A rapidez com que o presidente Jair Bolsonaro buscou reatar laços de confiança com a equipe econômica depois do bate-cabeça da semana passada deixou uma certeza a observadores políticos do próprio governo: o presidente é hoje refém dos acertos na economia. Por isso, não pode (nem quer) ruídos ou demissões no grupo que elabora as propostas nessa área. Aliás, foi para desfazer qualquer mal-entendido e disse me disse que o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, almoçaram juntos, a portas fechadas, sem testemunhas, no gabinete de Onyx. Selaram uma espécie de termo de ajuste de conduta para condução dos temas, para que o desencontro da sexta-feira não se repita. Hoje, técnicos das duas pastas têm hora marcada para discutir a reforma da Previdência, que está praticamente pronta.
Por falar em Previdência, antes de mandar o texto, o governo apresentará a proposta de combate a fraudes. A ordem é chegar a fevereiro com o discurso de que, apesar de todos os esforços, a reforma é necessária.
Sentiu o tranco
A visita do vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho, ao presidente Jair Bolsonaro, no mesmo dia em que anunciou oficialmente a candidatura à Presidência da Casa, foi vista por aliados de Rodrigo Maia como um perigo. Conforme essa coluna já escreveu em novembro, Fabinho Liderança é o único nome da roda de candidatos que preocupa a turma de Rodrigo.
Repetição do movimento
Aliás, foi a segunda visita de Fabinho ao presidente. A primeira foi ainda no gabinete da transição. E lá, conforme a coluna registrou, Fabinho foi recebido por Bolsonaro e tratado como “meu presidente”.
Pagou?
Os bolsonaristas com assento na Câmara estão ávidos por saber tudo que o governo do PT emprestou de dinheiro dos bancos públicos e o que já foi pago. Afinal, foram 13 anos de governo petista e dois anos de governo Temer. Dava para os beneficiados no início terem quitado seus débitos.
Se não pagou, vai pagar
Os deputados querem os dados para poder cobrar o pagamento diariamente da tribuna da Casa, quando da abertura dos trabalhos. E ter mais argumentos para colocar no PT a culpa pela falta de recursos para investimentos.
Por falar em investimentos…
O governo tem pressa. Na reunião de hoje, a equipe espera ter uma ideia do que será possível fazer em termos de obras ainda no primeiro ano de gestão.
Bolsonaro e Lula/ O presidente Jair Bolsonaro repete parte do que fazia o ex-presidente Lula nos discursos. Ontem, por exemplo, ao comentar sua conversa com Joaquim Levy, usou uma imagem do futebol para se referir à resposta de Levy a uma pergunta sobre se o Brasil tinha jeito: “Fez um gol de pênalti sem goleiro. Disse que, se não tivesse jeito, não estaríamos ali”.
Por falar em Levy…/ A turma com quem o novo presidente do BNDES está agora é a dele. No governo Dilma, diz um amigo de Levy, ele vivia deslocado. Só se sentia bem mesmo com alguns do Ministério da Fazenda.
Guedes e Malan/ Houve quem dissesse que, se essa primeira fase do governo der certo, Paulo Guedes tem tudo para repetir Pedro Malan (foto), que ficou oito anos no cargo de ministro da Fazenda. O único que ficou mais tempo do que Malan foi Guido Mantega, que serviu a dois governos.
Bolsonaro e o real/ Muita gente está comparando a atual equipe econômica àquela que conduziu o Plano Real, na década de 90: tem sintonia, mas vivia provocando confusão entre os políticos.