E o pragmatismo impera

Publicado em coluna Brasília-DF

Brasília-DF
por Denise Rothenburg » deniserothenburg.df@dabr.com.br

A contar pelo que dizem os líderes partidários da oposição, o MDB terá dificuldades em se livrar do papel de responsável pelo governo Michel Temer ao longo da campanha eleitoral. É que, em todos os ensaios pré-eleitorais, os adversários do governo avisam que a proximidade de alguns com o Planalto será explorada. Em Pernambuco, por exemplo, o PSB já tem tudo engatilhado para mostrar que o MDB, o DEM e o PTB apoiaram o governo Temer.

O presidente Michel Temer sabe que será assim e tem plena certeza de que as denúncias serão exploradas. Ele tem dito a amigos que nunca passou por tantos dissabores em sua carreira política. “Trabalhei a minha vida inteira, não mereço isso”, diz, em desabafo com amigos em relação às denúncias envolvendo seus familiares. Ninguém, entretanto, teve coragem de dizer diretamente a ele que negocie um cargo de embaixador para tentar ter algum sossego quando deixar a Presidência da República. Esse tema será tratado mais à frente, quando chegar a hora. Se tem algo que o MDB não perdeu foi o pragmatismo.

A inclinação é pró-Ciro

Os socialistas que assistiram a entrevista do líder do PSB na Câmara, Tadeu Alencar, ao programa CB.Poder ontem não tiveram dúvidas de que a inclinação do partido hoje é Ciro Gomes, do PDT. Ciro já foi do PSB e não abandonou os governos estaduais do PSB. A Rede, de Marina Silva, largou tanto Rodrigo Rollemberg, no DF, quanto Paulo Câmara, em Pernambuco. E o PT, bem, se acha o caudatário da centro-esquerda e quer que o PSB assine um cheque em branco, uma vez que Lula terá dificuldades em ser candidato. Logo, Ciro está com mais força.

O vice de Doria

O líder do DEM na Câmara, Rodrigo Garcia, era saudado ontem na Câmara como o candidato a vice-governador na chapa de João Doria ao governo de São Paulo. Ex-secretário do governo Geraldo Alckmin, Garcia jogará para levar seu partido a uma aliança com o PSDB.

Sensações

A amigos, Geraldo Alckmin tem dito que sentiu uma certa frieza do prefeito ACM Neto durante a recente visita a Salvador. Há quem diga que ACM Neto jogará contra a aliança com os tucanos, para livrar o partido da pecha de apêndice do PSDB.

A bandeira que resta

Quem acompanha o dia a dia da economia acredita que a situação vai ficar no mesmo patamar de hoje até o fim do ano, ou seja, sem o espetáculo do crescimento, mas sem uma derrocada geral. Isso porque a inflação está baixa. Aliás, a inflação baixa é vista hoje como o grande feito do governo de Michel Temer.

Enquanto isso, na Câmara…/ Os petistas aproveitaram a sessão de ontem, com votações na Câmara, para puxar um debate sobre as reclamações do advogado Rodrigo Tacla Duran em relação à existência de uma indústria das delações premiadas. Silêncio sepulcral nos outros partidos.

Olho vivo/ O senador Ivo Cassol quer levar o projeto antitabagista de José Serra para discussão na Comissão de Agricultura. O pedido é visto como uma manobra a fim de adiar indefinidamente a votação. Os tucanos estão de olho.

Recesso ameaçado/ Com os parlamentares hoje mais ligados na eleição do que na Copa e no dia a dia da Câmara, o governo não conseguiu mobilizar a base para votar o relatório preliminar da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), a única que impede o recesso parlamentar. Isso, porém, não será empecilho para os congressistas. Eles ficam no recesso branco sem o menor constrangimento.

Aeroporto, por favor/ O presidente do Senado, Eunício Oliveira (foto), marcou a sessão extraordinária de ontem para as 13h. Todas as vezes que ele faz isso, os senadores já sabem. É a senha para avisar que o expediente terminará mais cedo.