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Bolsonaro restabelece laços com Guedes para tentar evitar impeachment
Coluna Brasília-DF
Depois de perder dois ministros populares, Jair Bolsonaro começa a semana restabelecendo o poder de comando do ministro da Economia, Paulo Guedes, como era no início do governo. Esse movimento vai muito além da tentativa óbvia de estancar a sangria de apoiadores entre empresários e mercado financeiro.
Ao manter o apoio desses setores, o presidente quer amortecer os movimentos contrários de congressistas e, por tabela, dificultar a instalação de uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as denúncias do ex-ministro da Justiça Sergio Moro.
Aliados do presidente estão convencidos de que, se mantiver a economia no caminho prometido na campanha, ou seja, com ajuste fiscal e sem gastar a rodo mais à frente, quando a pandemia passar, Bolsonaro manterá o mercado e o setor empresarial ao seu lado e evitará a perspectiva de qualquer pedido de impeachment.
Até aqui, os dois presidentes que perderam o cargo em processos desse tipo, Fernando Collor de Mello e Dilma Rousseff, estavam com a economia em frangalhos. Se Guedes continuar como o fiador de dias melhores no pós-pandemia, pelo menos até as eleições de 2022, acreditam os bolsonaristas que qualquer ação mais contundente contra Bolsonaro permanecerá na gaveta.
O pacificador
Quem comandou a operação que terminou recolocando Guedes no lugar de destaque foi o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que, já na sexta-feira, detectou um cenário preocupante de elevação do Risco Brasil e fuga de investidores. Em conversa com Guedes e Tereza Cristina (Agricultura), marcou o café com o presidente para que, juntos, alertassem para a necessidade de reforço político à equipe econômica.
Os cacifados
Além de Guedes, Tereza e Campos Neto, está nesse rol o ministro de Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, também visto como um craque fundamental para levar adiante a agenda de concessões.
Um pelo outro
Ao colocar o advogado-geral da União, André Mendonça, no Ministério da Justiça, Bolsonaro espera arrefecer o clima contra Alexandre Ramagem na Polícia Federal.
O problema da PF
O novo diretor-geral da PF terá que arrumar um meio de preencher as 4.500 vagas existentes no efetivo da comporação. No total, são 15 mil policiais federais em todo o país e só há 10,5 mil na ativa.
Lombardia…
O prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior, está numa sinuca de bico. É que a semana começou com os vereadores aprovando leis de volta ao trabalho, sem a menor base científica em plena pandemia. Tudo começou quando os evangélicos apresentaram um projeto de lei para reabertura dos templos. E, aí, começou o toma lá dá cá.
…ou Nova York é aqui?
Com o projeto, defensores de outros segmentos pediram aos cristãos que apoiassem suas emendas para liberação de construção civil, bares, restaurantes, lancherias (como os gaúchos chamam as lanchonetes) e por aí foi, cada um defendendo o seu nicho. “Um absurdo. Não vi isso em nenhum lugar do mundo”, diz o prefeito, que até aqui mantém a situação sob controle graças ao isolamento.
Os amigos/ Sergio Moro e Paulo Guedes se aproximaram tanto no governo que era comum encontrá-los no restaurante Avenida Paulista, nas noites candangas, para tomar um vinho depois do longo expediente.
A máscara e o sapato/ O sapato que o ministro da Economia usava era um modelo de uFrog, calçado de neoprene com solado antiderrapante desenvolvido no Brasil por Meg Gonzaga, irmã do ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral Admar Gonzaga. Já a máscara, dizem amigos do ministro, proteção por causa do vírus e, de quebra, esconder sua insatisfação com a situação.
“Sou a favor de que se investigue e confio no nosso presidente. Se Bolsonaro aprontar, fizer coisas graves, não vou apoiar, mas está longe de aparecer alguma coisa contra Bolsonaro”
Deputada Bia Kicis (PSL-DF)
Troca de comando da PF não deve surtir o efeito esperado por Bolsonaro
Os policiais federais votaram em massa em Jair Bolsonaro, em 2018, e vibraram com a escolha de Sergio Moro para o Ministério da Justiça, confiantes na autonomia para investigações e para o combate à corrupção e a desmandos de maneira geral.
Porém, desde as primeiras tentativas de influir politicamente no trabalho da PF com as investidas para a troca do diretor-geral, o encanto foi se esvaindo. E agora, com a saída de Moro, nem mesmo Alexandre Ramagem, hoje diretor-geral da Abin, terá um cenário tranquilo para cumprir sua missão ali.
Os policiais ficaram felizes e gratos pela valorização que Moro fez do trabalho deles em sua despedida do Ministério da Justiça. O ex-juiz, que já convivia com muitos policiais nos tempos da parceria da Lava-Jato que levou empresários, presidentes de partido, doleiros e até o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a cadeia, hoje tem informações sobre os Bolsonaro e o coração da corporação.
Ramagem, ou mesmo outro diretor-geral, não poderá chegar trocando delegados de investigações em curso, como a das fake news e de organização das manifestações em favor do AI-5, por causa da decisão do ministro Alexandre Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que proibiu trocas nos delegados da PF envolvidos nesses inquéritos.
As trocas dos superintendentes também serão objeto de muita análise por parte da corporação, especialmente, no Rio de Janeiro, Pernambuco e São Paulo, onde há alvos dos bolsonaristas e, no caso do Rio, ainda uma preocupação com os desdobramentos de investigações que envolvem Flávio Bolsonaro.
Carlos, o que mais preocupa
Bolsonaro está preocupadíssimo com a perspectiva de Carlos Bolsonaro ser chamado a depor na CPMI das Fake News assim que o Congresso reabrir as sessões presenciais. É que o filho não consegue sequer ver seu nome citado nas redes sociais sem soltar palavrões. Imagine num plenário com 40 deputados, muitos da oposição.
Moro usou “arma secreta” e deixou pista para a oposição pegar Bolsonaro
Uma coisa não estava nos cálculos do presidente Jair Bolsonaro quando ele preparou seu pronunciamento em resposta a Sergio Moro, na sexta-feira (24/4). O ex-ministro da Justiça tinha uma “arma secreta”: mensagens trocadas pelo celular com o próprio presidente e a deputada Carla Zambelli (PSL-SP).
Moro exibiu na tevê as mensagens, nas quais Bolsonaro aparece afirmando que um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) que mira deputados bolsonaristas seria “motivo para a troca” do diretor-geral da Polícia Federal. Já Carla surge pedindo a Moro que aceite a troca e vá, em seguida, para o STF, indicado por Bolsonaro. Moro respondeu que não estava à venda. A exibição das mensagens assustou o governo e sua base.
A pista de Moro
Moro deu ainda uma dica preciosa que pode municiar a oposição. Ao citar o Rio de Janeiro e Pernambuco como os estados nos quais Bolsonaro queria trocar os superintendentes da PF, deixou uma pista que será seguida pelos adversários do presidente: no Rio, estão os filhos e, em Pernambuco, aliados como o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB), que responde a ação de improbidade.
Procurado pelo blog para comentar o assunto, Coelho negou qualquer tentativa de influência. “Jamais conversei com o presidente sobre a Polícia Federal”, disse.
Governo vai usar inquérito da PGR para frear CPIs e impeachment
Diante da crise política deflagrada com a saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça, o governo trabalhará para arrefecer as iniciativas de novas CPIs ou pedidos de impeachment com o seguinte raciocínio: antes de qualquer atitude no Parlamento, será preciso aguardar o resultado do inquérito pedido pelo procurador-geral da República Augusto Aras, que, certamente, será aceito pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Assim, aberto o inquérito, o próximo lance será a oitiva de Moro pela PGR e pelo STF. Até lá, a missão da base política será “tourear” os pedidos. A avaliação é a de que, enquanto estiverem restritos aos partidos de oposição, Bolsonaro tem uma boa janela para tentar se recuperar.
STF, a barricada
Assim como deu aos governadores e prefeitos a prerrogativa de decidir sobre o isolamento social para evitar que o presidente Jair Bolsonaro determinasse a volta ao trabalho sem embasamento técnico, a decisão do ministro Alexandre Moraes de manter os delegados nos inquéritos considerados sensíveis pelo Planalto também é visto como uma forma de evitar interferências sem base nessa seara. Até ontem, o Planalto não havia apresentado recurso contra a decisão do ministro.
Confiante em atrair novo eleitorado com o auxílio emergencial, Bolsonaro balança Moro e Guedes
Coluna Brasília-DF
Até aqui, as medições de popularidade em redes sociais feitas por bolsonaristas apontam que a saída de Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde não derrubou os índices presidenciais ao chão, como alguns mais pessimistas previam. A impressão dos aliados é a de que aqueles que abandonam o governo podem ser substituídos pelos agraciados com o auxílio emergencial de R$ 600, um contingente de 33 milhões de brasileiros. Não por acaso, o auxílio foi o tema da live desta semana. É aí que Bolsonaro joga suas fichas para tirar votos que até aqui eram atribuídos ao PT, inclusive no Nordeste.
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Em tempo: a certeza de que acertou na troca da saúde, no pagamento dos R$ 600 e, de quebra, no discurso de volta ao trabalho, é que leva o presidente a fazer, neste momento, as trocas que deseja há tempos. Daí a investida contra Maurício Valeixo, na Polícia Federal. Só tem um probleminha: quem fez a aproximação entre Moro e Bolsonaro foi o ministro da Economia, Paulo Guedes, que também anda cansado. Se perder os dois, aí, as apostas de Bolsonaro podem quebrar o seu caixa eleitoral.
Moral da história
Entre os delegados da Polícia Federal há uma lei: diretor-geral não interfere em investigação. Quem chega com a missão de barrar, ou interferir em investigações, tem um de dois destinos: ou é escanteado, ou, se ultrapassar certos limites, sai preso.
Um já foi
No governo do presidente Michel Temer, por exemplo, o delegado Fernando Segóvia, diretor da PF nomeado pelo Planalto, terminou acusado de interferir no inquérito que investigava o presidente por causa da mala que o ex-assessor palaciano Rodrigo Rocha Loures carregou pelas ruas de São Paulo. Ficou 99 dias no cargo e terminou fora.
Bolsonaro repete Temer
Aliás, delegados da PF que acompanharam de perto a troca de comando da instituição no governo do presidente Michel Temer estão com uma sensação de “déjà-vu”. Naquela época, Segóvia assumiu sem que o presidente ouvisse o então ministro da Justiça, Torquato Jardim. A indicação de Segóvia partiu justamente da ala do MDB investigada na Lava Jato e obteve aval de outros partidos que agora conversam com Bolsonaro.
Eles têm o que temer
Chegou aos ouvidos dos bolsonaristas que deputados suspeitos de organizar a manifestação em favor do AI-5 serão alvo de busca e apreensão da Polícia Federal. E há quem diga que essa turma foi chorar nos ouvidos presidenciais.
CURTIDAS
Menos três/ Quem está torcendo pelos resultados das investigações contra deputados bolsonaristas é o presidente do PSL, Luciano Bivar. Será a senha para expulsar aliados de Bolsonaro do partido.
Moro-Mandetta/ Já tem político sonhando com essa chapa para enfrentar o presidente Jair Bolsonaro, em 2022: Sérgio Moro e Luiz Henrique Mandetta. Justiça e Saúde caminhando juntas.
#ParabénsSarney I/ O ex-presidente Sarney recebeu uma ordem expressa dos médicos para esta sexta-feira, em que completa 90 anos: “Sem visitas e sem exceções”. Fica a dica para os amigos que desejam parabenizá-lo pelo aniversário. Melhor programar uma videochamada. Por causa da pandemia de Covid-19, Sarney está obedecendo à risca a hashtag #Fiqueemcasa. Ficam aqui os cumprimentos da coluna.
#ParabénsSarney II/ Com o cancelamento das festividades de seus 90 anos por causa da pandemia, o ex-presidente José Sarney será homenageado com uma live hoje, 11h, preparada por amigos. São mais de cem mensagens gravadas e transformadas num vídeo. É até pouco para quem sempre é procurado em busca de conselhos para momentos de crise como o que vivemos agora.
Se interferir na eleição da Câmara, Bolsonaro perderá aliados
Coluna Brasília-DF
O presidente Jair Bolsonaro recebeu de aliados o seguinte alerta: se interferir na eleição para o comando da Câmara, corre o risco de levar o governo a criar ainda mais inimizades dentro do Congresso, com ou sem a distribuição de cargos aos partidos. Se optar por Marcos Pereira, do Republicanos, o vice-presidente da Casa que deu abrigo partidário aos filhos de Bolsonaro, o capitão perderá o PP, de Arthur Lira. Se optar por Lira, decepcionará Pereira e parte da bancada evangélica.
Ou seja, não há a solução ganha-ganha. Assim, as chances de sucesso nessa operação de buscar um novo presidente da Casa são mínimas e deixam um campo aberto a ser ocupado por um candidato que o presidente não apoie.
O PAC de Bolsonaro
A coletiva em que ministros anunciavam o novo plano de investimentos Pró-Brasil deu uma sensação de “déjà-vu” em políticos experientes que acompanharam de perto o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O primeiro plano foi apresentado por Lula em 2007, ou seja, há 13 anos. Até nisso, há quem veja uma simbologia.
Lei do distanciamento I
Alguns presidentes de partido que estiveram recentemente com o presidente Jair Bolsonaro saíram desconfiados de que ele vai forçar a porta do distanciamento social, com a apresentação de um projeto de lei para tratar desse tema. Ainda que o Supremo Tribunal Federal (STF) tenha definido que os governadores é que decidem, há quem esteja disposto a testar esse limite, em caso de um projeto de lei.
Lei do distanciamento II
A ideia do presidente, entretanto, é considerada inócua, porque o Congresso pode perfeitamente dizer que as medidas serão adotadas conforme critérios a serem definidos em cada estado. Ou seja, deixará tudo como está.
Te cuida, Marcelo!
Se depender do ministro da Economia, Paulo Guedes, o presidente Jair Bolsonaro terá que atender aos seus novos aliados com os cargos que já existem. Dia desses, numa reunião do primeiro escalão, Guedes chegou a dizer na cara do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro, que, se dependesse da área econômica, o Ministério do Turismo não existiria. Álvaro se limitou a sorrir, para esconder o constrangimento.
“Não é hora de discutir política nem de partidarização da crise. O momento é de salvar vidas e o país”
Do líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM), que alertou o presidente sobre a situação de Manaus e, com o presidente do partido, Baleia Rossi, avisou a Bolsonaro que a sigla não quer saber de cargos no governo
Pai e filha/ Em tempos de pandemia, o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo aproveita para ministrar um curso de oratória para advogados e operadores do Direito. Ele fala do lado mais prático da profissão, enquanto sua filha, Mayra Martins Cardozo, advogada e professora de yoga, alerta para a necessidade de aprender a respirar, misturando as técnicas de yoga e meditação.
O terceiro elemento/ No curso do ex-ministro tem também a participação da administradora e cientista política Maytê Carvalho. Ela mora nos Estados Unidos e fala da teoria da oratória e dos grandes oradores do mundo antigo.
Coquetel olavista/ Em conversas reservadas, diplomatas se perguntam o que o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, tomou para, em artigo, misturar pandemia com comunismo, alertando para o que chama de “comunavírus”. Agora, uma coisa todos têm certeza: houve uma “aula” com o escritor Olavo de Carvalho.
Nem tudo é por aí/ Em entrevista que foi ao ar ontem à noite, na Rede Vida, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, reforçou que não defende a intervenção militar, nem a volta do AI-5. Melhor assim.
Para tirar Maia do comando da Câmara, Bolsonaro tenta dividir o Centrão
Coluna Brasília-DF
O presidente Jair Bolsonaro trabalha para dividir o Centrão e, assim, tirar Rodrigo Maia do comando da Câmara, fazer o seu sucessor e dominar a Casa. Só tem um probleminha: ainda que Bolsonaro conte com seus apoiadores e metade do Centrão em favor de uma candidatura, ainda assim não terá metade dos votos da Câmara a fim de liquidar a eleição no primeiro turno.
E é essa conta que o presidente tem de fechar para decidir se apoiará o vice-presidente da Câmara, deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP), ou o líder do Progressistas, Arthur Lira (AL).
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Bolsonaro está mais propenso, no momento, a insuflar a candidatura de Lira, de forma a rachar o antigo PP. Tudo por causa da proximidade entre Maia e o líder da maioria, Aguinaldo Ribeiro (Progressistas-PB), uma das apostas do atual presidente da Câmara, com bom trânsito entre os partidos. Porém, políticos experientes como Arthur e Aguinaldo sabem que Bolsonaro costuma largar pelo caminho quem lhe contraria. No momento, Lira se aproxima, mas desconfiado.
Segura isso aí
O presidente já foi aconselhado a deixar de lado a disputa pela Presidência da Câmara. Seus aliados consideram que ele entrou muito cedo. E, no quesito, quem sai a campo muito antes da hora costuma queimar a largada. Ainda mais quando não tem tanto lastro político no Parlamento, como é o caso de Bolsonaro no cenário atual.
Economistas não gostaram
A defesa do AI-5 e da intervenção militar na manifestação de domingo acendeu o pisca alerta na área econômica. Não dá para criar instabilidade dizendo que não tem negociação, como fez o presidente, e querer que os investidores apostem suas economias no Brasil.
Inquérito educativo
A coluna antecipou, ontem, que os bolsonaristas não estão nada preocupados com o inquérito que investigará quem conclamou atos contra o Estado de direito no Brasil — há quem diga que a iniciativa será, no mínimo, um alerta. Agora, quem quiser convocar atos de fechamento das instituições e de volta de instrumentos para calar a voz de quem pensa diferente terá de calcular mais os riscos.
A aposta do Senado
Os senadores vão partir para uma proposta intermediária entre o que foi aprovado pela Câmara em termos de socorro aos estados e o que deseja o governo. A ideia da equipe econômica é transferir 80% de R$ 40 bilhões per capita e suspender o pagamento de parcelas de dívidas com a União. Os senadores estão analisando e, ontem, tiveram reuniões virtuais para tentar aprovar algo desse tipo ainda esta semana.
Sem “contrabando”
Ao deixar caducar a MP da carteira de trabalho verde e amarela, o Congresso deu uma lição ao governo: sempre que vier algo como uma minirreforma dentro de uma MP, os congressistas não vão levar adiante. Afinal, conforme bem lembrou a senadora Simone Tebet, ao programa CB.Poder, se fosse só a carteira verde e amarela, a proposta teria sido aprovada sem muita polêmica.
CURTIDAS
A hora do MDB/ Além da Câmara, Bolsonaro começa a auscultar o ânimo dos senadores. Hoje, ele tem na agenda o presidente do partido, Baleia Rossi, e o senador Eduardo Braga (AM), pré-candidato a presidente do Senado.
DEM na área/ O presidente quer conversar, ainda, com o presidente do Democratas, ACM Neto. É para dizer que a demissão de Mandetta e a briga com Rodrigo Maia não têm nada de “pessoal”. Há quem diga que Bolsonaro quer mesmo é a foto com o presidente da legenda ainda esta semana. Assim, de foto em foto, monta o discurso de que tem diálogo político com o Congresso.
Sinais invertidos/ Bolsonaro tenta se reaproximar do DEM, mas seus aliados, não. O deputado Diego Garcia (Podemos-PR) foi para as redes sociais pedir o afastamento de Maia: “A revolta da população é clara, tem nome, presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que insiste em falar em nome da Câmara, ou seja, 513 deputados! Quero deixar bem claro, ele não fala em meu nome. Sua maior contribuição, agora, seria seu afastamento! #foramaia”, escreveu.
Enquanto isso, no aniversário de Brasília…/ Nem só de sessões virtuais e de polêmicas vive a senadora Kátia Abreu (PDT-TO). Ontem, por exemplo, ela e o marido aproveitaram o feriado para cozinhar um assado de cordeiro e um arroz com frango desfiado, cebola dourada, uva-passa e castanhas: “Dizem que é marroquino, mas é, na verdade, tocantino”, comentou, repetindo o bordão que tem tomado conta das postagens nas redes sociais: “Se você não precisa sair, fique em casa”.
Políticos apostam que ”não vai dar em nada” investigação de Aras sobre AI-5
Coluna Brasília-DF
Os políticos não apostam um vintém na abertura de inquérito no Ministério Público para apurar responsabilidades na convocação de um ato que pedia a volta do AI-5 e fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal. Ali, há quem veja na atitude do procurador-geral da República, Augusto Aras, mais uma forma de tentar justificar a defesa que tem feito do presidente Jair Bolsonaro em questões anteriores, como, por exemplo, o distanciamento social.
Porém, se houver quebra de sigilos e investigações a fundo, esses que hoje duvidam das investigações podem terminar como Jorge Bornhausen. No papel de ministro da Casa Civil de Fernando Collor, Bornhausen dizia que a CPI do PC Farias, que investigou o governo Collor e provocou o impeachment, não iria dar em nada. Os mais esperançosos nessas investigações acreditam que será a única forma de evitar que atos contra o estado democrático de direito se repitam.
O erro crasso
Aliados de Bolsonaro consideram que ele ultrapassou os limites ao não repreender os manifestantes que pediam intervenção militar com o presidente no comando. Ali, deixou de lado a Constituição e o estado de direito. O momento agora é de tentar colocar panos quentes nessa “falha”.
A hora dos antitérmicos…
Em meio à pandemia, e com o número de casos em curva crescente no Brasil, não será desta vez que os congressistas partirão para o confronto direto com Bolsonaro. A ordem dos bolsonaristas é ressaltar as últimas declarações em defesa da democracia e do Congresso e do STF abertos. A dos adversários é deixar estar para ver como é que fica.
… e dos acordos
Uma ala já está hoje pronta para se acoplar ao governo, dentro do velho toma lá dá cá de cargos que incluem até mesmo o Banco do Nordeste –– já está na roda para ser entregue ao Partido Progressista. Assim, o governo do mesmo presidente que diz a seus mais radicais apoiadores não querer negociar com o Congresso, parte
para tentar amortecer as crises que cria no Parlamento.
Onde pega
Bolsonaro está convencido de que há um “conluio” entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e os governadores João Dória (SP) e Wilson Witzel (RJ) para limpar o caixa da União com vistas a deixá-lo sem recursos para que possa apresentar resultados positivos em 2022. Daí, a raiva acumulada
Saúde em distanciamento social…
A opção do ministro da Saúde, Nelson Teich, de gravar um vídeo em vez de conceder uma entrevista, deve ser a nova forma de divulgação do Ministério. A avaliação é a de que, assim, ele dá apenas as boas notícias, como o aumento do número de testes rápidos comprados pelo Brasil, sem precisar se expor às más. Não precisou, por exemplo, ser exposto a comentar a aglomeração no QG do Exército, no domingo, com a presença de Bolsonaro.
… e político
O vídeo também tirou o ministro da divulgação de números de casos e de óbitos, que ontem, aliás, apresentou erro, segundo a Saúde. No Congresso, já tem gente pensando em fazer as contagens direto nas secretarias estaduais de saúde para ver se os números batem com o que é divulgado no ministério.
De onde vêm ataques…/ Aliados da ministra da Agricultura, Tereza Cristina (foto), identificaram uma turma que deseja se aproveitar da pandemia de coronavírus para obter perdão total das dívidas acumuladas dentro do Funrural, algo que já foi engavetado por ela e pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
… surgem os pedidos/ Esse grupo, capitaneado por Jefferson Rocha, da AndaTerra, apresentou por esses dias ao Planalto um pacote para o agro que inclui, entre outros pedidos, o perdão total das dívidas. Os economistas ligados a Guedes avisam que não é por aí que se vai salvar a lavoura.
Os vários tons de Bolsonaro/ Em fevereiro do ano passado, quando ninguém sequer sonhava com pandemia, esta coluna publicou que Bolsonaro não sairia do palanque e, sempre que pudesse, usaria a sua turma para levar os congressistas a fazerem exatamente o que o governo desejasse. Ele agora volta a esse recurso, desta vez com a ala mais radical, e depois recua. Será assim até o final do governo.
PARABÉNS, BRASÍLIA// Hoje, às 19h, vamos aplaudir a nossa cidade e renovar as esperanças. Viva Brasília!
Coluna Brasília-DF
Ao receber os presidentes de partido ao longo dos últimos dias, o presidente Jair Bolsonaro não só tratou da formação de uma base mínima, conforme o leitor da coluna já sabe, como deixou entrever que deseja influir na escolha do novo presidente da Câmara, em janeiro do ano que vem.
Com a pandemia, esse tema ficou na geladeira por um tempo, mas Bolsonaro resolveu tirá-lo do freezer e deixar que descongele naturalmente, para, quando a pandemia passar, estar em condições de tentar interferir. Bolsonaro não quer nomes ligados a Rodrigo Maia. Daí, o fato de receber os integrantes do antigo Centrão — PP, PR, PSD e MDB — e não o DEM.
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Bolsonaro, entretanto, corre, nessa operação, um risco tão grande quanto a defesa do fim do isolamento social. Todos que tentaram influir em eleição do Legislativo, desprezando a correlação de forças internas no Congresso e num clima de popularidade em baixa, perderam.
Teich sob vigilância
Quando a missão do almirante Flávio Rocha na transição da Saúde terminar, quem ficará de olho no novo ministro da Saúde, Nelson Teich, será o coronel Robson Santos da Silva, atual secretário Especial de Saúde Indígena. Há, no governo, quem aposte um bom vinho de que o coronel será guindado à Secretaria Executiva, para assegurar o “alinhamento total” com os desejos do presidente Jair Bolsonaro.
Adeus Bolsonaro versus PT
A leitura dos políticos de um modo geral é a de que o PT está sendo substituído como principal opositor ao presidente Bolsonaro, espaço que vem sendo ocupado por João Dória, Rodrigo Maia e representantes de outros partidos, como o Cidadania e o Podemos. A eleição municipal é vista como a prova dos nove dessa mudança de eixo da oposição ao presidente.
Amigos, pero no mucho
Mesmo esses partidos que hoje conversam com o presidente Bolsonaro não confiam no governo e sabem que podem ser chutados ao menor estrilar de apoiadores do governo nas redes sociais. Mas ninguém está de inocente. O Planalto sabe que, geralmente, essas legendas costumam abandonar presidentes quando a coisa aperta. Ou seja, não será dali que o presidente buscará uma estabilidade política.
É o tudo ou nada
Bolsonaro aproveitou a manifestação de ontem para, mais uma vez, jogar a população contra os governadores, que, seguindo as recomendações da Organização Mundial de Saúde, decretaram isolamento social. É a aposta no confronto, para que tudo volte à normalidade na marra e não quando for possível, dentro das recomendações das autoridades sanitárias.
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Não é primeiro de abril/
Tem gente dizendo sinceramente que o presidente Jair Bolsonaro deveria ouvir a ex-presidente Dilma Rousseff. Ela sabe perfeitamente como funcionam os partidos que agora se aproximam do Planalto.
Alcolumbre, o novo alvo/
Bastou o Senado apresentar dificuldades em aprovar já a carteira de trabalho verde e amarela para que o presidente da Casa, Davi Alcolumbre, viesse a se juntar a Rodrigo Maia nos ataques dos bolsonaristas nas redes sociais. Dados da Bites indicam que, de quinta-feira até ontem, Maia era alvo de dois milhões de posts negativos. Só na manhã de sábado, foram 264 mil posts ancorados na hashtag Fora Alcolumbre.
A magia do 3 de maio/
A intenção dos lojistas que pressionam para reabertura do comércio do Distrito Federal nessa data é aproveitar o Dia das Mães e tentar recuperar parte do que foi perdido na segunda quinzena de março e abril. Resta saber se a população irá às compras. Em tempo de desemprego, redução de salários na iniciativa privada e muita incerteza quanto ao setor público, as apostas estão mais modestas.
Por falar em comércio…/
A carreata de apoio ao presidente Jair Bolsonaro e pela reabertura do comércio em Porto Alegre encontrou, em seu caminho, pessoas favoráveis ao isolamento social que, das janelas dos apartamentos, atiraram ovos no carro de som e demais veículos.
Coluna Brasília-DF
De olho numa relação mais próxima com o governo e, se possível, os cargos de primeiro e segundo escalão, o Centrão se prepara para dar mais suporte ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e, por tabela, ao presidente Jair Bolsonaro. Em conversas reservadas, integrantes desse grupo avaliam que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), passou do tom ao dizer, em entrevista, que Guedes “não é sério”. Há quem diga que Maia está levando essa crise para um lado pessoal. Por isso, será nos expoentes de partidos, como o PR (de Valdemar Costa Neto, hoje Partido Liberal), o PP (de Ciro Nogueira, hoje Progressistas) e o PSD de Gilberto Kassab, que o ministro poderá buscar apoio. Além de um pedaço do MDB.
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Esses partidos não gostaram da aproximação de Maia com os partidos de esquerda e, por isso, têm atendido aos convites de Bolsonaro. Por enquanto, é só uma “paquera”. Para um namoro mais firme ou mesmo casamento, é preciso mais gestos. As expectativas de participação no governo por parte dessas agremiações estão fortes. Resta saber se o presidente entrará nesse jogo de toma lá dá cá de que tanto reclamou ao longo de sua trajetória para o poder. O PT, no passado, trilhou esse caminho. Deu no que deu.
Outras batalhas
Com a medida provisória da carteira de trabalho verde e amarela fadada a caducar, por causa do confronto entre Bolsonaro e o Congresso, Paulo Guedes trabalha para tentar reduzir a ajuda aos estados e municípios no Senado.
Mesmo enredo
Até na equipe econômica já se sabe: todas as vezes em que o presidente se vê enroscado em alguma notícia negativa, cria uma nova confusão para tentar se descolar do fato. Na quinta-feira, foi a demissão de Mandetta. Essa estratégia ataque-conflito funciona bem nas redes sociais, mas desgasta ainda mais o governo no mundo real. O país precisa de paz para combater o vírus.
CURTIDAS
De JB para JB/ Patrono do Exército, Duque de Caxias é lembrado pelo senador Jader Barbalho (MDB-PA) como um exemplo a ser seguido por Bolsonaro. “Não sei se o presidente Jair Bolsonaro é dado à leitura, tenho dúvidas, mas os generais que o cercam certamente conhecem a história de Duque de Caxias”, afirma.
De JB para os generais/ O senador, assim como tantos outros parlamentares, considerou absurdo os ataques ao Congresso, em especial a Rodrigo Maia, neste tempo de pandemia, no qual o Parlamento fez quase tudo o que governo queria. “É fundamental que os generais se reúnam com o presidente Jair Bolsonaro e digam a ele que Duque de Caxias era o pacificador. E devemos estar à altura do pacificador”.
O caso do ex-deputado que cresceu/ Mandetta é visto como um dos poucos casos de um político que fecha um ciclo no governo sem mandato e, apesar disso, muito maior do que entrou. Sai como vencedor. Quanto a Bolsonaro, a avaliação dependerá do desempenho do novo ministro da Saúde e da resultante pós-pandemia. Até aqui, o cenário não lhe é favorável.
Portal do Voluntariado/ Neste sábado, às 21h, artistas e também moradores da 302 Sul deslancham o projeto Serenata na Quadra. De quebra, a turma do Portal do Voluntariado pedirá doações de alimentos para as instituições cadastradas. Diante das dificuldades, não dá para ficar parado