Momentos de reflexão

Publicado em coluna Brasília-DF

“O PT não pode pensar em concorrer à Presidência da Câmara. O mar não está para peixe”. Essa avaliação tem sido recorrente em todas as conversas de ministros do governo Dilma Rousseff, que vão começar um trabalho de desencorajamento em relação ao enfrentamento com o PMDB no Congresso. Na hipótese de queda do presidente Eduardo Cunha, caberá aos petistas calçar as sandálias da humildade. A ordem é fechar um acordo como PMDB e pedir aos peemedebistas que escolham um nome que não seja radicalmente contra o Planalto. E, assim, apoiando um nome do PMDB, trabalhar para indicar o primeiro vice-presidente, cargo hoje ocupado por Waldir Maranhão, do PP, aliado de Eduardo Cunha.

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Em tempo: Os aliados do presidente da Câmara são diretos ao afirmar que a única maneira de tirar o deputado do comando da Casa é via Supremo Tribunal Federal. Se depender do Congresso, não tem como. A enxurrada de recursos e manobras é suficiente para estender essa briga por um longo período do ano que vem.

PF em fúria I

Se alguém tinha dúvidas sobre a disposição da Polícia Federal em investigar os deputados e senadores citados nas falcatruas em apuração pelas últimas operações, pode ficar tranquilo. Os policiais vão agir. Os delegados, que presidem as operações, estão para lá de irritados com o corte de R$ 133 milhões no Orçamento.

PF em fúria II

Os delegados presidentes de inquéritos já fizeram as contas e têm certeza de que as grandes operações sofrerão com os cortes. Eles não usam a palavra vingança, mas prometem atenção redobrada quando os fatos estiverem relacionados com as excelências.

Responsabilidade social

O ministro da Saúde, Marcelo Castro, é do PMDB. O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, é do PMDB. O prefeito da cidade, Eduardo Paes, é do PMDB. Logo, a crise da saúde do Rio, que culmina com hospitais fechados, vai cair no colo do partido.

Responsabilidade compartilhada

De todos os peemedebistas desse cenário carioca, apenas o ministro da Saúde é novo nessa área. Tanto Paes quanto o governador e até a presidente Dilma Rousseff não podem alegar herança maldita. Todos foram reeleitos.

Fui eu!/ O prefeito do Rio, Eduardo Paes (foto), apressava-se, na quarta-feira, a explicar aos convidados que tinha partido dele a sugestão para que a presidente Dilma Rousseff não fosse ao Rio de Janeiro participar da inauguração do parque aquático olímpico.

Ministro analógico/ O ministro da Defesa, Aldo Rebelo, é um dos poucos que não tem nem WhatsApp, nem Instagram ou coisa que o valha. E não tem quem faça ele se render a esses instrumentos.

Ministro high tech/ Já o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, não consegue ficar desconectado. Mal o WhatsApp saiu do ar na última quinta-feira e ele já entrou no Telegram. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, foi outro que imediatamente entrou no Telegram.

Voto de casa/ D. Augusta, esposa do presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo, conversou com Eduardo Cunha na época da campanha para presidente da Câmara e garantiu que o marido votaria a favor do peemedebista. Ela e as esposas de muitos deputados adoraram o fato de Eduardo dizer que manteria as passagens aéreas para os cônjuges custeadas pela Câmara. Depois, entretanto, Eduardo voltou atrás. Hoje, há quem aposte que d. Augusta não quer o marido defendendo Cunha.