A opção do presidente Lula pelo presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, para ministra da Secretaria de Relações Institucionais está diretamente relacionada à necessidade de manter o ritmo da liberação das emendas parlamentares sob o comando do PT. Esse é um setor que, conforme avaliação de alguns integrantes da cozinha de Lula, não dava para entregar nas mãos de aliados.
A lista de prioridades de liberação é um dos poucos instrumentos de poder de persuasão que o governo tem hoje. Esse “ativo”, entregue a outro partido, periga deslocar o eixo de poder, tal e qual deslocou quando do processo que antecedeu o impeachment da presidente Dilma Rousseff. As emendas, naquela época, estavam sob controle do MDB.
Além da questão relativa às emendas, houve ainda a vontade de nomear uma mulher. Lula já dispensou três mulheres do seu primeiro escalão, Ana Moser (Esportes), Daniela do Vaguinho (Turismo) e Nísia Trindade (Saúde), esta última com direito a uma fritura que constrangeu muita gente no governo. O presidente estava devendo um afago à bancada feminina. O presidente considerava ainda que estava em dívida com Gleisi por não ter colocado a deputada no primeiro escalão no início do governo. Em dezembro do ano passado, Gleisi esteve cotada justamente para a pasta que ocupará agora. Mas o PT de São Paulo queria o cargo. Resta saber agora como vão reagir os aliados de Lula, que esperavam ver um integrante de outro partido nesta função.