Joaquim e José

Publicado em coluna Brasília-DF

Se o PT quiser apoiar a candidatura de Joaquim Barbosa à Presidência da República, o ministro aposentado do Supremo não terá o menor problema em recebê-los em seu palanque. “Apoio não se recusa”, tem dito ele a interlocutores. É estabelecido um programa, fazendo com que todos sigam à risca o que for traçado. Da parte do PT, até o ex- ministro José Dirceu, que teve em Barbosa seu principal algoz no processo do mensalão, não faz objeções. Falta combinar com os “russos”.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, não topa. Comenta-se no PT que ela chegou a colocar o dedo na cara do ex-ministro Jaques Wagner, por causa das declarações em defesa de uma candidatura única das esquerdas. Há quem diga que, com Gleisi no comando, não tem acordo com o PSB.

Demorou, perdeu

O Congresso perdeu a chance de reduzir o foro privilegiado e ganhar um discurso para os próprios deputados ao longo da campanha, separando a maioria dos atuais congressistas daqueles envolvidos no petrolão. Agora, porém, é tarde. Quem vai cuidar do tema é o Supremo Tribunal Federal. Assim, restará mais um desgaste para os congressistas.

Boca fechada…

… Não entra mosca. Por isso, Joaquim Barbosa está quieto. Não é hora de falar sobre o habeas corpus de Lula, de prisão em segunda instância. O neossocialista está dedicado a montar a sua própria estrutura de pré-campanha e terminar as conversas para quebrar resistências internas.

Por falar em resistências internas…

O desejo de parte dos socialistas, em especial, os ligados ao governador de São Paulo, Márcio França, é que Barbosa seja candidato ao governo do Rio de Janeiro. Porém, se o jurista demonstrar um bom desempenho nas pesquisas, ninguém vai tirá-lo mais da corrida presidencial. Vale lembrar que chegava a dois dígitos quando não era filiado a partido político. A tendência agora, avaliam alguns, é ampliar.

No embalo do Datafolha

A depender dos números que apresentar nas pesquisas que sairão neste fim de semana, o PSB vai começar as conversas sobre alianças presidenciais em torno de Joaquim Barbosa na cabeça de chapa. No partido, reina, desde Eduardo Campos, o ditado popular: quem chega primeiro bebe água limpa.

E o Doria, hein?/ Agora que virou réu na ação popular que pede a suspensão da PPP para troca da iluminação pública de São Paulo, o ex-prefeito João Doria (foto) abriu um flanco aos adversários. Essa PPP é a mesma que provocou a demissão de Denise Abreu por suspeita de recebimento de propina. Denise saiu, mas os pagamentos foram mantidos.

Eles têm medo/ Aliados de Jair Bolsonaro (PSL) temem que ele seja este ano o que Ciro Gomes foi em 2002. Ciro ganhou uma onda positiva e perdeu força quando fez um comentário machista a respeito da mulher, Patrícia Pillar. Agora, Bolsonaro está denunciado por racismo.

Por falar em Ciro…/ De olho nos movimentos do PT, que já vê com simpatia até o nome de Joaquim Barbosa, o juiz do mensalão, eis que surge um pedido de Ciro Gomes (PDT) para visitar Lula. O pedetista achava que os votos do ex-presidente iriam para o seu colo sem muito esforço. Agora, percebe que não será assim tão fácil. Por isso, quer cortejar o líder, coisa que Joaquim não fará.

Discretíssima/ A presidente da República em exercício, Cármen Lúcia, manteve a tradição de não despachar na mesa de trabalho presidencial.