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Pragmatismo da Universal levou Bolsonaro a agir rápido na indicação de Crivella

Publicado em coluna Brasília-DF

A indicação do ex-prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, para ser embaixador na África do Sul, publicada em primeira mão aqui, no Blog da Denise, no domingo, está diretamente relacionada ao receio do presidente Jair Bolsonaro de ver uma parte do eleitorado evangélico migrar para um apoio ao PT. A Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), à qual Crivella é ligado, prima pelo pragmatismo e a política de Lula, de incrementar e consolidar a relação Sul-Sul com os países africanos, ajudou a fazer crescer a presença da seita naquele continente.

Lula foi, ainda, peça importante no convite para o ingresso da África do Sul nos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China), em 2010, o que fez com que a letra S da sigla ganhasse caixa alta. E a Universal não desconhece a facilidade de relação entre os petistas e os países africanos. Aliás, essa possível migração do grupo de Edir Macedo para apoio aos petistas não seria a estreia dessa parceria. Em 2014, por exemplo, Crivella fez campanha ao lado da presidente Dilma Rousseff — e do governo dela foi ministro da Pesca e Aquicultura. Por essas e outras, Bolsonaro fará tudo o que estiver ao seu alcance.

Efeito dominó

Se o governo conseguir emplacar Crivella na África do Sul, será uma dança das cadeiras no Itamaraty. O embaixador Sérgio Danese, que está há menos de um ano chefiando a missão em Pretória, já tem pouso programado em outro país.

Os advogados agradecem

A turma que atende o ex-prefeito Crivella em seus processos está na torcida pela embaixada. É que o cargo garante foro privilegiado ao político. Só tem um probleminha: lá, os processos costumam ser mais rápidos do que nas instâncias inferiores, para o bem e para o mal.

Passa sem muitos percalços, mas…

Crivella não teria muita dificuldade de ser aprovado pelos senadores. A maioria não considera votar contra um ex-colega para um cargo de embaixador. Além disso, o voto é secreto e, em relação a processos, muitos ali têm ou já tiveram sua cota de explicações a dar sobre um fato ou outro. O que pode atrapalhar é o fato de a indicação estar diretamente relacionada à vontade de Bolsonaro, de manter a Universal ao seu lado.

“É preciso saber se (Marcelo) Crivella foi indicado embaixador porque pode fazer um bom trabalho na África do Sul ou se foi porque o presidente Jair Bolsonaro deseja manter certa distância do aliado que responde a processos”
Deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), que presidiu a Comissão de Relações Exteriores da Câmara

Quem sabe no futuro

A contar pela agenda da CPI da Covid, a oitiva de outros governadores está prejudicada. Conforme disse o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), no programa CB.Poder de ontem (8/6), a ideia agora é investigar as notícias falsas sobre tratamentos contra a covid-19 divulgadas nas redes sociais.

A lei da sobrevivência/ O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), tem encontro presencial com todos os líderes para definir o projeto de reforma eleitoral que tem mais chances de prosperar. Há uma divisão: um grupo quer o Distritão, pelo qual são eleitos só os mais votados e liquida o sistema proporcional, e outro prefere a Federação de partidos, que garante força às agremiações partidárias, fortalecendo o sistema proporcional.

Meu pirão primeiro/ Os deputados vão votar naquele sistema que lhes garanta o retorno ao Parlamento. Até aqui, a Federação se mostra mais palatável para muitos.

Mozart Vianna/ A Câmara perde uma referência que, até a semana passada, ajudava muitos servidores da Casa e jornalistas a entenderem os meandros regimentais.