…É bom o governo não comemorar demais o fato de o Tribunal de Contas da União ter liberado na semana passada o dinheiro do Fistel para pagamento de dívida. É que, ao contrário do que esperava o Poder Executivo, o Tribunal não escreveu textualmente que a “regra de ouro” estava cumprida. Disse apenas que “não era atribuição do TCU indicar como o governo federal deve alocar recursos do Fistel transferidos para o Tesouro Nacional, pois nem o legislador o fez”. A leitura geral, entretanto, foi a de que os recursos foram liberados para cumprimento da “regra de ouro”, aquela que proíbe o governo de se endividar para pagamento de despesas correntes.
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Alguns ministros do TCU consideram que está dada a senha para que, no ano que vem, a ministra-relatora das contas deste ano, Ana Arraes, possa dar, ao menos, um puxão de orelhas e, se quiser, rejeitá-las. Afinal, se hoje está se usando os recursos do Fistel para cumprimento da regra de ouro, é porque não se fez o ajuste fiscal prometido, que incluía a reforma previdenciária. Até aqui, afirmam, não dá para dizer que o governo “pedalou” como fez o de Dilma Rousseff. Mas, há quem diga que Temer, no ritmo que vai, sem conseguir conter os gastos públicos, terminará subindo na bicicleta.
Com Raquel, sem refresco
Deputados denunciados na semana passada, como Arthur Lyra (PP-AL), podem até reclamar das acusações oferecidas pela procuradora-geral, Raquel Dodge. Porém, a ordem na Procuradoria, pelo menos, por enquanto, é fazer o seu trabalho e deixar que o Supremo Tribunal Federal decida o que fazer com o processo. Simples assim. Aliás, tem muito deputado feliz da vida por achar que saiu das mãos de Raquel e da sede do Ministério Público Federal. Mas, pelo visto, a alegria vai durar pouco.
Perfil obrigatório
Aviso aos pré-candidatos a presidente da República: quem for eleito em outubro precisará de uma boa dose de paciência para reunião de líderes partidários. É que todas as análises nos levam a um cenário de pulverização partidária. Se as previsões se confirmarem, nenhuma legenda deverá ter mais de 60 deputados.
Eles terão a força
A consultoria Arko Advice soltou o seu estudo sobre cenários políticos, em que, além de prever a pulverização, projeta o MDB com todas as chances de continuar com o maior número de senadores, elegendo no mínimo 10 e, no máximo, 14. Em segundo ficaria o PSDB e, em terceiro, o PT. Somados àqueles que têm mais quatro anos de mandato, essa posição se mantém.
O que é bom para os Estados Unidos…
O governo terá dificuldades em conseguir privatizar a Eletrobras. É que muitos políticos, inclusive da base governista, se preparam para cobrar o fato de que, nos Estados Unidos, as hidrelétricas estão nas mãos dos militares, consideradas áreas estratégicas.
CURTIDAS
O drone Kassab/ Pré-candidato do PSDB ao governo de São Paulo, João Doria (foto) não anda lá muito feliz. Tudo por causa da dificuldade em ampliar alianças. Até o momento, ele tem apenas uma promessa do PSD de Gilberto Kassab. Como se sabe, o ministro das Comunicações avalia muito bem o quadro antes de aterrissar. Vai olhar as pesquisas internas e, se o terreno de Dória for pantanoso, vai buscar terra mais firme.
Por falar em pesquisa…/ Ninguém acredita que o quadro apresentado até agora é o que valerá em agosto, quando a campanha começa de fato. Porém, de todas essas etapas, os partidos já tiraram uma certeza: Bolsonaro não está fora do jogo.
Valores políticos 1/ Para marcar a 14ª Semana da Europa, a ONG Café com Política e a Embaixada da Holanda promovem amanhã, no café Daniel Briand, das 19h às 22h, o debate “Valores Políticos na Europa e no Brasil”, com base no livro Europa em Transição, do filósofo holandês Luuk van Middelaar.
Valores políticos 2/ À mesa estarão o professor Cláudio Ribeiro, mestre em história pela Universidade Federal de Goiás, e o cientista político Leonardo Barreto. E eu, que assino esta coluna, vou mediar o debate. Interessados em participar podem entrar em contato pelo Café com Política no Facebook, @contatocafepolitica. Pede-se a doação de um quilo de alimento (exceto sal) e impressão do convite. Vagas limitadas.