“Limonada esperta”

Publicado em coluna Brasília-DF

A pré-candidatura do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), à Presidência da República passou a respingar óleo quente no governo. Há quem considere que ele tem sido muito “tolerante” com a obstrução do PT e ao PSol, prejudicando as votações na Casa. Enquanto isso, os apoiadores de Rodrigo, especialmente os deputados do PP, usam a pré-candidatura para colocar a espada no pescoço do governo.

Aliás, o jogo de Rodrigo com o PT e o PSol fez soar no PP a desconfiança de que o atual presidente da Câmara atua para manter as portas abertas com os petistas para o caso de concorrer a um novo mandato de deputado federal e, por tabela, mais um a presidente da Câmara. Os pepistas, que se consideram mais espertos que todos os demais partidos, não reclamaram com o presidente da Casa e fizeram do limão uma limonada. Mantiveram o apoio a Rodrigo, porém, certos de que esse período pré-eleitoral é o último para arrancar alguma coisa do Planalto. Se Rodrigo decolar mais à frente e se mostrar viável enquanto candidato a presidente, o partido o apoiará. Senão, buscará outro campo. O problema aí é a esperteza comer o esperto.

Preocupou
O “problema de agenda” que, segundo a Procuradoria Geral da República, tirou a procuradora Raquel Dodge da solenidade de entrega da medalha Ordem do Rio Branco deixou os aliados do presidente Michel Temer um pouco mais apreensivos. Porém, avaliam, não dá para morrer de véspera. A única coisa a fazer é seguir trabalhando.

Se for assim, Joaquim vai
A pesquisa de intenção de voto divulgada neste fim de semana pelo site Poder360, feita pelo instituto DataPoder 360, foi vista pelo PSB defensor da candidatura do jurista Joaquim Barbosa como mais um argumento para insistir na empreitada. Jair Bolsonaro (PSL) na liderança, na casa dos 20%. Joaquim, em segundo, entre 13% e 16%, acima de Marina Silva, Ciro Gomes, Álvaro Dias e Geraldo Alckmin. Para completar, Joaquim ainda bate o ex-capitão no segundo turno, por três pontos, acima da margem de erro.

O Real e o mensalão
Desde a pesquisa Datafolha divulgada na semana passada, os políticos não tiram os olhos da onda Joaquim, conforme o leitor da coluna pôde acompanhar. Os partidos de esquerda temem que o ministro, relator do mensalão, termine cooptado pelos mais conservadores. Foi o que ocorreu com Fernando Henrique Cardoso em 1994, quando o PT negou apoio ao Plano Real e o então PFL concedeu os votos e o respaldo eleitoral.

Por falar em esquerda…
Quem acompanha os movimentos dos partidos com viés de esquerda alerta que a prisão de Lula levou tanto o PT quanto o PCdoB a jogar fora o respeito às decisões judiciais. Agora, ambos começam a fazer o mesmo em relação à prisão em segunda instância. Nesse ritmo, daqui a pouco virá uma campanha deles para soltar Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima, Rodrigo Rocha Loures, Henrique Eduardo Alves e quem mais chegar.

E o Geraldo, hein?
O PSDB de Geraldo Alckmin sabe que a sua fase agora não é das melhores. Porém, acreditam os tucanos, dá para melhorar até junho. O problema, entretanto, alertam os outros, é o afastamento dos demais partidos de centro. Se essas legendas conseguirem encontrar um caminho mais seguro até lá, será adeus, Geraldo.

CURTIDAS

Palavras/ Artistas que tiverem a honra de ter Fernanda Montenegro na plateia e, depois, receberem a visita dela no camarim, fiquem atentos aos termos usados pela papisa do teatro brasileiro para se referir à atuação. Amigos avisam que, se ela disser “incrível”, é melhor ensaiar mais ou rever o texto.

Vírgulas/ O ministro Joaquim Barbosa custou a convencer alguns de que era a sua família que resistia à candidatura presidencial. Ao responder a uma pergunta sobre qual o motivo pessoal de não assumir de ver a pré-candidatura, se era de foro íntimo, ele disse “não minha familía”. Na verdade era, “não, minha família”.

Chôro na ONU/ Reco do Bandolim é um dos convidados para o evento das Nações Unidas que reunirá os países de Língua Portuguesa, em 05 de maio, em Nova York, quando se comemora o Dia da Língua Portuguesa. Além de mostrar a maestria de sua música, fará uma palestra sobre a história do chorinho. Para os brasileiros que vivem por lá será uma chance de contato com as raízes.

Sucesso lá fora/ Não é a primeira vez que Reco vai se apresentar para seletas plateias. No período do Forum Mundial da Água, o governo do DF, por medidas de segurança, quis manter fechado o Clube do Chôro, ao lado do Centro de Convenções. O Banco Mundial insistiu que ficasse aberto para oferecer um pouco da música brasileira às autoridades estrangeiras. Foram dois dias de shows para os convidados do Bird e outro para o Rotary Internacional, enquanto os “santos de casa” queriam o clube fechado.