Oposição trabalha para consolidar nome de Baleia Rossi na disputa pela Presidência da Câmara

Publicado em coluna Brasília-DF
Brasília-DF, por Denise Rothenburg
Passada a etapa, na semana do Natal, de apresentação de candidaturas a presidente da Câmara dentro do bloco que reúne o centro e as oposições, o jogo pela disputa da Presidência da Casa passa, agora, ao período em que cada bancada trabalhará para consolidar o nome de Baleia Rossi. Pelo menos, esse foi o entendimento de grande parte dos integrantes da reunião de ontem.
Até aqui, só o PDT havia apresentado um nome, o do deputado Mário Heringer. Mas, como ninguém falou mais nada, tampouco os petistas, essa fase é considerada vencida. A ideia, agora, é consolidar Baleia Rossi como o nome de todo o bloco e passar à formação da chapa. “Agora, haverá uma reunião com cada bancada. A nossa ficou para quarta-feira”, anuncia a líder do PCdoB, Perpétua Almeida.

Agora vai I

Ao dizer a seus apoiadores, antes de embarcar para o Guarujá (SP), que estava com “a outra chapa” para o comando da Câmara, o presidente Jair Bolsonaro facilitou a vida da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e de outros dirigentes partidários que têm dificuldades em aceitar um nome com o apoio explícito do presidente da República.

Agora vai II

Com o compromisso de que respeitará a proporcionalidade, Baleia Rossi dá ao PT a primeira escolha do cargo da Mesa Diretora – seja a primeira vice-presidência, seja a Primeira Secretaria. São os cargos mais cobiçados do comando da Casa.

Não tem troco sem nota

A avaliação geral nos partidos de oposição é a de que Bolsonaro, lá na frente, cobrará a fatura de Arthur Lira, o nome do PP e do bloco do Centrão. E, como recebeu todo o apoio do Planalto, Lira, por mais jogo de cintura que tenha, não terá como dizer não à pauta de costumes e a outros pedidos que forem feitos pelo Poder Executivo.

Mais fácil

Com Baleia Rossi, avaliam muitos oposicionistas, será mais fácil obter CPIs, por exemplo. Baleia, com o compromisso firmado desde já, não terá como negar pedidos da oposição que estejam bem fundamentados dentro do regimento interno.
E o Witzel, hein?/ A suspensão do processo de impeachment não mudará o destino do governador afastado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel. Vai atrasar, mas, politicamente, não surtirá efeito.
Moro na área/ O ex-ministro da Justiça Sergio Moro (foto) saiu do governo, vai morar fora do país, mas não pretende deixar de lado o contraponto a Jair Bolsonaro. Ontem, por exemplo, foi direto, ao comentar que vários países já estão vacinando contra a covid-19, perguntando “se tem presidente em Brasília, quantas vítimas temos que ter para o governo abandonar o seu negacionismo?”.
Oferta & demanda/ Ao dizer que cabe ao laboratório produtor de vacina vir atrás do governo, para pedir registro, o presidente Jair Bolsonaro deixa de lado uma regra básica da economia: a oferta de vacinas ainda é escassa e a demanda é alta. Por isso, quem pediu e negociou primeiro já levou algum lote.
As andanças de Baleia/ A reunião de Baleia Rossi com o PCdoB ficou para amanhã para que a presidente do partido, Luciana Santos, possa comemorar o aniversário hoje, sem pausas para agendas políticas. Ontem, por exemplo, a líder do partido, Perpétua Almeida, teve que dar uma pausa nas comemorações do aniversário para participar da reunião dos oposicionistas com Baleia.

Emendas do Orçamento no Congresso passarão por pente fino

Publicado em coluna Brasília-DF

O inquérito que terminou por levar ao afastamento do senador Chico Rodrigues (DEM-RR) deixou muitos políticos e investigadores de cabelo de pé, e levantou a necessidade de um pente fino urgente nas emendas de deputados e senadores ao Orçamento da União. É que além do propalado caso, os investigadores apontam que o senador Telmário Motta (Pros-RR), por exemplo, tinha um vereador encarregado de cuidar das suas emendas. As investigações indicam, ainda, que o foco era a liberação dos recursos e não as necessidades da população.

O receio dos investigadores é o de que esse foco em gastar o recurso de qualquer jeito, apenas para que não haja “sobra” da emenda, esteja espalhado pelo país. E isso apenas uma investigação séria será capaz de mostrar. Há quem aposte, que, se brincar, pode aparecer material para mais uma CPI do Orçamento. Afinal, indícios de má aplicação de recursos não faltam.

Sentiu o tranco
A visita de Jair Bolsonaro a Eduardo Pazuello foi um recado aos generais como um todo. Conforme antecipou a coluna, eles não ficaram nada satisfeitos com o pito público que o presidente passou no ministro da Saúde, por causa do protocolo da CoronaVac. Ontem, a foto do capitão ao lado do general representou, no modo Bolsonaro, um pedido de desculpas, com algo do tipo: “Foi mal aí, mas agora está tudo bem”.

Agora só falta você
Aliados do Planalto calculam que, se o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), virar ministro do governo num futuro próximo, faltará levar o MDB para o Poder Executivo. Pelo menos, esse é o plano de parte dos apoiadores de Bolsonaro.

Limpa trilho
O MDB tem, hoje, Baleia Rossi (SP) como pré-candidato a presidente da Câmara e o partido tem ainda dois líderes do governo –– Fernando Bezerra Coelho, do Senado, e Eduardo Gomes, do Congresso. Com ministros bem acomodados no Poder Executivo, seria mais fácil tentar tirar Baleia da disputa abrindo caminho para Arthur Lira (PP-AL) para presidente da Câmara.

Descoordenados I
Deputados e senadores não têm mais dúvidas: quando chegar a vacina contra a covid-19, o país repetirá o que houve no caso do distanciamento social, recomendado pelas autoridades de saúde e negado pelo presidente da República. Resultado: o Supremo Tribunal Federal (STF) entrou no circuito e os governos estaduais e municipais puderam ajustar tudo, porém, não houve uma coordenação nacional do abre-fecha.

Descoordenados II
No caso das vacinas, porém, hoje está tudo a cargo da Anvisa. Bolsonaro, em sua live, diz que a agência é independente, mas os partidos estão de olho. A Anvisa estará em teste de independência, tão logo terminem os estudos sobre todas as vacinas no Brasil, seja qual for a nacionalidade.

Curtidas

Apostas atuais/ Embora Celso Russomanno (PP-SP, foto) tenha sido ultrapassado por Bruno Covas (PSDB) na pesquisa do Datafolha para prefeito de São Paulo, a avaliação dos políticos é de que, faltando praticamente três semanas para a eleição, pouca coisa mudará e os dois devem ir ao segundo turno.

Apostas futuras/ Se esse cenário se confirmar, será mais uma arena para que Bolsonaro chame o governador João Doria para o ringue. No plano federal, há, ainda, quem diga que essa disputa será ainda mais um motivo para que o presidente aumente o tom contra a CoronaVac, defendida pelo governador de São Paulo.

Caminho das árvores/ Ao convidar diplomatas para sobrevoar a Amazônia, a fim de provar que não existe floresta queimada, ambientalistas consideram que o presidente pode perfeitamente escolher uma rota. Afinal, numa área tão vasta quanto a Amazônia brasileira, há, realmente, lugares intactos. Corrobora a tese presidencial, de que não está queimando, mas não prova que as queimadas são fruto da imaginação alheia.

Leila na live/ O Outubro Rosa entrou na agenda do Senado. Hoje, por exemplo, a senadora Leila Barros (PSB-DF), a Leila do vôlei, mediará o painel “Saúde mental da mulher com câncer de mama durante a pandemia”, às 16h.