O pecado mora ao lado

Publicado em coluna Brasília-DF

Experientes parlamentares da base aliada têm aconselhado a presidente Dilma Rousseff e os ministros Jaques Wagner e Ricardo Berzoini a tomarem cuidado do PT. Foram os erros cometidos pelo partido no início do ano que ajudaram a enfraquecer a base. Por exemplo, lançar candidato petista à Presidência da Câmara em vez de buscar uma alternativa a Eduardo Cunha dentro do PMDB.

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Embora o PT tenha consciência dos seus erros passados, todas as vezes em que o partido sente uma lufada de ar fresco, seus parlamentares passam a agir como se fossem os donos do mundo e dos votos. E essa lufada veio agora, com a pesquisa Datafolha e o rito de análise do impeachment decidido pelo Supremo. Apesar disso, lembram os aliados, as altas temperaturas continuam. Se não souber usar essa lufada de ar para agregar, pode faltar fôlego para vencer as batalhas de 2016.

Quase sem saída I

Se quiser tocar o processo de impeachment com outras regras, ou mesmo esclarecer melhor via o chamado embargo de declaração sobre o rito definido no Supremo, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, terá que atrasar em pelo seis meses o início de apreciação do pedido. É que os embargos só podem ser apresentados depois de publicado o acórdão. E, conforme discutido ontem por alguns líderes, isso não é tão simples quanto parece.

Quase sem saída II

A previsão é que esse acórdão só saia, na melhor das hipóteses, no fim de março. O do mensalão levou quase um ano, porque envolvia 40 réus. Esse não levará tanto tempo. Mas a aposta de experientes advogados é que não será em fevereiro. Até que o STF revise o que foi deliberado e libere a publicação do acórdão, lá se foram pelo menos 30 dias pós-recesso.

A ira da Justiça

A Justiça do Trabalho fez as contas e descobriu que o relator do Orçamento de 2016, Ricardo Barros, cortou seus recursos acima dos 20% anunciados anteriormente. Agora, não há mais como mexer nisso no Congresso. O jeito é tentar buscar a recomposição na boca do caixa, o que
sempre é mais difícil.

Se não se agarrar no serviço…

…Não tem dinheiro novo. Criado pelo ministro do Planejamento, Valdir Simão, nos tempos de CGU, o sistema de acompanhamento de 4 mil obras custeadas com recursos federais tem servido de argumento para recusa novas liberações. No Turismo, governadores e prefeitos têm saído meio constrangidos, quando percebem que não fizeram o dever de casa.

Até quarta-feira (de cinzas)

A sessão da Comissão de Constituição e Justiça convocada para hoje não terá quórum para deliberação. Ali, só vai funcionar mesmo depois do carnaval. Como, aliás, quase tudo no parlamento. A única agenda pesada no Congresso anterior ao desfile do Rei Momo é a eleição do líder do PMDB. No mais, é Lava-Jato na cabeça.

Chamou atenção/ Nos bastidores da posse do ministro Nelson Barbosa, muitos comentários de políticos sobre as olheiras da presidente Dilma. Sinal de pouco sono.

Ministro em alerta I/ O ministro da Casa Civil, Jaques Wagner (foto), desistiu de acompanhar a presidente Dilma Rousseff na viagem à Bahia hoje. Por determinação da chefe, ficará em Brasília para acompanhar de perto o último dia de trabalho da Câmara antes do recesso.

Ministro em alerta II/ Wagner mudou ainda a agenda de fim de ano. Passa só o Natal na Bahia e volta para Brasília a fim de ajudar a fechar o orçamento de 2015. É que nessa última semana, sempre cresce o movimento de parlamentares em buscar de recursos.

Por falar em movimento…/ A romaria já começou. Ontem, o depurado Valtenir Pereira (PMDB-MT) fez uma verdadeira peregrinação atrás dos recursos do PAC pavimentação para municípios do estado. Ele conseguiu R$ 500 mil para uma cidade, mas faltam R$ 633.643,82 para outro. Haja dinheiro para atender a base…