Diante da crise que atravessam os partidos interessados na terceira via, em especial o PSDB, intensificaram-se as conversas e os pedidos para que o ex-presidente Michel Temer seja o candidato. A avaliação é a de que ele é quem tem melhor condições de concorrer de igual para igual com um presidente no exercício do cargo e outro que esteve no poder por oito anos. Inclusive sob o ponto de vista econômico, Lula entregou o país com 5,9% de inflação e 10,75% de juros à sucessora, Dilma Rousseff. Ela, por sua vez, entregou o bastão a Temer com uma inflação de 9% e juros de 14,25%. Temer passou a faixa presidencial a Jair Bolsonaro (PL) com uma inflação de 3,75% e juros em 6,5%. Agora, a inflação está em 12,13% e os juros em 12,75%.
Os números indicam a muitos que o discurso de Temer está pronto. Algo do tipo: recebeu uma economia em frangalhos, recuperou a confiança e, agora, diante do novo estrago nessa seara, é preciso repetir a dose.
Temer não disse que sim, mas seus amigos garantem que ele jamais dirá não se for um movimento que englobe vários partidos. Afinal, não tem nada a perder concorrendo. E nem é para o curtíssimo prazo.
A ideia desses aliados é dar um tempo para verificar se os postulantes da terceira via, especialmente Simone Tebet, conseguem melhorar a performance nas pesquisas de intenção de voto. Se ela continuar na casa do 1%, os movimentos pró-Temer ficarão ainda mais intensos.
Amigos, amigos…
… candidaturas à parte. Até entre apoiadores da postulação de João Doria há quem veja com simpatia o movimento pró-Temer. O ex-governador gosta do ex-presidente, mas não vai abrir mão de tentar levar sua campanha dentro do PSDB. Até julho, muita coisa vai rolar.
Por falar em candidatura…
O pedido do deputado Aécio Neves (MG) e dos pré-candidatos tucanos a governos estaduais para uma reunião com Doria para conversar fez alguns desses aliados do ex-governador acharem que pode ser uma armadilha para que o paulista desista da empreitada nacional. E Doria não pode deixar de comparecer a um encontro com pré-candidatos de seu partido.
Confunde aí, mas não exagera
Aliados de Bolsonaro acreditavam que ele fazia das urnas eletrônicas uma cortina de fumaça para não deixar na cena principal da política seus verdadeiros problemas: inflação alta e juros na estratosfera. Nos últimos dias, passaram a suspeitar que, embora a eleição ainda esteja longe, o presidente arrisca não aceitar um resultado adverso.
Veio para ficar
A depender dos líderes e parlamentares que comandam o Parlamento, as promessas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de acabar com o Orçamento secreto não serão cumpridas. O Congresso está amando destinar recursos para as bases eleitorais com assinatura de parlamentares.
Quinteto que joga unido…/ O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, foi para o Roda Viva, da TV Cultura, acompanhado dos líderes do MDB, Eduardo Braga (AM), do União Brasil, Davi Alcolumbre (AP), e do PSD, Nelsinho Trad (MS), e ainda os senadores Weverton Rocha (PDT-MA) e Ângelo Coronel (PSD-BA). “Com esse número de líderes, já dá para pedir verificação de quórum”, brincou Alcolumbre.
… e torce junto vibra/ Nos bastidores do Roda Viva, os senadores vibravam quando Pacheco defendeu as emendas de relator com toda a convicção de que são os parlamentares os que mais conhecem a realidade do país.
O passado condena/ O Congresso também tinha mais ingerência sobre o Orçamento, no início dos anos 1990. Desaguou no escândalo dos anões. Agora, escaldados, a ordem é se der problema, quem indicou que pague. Mas o controle continuará com o Congresso.
Cliente sempre tem razão/ Com a disputa eleitoral entrando em cena, algumas companhias aéreas orientaram seus comissários a sempre concordar com o gosto do freguês. Dia desses, um ex-deputado encontrou um amigo num voo e eis que o sujeito foi logo dizendo: “Bolsonaro né?” Antes que o interlocutor respondesse, a comissária diz “sim!” — e já vai levando o cidadão para o assento marcado. O ex-deputado respirou aliviado.