Categoria: coluna Brasília-DF
Em fevereiro de 2015, durante a gestão de Eduardo Cunha na presidência da Câmara, o Congresso aprovou a obrigatoriedade da liberação de emendas de deputados e senadores ao Orçamento da União. A ideia era se livrar das pressões do governo e do toma lá dá cá. A turma, porém, encontrou um jeitinho de manter a base aliada mais favorecida com as “emendas extras”, ou seja, recursos que vão para os programas governamentais de forma genérica e terminam distribuídos aos mais fiéis. São a essas emendas que, segundo técnicos de Orçamento, Pazuello se referiu no discurso de despedida no Ministério da Saúde, chamando de “pixulé”.
Agora, com o avanço dos parlamentares sobre os recursos da Previdência Social para garantir o pagamento de suas emendas, essa discussão vem à tona. Se “tudo tem limite”, como bem disse o presidente da Câmara, Arthur Lira, chegou o momento de impor essa verdade, também, ao apetite dos parlamentares no Orçamento.
O protesto diplomático I
O site Divergentes traz uma carta de diplomatas para diplomatas, com uma reflexão do pessoal de carreira do Itamaraty sobre os valores da diplomacia brasileira e a gestão do chanceler Ernesto Araújo, que, diz o texto, “submeteu o acervo de princípios e tradições da diplomacia brasileira aos humores e ditames de uma ideologia facciosa, muitas vezes antidemocrática, que presta contas apenas aos seus próprios seguidores”. A ideia da carta, cuja autenticidade foi confirmada à coluna por diplomatas, é chamar a atenção para o Dia do Diplomata, em 20 de abril.
O protesto diplomático II
O texto acusa Ernesto de usar o Itamaraty para mobilizar a base bolsonarista. “Não raro, assistimos à nossa diplomacia, o nosso trabalho cotidiano ser subordinado a interesses de mobilização de uma base política, sem qualquer conexão com interesses permanentes e estruturais do desenvolvimento, da soberania e do bem-estar da sociedade brasileira”. E segue dizendo que as dificuldades da pandemia “descortinam os riscos de uma diplomacia amadora, despreparada e personalista, dirigida por critérios fantasmagóricos”.
Tic-tac-tic-tac
A carta dos diplomatas que se associam aos apelos para a demissão de Ernesto Araújo é uma forte indicação de que, quanto mais tempo Jair Bolsonaro levar para mudar a política econômica, pior para o chanceler. Há, inclusive, o risco de o Senado rejeitar o nome do ministro para uma embaixada, caso Bolsonaro opte por transferi-lo para um posto de destaque. Chegou-se ao ponto que exonerar Filipe Martins não vai salvar o chanceler.
Pelo visto, está sobrando dinheiro
A intervenção federal no Rio de Janeiro terminou quando Jair Bolsonaro assumiu a Presidência da República, mas o gabinete da intervenção continua firme, prorrogado até o final deste ano, mesmo diante dos problemas de carência de recursos para várias ações de governo. Na sexta-feira, por exemplo, o Diário Oficial da União trouxe uma portaria de movimentação de servidores para ordenar despesas por lá.
CURTIDAS
Muito além do discurso/ O ex-ministro Eduardo Pazuello que se prepare. Depois do discurso de despedida, em que mencionou a busca de políticos por um “pixulé” no Ministério da Saúde, ele corre o risco de levar mais um processo por não ter reportado o caso às autoridades competentes.
Michelle na área I/ A primeira-dama Michelle Bolsonaro participa, amanhã, da cerimônia de aniversário dos cinco anos da legislação que implementou o marco legal da primeira infância. O evento vai destacar o programa Criança Feliz, criado no governo Michel Temer, reconhecido internacionalmente como o maior do mundo em visitas domiciliares a crianças e gestantes.
Michelle na área II/ O programa Pátria Voluntária, que ela gerencia, tem feito diversas parcerias com o ministro da Cidadania, João Roma Neto. O mais novo projeto é o Brasil Fraterno, para distribuição de cestas básicas.
Roda a Esplanada, ministro!/ Foi preciso uma ordem do ministro Marcelo Queiroga para que os funcionários do Ministério da Saúde passassem a usar máscaras por lá. Há quem diga que é melhor ele fazer uma blitz em outros órgãos governamentais. Inclusive, no Palácio do Planalto.
Recordes na pandemia e crise no Itamaraty colocam Bolsonaro em sinuca de bico
Em meio ao agravamento da pandemia e mais um recorde de mortes em 24 horas, o presidente Jair Bolsonaro está numa sinuca de bico e vai tentar ganhar tempo antes de tratar de qualquer afastamento do ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo. É que, se ele afastar o chanceler, teme que parte dos seus apoiadores mais fiéis terminem abandonando o barco, acusando-o de ter se rendido ao Centrão. E se Bolsonaro perder mais uma parte desse segmento que ainda lhe é fiel, o risco de ficar fora de um segundo turno no ano que vem é grande.
Porém quem sabe das coisas já avisou que, para o presidente conseguir passar a ideia de que mudou a política externa, demitir só Filipe Martins não basta.
“Não podemos ficar atrás do Doria”
A frase foi repetida durante todo o dia nos bastidores de Brasília, logo depois do anúncio da ButanVac pelo governador de São Paulo, João Doria, com direito a slogan, banner e tudo mais no Palácio dos Bandeirantes. Daí, a entrevista no Planalto com os ministros Marcos Pontes e Marcelo Queiroga e o anúncio da vacina de Ribeirão Preto.
Anvisa sob pressão
Mais uma vez, a Anvisa ficará sob os holofotes, para decidir qual a vacina que vai liberar primeiro para testes em humanos. A ideia, segundo alguns técnicos, é tratar dos dois casos ao mesmo tempo, para evitar interpretações políticas.
Pátria de máscaras, tudo bem
O Planalto não vai brigar com o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, por causa da correta defesa do uso de máscaras — até o próprio presidente já está usando mais esse acessório que, antes, nem admitia. Porém, a restrição de circulação não faz parte do script de Bolsonaro nem fará. É o que resta do discurso presidencial para aqueles que defendem a volta ao trabalho.
A vacina salvou
O governo classificou esta semana como a pior dos últimos tempos. Desventuras em série que deixaram em segundo plano a reunião dos Poderes que criou o comitê anticovid: a marca das 300 mil mortes por covid; a fala do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), com ameaças de impeachment nas entrelinhas; acusações por parte de Eduardo Pazuello de que os políticos iam atrás de um “pixulé” (dinheiro); o assessor Filipe Martins, investigado por gesto obsceno no Senado; e a pressão de todos os lados para demitir Ernesto Araújo.
CURTIDAS
Cuidadores/ A Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa da Câmara dos Deputados aprovou pedido da deputada Leandre Dal Ponte (PV-PR) de envio de mensagem ao Ministério da Saúde para inclusão dos cuidadores de idosos no grupo preferencial para vacinação contra covid-19. Já são vários os casos de idosos que terminaram contaminados por suas enfermeiras e cuidadoras.
Não está fácil…/ São Caetano do Sul, na região do ABC paulista, começa hoje a fazer barreiras sanitárias para o ingresso na cidade. Com 98% dos leitos de UTI ocupados, e uma fila em busca de atendimento, não há outra solução.
… e tende a piorar/ O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG, foto), porta-voz dos governadores no comitê dos Poderes de gestão da covid-19, terá dificuldades na segunda-feira. Bolsonaro não quer saber de ajudar mais os estados que decretaram o lockdown, na avaliação dele, só para contrariar a posição presidencial.
Enquanto isso, no DF…/ Imagens da população clamando por “vacina, vacina” na porta de um posto de saúde de Brasília, cidade em que 69,99% dos votos válidos em 2018 foram de Bolsonaro, são vistas na seara da política como a certeza de que o governo federal errou ao não apostar nos imunizantes. E talvez esteja errando ao não entender a situação de colapso dos hospitais, que exige medidas para tentar segurar a proliferação do vírus, enquanto os fármacos não chegam em larga escala para todos os brasileiros.
Crise com assessores próximos a Eduardo coloca Bolsonaro em situação difícil
Tanto o chanceler Ernesto Araújo quanto o assessor internacional da Presidência da República, Filipe Martins, são muito ligados ao deputado Eduardo Bolsonaro, o filho 03 do presidente, e à ala de extrema direita que apoiou Jair Bolsonaro desde a primeira hora. Por isso, afastar ambos, atendendo à pressão do Congresso e de setores do empresariado para mudar a política externa, não será tão fácil. A ideia inicial é tirar um para preservar o outro. Até aqui, o presidente considera trocar apenas Filipe para acalmar o Senado e tentar dar um ar de mudança na relação internacional.
Bolsonaro considera que, se trocar o chanceler neste momento, soará como alguém que cede às pressões. No seu grupo mais fiel, há quem diga, que nem mesmo na troca do ministro da Saúde, fez exatamente o que o Centrão queria. Agora, conforme o leitor da coluna já sabe desde o fim do ano passado, as apostas de Ernesto Araújo em Donald Trump o colocaram na linha de tiro. E, diante da pandemia, se resistir, será porque os padrinhos de casa fizeram milagres.
Só tem um probleminha, e o presidente foi avisado: se der errado em termos de uma relação mais cordial com a China ou mesmo com os Estados Unidos lá na frente, nas doações de vacinas ou outros projetos de interesse do Brasil, não vá colocar a sua turma para bater no Congresso ou no Supremo Tribunal Federal.
Outros focos de tensão
Ao separar os projetos que podem dar uma resposta de alívio à população nesses tempos sombrios de pandemia, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), vai tirar da gaveta uma série de propostas que mexerão no caixa da União. Está no radar, por exemplo, a suspensão de reajustes nos preços de medicamentos este ano, proposta pelo deputado Denis Bezerra (PSB-CE).
A bolsa de bondades
A intenção é colocar para votar tudo o que puder ajudar para a dar um alento nessa hora de dificuldades financeiras, em que o auxílio emergencial será bem menor. O governo dará um auxílio minguado, mas o Congresso vai trabalhar para evitar aumentos nos gastos obrigatórios da população. Os congressistas querem aproveitar essa fase para mostrar que não estão passivos diante da situação do país.
Juízes federais na lida…
Uma comissão da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) listou 23 pontos preocupantes no projeto que tramita no Congresso para alterar a Lei de Improbidade Administrativa (LIA). Por exemplo: propostas que restringem novas ações, dificultam a punição de pessoas desonestas e tornam mais rígidas as hipóteses de bloqueio de bens de investigados.
… e na guerra pelo patrimônio público
Os integrantes da comissão consideram que a LIA representa um importante marco para a proteção do patrimônio público e a moralidade administrativa e, por isso, necessita de uma discussão mais aprofundada com a sociedade. A intenção é esperar a volta das discussões presenciais para tratar desse tema mais apropriadamente.
Pocket live/ No dia em que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), cobrou uma troca na política externa, Bolsonaro fez uma live bem menor do que de costume, dedicada exclusivamente às ações do governo em relação à pandemia. Nem uma palavra sobre política externa.
Primeiros acordes I/ As visitas do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a São Paulo e ao Rio de Janeiro foram uma tentativa de aproximar a comunidade médica do governo. Até aqui, estava difícil.
Primeiros acordes II/ O convite ao secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, para o encontro, foi mais um sinal de que a área técnica quer acertar. O próprio governador João Doria, consultado, disse que Gorinchteyn devia ir e que nada melhor do que a união de esforços para salvar a vida das pessoas.
Sutis diferenças/ A chegada de Queiroga fez até Bolsonaro alterar o discurso. A defesa da cloroquina foi substituída por “não há remédio específico”, mas “se eu for contaminado, o médico vai receitar o que eu tomei da primeira vez”.
Por falar em Bolsonaro…/ Ele não quer brigar com Arthur Lira. E nem Lira quer brigar com Bolsonaro. Porém, Lira vai defender o Congresso, e Bolsonaro, o governo. O casamento continua enquanto esses dois objetivos estiverem na mesma direção.
As despedidas do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello com insinuações sobre pedidos de dinheiro no ministério e referências a políticos com declarações do tipo “todos queriam um pixulé” colocaram por um fio o discurso de união nacional construído na reunião do Alvorada. Em breve, Pazuello será chamado ao Parlamento para dar nome aos bois. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não gostou dessa menção. Em princípio, não baterá de frente com o governo, tem dito que não é hora de “enfrentamentos”, mas não fará objeções, se houver um chamamento ao general para se explicar.
A fala de Pazuello ajudou, ainda, como pano de fundo para o duro discurso de Lira e do recado direto ao Planalto, ao dizer que “tudo tem limite” e que os “remédios políticos são conhecidos e todos amargos”. A menção aos remédios, a preços de hoje, é apenas um aviso para que o Brasil mude as suas políticas interna e externa em relação à pandemia. E também para que falas desrespeitosas às excelências, como a de Pazuello, não se repitam. O Congresso tem claro que não fará o papel de “coveiro” das 300 mil mortes causadas pela covid-19. Antes que chegue a esse ponto, jogará a batata quente no colo do Planalto.
Ficamos todos bem
A reunião no Alvorada cumpriu, na visão do Planalto, o objetivo a que se propôs: mostrar que o governo tem preocupação com a vida das pessoas e quer união nacional. Quanto aos detalhes sobre lockdown e toques de recolher, isso será função do Ministério da Saúde. O presidente não pretende mudar seu discurso nesse quesito.
Fritada de Ernesto I
O leitor assíduo da coluna já sabe que, desde a posse de Joe Biden, a pressão para substituir o chanceler Ernesto Araújo vem num crescente e, agora, diante da necessidade de diálogo com China e Estados Unidos em busca das vacinas, chegou ao ápice. Depois de ser cobrado por Arthur Lira na reunião da manhã, ele não conseguiu explicar em detalhes aos deputados e senadores nem as conversas sobre vacinas e nem a viagem a Israel, a não ser que foi “em busca da ciência”.
Fritada de Ernesto II
O senador Izalci Lucas (PSDB-DF), por exemplo, quis saber por que o ministro não recorreu ao Brics, em meados do ano passado, em busca das vacinas, uma vez que, dos cinco países, três produzem imunizantes. A resposta foi evasiva. No período citado pelo parlamentar, a linha de Bolsonaro era a de que a vacina chinesa “não será comprada”. Ernesto desconversou e mencionou preferência por acordos bilaterais. Nada de pressão do governo Trump para não negociar com a Rússia.
“Esse é meu”
Lá atrás, em janeiro, o presidente Jair Bolsonaro colocou o seu ministro das Relações Exteriores nas comitivas de suas viagens para deixar claro que Ernesto fica. Ontem (24/3), Bolsonaro também não gostou da fritura do seu chanceler.
Eduardo, o incômodo diplomático I/ Depois dos problemas com a China, agora Eduardo Bolsonaro atrapalha a relação com o Irã. Ao pedir uma moção de repúdio ao Hezbollah na Comissão de Relações Exteriores, 03 cita o Irã como financiador desse grupo e coloca entre parênteses “segundo pesquisa da Fundação para a Defesa das Democracias, com sede em Washington, DC”.
Eduardo, o incômodo diplomático II/ Não prestou. O deputado Fausto Pinato (PP-SP) precisou entrar no circuito para acalmar os diplomatas iranianos. E pensar que Eduardo ainda queria ser embaixador nos Estados Unidos.
O “fura fila” da vacina/ A vergonhosa atuação de empresários que se vacinaram em Minas Gerais, incluindo o ex-senador Clésio Andrade, vai parar na Justiça. Há um grupo disposto a obrigar esse segmento do empresariado a importar o mesmo número de doses que usou fora da fila para entregar ao Sistema Único de Saúde, ou doar o valor para o governo fazer essa compra dentro da fila.
Por falar em vacinas…/ A senadora Kátia Abreu (PDT-TO), que já ganhou o apelido de demolidora de ministros, deixou Ernesto Araújo sem resposta ao mencionar que os fabricantes de vacinas não confirmaram o calendário do governo. A resposta cabe ao Ministério da Saúde.
Voz isolada/ O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, foi o único a defender o “isolamento social” em seu discurso depois da reunião do Planalto. Nas internas, obteve apoio maior por parte dos congressistas. Bolsonaro não vai mudar de opinião sobre o distanciamento social, quer a volta de todos os serviços, e ponto. Ou seja, a briga continua. Só que, agora, a classe política está assim: ou Bolsonaro muda ou perderá apoios para empreender seus projetos.
Afastado do Planalto desde o episódio do convite à médica Ludhmilla Hajjar para assumir o Ministério da Saúde, o presidente da Câmara, Arthur Lira, reata suas pontes com a oposição e justamente no momento em que o Supremo Tribunal Federal (STF) julga Sergio Moro suspeito no caso do triplex atribuído ao ex-presidente Lula. Essa foi a leitura política da decisão de colocar em pauta apenas propostas relacionadas à pandemia, que será detalhada, ainda hoje (24/3), em nova reunião de líderes. A medida veio acompanhada de apelos para que se deixe de lado a ideologia e a política, a fim de dar mais foco à vida das pessoas.
A decisão de Arthur Lira joga para escanteio propostas da pauta ideológica do governo e põe uma parte do PP em distanciamento regulamentar. Na hipótese de o eleitorado seguir noutro sentido em 2022, o partido terá uma ala pronta para aportar no barco oposicionista e puxar os náufragos. Num cenário de 3.251 mortes por covid registradas em 24 horas e panelaços nos três minutos do pronunciamento presidencial, a maioria dos partidos prefere o distanciamento social do governo.
O voto da modulação
A argumentação da ministra Cármen Lúcia foi considerada um ponto de partida para evitar que a suspeição de Sergio Moro no caso do ex-presidente Lula sobre o triplex sirva para derrubar toda a Lava-Jato. Muitos vão tentar, mas os ministros consideram que não dá para dizer que a Petrobras era um convento e tudo o que foi apurado era “perseguição política”.
O aniversário da “gripezinha”
Hoje, completa um ano que o presidente Jair Bolsonaro foi à tevê dizer que, “pelo seu histórico de atleta, seria uma gripezinha” e que a pandemia ia passar “brevemente”, defendendo a volta à normalidade, isolando-se apenas os idosos. Agora, diante do pronunciamento de defesa das vacinas, seus aliados esperam que ele tenha ajustado completamente o discurso.
Olha o foco I
O ajuste do discurso do presidente Jair Bolsonaro em defesa das vacinas trará mudanças, também, na oposição, que se dedicará de forma mais incisiva à cobrança de uma ação mais firme do governo no combate à pandemia. A ideia é proliferar que, enquanto Bolsonaro diz que defende as vacinas, o Ministério da Saúde revisa, para baixo, a disponibilidade de imunizantes no curto prazo.
Olha o foco II
Entra nesse roteiro, ainda, a exposição das responsabilidades do Ministério da Saúde na distribuição de medicamentos. Para refrescar a memória, as declarações de Bolsonaro, tais como a “não será comprada”, em referência à CoronaVac, quando desautorizou o então ministro Eduardo Pazuello.
Muita calma nessa hora
Os petistas viram a decisão sobre a suspeição de Sergio Moro como uma “decolagem autorizada” para Lula rumo a 2022. Porém, esse plano de voo ainda será avaliado. Neste momento grave da covid no Brasil, muitos consideram que não dá para sair por aí em pré-campanha.
O ajuste Supremo/ A decisão do ministro Marco Aurélio Mello, de rejeitar a ação do presidente Jair Bolsonaro contra a decisão dos estados de decretar toque de recolher e lockdown, terá total respaldo do plenário do STF, caso haja um recurso por parte do Poder Executivo.
Depois dos economistas…/ O comando da pré-campanha de Ciro Gomes (PDT) vai se dedicar a preparar a lista de ações que o governo não adotou no momento certo neste um ano de pandemia da covid-19.
Três Hiroshimas/ Em 6 de agosto de 1945, a bomba que os Estados Unidos jogaram sobre a cidade de Hiroshima dizimou cerca de 80 mil pessoas. Ao final daquele ano, esse número já estava em 140 mil, em decorrência da radiação. “A covid, aqui, já matou o equivalente a mais de três bombas de Hiroshima”, comenta o ex-deputado Miro Teixeira.
Enquanto isso, no Planalto…/ A discreta posse a toque de caixa do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o pronunciamento em cadeia nacional de rádio e tevê foi a preparação da reunião de hoje de manhã de Bolsonaro com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco; da Câmara, Arthur Lira; e do STF, Luiz Fux, e governadores. Bolsonaro sabe que será cobrado por uma ação mais incisiva. E, se vier pedir o fim do lockdown, vai ouvir que será feito, quando houver segurança de atendimento médico e vacinas em todo o país. O dia promete.
No rastro dos economistas/ Em live com José Sarney e Michel Temer, o MDB lançará manifesto com críticas às ações do governo de combate à pandemia e cobrará medidas para vencer a crise sanitária e econômica, a pior que o partido já viu em toda a sua história. O comando da pré-campanha de Ciro Gomes (PDT) também prepara uma lista de ações que o governo não adotou no momento certo neste um ano de pandemia.
Forças Armadas descartam apoio a impeachment e a intervenção militar
Nem tanto à terra, nem tanto ao mar. Quem tem conversado com os comandantes militares já avisou aos atores da política que os movimentos pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro não terão sustentação nas Forças Armadas. Da mesma forma, também é considerada fora de cogitação qualquer intervenção militar para garantir a liberdade geral de circulação de pessoas em meio ao colapso do sistema de saúde. Diante desse “aviso” em favor do lockdown e contra o impeachment, a ordem nesta semana é que virá o diálogo aberto entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Resta saber se será mais um desfile de fotos sem mudança de atitudes, como em 2020, ou para valer, em prol da saúde das pessoas.
Bolsonaro já deu o recado a seus apoiadores, no domingo, e avisou, de antemão, que não está convencido da necessidade de lockdown num cenário de UTIs lotadas, incerteza de atendimento e vacinas em atraso. Se chegar com esse espírito para a reunião, a tendência é de que vire mais uma pose para fotos, sem muito resultado prático em termos de coordenação nacional.
Ficamos assim
Não conte com o Supremo Tribunal Federal para reverter as medidas restritivas pelo país afora. Esse é o sentimento que vem do STF diante da ação do presidente Jair Bolsonaro contra o lockdown.
“É coisa de tucano”
A carta aberta com mais de 500 assinaturas de economistas renomados, expoentes do setor financeiro, do empresariado, com apelos ao governo em prol do distanciamento social e vacinas como a chave para salvar vidas não sensibilizou o Planalto. Bolsonaro está convencido de que a iniciativa tem o dedo dos tucanos para tirá-lo do páreo em 2022.
Esqueçam 2018
A perspectiva de criação de um “Ministério Extraordinário da Amazônia” para abrigar Eduardo Pazuello desmonta o discurso da campanha passada, de enxugar o número de pastas e cargos em comissão. De quebra, ainda deixa em desconforto o vice-presidente Hamilton Mourão, que hoje cuida dessa seara junto com o Ministério do Meio Ambiente.
CURTIDAS
Biden brasileiro I/ É assim que os amigos do ex-presidente Michel Temer têm se referido a ele nos bastidores. E a contar pela recepção do tuíte de Temer, dizendo que é candidato apenas à segunda dose da vacina, não se descarta nada. Ele tem 80 anos, boa saúde e paciência não lhe falta. Haja visto os dois anos de governo.
Biden brasileiro II/ Nos grupos de deputados, o #VoltaTemer e traz o (Henrique) Meirelles (ministro da Fazenda) de volta foi mais bem recebida do que poderiam imaginar os amigos do ex-presidente. Na cabeça de todos eles, está certo que Joe Biden, aos 78 anos e experiente, com uma vice mais jovem, Kamala Harris, foi a forma encontrada para derrotar Donald Trump nos Estados Unidos.
Olho nele/ Vale prestar atenção, ainda, na movimentação do prefeito do Rio, Eduardo Paes. Nos partidos de centro, tudo será testado até o ano que vem, para tentar quebrar a polarização entre Lula e Jair Bolsonaro.
Por falar em Bolsonaro…/ Ao ouvir o presidente dizer, em solenidade no Planalto, que o “Brasil vem dando certo” e “um dos poucos países que está vanguarda na busca de soluções”, alguns convidados se remexeram em suas cadeiras. Afinal, diante de um número médio de 2 mil mortes diárias, não é exemplo para ninguém. O alento de muitos, porém, foi ouvir o presidente dizer que “ainda não há uma cura para a doença”. Só isso já foi visto como um avanço.
É hoje!/ O seminário on-line “Desafios para o Brasil pós-pandemia”, do Correio Braziliense. A abertura está a cargo do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e o encerramento será do ministro da Economia, Paulo Guedes. O momento é de planejar e pensar, a fim de ser exemplo para o futuro.
É surreal que, durante o momento mais grave da pandemia, tenhamos um ministro demitido que continua no cargo e um ministro escolhido que não assume. As pessoas morrendo e o país sem ministro”
Vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM)
Senadores pressionam, mas Bolsonaro dobra a aposta contra o isolamento
Coluna Brasília-DF // Por Denise Rothenburg
A morte do senador Major Olímpio tirou o Senado da fila de espera pelo novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Enlutados e chocados pela morte do colega de 58 anos, eles se preparam para chamar a cúpula dos Três Poderes para a montagem de uma coordenação nacional de combate à covid-19. Cansaram de esperar essa atitude de Jair Bolsonaro e, depois da live presidencial desta semana, perceberam que a perspectiva de mudança de rumo do Poder Executivo por iniciativa própria é remota. Bolsonaro continua dizendo que é preciso isolar os idosos, as pessoas que têm comorbidades e os “obesos”, “o resto tem que voltar à normalidade”. Em suas redes sociais, o presidente avisou, inclusive, que entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF) contra as medidas adotadas pelos estados, em especial o toque de recolher, que ele considera uma iniciativa privativa do presidente da República.
Diante do discurso do presidente, os senadores hoje acreditam que o novo ministro, Marcelo Queiroga, que tem a posse prevista para terça-feira, não conseguirá fazer com que Bolsonaro aceite o “distanciamento inteligente”, que o próprio Queiroga citou como necessário ao chegar para uma reunião no Planalto.
Vacinas sem impostos
Uma das primeiras atitudes dos senadores em homenagem a Major Olímpio será colocar para tramitar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC), apresentada por ele, para isentar de impostos e contribuições a produção, o transporte, a importação e a aplicação de vacinas. O projeto foi redigido pelo ex-secretário da Receita Federal Everardo Maciel, a pedido do senador. Porém, não deu tempo de Olímpio recolher o número mínimo de assinaturas para a tramitação do texto.
Contramão
A proposta de Major Olímpio vai na contramão dos desejos do governo, de melhoria do quadro fiscal. Porém, diante da situação de emergência e tragédia que o país vive, se for colocado em pauta, passa rapidinho.
“Vexame internacional”
Ao se referir à gestão da pandemia no Brasil como um vexame internacional, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), marca uma linha de afastamento do governo de Bolsonaro. O comandante da Casa já avisou que não tem compromisso com os erros alheios.
Muita calma nessa hora
Ministros próximos a Bolsonaro acompanham o Congresso tirando a temperatura do descontentamento em relação ao governo. E não há, no momento, discurso disponível para atender as emendas e arrumar a base, em torno de tudo o que o governo deseja. Em especial, a reforma administrativa.
CURTIDAS
A volta de Wassef/ O advogado Frederick Wassef está de volta ao seio da família Bolsonaro. Nesta quinta-feira (18/3), em entrevista ao Morning Show, da rádio Jovem Pan, ele se referiu ao senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) como o “seu cliente”, que “não fez rachadinha e nem recebeu depósitos”, e também defendeu Jair Renan Bolsonaro: “Ele não ganhou carro elétrico, não existe isso, é uma fake news”, afirmou, referindo-se ao filho 04 do presidente e às acusações de que teria recebido um carro elétrico de presente.
Por falar em Flávio…/ Os negócios de 01 foram alguns dos motivos que levaram o senador Major Olímpio a se afastar de Bolsonaro. Ontem, por sinal, o presidente sequer citou a morte do senador em sua live.
Depois da festa…/ A proibição de circulação na Câmara, anunciada nesta quinta-feira (18/3), depois da morte de Major Olímpio, vem tarde para muitos servidores da Casa. Em 10 de março, o Sindicato dos Servidores do Legislativo e Tribunal de Contas da União (Sindilegis) divulgou um balanço de 21 mortes e 468 infectados entre os servidores desde o início da pandemia.
…a casa fecha/ O Sindilegis vem, há semanas, pedindo medidas mais restritivas na Casa, sem sucesso. Pelo menos, agora, conseguiu uma resposta afirmativa da administração. Que venham as vacinas capazes de reduzir esse pesadelo.
Centrão rachou, Lula quer Alexandre Kalil para vice na chapa petista
Coluna Brasília/DF de 18 de março de 2021
Diante da queda na avaliação da gestão do presidente Jair Bolsonaro e da alta da covid, dos juros e dos preços, deputados do grupamento que hoje sustentam o governo no Congresso adotam um certo distanciamento. Não é pequena a quantidade de parlamentares que, embora publicamente se coloque como base aliada, diga, em conversas reservadas, que só está ao lado de Bolsonaro por causa das emendas, necessárias para atendimento dos prefeitos ávidos por recursos orçamentários.
Esse cenário levou o PT de Lula a buscar os partidos de centro. O primeiro movimento foi procurar o PSD, presidido por Gilberto Kassab. O sonho do petista, hoje, é ter o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, como seu candidato a vice. A ideia é repetir a fórmula da campanha vitoriosa de 2002, quando Lula fez chapa com o então senador José Alencar, de Minas Gerais. Kalil, bem colocado para o governo do estado, não pensa nessa hipótese. O leque de 2022 ainda terá muitos ensaios.
Huck 2026
Diante da confusão na política, o apresentador Luciano Huck recolheu os flaps. A ida para o domingo, no lugar de Faustão, e a posição da família pesam a favor do adiamento do projeto de concorrer à Presidência da República.
Administrativa aponta para mais desgaste
A insistência do governo em dar prioridade à reforma administrativa na Câmara não é consenso na base aliada. A aposta é de que, quando o texto que Jair Bolsonaro entregou ao Congresso estiver em discussão, o governo viverá uma profusão de carreatas, como a dos policiais, nesta semana.
Música para o Centrão
Diante das dificuldades e da queda de popularidade, o governo faz um pente-fino nos cargos disponíveis para oferecer aos aliados. Vem aí uma nova temporada para ficar de olho na Seção 2 do Diário Oficial da União.
Agora só falta você
Na base aliada, a toada, hoje, para levantar a popularidade é de que o presidente Jair Bolsonaro precisa admitir a necessidade de maior distanciamento social nas cidades em que o sistema de saúde esteja no limite. Afinal, foram mais de 5 mil mortes em dois dias. Bolsonaro ainda não se convenceu. A live desta quinta-feira é vista como um termômetro.
CURTIDAS
O teste de Bia I/ É bom a presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), da Câmara, Bia Kicis (PSL-DF), se preparar. O bate-boca entre os deputados Paulo Teixeira (PT-SP), que chamava Jair Bolsonaro de “genocida”, e Alexandre Jordy (PSL-RJ), que tachava o petista de “vagabundo” e “cúmplice de ladrão”, foi só o começo. Ontem, ela descobriu onde fica a campainha, para pedir atenção dos colegas.
O teste de Bia II/ As apostas são de que o debate da reforma administrativa, a partir da próxima semana, fará subir ainda mais a temperatura das discussões entre os extremos.
Energia em debate/ Instalada a Frente Parlamentar de Energia Renovável na Câmara, o governo já convidou seu presidente, Danilo Forte, a integrar a comitiva que irá a Glasgow, na Escócia, para a 26ª Conferência das Partes (COP) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, a COP 26, em novembro deste ano. Mas dificilmente o governo levará na bagagem a Eletrobras privatizada. Hoje, o Coletivo Nacional dos Eletricitários lança a campanha “Salve a energia”, contra a privatização da empresa.
Enquanto isso, em Paris…/ Bares, restaurantes e museus estão fechados desde novembro e, agora, outras medidas virão. Na última terça-feira, a França registrou 408 mortes. E, aqui, onde chegamos a 6.045 em três dias, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, diz que a situação é “até confortável”.
Coluna Brasília/DF de 16 de março de 2021

Se tem um segmento aliviado com a saída de Eduardo Pazuello do cargo de ministro da Saúde é o de militares. Desde que o presidente Jair Bolsonaro disse, em suas lives, que seus opositores estavam criticando a atuação de um general, e dando a entender que poderia haver reações, havia um desconforto no pessoal da ativa, porque, afinal, o ministro vem seguindo o que tinha sido definido pelo chefe do Planalto. Agora, com Pazuello de volta ao quartel, cada um ficará no seu quadrado.
Bolsonaro e seus principais aliados estão convictos de que, com a ampliação do lockdown no país, era preciso um médico para se contrapor tecnicamente, de forma a evitar que essa medida se espalhe. O presidente, aliás, está convencido de que o lockdown é apenas para prejudicá-lo eleitoralmente. Paralelamente, o novo ministro, Marcelo Queiroga, terá a missão deixar clara a opção do país pelas vacinas, jogando para o fundo da gaveta e, espera Bolsonaro, para o esquecimento, o fato de, lá atrás, o presidente ter desautorizado Pazuello a comprar 46 milhões de doses da CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan, e declarações como, “vai pedir vacina para sua mãe”.
Depois de Pazuello…
Vem aí a pressão para a troca do chanceler, Ernesto Araújo. O presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, Fausto Pinato (PP-SP), amigo de Bolsonaro que esteve na China recentemente, afirma que, no mundo inteiro, são os chanceleres e presidentes que estão na linha de frente das negociações pelas vacinas. “Aqui, preferem ir para Israel atrás de spray.”
Deu ruim
A cardiologista Ludhmila Hajjar, primeira convidada a ir para o cargo de ministra da Saúde, terminou expondo ainda mais os erros do governo na condução da pandemia, como a falta de um protocolo de tratamento. Hoje, está cada estado e/ou município agindo por conta própria, sem uma coordenação nacional.
Enquanto isso, no Congresso…
Os ataques à médica por parte de radicais de direita levarão a mais uma tentativa de instalar CPI para tentar descobrir de onde saem essas ameaças de morte e quem patrocina esses grupos ideológicos que tentam tumultuar o ambiente democrático. As apostas são de que tem muita gente jogando pela ruptura institucional. Resta saber quem patrocina isso.
A guerra da semana
Mesmo com a difícil situação da pandemia, o palpite é de que a oposição não terá força para aumentar o valor do auxílio emergencial. Afinal, a base está segura de que as contas públicas não têm margem para esse pagamento. A ideia, como já revelado pelo Correio Braziliense, é deixar a MP caducar.
CURTIDAS
Presença de Ciro na Saúde/ O presidente do PP, Ciro Nogueira, do Piauí, é apontado dentro do governo como o padrinho da indicação do novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
Nem lá, nem cá, mas lá e cá/ Ao negar o lockdown geral, mas, ao mesmo tempo, dizer que os prefeitos e governadores têm autonomia, os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e o do Senado, Rodrigo Pacheco, deixam tudo como está, embora pareçam apoiar a posição do presidente Jair Bolsonaro.
Por falar em lockdown…/ O presidente Jair Bolsonaro monitora o tempo todo a situação no Nordeste. Teme que, se os governos estaduais fecharem tudo na região, ele termine perdendo a eleição. Afinal, desta vez, o auxílio emergencial será menos da metade do que foi pago no ano passado diante de um colapso bem maior.
Ministérios na pindaíba/ Marcelo Queiroga chegará cheio de vontade ao cargo de ministro, mas não poderá fazer muita coisa. Pelo menos até a aprovação do Orçamento deste ano, os recursos estão escassos. Em tempos de lockdown, o risco no governo é de shutdown.
Coluna Brasília/DF de 12 de março de 2021

Passada a votação da proposta de emenda constitucional que congelou o salário dos servidores, os parlamentares da oposição farão reiterados apelos ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para que deixe as propostas mais polêmicas para análise quando houver condições de realizar sessões presenciais. “Isso aqui sem povo não funciona. Os deputados ficam em casa, uma maioria expressiva não acompanha os debates e apenas segue a orientação para votar sim ou não”, diz o líder do PCdoB, Renildo Calheiros (PE). “Questões polêmicas e emendas constitucionais não podem ser votadas em sessões remotas”, completa.
Só tem um probleminha: é justamente esse o ambiente que o governo deseja aproveitar para passar, por exemplo, a forma administrativa, colocada como prioridade por Lira e pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. O Planalto acredita que, sem povo, pressão dos servidores e confabulações de plenário, o Congresso funciona muito melhor.
“Meu legado”
Lira não vê a hora de colocar as reformas tributária e administrativa em pauta para mostrar que, na sua gestão, essas propostas finalmente foram aprovadas pelo Parlamento. Vale lembrar que Rodrigo Maia quis aprovar a tributária, mas o Centrão obstruiu tudo para evitar que o Democratas saísse com essa marca da Presidência da Casa.
Mais uma baixa
A equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, está prestes a perder mais um técnico. O secretário de Gestão e Desempenho de Pessoal, Wagner Lenhart, pretende deixar o cargo para acompanhar a mulher, que está grávida e morando em São Paulo. Em tempos de pandemia e de tragédia de mortes por covid, não dá para ficar na ponte aérea.
Vacina brasileira
Essa é a principal esperança do presidente Jair Bolsonaro para sair da sinuca de bico em que se meteu ao desautorizar, lá atrás, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, a fechar o acordo inicial para a compra da CoronaVac. Ele pediu ao ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, que trabalhe no que for possível para isso. Se demorar muito, não vai adiantar para ajudar na reeleição.
Nem vem
Quanto ao distanciamento social, não adianta: o presidente continuará criticando as medidas restritivas, sem constrangimento. Ele está convencido de que os governadores tomam decisões, como o toque de recolher, apenas para prejudicá-lo.
Damares anula anistias
Ao revisar a concessão de anistia a 800 ex-cabos da Força Aérea Brasileira (FAB) que haviam sido aprovadas sob a alegação de perseguição política, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, capitaneado pela ministra Damares Alves, manteve apenas 43. A economia dessa revisão, feita com base em critérios definidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e pelo ministério, é de R$ 110 milhões. Ao todo, serão revisados mais de 2.500 benefícios concedidos a cabos dispensados por conclusão do tempo de serviço, em 1964.
Curtidas
Climão I/ A convivência entre Lira e o PSol está cada vez pior. Esta semana, foi chamado de “coronel” pelo deputado Glauber Braga (PSol-RJ) porque não aceitou o pedido do partido para a nova lista de presença, quando a sessão ordinária terminou seu tempo regimental e outra foi reaberta para dar continuidade à votação da PEC Emergencial.
Climão II/ Glauber ainda comparou Lira ao ex-presidente Eduardo Cunha: “Nenhum coronel vai calar a minha voz. Eduardo Cunha teve seu destino traçado”, comentou. Eis que Érika Kokay (PT-DF) completou: “A única pessoa que se achava dona desta Casa está presa”. Lira cortou os microfones de ambos.
Celebridades & política / O reality show A Casa do Zé, comandado pelo CEO do Instituto Brasileiro de Coaching (IBC), José Roberto Marques, terá uma edição pocket para a Netflix e o Globoplay. Entre as 17 pessoas confinadas numa casa estão o ex-deputado e cantor Frank Aguiar, Adriana Bombom, Suzete Cipriano, do grupo Fat Family e a digital influencer fitness Tati Lobão, filha do ex-senador Lobão Filho e neta do ex-ministro, ex-senador e ex-governador do Maranhão Edison Lobão.
Em tempos de pandemia…/ A ideia é o inverso do BBB. Filmado em Goiânia, o reality A casa do Zé é um misto de atividades e treinamento para uma vida melhor, no qual o foco é bondade, cura e autoconhecimento.









