O embrulho da CPMF

Publicado em coluna Brasília-DF

Passada a eleição do líder do PMDB, o governo começa a discutir as formas de dar discurso aos deputados da base aliada para tentar emplacar a CPMF. Muitos envolvidos nas análises de cenários para apreciação do imposto do cheque consideram que a proposta, sem acessórios, não sai. A ideia é apresentá-la dentro de um contexto mais amplo, que elimine privilégios de alguns setores, alivie algumas taxas e acabe com vinculações obrigatórias. Essa moldura será discutida a partir da próxima semana.

Foram eles!

Os tucanos comentavam à boca pequena que a série de entrevistas da jornalista Miriam Dutra, que manteve um relacionamento amoroso com Fernando Henrique Cardoso nos anos 1980 e 1990, foi estimulada pelos petistas para colocar FHC no mesmo patamar de Lula. Deputados do PT, por sua vez, comentavam que, se o ex-presidente petista teve obras em apartamento feitas por empreiteiras detentoras de contratos com o governo, o ex-presidente tucano teve despesas da amante pagas por empresa que também mantinha relações com o governo FHC.

Primeiro round de 18

Os movimentos tucanos para escolha do candidato a prefeito de São Paulo chamam a atenção de todos os partidos. Fernando Henrique Cardoso e os senadores José Serra e Aloysio Nunes Ferreira jogam as fichas em Andrea Matarazzo, enquanto o governador Geraldo Alckmin ficará com João Dória. Se Dória vencer, Matarazzo deixará o PSDB, indo para uma legenda que permita ampliar as perspectivas da candidatura presidencial de José Serra em outras praias.

Segundo round de Picciani

Depois da vitória de Leonardo Picciani, o governo espera que o peemedebista escolha integrantes da comissão especial que analisará o impeachment da presidente Dilma Rousseff de forma a privilegiar os mais fiéis ao Planalto na hora do voto. O líder, que prometeu dar espaço para todas as correntes do PMDB, poderá perder substância muito cedo se não cumprir a promessa de dividir o terreno na comissão de impeachment com os adversários.

Gestos & atitudes I

O almoço de homenagem ao chanceler português Paulo Porta, em que Michel Temer recebeu Leonardo Picciani, Eduardo Cunha e Hugo Motta, foi apenas um convescote internacional. Os aliados de Picciani comentavam à boca pequena que o grupo de Temer, leia-se Eliseu Padilha, Geddel Vieira Lima e outros, estava engajado na campanha de Hugo Motta.

Gestos & atitudes II

Os bombeiros do PMDB (sim, eles existem!) não querem mais disputas ferrenhas entre as alas do partido. Depois das conversas entre Temer e o senador Renan Calheiros no fim do ano passado, tem um grupo atuando para que não surja, entre os deputados, nenhum candidato contra Michel Temer em março, na convenção que escolherá o comando partidário.

“Larguei primeiro!”/ Eterno candidato a presidente da República, Levy Fidelix (foto), do PRTB, faz sua largada da campanha presidencial para seus correligionários hoje em Pernambuco. Isso mesmo. Ele aposta que, até maio, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassará o mandato da chapa Dilma-Temer. “Aí, teremos três meses até a eleição. E eu já estou em campo”, diz ele.

E o Cunha, hein?/ Assim assessores palacianos se referem ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ): “Ele vai secar no pé”. Tradução: Não sai da presidência no curto prazo, mas perde poder de fogo.

Conversinhas/ Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Jutahy Júnior (PSDB-BA) trocaram ideias por um bom tempo na sala de café dos deputados. Apenas análise do cenário. Sabe como é. Com tantas incertezas na política, a hora é de ouvir opositores para saber o que têm a dizer.

Paciência, paciente!/ A Policia Federal baixou em peso ontem no Casa Park. Calma, pessoal! Nada de Lava-Jato. Estavam no lançamento do livro da advogada Aline Albuquerque, esposa do delegado Luiz Flávio Zampronha, que atuou no mensalão. Com pós-doutorado em direitos humanos, o trabalho aborda os direitos dos pacientes da rede de saúde, que não devem ser tratados como meros consumidores, “usuários” ou clientes nos hospitais e casas de saúde. Faz sentido.