Coluna Brasília-DF
Depois de o Banco Mundial projetar, ontem, uma queda de 8% no Produto Interno Bruto do Brasil para este ano, o governo fará, hoje, uma reunião ministerial para tentar mostrar que não perdeu a confiança na recuperação. O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, por exemplo, levará para o encontro o balanço da execução de R$ 3 bilhões em obras de rodovias, ferrovias e terminais portuários em plena pandemia, entre janeiro e maio deste ano. Valores superiores aos registrados no mesmo período do ano passado, no início do governo. O valor pode ser, inclusive, maior, porque esse montante se refere apenas ao que foi feito com o Orçamento da União. Além disso, recentemente, foi assinado o contrato para a execução da malha paulista no setor de ferrovia.
Em tempo: as entregas nessa área de infraestrutura não vão fazer de Tarcísio candidato a presidente, tampouco a governador, conforme alguns políticos comentam por aí. “Não vou me meter em política, não serei candidato a nada, nem filiado a partido político eu sou, nem serei. O que me dá satisfação profissional é o trabalho técnico”, diz.
Reunião contraponto
Sob o ponto de vista político, a reunião ministerial de hoje vem sob encomenda para o presidente Jair Bolsonaro tentar desfazer a imagem deixada por aquela de 22 de abril, marcada por palavrões e comentários de ministros que renderam, inclusive, ações na Justiça e do Ministério Público Federal.
Estamos trabalhando
No Palácio do Planalto, a expectativa é de que cada área apresente o que está sendo feito neste período de pandemia, de forma a tirar o governo do noticiário negativo em relação às mudanças na forma de divulgação do número de casos.
Me dê motivo
Aliás, a avaliação palaciana é de que essa mudança na divulgação dos dados da covid-19 no país só fez reforçar os adversários do presidente e a visão de que ele é autoritário no trato da gestão pública. Nos próximos dias, vão tentar alterar essa imagem. Resta saber se Bolsonaro conseguirá manter a fleuma e fugir de provocações.
O gerenciador de crises
Da parte da oposição, a ordem é tentar colar na testa do presidente que ele não está governando e apenas administrando as crises que envolvem seus filhos e aliados, inclusive as que o próprio Bolsonaro provoca. Uma das últimas foi a relacionada aos números de casos e mortes por covid-19, que gerou incômodos até dentro do próprio governo.
Estamos todos bem/ Assessores que acompanharam o presidente Jair Bolsonaro, no fim de semaa, quando ele foi cumprimentar as pessoas numa blitz da Polícia Rodoviária Federal (PRF), contabilizaram uma interação positiva por parte da população. Apenas uma das pessoas que interagiu gritou palavras de ordem contra a comitiva presidencial.
Patamar seguro/ A avaliação dos assessores é de que, enquanto Bolsonaro mantiver o apoio de 30% da população, não haverá movimentos mais contundentes para tentar derrubá-lo.
Segura a onda/ O ato virtual em defesa da democracia é um aviso ao presidente Jair Bolsonaro de que é preciso que ele lidere e baixe a bola de seus apoiadores no quesito ameaças aos poderes constituídos e às ações democráticas.
Bia versus Joyce/ Quando o Congresso voltar às sessões presenciais, será preciso escalonar a presença em plenário e manter distantes as deputadas Joyce Hasselmann (PSL-SP) e Bia Kicis, do PSL-DF. Bia é vista por Joyce como uma das principais adversárias no Parlamento.
Muito além das convenções/ Comemorada por especialistas, a implementação de convenções partidárias virtuais para a escolha de candidatos para a eleição deste ano, aprovada pelo TSE, é vista como um primeiro passo para se avançar no uso de tecnologias no pleito em meio à pandemia. Lara Ferreira, da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep), considera que os próximos passos incluem a adaptação das regras de alguns atos de campanha que envolvem aglomerações, como carreatas e comícios, aos protocolos de segurança e higiene da pandemia, como o uso de máscaras, limitação de pessoas e distanciamento mínimo.