RENAN VERSUS TEMER

Publicado em coluna Brasília-DF

Depois da delação da Andrade Gutierrez colocando a campanha de 2014 na mira, voltou a crescer no PMDB o receio do dia seguinte ao processo em curso na Câmara. Há a sensação entre senadores e deputados do partido de que, se aprovado o impeachment, o vice-presidente Michel Temer não conseguirá governar. Por isso, antes mesmo de divulgado o teor da delação da Andrade, o presidente do Senado, Renan Calheiros, colocou em campo a proposta de novas eleições. Temer não gostou.

O vice-presidente viu na atitude do senador mais um ataque. E, assim, o PMDB voltou à velha divisão, com seus maiores caciques em campos opostos e o grupo de Renan atribuindo ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha, a correria pelo impeachment e o desembarque antecipado do governo. Tudo isso chegou ao ponto de aliados de Cunha ontem comentarem nos bastidores que é preciso encontrar algo para “detonar” Renan. É o bastidor do PMDB em chamas justamente quando o partido precisava estar unido.

O escalão que conta
Um pedaço do PMDB acredita que a antecipação do desembarque deixou Dilma livre para demitir os 600 apadrinhados do partido em cargos de segundo escalão. Como falta algo em torno de 50 votos para o governo consolidar os 171 necessários para escapar do impeachment, os cargos seriam suficientes para resolver. Por isso, essa ala do PMDB acredita que ela escapará.

Quem fala o que quer…
Depois do inflamado discurso essa semana, o senador Romero Jucá ouviu poucas e boas da senadora Rose de Freitas (PMDB-ES) num jantar do partido: “Não foi para isso que colocamos você lá (na presidência do PMDB), quando você foi votar no Aécio, ninguém exigiu que você apoiasse o Michel”. A cobrança foi no sentido de evitar o fechamento de questão em torno do impeachment, o que promete criar mais confusão na bancada peemedebista. É a nova batalha.

Reforço
O governador do DF, Rodrigo Rollemberg, vai chamar a Força Nacional para ajudar a evitar confrontos entre manifestantes no dia da votação final do parecer do impeachment no plenário da Câmara. Está prevista presença de 150 mil pessoas na Esplanada.

“Esse cara não tem a menor credibilidade para comandar um processo de impeachment”
Do deputado Sílvio Costa, escudeiro de Dilma, referindo-se ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

CURTIDAS

Em tempos de crise econômica…./ “Se houver o impeachment da presidente Dilma, é bom marcar uma reunião de troca de faixas: os ‘mortadelas’ ficam com as do “impeachment já” e os ‘coxinhas’ pegam as ‘não vai ter golpe’. Assim, pelo menos, haverá economia de papel”, comenta o deputado Daniel (PCdoB-BA).

Vacina tucana/ O presidente do PSDB, Aécio Neves, reúne hoje o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e governadores filiados ao partido para avaliar o quadro e tentar fechar uma posição de não-participação na hipótese de governo Michel Temer.

“O mestre mandou”/ É assim que muitos peemedebistas respondem quando alguém pergunta por que Henrique Eduardo Alves deixou o governo antes que todos os outros. O “mestre”, respondem, é Eduardo Cunha, que ordenou a saída de Henrique para puxar os demais. Não deu certo.

Enquanto isso, no Planalto…/ O encontro das mulheres com Dilma estava tão barulhento e confuso que o cerimonial pediu calma, em vez de pedir silêncio, quando uma moça simpática ao impeachment foi retirada. Foi uma vaia geral. E a presidente Dilma, acostumada aos pedidos de silêncio do cerimonial, deu corda: “O cerimonial também precisa ter mais calma!” É… O país precisa de muito suco de maracujá…