Cresce na base aliada do presidente Michel Temer no Congresso a certeza de que, se ele quiser realmente escapar com folga da segunda denúncia em análise no Congresso, terá que rever a coordenação política. Não dá para deixar esse núcleo restrito ao secretário-geral da Presidência, Wellington Moreira Franco, e ao chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, que já está sobrecarregado. Tampouco entregar tudo ao ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, que enfrenta um forte desgaste nos partidos do chamado Centrão.
O primeiro sinal da necessidade de mudança foi a votação da medida provisória que deu a Moreira Franco status de ministro. A proposta que manteve o status passou por um triz, 203 votos a 198 e sete abstenções. Deputados passaram o dia debruçados sobre o mapa de votação e concluíram que, se o presidente não ampliar seus interlocutores e o núcleo estratégico, surpresas desagradáveis virão em outras votações.
Os trabalhos
de Geraldo
O PSDB de São Paulo votou em bloco contra a permanência de Moreira Franco no papel de ministro de Estado. Há quem veja aí o governador Geraldo Alckmin balançando o partido no sentido de afastá-lo ainda mais do governo e do presidente Michel Temer, que recentemente fez acenos positivos em prol do prefeito paulistano, João Doria, o outro presidenciável de ponta hoje no ninho tucano.
Se arrependimento matasse…
Não é pequeno o número de senadores que se mostra disposto a enfrentar o Supremo Tribunal Federal (STF) e devolver a Aécio Neves o direito de exercer o mandato. Há muitos arrependidos do voto favorável à prisão do senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) em novembro de 2015. E olha que, no caso de Delcídio, os próprios senadores consideraram que houve o flagrante da tentativa de promover a fuga do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.
O Fux da união
De todos os votos do caso Aécio no STF, o que mais incomodou os parlamentares foi o de Luiz Fux. “Soou como adversário político e não como ministro do STF”, comentavam alguns. O líder do PMDB, Renan Calheiros, atacou Fux publicamente, enquanto, no Planalto, o ministro também foi objeto de comentários. Fux conseguiu colocar Renan e Michel Temer no mesmo lado.
Corra, Temer, corra!
O governo reviu a estratégia de caminhar lentamente com a denúncia contra o presidente Michel Temer. A ordem agora é acelerar a tramitação, a começar pela decisão de não fatiar o texto, adotada ontem pela Comissão de Constituição e Justiça. Aliás, é ali que o governo terá a sua real batalha. O plenário não é considerado o maior problema.
Aposta tucana
O PSDB continuará dividido em relação ao presidente Michel Temer. Com ou sem Aécio, muitos acreditam que os votos serão praticamente os mesmos da primeira denúncia. Ontem, aliás, muitos tucanos não se cansavam de repetir que “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”. Em tempo: qualquer semelhança com a mesma frase dita no passado pelos petistas é mera coincidência.
A chuva chegou, mas…/ Atenção, autoridades! Moradores de bairros mais nobres da cidade, como o Lago Sul, começaram a ampliar a profundidade dos poços artesianos, muitos irregulares. A fonte de muitos secou.
Serra na articulação/ O senador José Serra (PSDB-SP) tem trabalhado nos bastidores a favor da devolução do mandato de Aécio Neves. Os argumentos usados nas conversas são as de que não houve flagrante, que Aécio está à disposição da Justiça e que é preciso fixar a separação de poderes.
Renan, o coerente/ Uma parcela do PT que hoje defende que o Senado devolva o mandato de Aécio votou no passado contra Delcídio. Um dos poucos que à época ficou ao lado do senador foi o então presidente da Casa, Renan Calheiros.
Nem todos/ O senador Cristovam Buarque (foto), do PPS-DF, avisava ontem que, antes de mais nada, é preciso definir o que o Senado vai votar. Ele é contra qualquer confronto direto com o Supremo Tribunal Federal. Esse enfrentamento, entretanto, já está instalado, dizem outros.