Sem conseguir processo de impeachment, oposição mira cinco ministros

Bolsonaro e ministros
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Coluna Brasília-DF

Sem condições de levar adiante qualquer processo de impeachment do presidente Jair Bolsonaro, os partidos de oposição vão centrar fogo nos ministros que apareceram no vídeo da reunião de 22 de abril. Além do ministro da Educação, Abraham Weintraub, a lista para convocação a dar explicações ao plenário da Câmara e do Senado inclui outros quatro: Ricardo Salles, do Meio Ambiente, para explicar a passagem da “boiada’ de decretos de desregulamentação; a ministra de Direitos Humanos, Damares Alves, para esclarecer que história é essa de pedir prisão de governadores e prefeitos; o da Economia, Paulo Guedes, para explicar a “granada” do congelamento de salários e, de quebra, a frase em que fala em privatizar “essa p…”, referindo-se ao Banco do Brasil.

O quinto elemento da lista é o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, que funcionou como uma espécie de porta-voz de Bolsonaro, ao divulgar uma nota sobre o pedido da oposição para a apreensão do celular do presidente. Heleno, na avaliação dos líderes partidários, entrou na seara política, com ameaças à instabilidade institucional, em vez de centrar as atenções no serviço de garantir a segurança do presidente e de seus parentes. Nunca antes na história do GSI um ministro foi tão político no exercício da função. Porém, na avaliação do Planalto, Heleno não extrapolou um milímetro. Afinal, seu gabinete é de Segurança “Institucional”.

Peças fundamentais

Dois personagens são acompanhados de perto pelos fiéis escudeiros de Bolsonaro: o procurador-geral da República, Augusto Aras, a quem cabe legalmente, se for o caso, oferecer denúncia contra o presidente; o outro é o vice-presidente Hamilton Mourão.

A história ensina

O vice entrou na roda porque se verificou que, nos dois processos de impeachment –– de Fernando Collor, em 1992, e de Dilma Rousseff, em 2016 ––, os vices terminaram entrando no jogo político e ajudando no processo. Mourão, justiça seja feita, tem sido leal a Bolsonaro.

Nota & atitude

A nota aos brasileiros divulgada por Bolsonaro, falando de respeito entre os Poderes e membros do Legislativo e do Judiciário, foi bem recebida. Porém, será preciso unir o discurso à ação. Na reunião de 22 de abril, em que Abraham Weintraub chamou os ministros do Supremo de “vagabundos”, não houve sequer uma reprimenda pelo presidente.

Flávio na roda

Ao pedir para acompanhar o depoimento do empresário Paulo Marinho, hoje, sobre a tentativa de interferência na Polícia Federal, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) pretende se precaver do que vem pela frente. Como o primeiro depoimento foi sigiloso, a ordem agora é tentar saber o que Marinho tem de provas e se organizar para não ser pego de surpresa, em caso de acusações diretas por parte de seu suplente.

Toca o barco/ Congressistas aliados a Bolsonaro comentam que Augusto Heleno submeteu a nota da semana passada ao presidente, antes de divulgá-la. Foi aquela sobre as consequências imprevisíveis por causa do pedido de apreensão do celular.

Devagar quase parando/ A ausência de sessões virtuais na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News começa a incomodar. Afinal, se a comissão de acompanhamento externo da pandemia da covid-19 está funcionando, a CPMI deveria seguir esse exemplo.

Serviço não falta/ Notícias falsas sobre a covid-19, por exemplo, têm se espalhado. Até aqui, nem o presidente, senador Angelo Coronel (PSD-BA), nem a relatora, Lídice da Matta (PSB-BA), se movimentaram para retomada dos trabalhos.

Vai dar o que falar/ A demora para a CPMI retomar os trabalhos provoca desconfianças de acordos entre os governistas e o PSD, que comanda da comissão. Quanto mais demorar, mais desconfiança vai gerar.

Aliás…/ As fakes news foram, inclusive, parte do discurso do novo presidente do TSE, Luiz Roberto Barroso, que ressaltou a necessidade de atenção redobrada no período eleitoral: “Na medida em que as redes sociais adquiriram protagonismo no processo eleitoral, passaram a sofrer a atuação pervertida de milícias digitais, que disseminam o ódio e a radicalização”, constatou.

Líderes partidários decidem não travar reforma tributária por causa da fala de Heleno

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Antes de partirem para a folga de carnaval, os líderes partidários e representantes de partidos que compõem a comissão da reforma tributária decidiram não travá-la por causa de qualquer declaração de integrantes do governo, como a do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, sobre o Congresso chantagear o Poder Executivo. “O sentimento que nos une é de blindar a reforma, independentemente de declarações inoportunas que partem de representantes do governo. É esquecer essa narrativa e entregar as reformas”, diz à coluna o deputado Silvio Costa Filho, de Pernambuco, que representará o Republicanos na comissão da reforma tributária.

Em tempo: os congressistas acreditam que o parlamento ainda será reconhecido como o grande artífice das reformas econômicas, uma vez que, até aqui, o governo não enviou um texto da sua lavra para a tributária, e a administrativa já foi adiada várias vezes.

 

Ciumeira na roda

A perspectiva de o presidente fazer do deputado Osmar Terra (MDB-RS) o novo líder do governo na Câmara deixa os bolsonaristas convictos de orelha em pé. O mesmo presidente Jair Bolsonaro, que tanto criticou o MDB durante o governo do presidente Michel Temer, agora entrega sua articulação política no parlamento a três representantes do MDB.

De mansinho, chegaram lá

O MDB tem a liderança no Senado, com Fernando Bezerra Coelho (PE); a liderança no Congresso, com o senador Eduardo Gomes (TO); e parte para ter ainda a da Câmara, com Osmar Terra. Agora, dizem alguns, só falta o presidente Bolsonaro arrumar algum cargo para Michel Temer.

Nem tudo está perdido

A entrevista do vice-presidente Hamilton Mourão ao CB.Poder, da TV Brasília, publicada no Correio Braziliense, foi lida pelos políticos como a existência de um ponto de equilíbrio no Planalto. Mourão é hoje, dizem alguns, quem pode ajudar o presidente a melhorar as relações, não só com o Congresso como também com a classe empresarial.

Enquanto isso, nas coxias do Senado…

Tem senador intrigado com o fato de Cid Gomes (PDT-CE) ter tirado licença médica do Senado e se apresentar cheio de saúde pilotando uma retroescavadeira. O fato de ele ter levado dois tiros, entretanto, deixa as excelências constrangidas em levar o caso ao Conselho de Ética.

CURTIDAS

Em alta/ Quatro personagens são vistos entre os grandes do PIB paulista como pessoas que devem ser ouvidas em palestras este ano. O empresário e apresentador Luciano Huck encabeça a lista, seguido pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, pela senadora Simone Tebet (MDB-MS) e pelo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Gustavo Montezano.

Apostas/ Os dois integrantes do governo são vistos como “revelação” do governo Bolsonaro e há curiosidades sobre o que têm a dizer aos papas da indústria e do comércio. Os outros dois são promissores no campo político.

Nas redes/ A retroescavadeira usada por Cid Gomes e o uniforme de empregada doméstica acompanhado de um Mickey de pelúcia, e do cartaz “empregada do Paulo Guedes”, bombam no carnaval do WhatsApp. Chovem memes sobre essas duas situações.