O conforto dos Sarney

Publicado em coluna Brasília-DF

No final de 1996, um acordo entre os partidos permitiu que a base aliada ao governo de Fernando Henrique Cardoso aprovasse a reeleição em 1997 para valer no ano seguinte. Agora, 20 anos depois, está em gestação um princípio de acordo para acabar com esse direito em 2017 para valer já em 2018. Assim, o presidente Michel Temer tiraria de cena qualquer receio do PSDB e do DEM de que, se o governo der certo, ele seja chamado a pleitear um novo mandato.

As conversas sobre o fim da reeleição têm chamado a atenção do grupo do ex-presidente José Sarney, no Maranhão. Tudo porque, se a ideia emplacar, tira o governador Flávio Dino (PCdoB) da briga pelo cargo. Falta combinar, entretanto, com o presidente do Senado, Renan Calheiros, que tem o filho governador de Alagoas, com possibilidade de concorrer a mais um mandato.

As suspeitas da PF
Entre os policiais federais restam hoje poucas dúvidas de que o superintendente da regional de São Paulo, Disney Rosseti, vai substituir em breve Leandro Daiello Coimbra no comando geral da Polícia Federal. Para quem não se lembra, o ministro da Justiça, Alexandre Moraes, se reuniu com Rosseti por quase duas horas, antes de propalar aos quatro ventos em Ribeirão Preto que haveria novidades na Lava Jato. A fala do ministro ocorreu justamente na véspera da prisão de Antonio Palocci. Depois daquela reunião, Disney Rosseti já veio duas vezes a Brasília.

Nova ciumeira
Deputados __ e até ministros __ têm olhado com ar de inveja para o ministro de Desenvolvimento Social, Osmar Terra. Há quem diga que ele é um dos poucos com recursos para dar prosseguimento aos projetos da pasta. Para completar, ainda tem a bela e suave primeira-dama, Marcela Temer, para ajudá-lo a promover as ações voltadas às crianças. Se brincar, está em construção aí um candidato forte ao governo do Rio Grande do Sul.

Novo governo & velhos vícios
Eram 15 os deputados que ameaçavam fazer greve contra a PEC do teto do gasto público, caso o governo não nomeasse logo o ministro do Turismo, Marx Beltrão. É a turma do toma-lá-dá-cá jogando sobre o governo de Michel Temer o mesmo veneno que aplicava à administração Dilma Rousseff.

PCdoB no divã
Tem gente desconfortável com o fato de Jandira Feghali ter transformado a campanha dela para a prefeitura do Rio de Janeiro numa espécie de plebiscito sobre o #ForaTemer. Deu no que deu. Há quem defenda os comunistas passem a tratar dos assuntos da população (saúde, previdência, segurança, educação) e deixe que o PT fique remoendo o passado.

CURTIDAS

Pais & filhos/ Diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o embaixador Robert Azevêdo começa sua visita a Brasília, nesta segunda-feira (10), num evento pelo qual sente particular orgulho: a inauguração da loja de sua filha Luisa Farani no shopping Iguatemi, a partir das 17h. A estilista brasiliense despertou as atenções do mundo da moda e da primeira-dama Marcela Temer, que escolheu um vestido criado por Luisa para acompanhar o marido no desfile de 7 de Setembro.

Guerra de Titãs I/ Enquanto o governo se preocupa com a PEC do teto de gastos e remoe a sessão de sexta-feira, quando nem André Moura registrou presença, o mundo jurídico se divide entre a PEC e a disputa das duas vagas ao Conselho Nacional de Justiça, uma na Câmara, outra no Senado. A decisão está prevista para os próximos dias.

Guerra de Titãs II/ No Senado concorrerm Henrique Ávila e Octávio Orzani. Ávila, mestre em Direito Processual na PUC-SP, é sócio do escritório carioca Sérgio Bermudes e tem o apoio do ministro Gilmar Mendes e do presidente do Senado, Renan Calheiros. Orzani, servidor de carreira do Senado, mestre e graduado na USP, e em Salamanca (Espanha). Foi delegado da PF e ainda trabalhou no Ministério da Justiça.

Guerra de Titãs III/ Na Câmara, a briga envolve Ana Luísa Marcondes e Felipe Cascais Sabino Bresciani. Ünica mulher na disputa, Ana Luísa é servidora federal, doutoranda na Universidade de Buenos Aires e assessora-chefe do Conselho Naiconal do Ministério Público. O adversário dela é sub-chefe adjunto de Assuntos Jurídicos da Casa Civil e servidor de carreira do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT). O chefe imediato de Bresciani, Gustavo Rocha, tem feito campanha entre os deputados para emplacar o subordinado.