Em terra de cego…

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As classes empresarial e política passaram as últimas 48 horas com um olho nos detalhes das delações de Joesley Batista e executivos da JBS e o outro no espectro político, em busca de um nome para assumir o país, caso o presidente Michel Temer venha a deixar o cargo. Não encontraram. Todos os nomes pensados até agora trazem alguns senões e ninguém quer apostar num presidente que, eleito indiretamente, apresente problemas logo ali na frente.

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Enquanto esse cenário não estiver claro na cabeça dos políticos e dos empresários, Temer resistirá. Isso porque, somadas as delações da Odebrecht, da JBS e de quem mais recorreu a esse recurso até agora, não resta muita gente fora do cesto do caixa dois que imperou em todas as campanhas. Diante disso, não são poucos os que consideram que o presidente ainda tem condições de reaglutinar a base aliada, apesar dos protestos de rua, das delações e das pressões pelo afastamento. O fim de semana, aliás, será dedicado a esse trabalho. Falta, entretanto, combinar com as ruas, que, se continuarem num crescente, podem inviabilizar a estratégia do governo.
Pegou mal

A perícia da Polícia Federal até hoje não recebeu nenhum pedido de análise das gravações. Para os policiais, a situação é constrangedora, pois é um indício forte de que o presidente não confia no trabalho dos técnicos da Polícia Federal.

Pegou muito mal

Joesley Batista foi, até agora, o único delator que recebeu salvo-conduto para viver fora do país com os bolsos recheados de dinheiro captado na bolsa e no câmbio depois das denúncias que fez. Há quem atribua tantas benesses ao ex-procurador Marcelo Miller, próximo ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Miller largou a força-tarefa da Lava-Jato para se juntar ao escritório Trench, Rossi, Watanabe Advogados, que cuida da vida dos delatores da JBS.

Apoio à República I

A intervenção militar como solução para a crise política pode até povoar o imaginário de alguns brasileiros. Porém, não é o que os comandantes militares desejam. Em reunião ontem com o presidente Michel Temer, os comandantes da Força Naval, almirante Eduardo Bacellar; da Aeronáutica, brigadeiro Nivaldo Luiz Rossato; e do Exército, general Eduardo Villas Bôas, deixaram clara a intenção de que os desafios no país sejam superados seguindo a Constituição e a ordem institucional vigente. Aliás, a decisão do ministro da Defesa, Raul Jungmann, em permanecer no cargo, foi, inclusive, um pedido dos militares.

Apoio à República II

Os comandantes, no entanto, fizeram questão de expôr a Temer as preocupações com a crise e procuraram tirar a limpo a avaliação do presidente sobre a real situação do quadro político. Ouviram que o governo resistirá.
CURTIDAS

Vale tudo I/ “Joesley Safadão”, como o empresário Joesley Batista vem sendo chamado nas redes sociais, era comparado nas rodas de políticos ao personagem de Reginaldo Faria na novela Vale Tudo, que fez sucesso no final dos 1980.

Vale tudo II // Marco Aurélio, vice-presidente do grupo Almeida Roitman, fazia de tudo para se dar bem. Ele ficou famoso no último capítulo da novela, fugindo do país com uma mala cheia de dinheiro e dando uma banana para os brasileiros. Mais ou menos como Joesley fez com aval do Poder Judiciário e do Ministério Público.
Enquanto isso, em Minas Gerais…/ Quem conhece a política mineira recomenda anotar esse nome: Rodrigo Pacheco (foto), do PMDB, presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. É novo no pedaço e bom de voto. Diante do vácuo político que toma conta do estado e da derrocada do PSDB do senador afastado, Aécio Neves, há quem coloque Pacheco como um potencial candidato a governador em 2018.

Por falar em novos…/ Nunca antes na história desse país a turma nova na política chegará a um ano eleitoral com tantas chances de galgar postos mais altos.

Fracassa acordo de leniência da J&F

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Procuradores e executivos da J&F não conseguiram chegar a um consenso sobre o valor da multa a ser paga dentro do acordo de leniência da J&F, à qual pertence a JBS. O maximo que o grupo queria pagar era R$ 1,4 bilhão e o MPF pretendia cobrar R$ 11 bilhões.  O prazo se encerrou as 23h59 dessa sexta-feira. Advogados que trabalham no processo estudavam  ontem pedir a reabertura do prazo e retomar as negociações.

Vai sobrar para o Loures

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Da mesma forma que as denúncias envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobravam sempre para os auxiliares dele, a acusação que Joesley Batista faz ao presidente Michel Temer terminará no colo do deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR). Até aqui, todas as conversas reservadas no Planalto indicam que se Loures fez algo errado deve responder e que o presidente não teve qualquer participação. E a aposta geral é de que, do jeito que Rocha Loures é ligado a Temer, é bem capaz de aceitar ser rifado em nome do projeto de governo do partido. Falta combinar com Rocha Loures, que ainda não disse se aceitará ficar com o desgaste. O momento de incertezas sobre o futuro do mandato de Michel Temer não passou.
TSE, a próxima fronteira
Diante das denúncias de Joesley Batista, ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que planejavam votar pela separação da chapa Dilma-Temer por causa da conjuntura econômica do país começam a rever essa avaliação. Afinal, se a economia voltar a piorar muito por causa da atual crise, há quem diga que o melhor será cassar a chapa.
Segura tucano
Com o pronunciamento incisivo do presidente Michel Temer ontem, o governo começou a trabalhar no sentido de segurar os ministros, em especial, os do PSDB. A avaliação do Planalto é que, se o presidente conseguir demonstrar alguma capacidade de comando na equipe — e, obviamente, mantiver a base aliada —, ainda haverá esperança de continuidade no cargo.
Segura partidos
O ministro da Indústria e do Comércio, Marcos Pereira (PRB), prometeu, inclusive, uma carta de apoio ao presidente. Quem está com dificuldades de atender ao pedido de permanência na equipe de Michel Temer é o ministro de Minas e Energia, Fernando Filho (PSB-PE). O presidente do PSB, Carlos Siqueira, conforme antecipou o blog no site do Correio Braziliense, deu ao pernambucano um ultimato
para deixar o governo.
Base em teste
Não é mais a reforma da Previdência, e sim a sobrevivência do presidente Michel Temer que servirá de teste para a fidelidade dos partidos da base aliada do governo.
A visão de cada um
Enquanto a oposição baterá o pé pela renúncia, os aliados consideram que o presidente tem, sim, um espaço de defesa. Isso porque, nos áudios, o presidente mais ouve do que fala e, na parte relativa ao que seria a concordância com a compra do silêncio, não está tão claro que seria isso, pelo menos, sob a ótica do Planalto.
O sucessor I/ Políticos passaram horas ontem citando nomes que poderiam substituir Michel Temer numa eleição indireta. O nome da hora é o do advogado Nelson Jobim (foto), ministro da Defesa no governo Lula, da Justiça de Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e relator da Constituição de 1988.
O sucessor II/ Amigos de Michel Temer diziam ontem à boca pequena que a boataria da renúncia foi criação do
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, “sonhando com mais um ano de presidência da República”.
O sucessor III/ O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, vem sendo tratado pelos deputados do DEM como “o especialista” em… Mandato tampão. Ele é o primeiro na linha de sucessão da Presidência da República.
Por falar em Rodrigo…/
O que mais incomodou os parlamentares foi o fato de o senador Aécio Neves diminuir alguns aliados na conversa com Joesley, em especial, os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Eunício Oliveira. Soou um sentimento de superioridade do próprio Aécio em relação aos dois. Pegou mal.

Pressão no PSB

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O presidente do partido Socialista Brasileiro, Carlos Siqueira, afirmou ao blog que não resta saída ao presidente Michel Temer fora da renúncia. Siqueira defendeu ainda que o ministro de Minas e Energia, Fernando Filho, entregue o cargo ainda hoje. “Alguém de destaque no nosso partido não pode mais permanecer nesse governo que não tem mais condições de governar”, disse Siqueira, num movimento para colocar o partido de vez na oposição. A ideia é reunir a comissão executiva nacional do PSB ainda no fim do semana para fechar uma posição oficial a respeito.

Temer muda agenda e prepara pronunciamento

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O presidente Michel Temer era nessa madrugada um  homem arrasado. Chegou a se emocionar a conversar com alguns colaboradores, ao dizer que jamais teve a intenção de proteger Eduardo Cunha. Porém, ele agora tem plena consciência da gravidade da situação e, ao contrário do que fazia a antecessora, Dilma Rousseff, não pretende mais se encastelar numa postura de quem não tem nada com isso. Aguardemos o pronunciamento. As notícias pululam. E não chegamos sequer ao final da manhã.

Temer, Dilma e Aécio

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Nos dias que antecederam o impeachment, a presidente Dilma Rousseff procurava trabalhar como se nada estivesse acontecendo, dando um ar de normalidade. É exatamente o que Michel Temer faz nesse momento, enquanto os aliados buscam saídas paaa crise e a Polícia Federal faz busca e apreensão na casa e nos gabinetes de Aécio Neves e de Zezé Perrela. É a Operação Patmos, a ilha grega onde São João teve a visão do apocalipse.

Edson Fachin pediu o afastamento de Aécio do mandato. A situação do mundo político tucano é delicada. Os senadores do PSDB têm reunião daqui a pouco para discutir o afastamento de Aécio da presidência do partido. O dia será longo.

 

 

Em 17 de março, quando a PF deflagrou a Operação Carne Fraca, com foco na JBS, o empresário Joesley Batista já havia gravado Michel Temer. O empresário considerou que a lupa sobre a sua empresa nào foi mera coincidência. Queriam sim tirá-

Sem saída

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Dia desses, um interlocutor perguntava à presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Carmem Lúcia, como ela estava lidando com as coisas. A resposta: “E eu nem posso lhe dizer que coisas”.

 

Agora, as “coisas” começam a surgir. Carmem Lucia é apontada como quem autorizou todas as investigações que hoje põem o governo em xeque. Ontem à noite, ninguém dava um vintém pelo governo de Michel Temer. O problema é saber quanto tempo o governo conseguirá fazer soar as trombetas da resistência.

 

O presidente Michel Temer é um homem que viverá os próximos dias envolto em aflições sem soluções fáceis. Na Câmara, a oposição prepara uma avalanche de pedidos de impeachment. No Ministério Público, um pedido de investigação por atos praticados no mandato. Se, por acaso, o presidente renunciasse hoje para escapar de tudo __ algo que ele não dá sinais de que fará __ iria para a jurisdição de Sérgio Moro Isso se o Supremo Tribunal Federal não considerar que ele e o deputado Rodrigo Rocha Loures devam ficar na mesma instância, ou seja, no STF.

 

Para quem não acompanhou o noticiário, Rocha Loures é acusado pelos donos da JBS de receber R$ 500 mil em uma mala. É um dos mais fiéis aliados de Michel Temer. Passou o início do governo Temer em um cargo de assessor especial no Planalto. Com a ida de Osmar Serraglio para o Ministério da Justiça, abriu-se a vaga para Rocha Loures assumir o mandato. O fato de Rocha Loures, suplente, ter assumido lhe garante agora o foro privilegiado para responder criminalmente no STF.

 

Tudo isso foi conversado nesta madrugada entre aliados do presidente Temer. Já há quem especule inclusive sobre a eleição de um presidente para cumprimento de um mandato tampão até dezembro de 2018.

 

O PT fez uma reunião há pouco e concluiu que o melhor para o momento é acelerar a Proposta de emenda constitucional que fala em eleição direta em caso de afastamento do presidente da República. Falta combinar com a base aliada de Michel Temer, um grupo que ainda não disse nem que sim nem que não. Vejamos os capítulos desta manhã daqui há pouco.

 

 

 

Oposição pede renúncia de Temer

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O deputado Silvio Costa (PTB_PE) acaba de pedir a renúncia do presidente Michel Temer. Na avaliação dele, o presidente “não tem mais condições de permanecer no cargo depois da divulgação das afirmações dos controladores da JBS, Joesley e Wesley Batista”. “Impeachment serão quatro meses. Ele precisa renunciar e convocar novas eleições”,defendeu o deputado.

O Jornal O Globo divulgou no início da noite em seu site que o presidente Michel Temer se reuniu com Joesley em março deste ano no Jaburu. O que Temer não sabia era que Joesley portava um gravador. Temer teria estimulado o empresário a continuar comprando o silêncio de Eduardo Cunha. “Tem que manter isso, viu?”

As afirmações não pararam por aí. O deputado Rodrigo Rocha Loures teria recebido uma mala de dinheiro. Aécio Neves teria pedido R$ 2 milhões. As afirmações e gravações feitas pelos do donos do frigoríficos fazem parte da tentativa de acordo de delação premiada por parte dos empresários. Eles são acusados de pagamento de propina a políticos e agora junta-se a essa denúncia o pagamento de mesada a Eduardo Cunha e ao doleiro Lúcio Funaro, ambos presos pela Lava Jato, para que eles permanecessem calados.

Na Câmara e no Senado as sessões terminaram mais cedo. A noite será longa.