O medo de ficar sozinho

Publicado em coluna Brasília-DF

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e integrantes da cúpula petista passaram mais de três horas em reunião com a presidente do PCdoB, Luciana Santos, e outros dirigentes, tentando convencer os comunistas que, com ou sem Lula, o PT estará no segundo turno da eleição presidencial. Queriam, com isso, dar aos tradicionais aliados a senha para que desista da candidatura presidencial da deputada gaúcha Manuela D’Ávila e apoie o PT, mesmo sem saber ainda quem será o candidato. O PCdoB não disse nem sim, nem não. O partido está feliz com Manuela que, até aqui, não deu sinais de que sairá da disputa.

Paralelamente, os petistas começaram os movimentos para abrir um canal de conversa com o governador de São Paulo, Márcio França. Trabalha-se o exercício _ por enquanto é apenas um exercício e sem muita firmeza __ de retirar a candidatura de Luiz Marinho ao governo e apoiar a reeleição de França. Tudo para ver se tira do PSB a tendência de fechar com Ciro Gomes (PDT). São as esquerdas que, assim como o centro, também buscam uma união.

A senha

Com a decisão do DEM de não financiar a campanha presidencial de seu candidato para reforçar a perspectiva de eleição dos deputados e senadores, está dado o passe para que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, se quiser, possa anunciar nas próximas hora que não concorrerá à Presidência da República. O timing agora é do deputado.

A hora mais escura

Pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin ouviu do bloco PP-DEM-SD que qualquer decisão sobre apoio ao tucano só depois da Copa da Rússia. Nada a ver com os jogos da seleção. É que os partidos querem esperar, para poder ter mais confiança de que o ex-governador chega ao segundo turno. E até agora, o tucano não passa essa firmeza a seus potenciais apoiadores. Começa a surgir uma certeza de que ele terá que tirar votos de Jair Bolsonaro para chegar lá, o que não aconteceu nessa pré-temporada.

Chapa pura

O secretário nacional de Relações Institucionais, Marcelo Barbieri (MDB), deixa o cargo hoje no Planalto para poder ser candidato a vice na chapa de Paulo Skaf ao governo de São Paulo, se for necessário. O MDB, aliás, não está livre de lançar chapa pura em outras praças, porque, até aqui, há muita gente querendo distância do partido de Michel Temer. O cargo de Barbieri não é de ministro, portanto, atende a regra do funcionalismo em geral, que deve deixar o posto a três meses do pleito.

Tem o que mostrar

Em entrevista ao programa CB.Poder, o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Ronaldo Fonseca, foi incisivo ao dizer que o MDB deve manter a candidatura de Henrique Meirelles e, ao mesmo tempo, aproveitar o programa eleitoral para mostrar o portfolio de obras terminadas pelo governo Michel Temer. É a esperança para tentar melhorar a popularidade presidencial nesses seis meses que restam de mandato.

CURTIDAS

Mudou de patamar/ O deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) foi o mais aplaudido no encontro da Indústria. Aos poucos, vai modulando o discurso para aquilo que a plateia deseja ouvir. Não por acaso muitos o comparam hoje ao Ronaldo Caiado de 1989, quando candidatura presidencial como líder ruralista. Caiado não chegou ao segundo turno. Os grandes partidos ainda apostam que Bolsonaro não emplaca, mas não estão mais no ponto de desconsiderá-lo como adversário.

Simples assim/ Presente no lançamento do livro do ex-deputado Marcelo Barbieri ontem na Câmara, o ministro da Casa Civil do governo Itamar Franco, Henrique Hargreaves, comentava que certa vez uma jornalista lhe perguntou: “Se fosse no governo Itamar, como vocês resolveriam a greve dos caminhoneiros?”. A resposta dele foi direta: “Não teríamos esse problema, porque não deixaríamos chegar naquele ponto”.

Por falar em Barbieri…/ Foram mais de três horas com fila no lançamento do livro do ex-deputado, com representes de todos os partidos. Eis que, ao ouvir esse comentário, o um parlamentar saiu-se com esta: “Claro que seria assim. Ele é que cuida da liberação das emendas!”

E o Dória, hein?/ O ex-prefeito respondeu assim quando alguém lhe perguntou ontem a respeito da nota publicada na coluna, sobre as reuniões que ele tem mantido com outros partidos e conversas sobre “ser ungido” numa campanha presidencial: “Sou candidato em SP, Focado em SP, e serei eleito em SP. Geraldo será eleito ao Planalto. Com o meu voto”.