Coluna Brasília-DF / Por Denise Rothenburg
Ministério Público e juízes que se preparem. Parlamentares que foram alvo de condenações e pedidos de abertura de inquérito e indiciamentos ao longo do processo eleitoral voltaram do pleito dispostos a trabalhar para aprovação do projeto de abuso de autoridade ainda este ano. “Eu pedi ao Rodrigo (Maia) que coloque o assunto em pauta”, disse à coluna o deputado Alberto Fraga (DEM-DF).
Fraga sabe do que está falando. A menos de duas semanas do primeiro turno, a Justiça do Distrito Federal condenou o então candidato a governador a quatro anos de prisão em regime semiaberto por prática de crime de concussão — exigência de vantagem indevida em razão do cargo.
De acordo com o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), ele exigiu e recebeu R$ 350 mil em propina para assinar contratos entre o GDF e uma cooperativa de micro-ônibus em 2008, quando era secretário de Transportes do governo Arruda. Tucanos, petistas e emedebistas também se viram às voltas com processos no período eleitoral. Se eles se juntarem, aprovam fácil.
DEM, o primeiro a chegar
Antes mesmo de o eleitor ir às urnas escolher o próximo presidente da República, o DEM já aportou com mala e cuia na porta de Jair Bolsonaro, oferecendo a chamada governabilidade em troca da sobrevivência. Em 1993, quando comprou a candidatura de Fernando Henrique Cardoso como quem adquire um apartamento “na planta”, o então PFL ofereceu os votos para aprovar o Plano Real. Agora, sem tantos votos assim, oferece o verniz de um presidente da Câmara afeito ao diálogo, Rodrigo Maia.
Melhor pegar
Bolsonaro já foi avisado de que, diante do climão entre o candidato e os ministros do Supremo Tribunal Federal depois das declarações de Eduardo Bolsonaro, o melhor é o PSL apoiar Rodrigo Maia para presidente da Câmara e não criar marola nestes primeiros dois anos. Assim, ganha algum lastro maior no Parlamento enquanto busca fazer pontes com o Judiciário.
Questão de tempo
A nova pesquisa Ibope na cidade de São Paulo, onde Fernando Haddad apareceu com 51% e Jair Bolsonaro, com 49%, deixou os aliados do petista com a impressão de que, se houvesse mais tempo de campanha, seria possível repetir a dose no interior, onde Bolsonaro lidera com folga.
Questão de engajamento
Bolsonaro sentiu o peso da capital paulista. Por isso, cobrou via redes sociais que os deputados do PSL trabalhem por ele, e não por Márcio França ou João Doria. E ainda lembrou que a maioria deles não se elegeria sozinho e só conseguiu o mandato graças ao capitão.
Enquanto isso, na Lapa…/ A grande presença de artistas no “Ato da Virada” promovido pela campanha de Fernando Haddad terminou por reunir mais gente do que o próprio PT esperava. Quem esteve no ato paulistano assegurou que a mobilização no Rio foi muito maior. Ali, a escritora Elisa Lucinda pediu aos presentes que fossem votar no domingo carregando um livro.
… Haddad virou candidato/ Quem acompanha diariamente os discursos do Fernando Haddad saiu com a certeza de que, ali, ele vestiu a camisa de candidato a presidente da República. A mudança se deu depois do discurso de Bolsonaro no domingo, em que o candidato do PSL disse que Haddad seria preso ou exilado.
O contraponto/ O ponto alto do discurso do petista na Lapa foi dizer que, se vencer, não quer ver Bolsonaro “preso, nem exilado”. “Quero que ele viva com saúde para ver o jovem negro na universidade, para ver as mulheres emancipadas, donas de seus destinos, os índios com terras demarcadas, os nordestinos progredindo com água, comida, trabalho e educação. Ele não aprendeu nada em 30 anos, quero que viva pelo menos mais 30 para aprender.!”
A volta de Barbieri/ Derrotado para o Senado em São Paulo, Marcelo Barbieri (foto) foi nomeado assessor especial no Planalto. Ele já está escalado para trabalhar na transição para o futuro governo, a partir de segunda-feira.