Segurança em Disputa

Publicado em coluna Brasília-DF

 

    A demora do futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, em anunciar o futuro secretário de Segurança Pública tem lá suas razões. É que desde que o presidente eleito, Jair Bolsonaro, decidiu deslocar o general Carlos Alberto Santos Cruz para o Planalto, começou uma discreta queda de braço entre militares e policiais federais para o cargo. Moro até gostaria de colocar um policial por ser o grupo como qual tem mais afinidade. Porém, já tem muitos representantes da corporação na equipe do futuro ministro. Há quem diga que a preferência do presidente eleito é por um militar, de forma a facilitar a conversa quando for necessário alguma GLO (Garantia da Lei e da Ordem) pelo país afora.

    Há ainda quem veja outro problema: Moro está se dedicando muito ao combate ao crime organizado, tarefa para lá de nobre e urgente, porém, com reflexos a médio e longo prazo. E deixando meio de lado as outras funções do Ministério da Justiça, que hoje é o maior cipoal de temas, como, por exemplo, imigração, assunto que ganha cada vez mais importância no país. Ninguém duvida que Moro vai montar uma nova operação mãos limpas na América do Sul e a maioria aplaude. Entretanto, um ministro da Justiça não pode esquecer as outras áreas.
Patinho feio
O destino da Fundação Nacional do Índio (Funai) é uma incógnita. Muita gente diz que não será surpresa se a equipe de transição terminar buscando outro ministério para abrigar essa área, que dá muita dor de cabeça ao ministro da Justiça.
DEM em guerra
Entre os democratas, cresce a certeza de que o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, terá problemas no partido, se não apoiar a reeleição de Rodrigo Maia para presidente da Câmara.
Siga o chefe
Lorenzoni pode se preparar. É que, a depender da disposição de Jair Bolsonaro, o governo deverá ficar fora dessa disputa, apesar da pressão partidária. Afinal, nenhum ministro foi escolhido por causa da filiação partidária e, sim, pela competência e apoio ao presidente eleito.
A volta da velha política
A informação divulgada na sexta-feira dentro da equipe de transição sobre a indicação dos deputados Carlos Manato (PSL-ES) e Leonardo Quintão (MDB-MG) para compor o time político da Casa Civil, sob a batuta de Lorenzoni, deixou em muitos a impressão de que ali serão negociados os cargos de segundo e terceiro escalões. Por enquanto, é só impressão.
» CURTIDAS    
Sinais / O vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho (foto), viajou com o presidente Michel Temer para a reunião do G-20. Em política, não tem almoço grátis. Há quem veja ali um discreto apoio de Temer ao deputado mineiro, candidato a presidente da Câmara.
Quando salva um filho…/ Aliados do ministro do Tribunal Superior Eleitoral Admar Gonzaga ficaram de olhos arregalados com a forma que o presidente eleito, Jair Bolsonaro, o tratou quando esteve no Tribunal. “Gonzaga!”, disse Bolsonaro, dando um abraço afetuoso no ministro.
… O pai não esquece/ Quando da eleição de Carlos Bolsonaro para a Câmara Municipal do Rio de Janeiro, foi o advogado Admar Gonzaga que defendeu a posse do “garoto”, que, na época da eleição, tinha 17 anos, mas, na data da posse, já estaria com 18. “Esse é o advogado que
salvou seu mandato”, disse Bolsonaro ao filho.
Logo,  Admar fica/ Jair Bolsonaro deixou a muitos a impressão de que o ministro será reconduzido: “Esse é meu peixe. Esse é meu!”, comentou.
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