Governo convalesce, Cunha enfraquece
O governo da presidente Dilma Rousseff obteve vitórias importantes na semana passada com a manutenção dos vetos ao Orçamento. Conseguiu evitar aumento de despesas da ordem de R$ 60 bilhões e ainda. com muito esforço, aprovou a redução da meta fiscal na Comissão Mista de Orçamento. Enquanto isso, quem se enfraqueceu __ mais por causa dos movimentos errados que fez do que propriamente por uma ação da oposição ou do governo __ foi o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Essa semana, ele continuará sob fogo cruzado.
Cunha, o dilema
O presidente da Câmara cometeu seu maior erro na semana passada, ao deixar correr a manobra no Conselho de Ética e no plenário da Câmara, quando permitiu que o deputado Felipe Bournier assumisse a presidência da sessão de quinta-feira e mandasse suspender a reunião do Conselho de Ética. Cunha conseguiu o que queria: evitar a votação do parecer de Fausto Pinato no Conselho. Mas pagou um preço que, se brincar, talvez lhe custe o cargo. A oposição deixou o plenário em protesto. A suave deputada Mara Gabrilli quase o leva Cunha a nocaute naquela sessão ao dizer que ele se levantasse da cadeira, porque não tem mais condições de presidir a Casa. Até os aliados do presidente da Câmara não escondiam o desconforto, se perguntando quem tinha sido o gênio atrás da ideia de suspender a sessão do conselho com uma canetada proveniente da Mesa Diretora da Câmara, onde todos sabem que Cunha manda.
A reação do PSDB, do PSol, do PPS, do DEM indica que, se Cunha espera contar com ajuda para escapar da cassação ou protelar o processo, terá que recorrer aos aliados do governo. E se ele tirar o impeachment de Dilma da gaveta, perde esses governistas no mesmo dia. Fiicaria sem governo e sem oposição. Portanto, a tendência é mesmo jogar tudo para 2016 e ver o que ele consegue segurar em termos de votos.
Há quem diga que ele ainda balança entre esse cenário e a apresentação do pedido de impeachment na segunda semana de dezembro. Assim, deixaria esse tema dominando o noticiário político durante o recesso parlamentar, enquanto tentaria se recompor com a oposição a fim de buscar uma conta de chegada para preservar o mandato. Ocorre que a oposição não está mais tão interessada assim em acordo com Cunha e nem no impeachment. Não quer ver Lula solto no papel de oposicionista, com Dilma a tiracolo posando de vítima. Há quem prefira que eles fiquem no governo, “tentando organizar a bagunça que fizeram na economia”.
Economia, o motor das votações
A situação econômica não tem dado trégua ao governo. Queda no emprego, inflação de dois dígitos e um Natal magro são as perspectivas. Nesse quadro, as vitórias em relação aos vetos não podem ser atribuídas ao “charme político” da presidente Dilma ou tampouco a seus ministros. A oposição é que não quis dar ao governo o discurso de que joga no quanto pior melhor. Afinal, quem já foi governo e deseja retomar o poder não pretende agravar ainda mais o caixa governamental com aumento de despesas obrigatórias.
Dada a quantidade de votos que faltaram para derrubada do veto ao reajuste do Judiciário, por exemplo, o governo precisa ter cuidado. O recado do plenário está claro: O governo ainda não tem quorum para votar a CPMF, algo que a presidente Dilma pretende insistir no ano que vem. A base carece de cuidados.
O veto derrubado, o do voto impresso, sairá caro. A Justiça Eleitoral calcula mais de R$ 1 bilhão, dinheiro que não está disponível.
E mais votações pela frente
“Interessados em concluir logo as votações e partir para o recesso, os líderes do governo fixaram três projetos prioritários na agenda dessas próximas quatro semanas de funcionamento do Congresso, colocando na geladeira qualquer movimento que possa deixar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, sob uma tensão ainda maior. “Conselho de Ética não é tema de governo. A minha missão é garantir a agenda econômica e isso nós estamos fazendo”, diz o líder da presidente Dilma Rousseff na Câmara, José Guimarães (PT-CE).
Os três projetos pinçados na extensa pauta de votações da Casa são a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), o PLN 05, que altera a meta fiscal, e a Desvinculação de Receitas da União (DRU). A LDO é fundamental inclusive para ajudar o presidente da Câmara a ganhar tempo para votação do processo contra ele no Conselho de Ética. Isso porque a LDO é a única lei que, se não for aprovada, prorroga automaticamente os trabalhos do Poder Legislativo e, assim, não há suspensão dos prazos”.(reportagem desta segunda-feira, no Correio Braziliense)
A lama se espalha assim como a microcefalia
Paralelamente as mazelas da economia, o governo vive nesse final de ano dois problemas gravíssimos: o desastre ambiental decorrente do rompimento das barragens da Samarco, em Minas Gerais, e os casos de Microcefalia no Nordeste indicam falta de planejamento e descaso com ações de prevenção. O Brasil terá uma legião de bebês vítimas de microcefalia no futuro próximo porque não combateu o mosquito da dengue. Ficou com um rio Doce amargo, estragado, porque a mineradora não cuidou da segurança das barragens e ninguém cobrou.
E o mundo continua com medo
Por todas as principais cidades do mundo cresce o receio de ataques terroristas, aviões desviados de suas rotas, todos os continentes em alerta.
E na Argentina…
Lá se vão 12 anos de kirchnerismo com a vitória de Maurício Macri. Trabalho não falta. O novo presidente encontrará uma situação de recessão, aumento da pobreza e desemprego. Qualquer semelhança com um dos vizinhos é mera coincidência.