Obviamente, Lula não cogita sair do país em busca de asilo político. Nem poderá, agora que seu passaporte será recolhido por ordem da Justiça do Distrito Federal. Porém, petistas e outros aliados que passaram pela dura vida no cárcere comentam, em conversas reservadas, que estão prontos a aconselhar o ex-presidente a fugir do Brasil caso a prisão seja inevitável. Em Cuba, por exemplo, cogitam alguns, Lula será muito mais útil ao PT do que atrás das grades. De lá, poderá manter o discurso de perseguição política, gravar vídeos e continuar mobilizando o seu partido e influenciando na eleição, ainda que a distância e sem poder pisar no país.
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A direção do PT e aqueles que estão todos os dias com Lula sugerem outros caminhos. O primeiro deles é promover uma onda de fora do país para dentro, com a vinda de juristas estrangeiros em defesa de Lula, de forma a criar um desconforto à Justiça brasileira por deixar o petista fora do pleito. O segundo vem do MST, que espera reunir 100 mil no Maracanã. Por fim, o próprio Lula percorrerá o país tentando mobilizar militantes e população em geral. Se nada disso der certo para garantir a candidatura — até porque não caberá à Justiça Eleitoral analisar o mérito da condenação, e sim se houve uma condenação em segunda instância —, Cuba não deixa de ser um destino.
Lula & Arruda
O advogado Francisco Emereciano, que acompanhou o processo da candidatura do ex-governador José Roberto Arruda em 2014, aposta num desfecho semelhante para o ex-presidente Lula. Condenado na Caixa de Pandora, logo em seguida, o registro terminou indeferido. Em 13 de setembro, o ex-governador passou o bastão da campanha ao vice, Jofran Frejat. É por aí que o PT terá que seguir se não quiser correr o risco de ter votos não computados.
“Se o PT continuar a passar a mão na cabeça do Lula, vai virar uma Farc”
Avaliação do ex-deputado Paulo Delgado, um dos fundadores do PT, dizendo que a pior coisa que aconteceu com a esquerda na Colômbia foram as Farc. A avaliação dele é de que não dá para partir para a desobediência civil
Se a conta fechar, texto muda
O governo fez chegar aos deputados e senadores de partidos aliados que mudanças no texto da Previdência só serão aceitas se houver a certeza de que virão acompanhadas de votos que completem os 308 necessários à aprovação do texto. Caso contrário, o governo não aceitará mexer na proposta atual, que, aliás, já está bem mais amena do que a original.
Segóvia e Marun
Um dos primeiros a receber essa notícia do governo nem é parlamentar, e sim o diretor da Polícia Federal, Fernando Segóvia. Ele esteve com o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, em apelos para uma transição no caso de policiais que estão a um passo da aposentadoria e, com a reforma, terão que esperar alcançar a idade mínima. Marun não se fez de rogado: “Traga uma proposta acompanhada dos votos para aprovar, que nós podemos negociar”.
CURTIDAS
Magistrados na lida/ Representantes do Ministério Público e da magistratura vão aproveitar a próxima quinta-feira, véspera da abertura dos trabalhos do Congresso, para dar a largada no movimento antirreforma. Serão, pelo menos, 500 representantes dessas carreiras mobilizados no Congresso. De lá, a Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp) planeja seguir em caminhada para entregar um manifesto à ministra Cármen Lúcia.
Fim do discurso/ Jair Bolsonaro cresceu, até aqui, defendendo a prisão de Lula e criticando o PT. Agora, com a condenação do petista, terá que mudar o repertório.
Temporada de pesquisas/ Todos os partidos colocaram seus entrevistadores nas ruas para saber os primeiros reflexos da condenação de Lula na cabeça do eleitor. Se prevalecer a ideia de que a turma não quer “perder o voto” apostando num candidato sub judice, o PT ficará sozinho na defesa do ex-presidente.
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Presença de Manuela/ Até aqui, de fora do PT, a única que, na avaliação de alguns, se habilitou para receber potenciais votos de Lula foi Manuela D’Ávila (foto), que desfila ao lado do ex-presidente. Porém, os petistas querem é apostar nos seus na chapa pura.
E o fogo no plenário da Câmara…/ Até parece prenúncio do que vem por aí ao longo de 2018.