Quem tem medo de Sérgio Moro?

Publicado em coluna Brasília-DF

Quando tentaram aprovar o projeto que anistiava caixa dois de campanhas passadas, os políticos já sabiam que a tendência do juiz Sérgio Moro era aceitar a denúncia contra o ex-presidente Lula. A voz corrente no Parlamento, desde a semana passada, é a de que, com a iminência de Moro tornar Lula réu em mais um processo, sem pestanejar, os demais políticos que passarem pelas mãos do juiz mais popular do Brasil estão com os dias contados. Daí, a tentativa de aprovar a anistia na surdina e com pai desconhecido.
A manobra deu errado, mas não vai enterrar de vez a pretensão dos políticos em buscar o perdão pelos crimes cometidos no passado. Já existe um movimento na Câmara para discutir o assunto dentro da Comissão Especial encarregada de analisar as dez medidas contra a corrupção. A partir de agora, todo cuidado é pouco, em especial, naquelas sessões vazias de fim de ano. Afinal, todos os enroscados no desvio de recursos estão com medo de Sérgio Moro e não vão esperar a guilhotina paralisados.

Sempre sobra para ele…
O presidente da Câmara em exercício, Waldir Maranhão (PP-MA), não liderou o movimento para votar a anistia do caixa dois. Conforme antecipou o blog na noite de terça-feira, a operação foi atribuída ao deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP). Maranhão, porém, telefonou a vários parlamentares para pedir que marcassem presença, a fim de garantir a “discussão e aprovação” da proposta.

Detalhe
Quem reagiu contra a proposta de anistia foram alguns deputados e não, os partidos enquanto instituições avessas ao caixa dois.

Diplomacia necessária
Depois da estreia na ONU, onde discorreu sobre os temas da agenda mundial com um discurso que surpreendeu até mesmo integrantes do governo anterior, o presidente Michel Temer vai se dedicar mais à política externa. E não é nem apenas porque gosta. É, principalmente, por necessidade. Atrair investimentos, dizem seus principais interlocutores, é a única forma de garantir uma recuperação mais rápida da economia. A ordem é buscar parte dos US$ 15 trilhões que o mundo tem para investir num cenário externo de juros negativos.

Distante da eleição
Aliás, os compromissos internacionais são vistos como uma boa desculpa para manter o presidente longe dos palanques aliados nessas eleições municipais. Em 15 e 16 de outubro, bem no meio do segundo turno, Temer estará na Índia para a reunião dos Brics. Este ano, tem ainda, na agenda, Argentina e Paraguai.

CURTIDAS
Corra, Lula, corra!/ A campanha “stand with Lula” lançada pela Confederação Sindical Internacional, estava programada para uma apresentação mais formal, com a presença do ex-presidente. Foi antecipada diante da aceitação da denúncia pelo juiz Sérgio Moro.

O ministério da Saúde adverte…/ … Planalto provoca palpitações e picos de pressão. Em quatro meses de governo dois ministros e um assessor já tiveram algum susto nessa seara. Primeiro, foi o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima. Depois, um assessor direto do presidente. Ontem, foi a vez do chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, que sofreu um pico de pressão, mas passa bem.

…E a bruxa tá solta/ Olha só o tamanho dos urubus (foto) que a repórter Naira Trindade flagrou ontem no Palácio do Planalto! Eu, hein…

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