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Aliados do deputado afastado Eduardo Cunha confidenciaram à coluna uma certa decepção por parte dos peemedebistas com o depoimento dele ao Conselho de Ética da Câmara. Embora tenha saído feliz com o próprio desempenho, Cunha ficou meio amuado ao perceber a redução dos apoiadores. Em março de 2015, quando Cunha foi à CPI da Petrobras se defender das primeiras acusações, a sessão foi praticamente uma ode à sua capacidade de trabalho. Ontem, entretanto, a maioria daqueles que lhe teceram elogios sumiu.
Em tempo: a ausência de André Moura ontem no Conselho de Ética incomodou o inquilino da Residência Oficial da Presidência da Câmara. Hoje, ele é tido muito mais como um deputado ligado ao ministro Geddel Vieira Lima do que ao próprio Eduardo Cunha. E Geddel nunca foi do grupo do presidente afastado da Câmara. A dúvida é como Cunha vai reagir daqui para a frente, diante do que considera um abandono. Vejamos os próximos passos.
Sossega, André!
O líder do governo na Câmara vai receber uma chamada dos chefes palacianos. Os ministros de Temer não querem que ele fique trocando farpas com o presidente do Senado, Renan Calheiros. Afinal, é lá que tramita o processo de impeachment de Dilma Rousseff. E a hora é de não brigar com senador, ainda mais sendo o comandante da Casa.
A cratera é maior
Na reunião com as mulheres, o presidente em exercício, Michel Temer, mencionou que o buraco nas contas públicas é superior a R$ 200 bilhões.
Juntos, mas separados
O PSDB apoiará o governo Michel Temer, tem ministros trabalhando, mas deseja marcar diferenças. Essa batalha começa na semana que vem.
É a Vale mesmo!
Que Jequitinhonha, que nada. O que a bancada do PMDB de Minas Gerais cobra do governo é a troca do presidente da Vale do Rio Doce, empresa que tem 49,8% de participação da União e controle da Bradespar, capitaneada pelo Bradesco.
“Calma. Incluindo a posse, temos seis dias úteis de governo”
Geddel Vieira Lima, quando perguntado sobre as dificuldades da gestão Michel Temer
Curtida
Parente resolvedor/ Se o ministro do Planejamento, Romero Jucá (foto), é conhecido pelo apelido de “relator-geral da União”, Pedro Parente ganhou fama como resolvedor-geral. Ontem, no Planalto, dizia-se que só quem resolveu o apagão dará um jeito na Petrobras.
Pedida do Maranhão/ Não, não é o presidente em exercício da Câmara, Waldir Maranhão. É a parte da bancada do Maranhão que votou pelo impeachment e ontem estava no Planalto pedindo os cargos estaduais da administração federal e, de quebra, algum espaço na Sudene e na Codevasf.
Meia folga/ Geddel Vieira Lima saiu às pressas do Planalto direto para Salvador. Aniversário da filha: “Se eu não for, ela me exonera”.
Enquanto isso, na Câmara…/ Eduardo Cunha saía da ala das comissões ontem quando, de repente, um manifestante grita: “Ladrão!” Cunha para, pensa um segundo e responde: “Fala, petista”.
Duas semanas antes de Michel Temer assumir, seus auxiliares mais diretos informavam que ele tentaria buscar unir o que houve de bom na administração petista, a maioria dos programas sociais, com aquilo que havia de melhor na gestão de Fernando Henrique Cardoso, a responsabilidade fiscal, o zelo pelas contas públicas, justamente para não comprometer os programas sociais que, nos tempos tucanos eram tocados de forma mais tímida.
Agora, a equipe que o presidente em exercício montou junto com Henrique Meirelles para o Ministério da Fazenda e a chegada de Ilan Goldfajn ao Banco Central, na verdade, um retorno, indicam que Michel Temer está nesse caminho. Goldfajn fez a transição entre o governo FHC e o de Lula. Trabalhou por um período com Meirelles. Meirelles integrou o governo Lula, saindo do PSDB e desistindo de um mandato de deputado federal para isso. Eis que nesse momento, Meirelles trabalha como a ponte para o que houve de bom nos dois governos.
Não será por falta de competência na área econômica ou parceria entre o ministro da Fazenda e o presidente do Banco Central que o Brasil correrá riscos. O problema é que a situação está tão grave, que talvez os resultados demorem além do previsto. Falta agora resolver a parte política, em especial na Câmara dos Deputados. Mas essa é outra história.
O resultado da votação pelo prosseguimento do processo de impeachment — 55 a 22 favorável ao afastamento da presidente Dilma –, deixou o vice presidente Michel Temer com a vantagem na largada do julgamento da presidente. Era tudo o que os aliados do vice queriam, uma vez que sinaliza a dificuldade do PT no colegiado que agora cuidará do julgamento, sob o comando dompresidentecdomSupremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski.
Para o PT, o resultado traz desesperança. O partido não conseguiu atingir sequer 28 votos que esperava obter para garantir um fôlego maior, não dando a Michel os 54 votos necessários ao afastamento definitivo.
Ocorre que esse placar, ao mesmo tempo, não deixa Michel deitado em berço esplêndido. Isso porque, se dois senadores que votaram pela abertura do processo mudarem o voto, Dilma retorna.
No entanto, não será fácil para o governo tirar votos desses 55. Para mudar o placar, só se Michel Temer tiver um desempenho pífio nos próximos meses, algo que seus aliados não acreditam. Michel Temer é considerado um conciliador, tem uma vasta experiência política e está cercado de auxiliares com esse perfil,de diálogo com o Parlamento. Michel só perderá se errar demais. A bola e os pontos de vantagem estão com ele.
O futuro presidente em exercício, Michel Temer, pediu aos deputados que compareçam ao Planalto amanhã à tarde para o discurso de posse, 15h. A ordem é demonstrar apoio político. Afinal, ele vai precisar. Temer não pretende detalhar medidas econômicas nessa primeira fala. Apresentará apenas o receituário geral e aproveitará a presença da base aliada para mostrar força política em prol da recuperação econômica.
O Partido Progressista joga nesse momento para tentar garantir sua permanência no comando da Casa, sem necessariamente cassar Eduardo Cunha, o presidente afastado. E como fazer isso? Uma comissão do partido vai pedir a Waldir Maranhão que ele renuncie ao cargo para preservar o mandato. Com a renúncia de Maranhão, o PP indicaria outro nome — há dois na roda, Aguinaldo Ribeiro e Esperidião Amin. Falta combinar com o próprio Maranhão e com o restante da Câmara.
Esse nome seria submetido ao plenário. Aprovado, ficaria no comando da Câmara pelo período que falta para a conclusão do mandato da atual Mesa Diretora. Vejamos as próximas horas.
A decisão de Maranhão não durou 24 horas. O presidente do Senado, Renan Calheiros,deu prosseguimento à análise da abertura do processo de impeachment. Ao anunciar sua posição, classificou a decisão de anular a votação do impeachment na Câmara de “intempestiva, extemporânea e, ainda, brincadeira com a democracia”.
Renan, entretanto, estava uma fúria agora há pouco, porque a Comissão de Constituição e Justiça deixou a votação sobre o mandato de Delcídio Amaral para quinta-feira. Assim, Amaral poderá votar o processo de impeachment de Dilma Rousseff.
Para não permitir que um senador sob processo de cassação vote o impeachment, Romero Jucá sugeriu ao presidente da Casa que leve o caso direto para o plenário amanhã. É o Senado dando mais um recado: Que não irá procrastinar um pedido de cassação, como faz a Câmara em relação a Eduardo Cunha.
Diante da anulação da votação do impeachment pelo presidente em exercício da Câmara, Waldir Maranhão, para uma nova votação do pedido no plenário da Casa em cinco sessões, a presidente Dilma Rousseff pode ganhar tempo. O assunto agora, provavelmente, voltará ao Supremo Tribunal Federal (STF), com um pedido da oposição para rever a decisão de Maranhão. O pleno da Suprema Corte tem sessão marcada para quarta-feira, mas nada impede que faça uma sessão de emergência para avaliar esse caso.Mas, ainda assim, Dilma pode ganhar tempo. Maranhão pediu ao Senado que lhe devolva o pedido de impeachment para nova apreciação. Portanto, o presidente do Senado, Renan Calheiros, não poderá ler o pedido em plenário. Sem a leitura, não começa a contar o prazo de duas sessões, ou 48 horas, para votação na quarta-feira, ou seja, fatalmente sofrerá atrasos. Talvez, até o início da noite, tenhamos uma luz. Daqui a pouco, os líderes partidários farão uma reunião de emergência para avaliar a decisão de Maranhão. Para quem imaginava o mar da política agitado por causa da votação do impeachment no Senado, o que temos agora é um ciclone na política tropical.
A liminar que determina o afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, não só do cargo, mas do mandato, é vista como uma faca de dois gumes para o vice-presidente Michel Temer. Ao mesmo tempo em que representa uma folga nas pressões que Eduardo Cunha tem feito para nomeações no governo, gera insegurança quanto às votações de temas importantes para o futuro presidente quanto ao prazo para apreciação desses projetos.
Temer queria chegar apresentando proposta para votação ainda no mês de maio. A depender dos desdobramentos envolvendo Eduardo Cunha, o plenário pode entrar num período de paralisia, até que haja um desfecho final do comando da Casa, ou seja, a escolha de um novo presidente.
A ascensão do primeiro vice-presidente, Waldir Maranhão, ao comando da Câmara não é vista com bons olhos por nenhuma das forças. Nem os temeristas, nem os dilmistas, tampouco a oposição de um modo geral. Maranhão só chegou ao cargo por causa dos acordos fechados por Cunha para a eleição de presidente da Casa no ano passado, quando o PT, ao lançar candidato, terminou fora da Mesa Diretora. Diante dessa realidade, e na hipótese de o Supremo Tribunal Federal confirmar o afastamento de Eduardo Cunha, a Câmara buscará eleger um novo presidente.
Uma eleição tensa
Essa etapa eleitoral, entretanto, não se mostrará pacífica. São vários os partidos que desejam o cargo, em especial, o PMDB e o PSDB. Os tucanos chegaram a cogitar essa vaga quando das primeiras conversas com Michel Temer. O PMDB da Câmara estrilou. A bancada peemedebista na Casa está se sentindo preterida na formação do Ministério e, para compensar isso, lutará como uma leoa para garantir o espaço de comando no Parlamento, se vier uma decisão do STF que confirme a liminar pelo afastamento de Cunha. Certamente, não haverá tranqüilidade para votação de pacotes econômicos.
Outros problemas
Um receio dos aliados de Michel Temer é que Eduardo Cunha tente boicotar o novo governo, caso se sinta acuado demais. Por enquanto, o deputado está apenas buscando espaços. Deseja indicar um técnico para a Receita Federal, e também quer alguém da sua estrita confiança para líder do governo na Câmara. Diante das circunstâncias, não conseguirá nem um nem outro. Esse é o alívio para Michel. E, por enquanto, o único.
Uma febre levou o ministro da AGU, José Eduardo Cardozo, ao posto médico da Presidência da República esta tarde. Diante da epidemia de H1N1, todo o cuidado é pouco.
A entrevista da força-tarefa responsável pela operação Lava Jato afundou ainda mais o PT ao apresentar novas denúncias contra João Vaccari Neto e os marqueteiros João Santana e Mônica Moura. Mas não ficou só aí. As declarações do procurador Deltan Dallagnol, que intercalaram a apresentação dos dados das acusações que pesam contra JOão Santana, Mônica e Vaccari Neto, representam um recado claro ao PMDB e seus aliados. “Mudança de governo não é caminho andado contra a corrupção”, afirmou Dallagnol. Ele reforçou ainda que “se não aproveitarmos esse momento, talvez passemos o resto das nossas vidas reclamando que o Brasil é um país corrupto”.
Dallagnol lembrou ainda que atualmente tanto as “pessoas vinculadas a partidos que querem o impeachment, quanto aquelas que não querem alegam perseguição política”. Para bons entendedores, o recado está dado: a Lava Jato permanecerá como um grande imponderável sobre o governo, seja Dilma, seja Temer. O contribuinte agradece.