no feriadão para garantir a execução dos projetos este ano. A expectativa é de liberar R$ 91,6 milhões. Esses recursos, somados os R$ 53 milhões que estão em execução, permitirão ao DF lançar o maior projeto de fomento à Cultura de todo o país: mais de R$ 144 milhões. “Será também o maior fomento ao cinema de Brasília, no ano de tantas perdas e do incêndio da cinemateca”, afirma o secretário Bartolomeu Rodrigues.
Made in Brazil
Os peritos criminais da PF que desenvolveram integralmente softwares de combate ao crime fizeram uma nova versão do NuDetective. O programa que, em poucos minutos, detecta pornografia infantil em grandes bases de dados passou a ter suporte em italiano e francês. As versões anteriores já continham instruções em inglês, espanhol e português. A atualização da ferramenta inclui outras novidades, como a varredura em dispositivos Android e um identificador de aplicativos suspeitos instalados em smartphones. O perito Flavio Silveira está de viagem marcada para Londres, onde cursará durante um ano o mestrado em Segurança da Informação na University College London. Brasiliense, ele foi selecionado para um dos programas de bolsas de estudos mais concorridos do mundo: o Chevening — oferecido pelo governo do Reino Unido. Essa edição do projeto teve 64 mil candidatos e ofertou cerca de 1.500 bolsas globalmente.
Alívio em casa
O governador Ibaneis Rocha não disfarçou a tensão quando soube que caminhoneiros haviam passado pelo primeiro bloqueio feito pelos policiais na Esplanada dos Ministérios. Em casa, ele recebia as informações diretamente o Secretário de Segurança, Júlio Danilo, mas não participou das negociações que, na palavra dos policiais, flexibilizaram o protocolo que estava sendo seguido. No final, comemorou: “Não houve incidente maior, todos —de ambos os lados – puderam se manifestar”.
Vamos conversar
Os governadores vão insistir na reunião com o presidente Jair Bolsonaro ou, no mínimo, com um representante autorizado por ele. Hoje mesmo um emissário deve conversar com o ministro Ciro Nogueira para insistir na agenda. Durante as manifestações, o governador do DF, Ibaneis, conversou algumas vezes com o ministro Luiz Fux, presidente do STF, sobre a proteção ao prédio da Corte de Justiça. A partir de amanhã a preocupação será menos patrimonial e mais institucional.
A foto da capa
A imagem da capa do segundo romance do jornalista e escritor Carlos Marcelo, Os planos, é uma fotografia do Congresso Nacional feita nos anos 1970 por Luis Humberto (1934-2021), um dos fundadores da UnB. “No ano passado, em uma de nossas últimas conversas, falei que gostaria de ter uma imagem dele na capa do livro, e ele sugeriu essa foto”, conta o autor, que foi aluno do fotógrafo e professor da Faculdade de Comunicação. Recém-lançado pela editora Letramento, o livro de Carlos Marcelo, autor da biografia Renato Russo – o filho da revolução, conta a história de cinco amigos de Brasília que se envolvem no plano de um deles para assassinar um senador da República.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou o PT a votar a favor da reforma do Imposto de Renda de olho no que espera ser uma “cesta de três pontos” lá na frente. O partido consegue taxar dividendos, uma pauta antiga da turma do “chão de fábrica”, e coloca o mercado e parte do setor produtivo de mau humor em relação ao governo. E o terceiro ponto, que depende ainda do eleitor que votar em 2022, é permitir que o governo eleito usufrua dos recursos, sem o desgaste de precisar aprovar a legislação. É que a arrecadação decorrente desse projeto só deve engrossar o caixa da União em 2023.
Longo prazo
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), avisou aos governadores que o Código Eleitoral dificilmente terá condições de ser analisado pelos senadores dentro de um tempo hábil, a fim de valer para as eleições de 2022. Porém, há o compromisso de analisar a proposta ainda este ano.
Restará a tese
Há uma simpatia de parte do Senado pela quarentena para juízes, procuradores e policiais. E os senadores estão convencidos de que, se deixar para o futuro, não ficará parecendo que foi um artigo feito sob encomenda para barrar uma candidatura do ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro. Alguns parlamentares recorrem, inclusive, à famosa frase das regras não escritas das negociações políticas, sempre repetida pelo ex-vice-presidente, ex-senador e ex-ministro Marco Maciel, já falecido: “Não vamos fulanizar”.
A ira de Guedes
O ministro da Economia, Paulo Guedes, está preocupadíssimo com o Senado. Acha que houve um cochilo dos líderes na votação de quarta-feira, em que os senadores derrubaram a MP da minirreforma trabalhista para contratação de jovens sem carteira assinada. O receio, agora, é de que os senadores derrubem ainda mais as alíquotas previstas no texto das mudanças do IR aprovado na Câmara.
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Discretíssimo/ O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, não falou muito na reunião dos governadores com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. “Como sou coordenador, prefiro ouvir”.
Depois eu ligo, talquei?/ Os governadores saíram de Brasília sem uma resposta do Planalto a respeito de uma possível reunião conjunta entre eles e o presidente. Bolsonaro, aliás, vai ingressar no STF para que os governos estaduais cobrem o ICMS da gasolina sobre o valor inicial do combustível, quando sai da refinaria, e não sobre o valor da bomba.
Por falar em Bolsonaro…/ O presidente vai começar a repetir pelo país afora que deu o “golpe” na indústria do carro-pipa, por causa da perfuração de poços artesianos, e também em balseiros, no Acre, onde a travessia de balsa perdeu público depois da inauguração de ponte.
… o modo paz e amor está ligado/ A semana se encerra com um tom mais light nos discursos presidenciais. E, há quem diga que, se o presidente quiser ajuda dos demais Poderes, terá que se manter nessa toada.
“O Brasil está em paz. Ninguém precisa temer o Sete de Setembro”
Do presidente Jair Bolsonaro, modulando o discurso, a fim de reduzir a tensão para o Dia da Independência
Diante da tensão interminável, as forças políticas ampliam o leque de conversas e de planejamento para todos os cenários. Generais da ativa, por exemplo, já fizeram chegar a vários interlocutores partidários que não apoiam qualquer atitude fora das linhas da Constituição, e esta semana aproveitaram o Dia do Soldado para reforçar essa visão. Políticos receberam grifados trechos do discurso em que o comandante do Exército, general Paulo Sérgio, mencionou a Força “dotada do espírito patriótico, pacificador e conciliador do Duque de Caxias”. Ele falou também de “paz, união, liberdade democracia e Justiça” e, ainda, de “compromisso com os valores mais nobres da pátria e com a sociedade brasileira em seus anseios de tranquilidade, estabilidade e desenvolvimento”.
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Nos bastidores, porém, foi dito que há um mal-estar em relação às prisões por opinião. Não existe golpe, nem existirá, mas é preciso que haja equilíbrio em todos os Poderes. Cada um terá que fazer a sua parte para que as coisas cheguem a um bom termo. O presidente Jair Bolsonaro fez a dele, ao mandar dizer que não encaminhará o pedido de impeachment do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF). O Senado, por sua vez, rejeitou o processo contra o ministro Alexandre de Moraes. A hora é de acalmar os ânimos.
E o Mourão, hein?
Políticos que estiveram com o vice-presidente Hamilton Mourão consideram que ele está se preparando para qualquer cenário. Se a situação se deteriorar, está a postos. Mas sempre deixa claro que o plano A é a pacificação do país sob o comando de Bolsonaro.
Te vira com R$ 28 bi, tá?
O deputado Hildo Rocha (MDB-MA) apresentou, esta semana, seu parecer autorizando o governo a emitir títulos para pagamento de despesas com pessoal. Só tem um probleminha: o governo havia pedido R$ 164 bilhões e Hildo autorizou apenas R$ 28 bilhões — e apenas para pagamento de pessoal.
O resto já está no caixa
Hildo Rocha disse à coluna que o excesso de arrecadação do mês passado, de R$ 170 bilhões, já cobre o que o governo pediu para “outras despesas correntes” — ou seja, diárias, passagens, vale-refeição e por aí vai. “Não tem sentido pedir para aumentar o endividamento do país com um excesso de arrecadação de R$ 170 bilhões num mês”, diz o deputado.
Dito e feito
Conforme o leitor da coluna já sabia, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), rejeitou o pedido de impeachment de Alexandre de Moraes. E além de tirar de cena qualquer movimento para indicá-lo ao STF, Pacheco também pretende preservar o próprio Senado. É que, se esse pedido ainda estivesse indefinido, o ato do Sete de Setembro poderia se transformar em pressão para que fosse aceito.
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Líderes sob pressão I/ Presentes ao lançamento do projeto Todos por um só Brasil, na sede do MDB, os líderes do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (PE), e no Congresso, senador Eduardo Gomes (TO), se remexeram na cadeira com o discurso do ex-presidente Michel Temer. Ele mencionou Fernando Bezerra e, em seguida, começou a falar sobre a hora do “chega e do basta” diante da divisão do país.
Líderes sob pressão II/ O partido não vai pedir que os líderes deixem os cargos, porque não são de indicação partidária. Mas a linha do discurso do MDB não será pró-Bolsonaro. Logo, o mal-estar tende a ser cada vez maior.
Pré-campanha/ Durante almoço para Michel Temer na casa do governador Ibaneis Rocha, o líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM), anunciou que concorrerá ao governo do Amazonas no ano que vem.
Estamos Juntos/ Ibaneis, que é pré-candidato a mais um mandato, disse que estava feliz com aquela convergência do MDB em sua casa e que “estaria junto com o que o MDB decidisse”.










