Categoria: coluna Brasília-DF
O senador eleito Cid Gomes (PDT-CE) discute os termos de um manifesto do grupo que, informalmente, vem sendo chamado de “Senado Independente”. A expectativa é divulgar o documento no início do próximo ano. O manifesto servirá de base para o bloco com vistas a cargos da Mesa Diretora, comissões técnicas, além de nomes e perfis para a Presidência da Casa.
A linha mestra do documento já está praticamente definida: “Nem alinhamento automático, nem oposição sistemática ao novo governo”. Diz Cid: “Em respeito às urnas, e à democracia vinculada ao voto, é necessário que se dê um crédito de confiança ao novo governo”.
Embora evite críticas ácidas ao futuro governo, Cid vislumbra um risco de conflito entre a ala militar do governo, mais nacionalista, e o grupo econômico defensor intransigente das privatizações: “Tem um grupo que quer vender tudo. E, pela ausência de poupança privada no Brasil, vender significará entregar ao capital estrangeiro. Lá na frente, talvez isso gere um conflito”, aposta o pedetista.
Potenciais aliados de Bolsonaro na Câmara esperam por novas rodadas de negociações após a posse
Tarimbados por mais de 20 anos de experiência em negociação com governos eleitos e/ou reeleitos, os potenciais aliados do futuro presidente, Jair Bolsonaro, classificam as rodadas de reuniões entre ele e as bancadas na Câmara como aquele diálogo em que todos saem conscientes de que, na prática, a conversa será outra. Isso significa que, nos bastidores, os deputados não estão convencidos de que a relação mudará. Logo, tudo o que Bolsonaro afirma às bancadas nessa fase da transição terá de ser renegociado depois da posse. Especialmente, se fracassarem os movimentos dos filhos do presidente eleito contra o MDB, de Renan Calheiros, no Senado e o DEM, de Rodrigo Maia.
Otávio Rodrigues Júnior
A indicação do professor Otávio Rodrigues Júnior para o Conselho Nacional do Ministério Público ontem no plenário da Câmara, por 195 votos, foi construída nos bastidores, num trabalho que uniu a nova e a velha política. Cearense, como Eunício Oliveira, Júnior tem o conterrâneo trabalhando por ele. De quebra, o PSL, que muitos diziam que apoiaria Erick Vidigal, ficou com o currículo do professor da Faculdade de Direito de São Paulo. Erick obteve 39 votos. Agora, o nome vai ao Senado.
Indústria em debate
A indústria conta com o governo de Jair Bolsonaro para tentar recuperar terreno depois de uma década em que o crescimento da renda per capita ficou abaixo do 0,5%. Na próxima segunda-feira, o Correio Braziliense discutirá o que pode ser feito para sair desse triste cenário no debate A importância da indústria para o desenvolvimento do Brasil, no auditório do jornal.
Curtidas
Mágoa latente/ Ao se reunir com a bancada do PP, seu antigo partido, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, não deixou de, no mínimo, refrescar a memória dos presentes. “Viu? Vocês não quiseram que eu fosse candidato a presidente pelo partido, agora estou aqui”, disse em tom de brincadeira e sorrindo.
Não seja por isso/ Na hora, o líder da bancada, deputado Arthur Lyra (PP-AL), respondeu: “Nunca é tarde, presidente, a ficha está aqui. É só assinar. Ninguém se perde no caminho de volta”.

Ela fica/ O MDB contava com o retorno da senadora Rose de Freitas (foto) ao partido. Ela, porém, já fez chegar ao “Senado Independente” que não pretende deixar o Podemos.
A volta de Rosso/ O deputado Rogério Rosso (PSD-DF) voltou ontem ao trabalho, depois da licença não remunerada que havia tirado para fazer sua campanha ao governo do Distrito Federal. Faltam apenas 50 dias para o fim do mandato, a maior tarefa agora será encerrar o gabinete e votar o Orçamento da União para o ano que vem.
Embora tenha dito que não será ‘decorativo’, Mourão ainda está sem função no novo governo
Nos escaninhos da equipe de transição começa a crescer entre os técnicos a necessidade de deixar alguma função nas mãos do vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão. Disciplinado e preparado, o militar precisará ter alguma atribuição específica para que Bolsonaro possa coordenar o governo sem “bater cabeça”. Embora o vice tenha dito que não será “decorativo”, até o momento, ninguém se mostra disposto a deixar um “pedaço” da sua área para Mourão.
Se não correr…
O nome indicado pelo ex-ministro de Ciência, Tecnologia e Comunicações Gilberto Kassab para a Anatel foi aprovado no Congresso, mas, até hoje, a nomeação não saiu. O receio é de que essa demora em nomear Moisés Moreira seja proposital para dar ao presidente eleito, Jair Bolsonaro, a possibilidade de trocar logo um diretor da agência.
…vai ficar para trás
Aliás, a equipe de transição ainda não decidiu o que fazer das agências reguladoras. Só sabe que estão “aparelhadas” e, nesse sentido, se sobrepõem aos ministérios. Do jeito que está não vai ficar.
PSDB em litígio
A operação da Polícia Federal, ontem, enfraqueceu ainda mais as posições de Aécio Neves dentro do partido. Há quem diga que, do jeito que vai, João Doria ganha, a cada dia, mais força para
passar a ter um protagonismo maior entre os tucanos.
O fim do Conselhão
Em jantar do site Poder 360, na última segunda-feira, o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, foi direto: se depender dele, o Conselhão criado por Lula para ajudar as políticas governamentais está com os dias contados.
Por falar em dias contados…
Quem não consegue ficar uma semana longe das notícias do poder não sofrerá de abstinência neste fim de ano. A equipe de transição promete anunciar os últimos ajustes no organograma do governo justamente no período entre Natal e ano-novo.
Maia na lida/ O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, não perde tempo. Mal terminou a cerimônia no TCU, foi para um cantinho conversar ao pé do ouvido do deputado Tadeu Alencar (PSB-PE), que tem influência na bancada do partido. É a campanha de Maia pela reeleição em pleno movimento.
Dupla dinâmica/ Os futuros ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Justiça, Sérgio Moro, têm andado muito juntos. Ontem, estavam lado a lado na posse do presidente do Tribunal de Contas da União, José Múcio Monteiro.
Tem para todos/ José Múcio, aliás, reuniu representantes de todos os governos desde a redemocratização. As citações a Lula, que o indicou, e a José Sarney, um democrata, e o cumprimento ao ex-juiz Sérgio Moro foram momentos bastante aplaudidos no discurso.
A volta dos petistas/ A ex-ministra do Planejamento Miriam Belchior chegou à posse de José Múcio com o ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão. Miriam disse à coluna que tirou uma “sabática”
Guedes definirá até semana que vem quais empresas criadas pelo PT serão fechados
Funcionários de empresas públicas estão em pânico com a perspectiva de extinção de seus locais de trabalho. Porém, aqueles ligados ao setor do agronegócio, caso da Embrapa, por exemplo, não precisam se preocupar. Ali, tudo será mantido. Agora, aquelas criadas nos governos petistas — caso da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), que a coluna informou da extinção em 29 de outubro — podem se preparar. A avaliação do governo é de que, apesar da saída de Dilma Rousseff em 2016, grande parte dessas empresas continua aparelhada. O futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, pretende fechar essa listagem antes do Natal, ou seja, até a semana que vem. Os futuros ministros serão avisados.
O sexto homem de Temer
Governador eleito de São Paulo, João Doria quer anunciar, ainda hoje, o nome de Henrique Meirelles como seu secretário de Fazenda. Até aqui, o governo Doria será formado por, pelo menos, cinco ministros de Michel Temer.
O jogo é outro
Uma das intenções do futuro governador é preparar o terreno para, em caso de não conseguir dominar o PSDB, pular para outro partido e, assim, tentar viabilizar uma campanha presidencial.
O recado dele e o dela
Jair Bolsonaro hasteou a bandeira branca, ontem, porém, a presidente do TSE, Rosa Weber, foi incisiva ao frisar, várias vezes, a necessidade de lembrar a Declaração Universal de Direitos Humanos.
Mau exemplo I
Luciano Bivar, que comanda o PSL, brincava quando alguém lhe perguntava sobre a briga de Eduardo Bolsonaro com a deputada eleita Joice Hasselmann no grupo de WhatsApp do partido. “É normal. O Alckmin já não chamou o Doria de traidor?”, comentou Bivar com a coluna.
Mau exemplo II
Outros parlamentares, quando souberam da frase de Bivar, logo alertaram que o PSDB brigou tanto que não conseguiu se unir em torno de um candidato a presidente da República depois de Fernando Henrique Cardoso. Se o PSL não tomar cuidado, pode ter a mesma sina.
Fé em Deus/ Antes de entrar no plenário do Tribunal Superior Eleitoral para a diplomação, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, fez uma roda de oração, comandada pelo pastor levado pela futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
O dono do cofre/ O governador eleito de Goiás, Ronaldo Caiado (foto), aproveitou a diplomação de Jair Bolsonaro para conversar com Paulo Guedes. Aliás, formou-se atrás dele quase uma fila de autoridades tentando dar uma palavrinha com o futuro ministro da Economia.
O porta-voz…/ Enquanto o governador buscava Paulo Guedes, deputados só faltaram se acotovelar para cumprimentar o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o mais votado do estado. Ele não será líder do partido, porém, já é tratado como principal interlocutor do pai na Câmara.
… da família/ Perguntado sobre as ameaças de amigo de Renan Calheiros, de levar o senador eleito Flávio Bolsonaro ao Conselho de Ética por causa das denúncias sobre a movimentação atípica do ex-assessor Fabrício Queiroz, Eduardo foi direto: “Estranho, né? Flávio estar no Conselho de Ética, e o Renan, não”. Sinal de que os Bolsonaros vão jogar unidos. Na linha de mexeu com um, mexeu com todos. Leia mais detalhes no blog da Denise, no site www.correiobra
Para aliados de Bolsonaro, Coaf vazou relatório para barrar mudanças
Entre os aliados do presidente eleito, Jair Bolsonaro, tem muita gente certa de que o relatório do Conselho de Administração Financeira (Coaf) vazou justamente para evitar que o futuro governo cumpra a promessa de mudar tudo por ali. Vale lembrar que, nos governos Dilma Rousseff e Michel Temer, todas as vezes em que se cogitava trocar o diretor-geral da Polícia Federal, logo a oposição reclamava que a intenção era estancar a Lava-Jato. O Coaf tem essas informações há tempos e, na transição, pergunta-se por que surgiu só agora.
A resposta de aliados de Bolsonaro é de que o Coaf se prepara para repetir o mesmo discurso usado na PF no passado, o de que qualquer mudança será para acobertar a movimentação de pessoas próximas ao governo eleito. Só tem um probleminha: o ex-juiz Sérgio Moro não chegou ali para acobertar ninguém. Doa em quem doer, ele fará o trabalho dele.
O prazo das redes sociais I
A equipe de transição já foi avisada de que o futuro governo terá um prazo de 90 dias para a população sentir alguma mudança mais efetiva no trato da política e no ambiente econômico.
O prazo das redes sociais II
Três meses é, segundo especialistas, o máximo de trégua que o pessoal das redes sociais, em que Bolsonaro lastrou a sua campanha, se permite, antes de perder a paciência. No mundo analógico, esse prazo vai de seis meses a um ano.
Barrados no baile
Quem circula pelo Congresso sai com a sensação de que o ambiente ali não está bom. E nem é por causa da deprê de muitos que não foram reeleitos. É de que prevalece o sentimento de exclusão do novo governo.
Número errado
A conversa da deputada eleita Joice Hasselmann (PSL-SP) com o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) afastou o senador eleito Major Olímpio (PSL-SP). Olímpio não quer nada que seja articulado por Joice. Em conversas reservadas, há quem diga que ela foi prometer a Tasso um voto que não pode garantir.
CURTIDAS
Parcerias/ A escolha do governador eleito como interventor em Roraima foi considerado um gol de placa do presidente Michel Temer. Há quem sugira mudar logo o decreto de intervenção no Rio de Janeiro, para garantir logo a posse do futuro governador, Wilson Witzel.
Final feliz para a Funai/ Quem conversa com a futura ministra de Direitos Humanos, Damares Alves, se impressiona com o conhecimento dela a respeito da questão… indígena. Sim. Ela adorou ter recebido a Funai em seu ministério. O presidente eleito, Jair Bolsonaro, conseguiu resolver o imbróglio, sem melindrar nenhum ministro.
#Ficaadica/ Quem for trabalhar com o ministro Sérgio Moro é bom aproveitar esses dias natalinos para descansar. O expediente ali começa cedo e vara a noite.
Presença/ A posse do ministro José Múcio na Presidência do Tribunal de Contas da União (TCU) promete reunir a nata da política nacional nesta terça-feira e de todos os partidos. Aliás, ele é visto como o único que conseguiu passar pelo Ministério de Relações Institucionais sem gerar atrito com nenhuma legenda.
Senadores já fizeram as contas e concluíram que a Casa será um ponto de preocupação para o futuro governo. Ali, Jair Bolsonaro não terá maioria. As contas indicam, pelo menos, 39 independentes, 24 de tendência mais oposicionista e apenas 18 mais afinados com o governo. No quesito “pau para toda obra” só mesmo os quatro do PSL.
As dificuldades do governo no Senado, ao que tudo indica, não serão resolvidas pelo esquema tático em gestação na Casa Civil, onde só há ex-deputados. A esperança, comentam alguns muito atentos à formação da área política do governo, está na Secretaria de Governo, onde o general Santos Cruz deverá construir a ponte com o Senado.
Até aqui, entretanto, nada foi feito. E, sem essa interlocução, os adversários e independentes vão organizando o jogo longe do Poder Executivo. Vale lembrar que foi ali, entre os senadores, que o governo Lula, em 13 de dezembro de 2007, perdeu a CPMF, o imposto do cheque.
A novela Coaf está só começando
A movimentação financeira de Fabrício de Queiroz, ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro, é vista na transição como o maior ponto de desgaste que o presidente eleito enfrenta antes da posse. Se vai estancar ou não, depende das explicações do ex-assessor, que, até agora, não deu entrevistas.
Fio da meada
Uma das linhas de investigação sobre a movimentação de depósitos na conta de Fabrício Queiroz se refere a descontos nos salários dos servidores. Até aqui, entretanto, nada está provado. A única explicação, aliás, quem deu foi o presidente eleito, que mencionou um empréstimo a Queiroz, no valor de R$ 40 mil, que o ex-assessor do filho pagou em parcelas.
Visões dos fatos
O vazamento do relatório, aliás, foi lido por alguns mais próximos do presidente eleito como uma retaliação pelo fato de Bolsonaro ter dito que mudaria tudo por ali.
Chá de camomila nele
A irritação de Onyx Lorenzoni ontem, em São Paulo, durante entrevista que encerrou depois de discutir com um repórter, causou certa preocupação a alguns integrantes da transição. Já tem gente dizendo que, ou Onyx desliga o modo bélico, ou vai
ficar difícil.
CURTIDAS
Pregação no deserto/ O fato de o PSL ter nomeado um porta-voz não vai apaziguar a bancada. Há quem diga que, depois do “barraco” no WhatsApp, o partido vai ficar “pequeno demais” para Joice Hasselmann e Eduardo Bolsonaro. Já tem gente apostando que Joice seguirá para o PSDB, se o governador eleito de São Paulo, João Dória, conseguir dominar o partido.
WhatsApp e Tancredo Neves/ Depois do “barraco” no grupo do PSL entre Joice e Eduardo Bolsonaro, os mais experientes recorrem a Tancredo Neves para aconselhar mais parcimônia no uso das palavras na rede social. Dizia Tancredo: “Telefone serve no máximo para marcar encontro. De preferência no lugar errado”.
O jovem Alckmin/ O presidente do PSDB, Geraldo Alckmin (foto), gasta a maior parte do tempo, hoje, preparando-se para voltar a dar aulas na área de anestesiologia. Também pretende se dedicar à acupuntura. Dizem que parece um adolescente entrando para a faculdade.
O velho Alckmin/ Aficcionado pelo cafezinho na padaria, ele tem repetido o ritual diariamente em São Paulo, até mesmo nos postos de gasolina. Não são poucas as pessoas que param para falar com ele. Já tem gente apostando que o ex-governador não vai largar a política.
Grupo de oposição a Renan Calheiros na presidência do Senado fica dividido
O grupo de 12 senadores que se reuniu, há duas semanas, para traçar uma candidatura alternativa ao MDB do senador Renan Calheiros começa a minguar. No jantar mais recente, foram apenas sete. Nem todos fechados com o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). Alguns consideram que não será surpresa, por exemplo, se a senadora Kátia Abreu (PDT-TO), como já disse a coluna há alguns dias, manifestar preferência por Renan. Ex-ministra de Dilma Rousseff, Kátia não esquece que Renan trabalhou e votou para que a ex-presidente mantivesse os direitos políticos, quando da votação do processo de impeachment.
Meio Ambiente vira isca tucana
O presidente eleito começa a olhar com mais atenção para o PSDB. Para atrair tucanos, fez chegar aos ouvidos de alguns deles que planeja nomear
o ex-secretário do Meio Ambiente de São Paulo Ricardo Salles para o último ministério a
ser anunciado.
PSL queima a largada
O governo nem começou, e o PSL, partido do presidente eleito, Jair Bolsonaro, larga rachado e sob o signo da desconfiança interna e externa. Tudo por causa do vazamento do “barraco”, no grupo de WhatsApp do partido, entre os dois deputados mais votados da legenda, Eduardo Bolsonaro e Joice Hasselmann, divulgado, ontem à tarde, no site do jornal O Globo.
Ninguém ficou bem I
O teor dos diálogos esfarela o discurso de que Bolsonaro não pretendia influir na escolha do futuro presidente da Câmara. A turma do DEM, ligada ao atual comandante da Casa, Rodrigo Maia, está uma arara. Tudo porque, em resposta a Joice, Eduardo diz que, por ordem do pai, trabalha nos bastidores para interferir na escolha do futuro presidente da Câmara e afirma que faz tudo na surdina para não irritar Rodrigo.
Ninguém ficou bem II
A conversa deixou o PSL em pé de guerra, num clima de desconfiança interna. Estão todos se perguntando quem vazou o “barraco”. E as apostas são as de que, se Joice continuar nessa queda de braço com Eduardo, terminará isolada na bancada e no parlamento.
Incertezas na economia
Economistas do mercado estão cada vez mais sem entender exatamente qual será a verdadeira política econômica do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, devido aos sinais trocados dele e do presidente eleito, Jair Bolsonaro. Além da reforma da Previdência, que Guedes pretendia mandar de uma vez, e Bolsonaro menciona o fatiamento, fala-se ainda no resgate da CPMF. O imposto do cheque cresce na mesa de apostas dos especialistas após a confirmação de Marcos Cintra na equipe econômica. Bolsonaro, entretanto, repete diuturnamente que não terá novo imposto.
O que une Moro e Lula/ O futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, divide uma paixão com o ex-presidente Lula. Ambos são loucos por fettuccine a carbonara. Lula costumava preparar essa delícia da culinária italiana para os petistas. Moro, idem.
O que une Moro a Lula/ Em Brasília, o ex-juiz costuma frequentar os restaurantes italianos e não perde a oportunidade de degustar um bom carbonara.
A força da esposa/ Há quem diga que a futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro, tem tido peso na escolha de alguns ministros, como a pastora Damares para ministra da Família e Direitos Humanos.
Por falar em Direitos Humanos…/ Em tempos de questionamento dos valores humanitários, a Esplanada foi tomada por enormes painéis afixados no alto de seus prédios, com cada um dos 30 artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que completa 70 anos em 10 de dezembro. De todos os pontos da larga avenida, pode-se avistar os princípios que reafirmam as condições da dignidade humana.
Colaboraram Leonardo Cavalcanti, Liana Sabo e Rosana Hessel
Em reuniões com partidos, Bolsonaro tenta evitar isolamento do PSL na Câmara
As reuniões do presidente eleito, Jair Bolsonaro, com partidos, nesta semana, foram vistas como um movimento que vai muito além da simples discussão das reformas. Ele passou a trabalhar para tentar conter a articulação anunciada pela coluna em 17 de outubro, que busca criar um terceiro polo na correlação de forças da Câmara, isolando as duas grandes legendas: PSL e PT.
A formação de um bloco com partidos de centro-direita e esquerda ganhou corpo, nesta semana, com reuniões que atraíram PP, PRB e PSD a discussões travadas desde outubro por legendas como PDT, PPS, PSB, PCdoB, DEM, PHS, MDB, PTB e Solidariedade. Se a ideia do bloco vingar, o sonho do PSL de conquistar presidências das comissões técnicas vai para o espaço. E é justamente para buscar aproximação com as legendas que Bolsonaro deflagrou essas reuniões. Até fevereiro, quando serão escolhidos os futuros comandantes da Câmara, outros movimentos virão.
Balança para ver se derruba
A onda de desgaste pela qual atravessa Onyx Lorenzoni vai se formar em breve em torno do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes. Pelo menos é o que se comenta no fundo do plenário da Câmara.
O tempo é de esperar…
… para colher. Nos bastidores das reuniões partidárias prevalece a antiga fórmula de que, para apoiar um governo, o deputado gosta de se sentir “parte”, ou seja, indicar cargos. As excelências parecem não entender que Jair Bolsonaro foi eleito para fazer diferente e consideram que dá para esperar o momento certo para apresentar as faturas.
O medo dos temeristas
Aliados de Michel Temer têm sido unânimes em afirmar que, se não for respeitado o que chamam de “devido processo legal’, há o risco de o presidente ter o mesmo destino do ex-presidente Lula, quando deixar o cargo.
Pau pra toda obra
Até aqui, o único partido que anunciou apoio formal ao futuro governo foi o PR, liderado por José Rocha (BA). Os demais estão na linha de independência. A amigos, Rocha tem dito que o PR é o único que tem “coragem”.
Irmão é parente I/ O fato de o diretor da Empresa de Planejamento e Logística Maurício Malta, irmão do senador Magno Malta, ter trocado o trabalho na equipe de transição por uma viagem à Europa custeada pelos cofres da empresa foi mais um motivo para que o parlamentar ficasse longe do primeiro escalão.
Irmão é parente II/ A viagem de Maurício veio a público, ontem à tarde, em reportagem de Patrick Camporez, no site do jornal O Globo. A turma da transição, para a qual Maurício está nomeado sem remuneração, já sabia da “excursão” à Itália e a Portugal desde novembro. A escolha do diretor da EPL foi vista como um descaso para com o trabalho da transição.
Férias sem barulho/ Assim que terminar o governo de Michel Temer, a secretária executiva do Ministério da Fazenda, Ana Paula Vescovi, vai passar 60 dias em Portugal, de “calça jeans, camiseta e tênis”, passeando com os filhos. O chefe direto dela, o ministro Eduardo Guardia (foto), vai para a praia, assim como o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun.
Humor não falta/ Ao receber prefeitos do Vale do Ribeira, o presidente Michel Temer brincou: “Aqui, o cafezinho não está frio nem a água está quente, podem beber”, brincou.
Colaboraram Hamilton Ferrari e Rosana Hessel
Governo Bolsonaro tentará aprovar Previdência em partes e terá delicada negociação com deputados
A decisão de fatiar a reforma da Previdência está tomada no governo de transição e, a julgar pelo primeiro contato direto do presidente eleito, Jair Bolsonaro, com as bancadas dos partidos, a relação será projeto a projeto. Bolsonaro disse aos deputados que não tem partido dono de ministério. E ouviu dos deputados que não tem “efeito manada nas bancadas” — quando o governo fecha um texto e manda os deputados filiados a partidos com cargos no governo apertarem o botão “sim” na hora de votar as propostas de interesse do Executivo.
A “independência” declarada da maioria dos partidos em relação ao governo levará o presidente eleito a negociar cada votação e a ter de manter um contato muito mais próximo com os parlamentares, a fim de evitar dissabores de última hora. Aliás, há quem diga dentro da transição que caberá aos filhos de Bolsonaro, deputado Eduardo e senador Flávio, o papel de prestar atenção no humor das bancadas na hora de cada votação. É um novo desenho, que nem os Bolsonaros sabem como funcionará. Só sabem que o modelo do toma lá dá cá está falido.
O caldo do Judiciário
A vida do único poder que não se renova com eleição promete não ser fácil. Primeiro, a troca do fim do auxílio-moradia pelo reajuste. Depois, o Ministério Público reage, a favor desse auxílio. Ontem, foi a reação do ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski de mandar prender o rapaz que o admoestou dentro do avião. O desgaste do poder está num crescente. E, ao que tudo indica, a deputada eleita Bia Kicis (PSL-DF), que ensaia um discurso de cobrança ao Judiciário, não estará sozinha.
A fila dos partidos
Depois do quarteto desta semana (MDB-PRB-PR-PSDB), Bolsonaro planeja conversar com o PSC, do Pastor Everaldo. A legenda deve ter um representante no Poder Executivo. Samuel Coelho de Oliveira, que preside a ala jovem do partido, está cotado para a Secretaria Nacional de Juventude.
Só os índios, por favor
Bolsonaro inverteu totalmente a relação com os partidos. Até aqui, tucanos e petistas conversavam com presidentes e líderes, deixando a massa de deputados para um convescote no Alvorada. O presidente eleito quer evitar o contato direto com caciques partidários. Romero Jucá e Valdemar Costa Neto nem pensar.
Contagem regressiva
A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal tem só mais uma reunião este ano. Significa que, pelo andar do trenó na Corte, Lula pode se preparar para passar o Natal na sede da Polícia Federal, em Curitiba.
CB.Poder
Hoje, o programa recebe o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, ao vivo, às 13h15, na TV Brasília e nas redes sociais do Correio Braziliense.
Sinais/ O presidente eleito, Jair Bolsonaro, cumprimentou o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Fábio Ramalho, do MDB-MG, chamando-o de “meu presidente”. Em política, todo gesto vai além de um simples movimento. Houve quem saísse da reunião certo de que Bolsonaro prefere Ramalho na disputa de 2019.
Comes & bebes/ Fabinho Liderança, como o vice-presidente é conhecido entre os colegas, levou pé de moleque e dois queijos para o presidente eleito: um parmesão artesanal do Sul de Minas e outra variedade típica da Serra da Canastra.
E o Moro, hein?/ O futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, dispensou a camisa preta que costumava usar. Agora, só tem usado camisa de cor clara. Há quem jure que a mudança é para que as más línguas não o vinculem aos “camisas negras” da Itália, indumentária que marcou o grupo ligado ao fascismo de Benito Mussolini.
Por falar em Moro…/ O futuro ministro anda tão desconfiado das pessoas que todas as vezes em que vai falar ao celular chega a colocar o aparelho de um jeito que quem está ao seu lado não possa ver com quem ele está falando ou o que escreve. Na Espanha, chegou a passar a alguns a impressão de que o sempre elegante, educadíssimo e preparado embaixador Pompeu Andreucci estava de olho no seu celular. Pompeu jamais faria isso. Moro é que está desconfiado até da própria sombra. Não perdeu alguns tiques dos tempos de juiz da Lava-Jato.
STF tem de parar de atravessar a Praça dos Três Poderes para legislar, diz Bia Kicis
A depender do que disse a deputada Bia Kicis, ontem, em palestra no Sindilegis, o Poder Judiciário deve se preparar para ser mais cobrado daqui para frente. “O povo renovou o Executivo, o Legislativo, mas não o Judiciário. O Supremo Tribunal Federal tem de parar de atravessar a Praça dos Três Poderes para legislar. Esse papel é do Legislativo”, disse ela, num recado direto a todos os ministros que, provocados, muitas vezes, adotam decisões monocráticas. Enquanto ex-procuradora, Bia Kicis sabe muito bem do que está falando.
O que eles querem
Parlamentares do Centrão sonham em ouvir do presidente eleito, Jair Bolsonaro, que há perspectiva de abertura dos cargos de segundo escalão para indicações políticas. Tem gente, inclusive, ensaiando dizer que, quando um deputado não se sente participando do governo, não se sente “motivado” para votar as reformas. Parece chantagem. E é.
Põe aí seis meses
Talvez, até mais. Esse é o prazo mínimo que os especialistas em gestão pública apontam para que as mudanças de estrutura do governo passem a funcionar. Ou seja, que ninguém espere muitos resultados na ponta da administração pública no período inicial do governo.
Presente de grego
Conforme antecipou a coluna Brasília-DF no fim de semana, Sérgio Moro não vai ficar com a Funai. O problema é que a futura ministra da Agricultura, Tereza Cristina, também está preocupada com a perspectiva de receber a Fundação em sua pasta. Ministros da Justiça sempre reclamaram que caciques chegam ao ministério e vão entrando, sem marcar audiência.
Opostos se atraem
A bancada do agronegócio, da qual Tereza Cristina faz parte, já teve embates homéricos com as comunidades indígenas no Congresso. Agora, essa tensão vai se transferir para sua porta.
Haja energia
O receio de aliados da ministra é de que ela termine sugada pelos conflitos indígenas e não consiga se concentrar nas demandas do agronegócio e da promoção das exportações brasileiras nesse setor.
O esquenta das damas I/ O encontro Café com Política, ontem, no Sindilegis, foi uma demonstração do que promete vir por aí no ano que vem, quando as deputadas Bia Kicis (PSL-DF) e Érika Kokay (PT-DF) estiverem no plenário.
O esquenta das damas II/ Aliada de primeira hora de Jair Bolsonaro, Bia lembrou os movimentos passados pelo impeachment e pela prisão de Lula e defendeu o projeto Escola sem Partido. Érika, por sua vez, foi direta ao se referir ao futuro governo como “faces do fascismo” e repetiu várias vezes que “não há provas” contra Lula.
O esquenta das damas III/ Érika Kokay, por sinal, não aplaudiu a fala da adversária. E Bia nem esperou para ouvir Érika criticar o futuro governo.
Incomodado/ Sempre elegante e cortês, o embaixador do Brasil na Espanha, Pompeu Andreucci (foto), fez questão de acompanhar de perto o futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, durante palestra na Fundação Internacional pela Liberdade. Moro, entretanto, não estava muito para conversa. Chegou a virar o celular para poder trocar mensagens de WhatsApp antes da sua palestra.










