Coluna Brasília-DF/Por Leonardo Cavalcanti
O adiamento da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) é um reflexo da dificuldade do governo em dar segurança aos próprios parlamentares da base — pelo menos aqueles dispostos a aprovar o texto com as mudanças nas regras de aposentadoria. Esqueça a oposição, ela não tem força suficiente para travar a tramitação. O problema está nos aliados do Centrão, grupo formado prioritariamente pelo DEM, PR, PP e Solidariedade. Se os parlamentares dessas legendas já tinham mostrado pouca vontade em defender o ministro da Economia, Paulo Guedes, na ida dele ao Congresso no início do mês, deixaram clara a insatisfação na manhã de ontem na CCJ.
O receio agora é a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) ser alterada ainda na CCJ, antes mesmo de chegar à comissão especial, onde o texto deve sofrer mudanças. Uma pesquisa feita pela Prospectiva sobre o ambiente político mostra o tamanho das dificuldades. Realizada entre 19 e 29 de março, o levantamento ouviu 205 deputados federais. A amostra selecionada é proporcional ao tamanho das bancadas partidárias e temáticas.
Os números são reveladores. Uma das perguntas tratou das chances de o Planalto aprovar uma PEC (não necessariamente da Previdência), mesmo negociando caso a caso. O resultado é que, na base, formada prioritariamente pelo PSL, 44,6% apostam no êxito do governo. Os dados pioram quando os entrevistados são da base condicionada (37,8%) e da oposição (10,8%).
Fé e gado
Segundo a pesquisa da Prospectiva feita com deputados, a bancada evangélica é a que menos acredita na governabilidade do Planalto — os ruralistas são os mais confiantes.
Críticas
Entrevistado ontem no CB.Poder, uma parceria entre o Correio e a TV Brasília, o deputado Luís Miranda, do DEM do DF, disse que falta ao governo maior diálogo com os aliados. “É preciso explicar melhor o projeto para a base, para que se o aprove de uma vez.”
CURTIDAS
Impeachment I // Os senadores Alexandre Vieira (Cidadania-SE); Jorge Kajuru (PSB-GO); Reguffe (Sem partido-DF); Styvenson Valentim (Pode-RN); Lasier Martins (Pode-RS); Luiz Carlos Heinze (PP-RS) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) subscreveram os pedidos de impeachment do presidente do Supremo, Dias Toffoli, e do ministro Alexandre de Moraes.
Impeachment II // “Assinei os pedidos de CPI da Lava-Toga e assinarei quantos forem necessários. O Supremo não pode ser intocável”, diz Reguffe. O principal argumento para o impeachment dos ministros é o abuso de poder por parte do STF. O pedido, porém, tem um destino quase certo: a gaveta do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Cretinos // Em grupos de WhatsApp, delegados inconsequentes e perversos da Polícia Federal, ao comentarem sobre o suicídio do peruano Alan García, defenderam que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria fazer o mesmo. A cretinice não tem limites até mesmo para servidores do alto escalão do governo federal.
Caças conspiração // Afastado das controvérsias por causa dos novos nomes da Câmara, o deputado federal Marco Feliciano (Podemos-SP) resolveu entrar no grupo amalucado de caça, chefiado por Olavo de Carvalho, e foi para cima do vice-presidente Hamilton Mourão. O folclore não tem limites na base de Bolsonaro.