O jeitinho brasileiro

Publicado em coluna Brasília-DF

Os parlamentares descobriram, nos últimos dias, um motivo a mais para votar logo os projetos de suplementação orçamentária para o Fundo Nacional de Saúde. É que, encerrado o prazo de liberações voluntárias de recursos, no sábado, o governo achou uma brecha para continuar empenhando verbas: o repasse fundo a fundo, ou seja, sem precisar fazer convênios com prefeitos ao longo do período. Só na Saúde, serão R$ 730 milhões. Os recursos saíram de todas as áreas onde o governo não poderia empenhar para direcionar à saúde. Moral da história: ao longo da eleição, o governo continuará empenhando (separando) recursos para atender aos municípios no final do ano.

Eles têm a força (o dinheiro)
Presidentes dos partidos estão deitando e rolando. Em alguns casos, está no seguinte pé: ou faz aliança com quem eles querem, ou não tem dinheiro. Se continuar assim, a primeira missão do Congresso em 2019 será redefinir os financiamentos das campanhas. É grande o número daqueles que acreditam ter comprado gato por lebre quando da aprovação do fundo eleitoral. A ordem é retirar o poder dos comandantes partidários.

Cenários preocupantes
Já tem gente com medo da seguinte situação: o partido paga metade dos recursos prometidos e o candidato, então, vai à Justiça cobrar o resto. Nesse caso, uma liminar judicial, por exemplo, suspendendo os repasses do fundo eleitoral até que o assunto seja resolvido, arrisca comprometer toda a campanha.

Dória sob risco
Quem acompanha a candidatura de João Dória ao governo de São Paulo considera que ele tem que fazer tudo para tentar liquidar o pleito no primeiro turno. Sabe que, se houver dois turnos, a tendência de união dos adversários contra ele é grande.

Largados
O MDB de Minas Gerais está com um problemão para conseguir fazer alianças com os pré-candidatos a governador. O partido considera que o clima está pesado para seguir com o governador Fernando Pimentel.Também não tem aliança com o PSDB de Antonio Anastasia e tampouco quer apoiar Rodrigo Pacheco, o deputado que abandonou a legenda para ser candidato pelo DEM. Os deputados do partido estão pra lá de desanimados.

Custo & benefício
O presidente Michel Temer enfrentou inicialmente alguma dificuldade em encontrar um ministro do Trabalho. O primeiro convidado recusou. É que as incertezas sobre o que ocorreu na pasta e o fato de faltarem menos de seis meses para terminar o governo afastam os bons. Não são muitos os que podem se dar o luxo de largar a carreira para, em cinco meses, tentar consertar o que está errado por ali. Por isso, Eliseu Padilha foi nomeado interinamente.

O dilema do DEM/ O DEM tem feito o seguinte raciocínio: se o partido quiser preservar a biografia, seguirá com Geraldo Alckmin (PSDB). Se quiser ficar “pendurado”, segue com Ciro Gomes, que não tem o discurso reformista defendido pelo partido. A aposta é a de que, assim que o PT apresentar um candidato, o petista esvaziará Ciro Gomes.

Gilmar na cobrança I/ Na palestra que proferiu em Londres, o ministro Gilmar Mendes (foto) aproveitou para, nas entrelinhas, puxar as orelhas do Congresso. Ao citar o impeachment da presidente Dilma Rousseff, ele foi direto: “Temos 30 anos da Constituição, quatro presidentes eleitos, só dois terminaram o mandato. Há uma certa parlamentarização do presidencialismo. Estamos usando, talvez, o impeachment com outro viés”.

Gilmar na cobrança II/ O ministro fala da necessidade de normatizar o impeachment: “O curioso é que até agora não temos uma nova Lei do Impeachment. A atual é dos anos 50, adaptada a uma outra Constituição. Se o STF não interviesse fazendo uma lei do impeachment, talvez tivéssemos mais impasses naquele processo”.

Rubem Braga na telona/ O cineasta e jornalista Jorge Oliveira começa em outubro as filmagens de O voo da Borboleta Amarela — Rubem Braga, o cronista do Brasil. Depois do premiadíssimo Olhar de Nise, Jorge promete brindar os brasileiros com mais um registro histórico e literário. Três locações já estão definidas: em Cachoeira do Itapemirim, onde o escritor nasceu; no Rio de Janeiro e, ainda, em Braga, no Norte de Portugal, cidade de origem da família.