Contágio eleitoral

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O maior receio do Planalto hoje é o Supremo Tribunal Federal (STF) demorar a enviar a denúncia de Rodrigo Janot contra Michel Temer para a Câmara dos Deputados, a ponto de comprometer a intenção do governo em resolver essa “pendência” antes do recesso de julho. Porém, se ficar para agosto por causa da pausa no Judiciário, vai atravessar o calendário político de preparação para o período eleitoral. Isso, obviamente, gera mais dificuldades para tirar o presidente da enrascada provocada pela delação de Joesley Batista. Arrisca, inclusive, desacelerar ainda mais a economia.
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Por essas e outras, essa semana começará um movimento para que o STF não entre em recesso sem encaminhar tudo para o Congresso. Nas conversas políticas, há quem diga que não dá para os “togados” e os parlamentares saírem de férias deixando o país em suspense.

Loures e o resto
Entre os argumentos dos deputados que trabalham votos pró-Temer na CCJ está o fato de Rodrigo Rocha Loures não apresentar nada contra o presidente. Loures é considerado no meio político o único capaz de provocar um “fato novo” e, por tabela, a queda do atual governo.

O que move os tucanos
Em suas conversas mais reservadas, os tucanos têm revelado a certeza de que o PMDB, ainda que Michel Temer sobreviva, não apoiará o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, à Presidência da República e nem o prefeito paulistano, João Doria. O acordo do partido era com o senador Aécio Neves, que saiu da fila.

Sai pra lá!
O PR ligado a Valdemar da Costa Neto não quer Jair Bolsonaro no partido, porque não deseja apostar no incerto para 2018. Ainda que Bolsonaro se apresente bem nas pesquisas, os parlamentares acreditam que o deputado é meio Russomanno: vai bem até um pedaço, mas não leva.

O Hezbollah e o PCC
Relatório apresentado em maio pela Foundation for the Defense os Democracies acendeu o alerta vermelho por aqui. O instituto, com sede nos Estados Unidos e diversas pesquisas sobre democracia, política e terrorismo, aponta o mercado ilegal de tabaco na América Latina como fonte adicional de renda do Hezbollah e o PCC como parceiro comercial do grupo.

De véspera/ O prefeito de São Paulo, João Doria (foto), desembarca amanhã em Brasília para uma rodada de conversas com o empresariado local. Talvez por isso, aliados de Geraldo Alckmin digam desde já que o governador é o candidato natural à Presidência da República no ano que vem.

De antevéspera/ No PT, a ordem é fazer a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva como se a condenação do
ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci e os casos envolvendo o ex-presidente fossem assuntos de Marte. Ninguém vai entregar os pontos.

Por falar em entregar os pontos…/ No governo de Michel Temer, a disposição de permanecer no Planalto é semelhante ao ânimo de Lula em se manter candidato.

A culpa é do Eduardo!/ Em conversas reservadas, peemedebistas debitam na conta de Eduardo Cunha o fato de Rodrigo Maia (DEM-RJ) ser o nome para substituir Michel Temer. É que estava tudo pronto para que Maia fosse líder do governo na Câmara. Cunha insistiu em André Moura, do PSC. Rodrigo terminou acima de Moura, de Eduardo e pronto para assumir o Planalto.

Dilma, Lula e Joesley

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A CPI Mista da JBS começa a voltar suas baterias para a relação para lá de amistosa entre Joesley Batista, o ex-presidente Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff. No ano eleitoral, por exemplo, Joesley esteve no Planalto no dia 14 de agosto, em plena campanha, conforme registro da agenda oficial da presidente. Em outubro, voltou ao Planalto fora da agenda, justamente no dia em que havia a exposição “Mulheres do Brasil”. A uma amiga que encontrou quando chegava ao Planalto o empresário perguntou: “Por que está esse mulherio todo hoje aqui?”, com o maior ar de quem era habituè do pedaço. Já tem assessores em busca de imagens de Joesley nos salões palacianos. Em especial, nos governos Lula e Dilma. Em 2014, aliás, o lucro líquido da JBS foi de R$ 2 bilhões,120% a mais do que em 2013. Entre a audiência de agosto e a visita de outubro ao Planalto, não se sabe com quem foi conversar, o Tribunal de Contas da União (TCU) começou a investigar o desembolso bilionário do BNDES para o grupo de Joesley.

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Em tempo: há quem diga que a CPI promete se transformar numa queda de braço às avessas, na qual o PT tentará jogar o megadoador no colo do PMDB e os peemedebistas vão atirar Joesley no colo dos 13 anos de PT, quando o grupo se tornou a gigante do mercado de carnes no Brasil.

Troca na PF

O ministro da Justiça, Torquato Jardim, ficou surpreso com o número
de delegados interessados em substituir Leandro Daiello no comando da Polícia Federal. Com um amigo, comentou
que há pelo menos seis pessoas de olho no cargo.

Dois gumes

Senadores tarimbados no toma lá dá cá avisaram ontem ao governo que a retaliação, na atual conjuntura, pode terminar afastando de vez votos importantes para o Planalto no jogo político do Congresso. Afinal, enquanto a denúncia de Rodrigo Janot for uma sombra sobre o presidente Michel Temer, a insegurança da base permanecerá alta.

O alerta dos advogados

Depois do julgamento em que Andréa Neves foi para a prisão domiciliar, os advogados redobraram a atenção com os votos dos ministros. É que eles juram que, no voto vencido do ministro Luís Roberto Barroso, ele menciona que “interceptações telefônicas revelam habitualidade no crime” e se refere a diálogos transcritos. “Ele se refere a diálogos transcritos que não existem no processo”, comenta o advogado Marcelo Leonardo.

O medo dos advogados

Outros profissionais que acompanham seus clientes ficaram preocupados e dizem desconhecer nos autos gravações de conversas entre Joesley Batista e Andréa Neves. “Já imaginou se ela ficasse na cadeia por uma transcrição que não existe?”

É pique, é pique!/ Na semana em que o BNDES comemora 65 anos, o Instituto Indigo, fundação ligada ao partido
Livres, antigo PSL, lança um site em “homenagem” ao banco http://www.bndes.site/ A página foi batizada de Buraco Negro de Endividamentos e Subornos.

É hora, é hora!/ Ali, o internauta poderá conhecer os grandes feitos do banco, como “obra inacabada” do Porto de Luís Corrêa ou ainda fazer simulação de empréstimos e saber o que poderia ser feito com tantos recursos em áreas como saúde e saneamento. Entre os patrocinadores de mentirinha do site, estão, a JBS, a Odebrecht e Grupo EBX.

Rá-ti-bum!/ A alegria do Livres deve durar pouco, porque usa a marca do banco. Os autores, entretanto, trataram de se precaver: Ali, aparece “Aviso legal: este site é uma paródia, com fins de crítica política”.
Enquanto isso, no STJ…/ O juiz Nicolau, aquele que recebeu o apelido de Lalau quando condenado pelo desvio de recursos na construção do TRT de São Paulo, ainda não teve o sossego dado aos delatores premiados da Lava-Jato e de outros crimes. Ele recorreu para que seja processada ali a reclamação proposta em 2015 contra a 1ª Vara Criminal paulista, que indeferiu o pedido de reconhecimento da prescrição e o de indulto. A 5ª turma do STJ julgará o caso na terça-feira.

Janot e o tempo

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Nos bastidores do julgamento do Supremo Tribunal Federal, ontem, comentava-se que, independentemente da troca do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em setembro, quem está na berlinda hoje continuará. Seja em Brasília, seja em Curitiba, a Lava-Jato e todos os seus desdobramentos já têm elementos suficientes para seguir seu rumo sem medo de substituições.

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Em tempo: No Palácio do Planalto, essa sensação também existe. Porém, ali, trabalha-se hoje e “trabalhar-se-á” na linha de que é preciso baixar a poeira e buscar uma convivência pacífica entre os Poderes incluindo aí o Ministério Público. O discurso encaixa exatamente com o que tem é defendido pelos procuradores Raquel Dodge e Eitel Santiago, ambos no páreo para substituir Janot. Um dos dois, avisam os mais ligados ao presidente, terá a preferência.

A ordem dos fatores

Deputados já traçaram o fim do semestre: se o procurador-geral Rodrigo Janot oferecer denúncia contra o presidente Michel Temer nos próximos dias, conforme previsto por procuradores, a tendência é votar logo esse tema e deixar o segundo semestre para as reformas. Se Janot oferecer denúncia apenas em julho, a Casa cancelará o recesso para analisar o pedido do procurador.

Vai caducar

Sabe aquela medida provisória que acabava com a desoneração de setores da economia? Pois é. Os congressistas vão deixar o texto perder a validade. Não é hora de mexer com isso. Pelo menos, enquanto estiver nessa batida mista, de crise política e econômica.

Se Fachin quer…

…Não serão os seus colegas de STF que vão tirá-lo da relatoria do caso JBS. A delação também será mantida, porém, ressalvas virão. O STF vai deixar muito claro que delator mentiroso deve ter o benefício revisto, conforme prevê a lei. E Joesley, dizem alguns, se não contar tudo o que sabe de todos e omitir informações, estará nesse caso. Até aqui, comentam advogados, o empresário tem poupado Lula e o PT.

Hélio José e o Planalto

As reclamações do senador Hélio José sobre ter sido “retaliado” com demissões de seus apadrinhados no governo não incomodaram os inquilinos do Planalto. Ali, todos os ministros concordam que é preciso estar ciente da dor e das delícias de ser governo. Desde a República Velha, é assim que a banda toca.

Aristides Junqueira/ Primeiro procurador da República depois da Constituição de 1988, Aristides Junqueira falou ao CB.Poder sobre a situação atual, o mar de delações premiadas e o desfile de confissões que ele já classificou de “pornografia moral”. Confira a íntegra em www.correiobraziliense.com.br.

Estão todos bem/ Os shoppings e lojas de departamento não têm reclamado. Seus CEOs têm dito que o pior da crise econômica já passou, porém é preciso ficar atento para não perder essa curva ascendente.

PSDB na espera/ Enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) não definir o destino do senador Aécio Neves, a tendência é o PSDB adiar a sua Comissão Executiva. Afinal, o senador, embora afastado da Presidência e do mandato, tem tido todo o apoio do partido para se defender das acusações. Aliás, não faltaram visitas de solidariedade ao longo dos últimos dias.

Fundo partidário na corda bamba/ Políticos de diversos partidos se movimentam para aumentar os recursos do fundo partidário. Pelo menos um está contra essa maré. Tramita na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) um projeto do senador Cristovam Buarque (foto) para acabar com esse benefício. O parlamentar considera que “os partidos devem ser custeados por contribuições de seus filiados e simpatizantes, e não com recursos públicos”.

E vice manda?

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Um dos argumentos que o governo levanta ao longo do fim de semana para rebater a entrevista de Joesley Batista à revista Época é o caráter de vice decorativo que Michel Temer tinha durante todo o período do governo da presidente Dilma Rousseff e o papel de “regra três” do PMDB no governo do e-presidente Lula. Ou seja: quem tomava conta do país no período em que saíram todas as facilidades ao clã J&F era o PT e a dupla Lula/Dilma.

Outro ponto que os peemedebistas vão disseminar nos próximos dias é o desespero dos sócios da JBS Fri-Boi, que virou Do Chef. Joesley, com medo da extradição e da prisão, resolveu voltar para reforçar sua posição de “mocinho”.

Deixa quieto
Os peemedebistas vão tentar fazer com que os deputados do partido desistam de indicar o ministro da Cultura. A ideia é dar liberdade ao presidente Michel Temer para escolher um nome da área. Afinal, comentam alguns, esse setor não tem muitos votos na Câmara, mas faz um barulho danado.
Climão
A relação entre PSDB e PMDB já não era boa e vai piorar nos próximos dias por causa da nota do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. É que já tem gente na base de Temer atribuindo a nota a uma cortina de fumaça para que os tucanos escondam seus próprios problemas.

Questão de ângulo I
Peemedebistas veem a nota de Fernando Henrique como uma forma de desviar a atenção justamente às vésperas de a 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal julgar o pedido de prisão do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), uma vez que o ministro Marco Aurélio negou o envio para o pleno.

Questão de ângulo II
Os tucanos, em especial, os de São Paulo, viram de outra maneira: não dá para o partido cair no precipício junto com o PMDB, ainda que, para isso, tenha que entregar algumas cabeças da própria legenda.
Aposta da semana
Enquanto as investigações e os processos seguem seu curso e os congressistas do Nordeste marcam presença nas festas juninas, aqueles que ficam por Brasília vão jogar suas fichas na reforma política. Cláusula de desempenho é a prioridade. É uma tentativa de reduzir o número de partidos.
CURTIDAS
Comandante Rodrigo I/ Esta semana de Michel Temer na Rússia e o deputado Rodrigo Maia no comando do país é vista por setores da base aliada como um teste para o presidente da Câmara na gestão da crise. O PMDB, por exemplo, quer saber até que ponto irá a fidelidade dele a Michel Temer.
Comandante Rodrigo II/ Aqueles que comparam a validade do governo Temer à de um iogurte, querem saber se Rodrigo Maia terá fleuma e jogo de cintura para levar o país num cenário de PMDB em frangalhos, PSDB baleado por causa de Aécio Neves, e PT, visto como a origem de muitos problemas, com faca nos dentes. É confusão para mais de metro.

Perdem o amigo, mas…/ Os tucanos ainda encontram motivos para rir em meio a tantos problemas. Dia desses, um gaiato do partido comentava: Ainda bem que o Alexandre Moraes se desfiliou do PSDB. Em qual cabeça ele se enquadraria?

nunca a piada/ Quem pergunta aos políticos mais experientes do PMDB quem sobrará para 2018, sem ter nem um pequeno deslize a explicar, eles respondem: “Talvez aquele de 20 e poucos anos que acabou de formar e entrar no partido”. É, pois é.

Pesos, medidas & riscos

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Aliados do presidente Michel Temer buscaram todas as decisões do procurador Rodrigo Janot relacionadas à presidente Dilma Rousseff para contrapor à rapidez com que o procurador age agora em relação ao ex-deputado Rodrigo Rocha Loures e ao presidente. Vão começar a martelar, por exemplo, que Janot arquivou duas vezes pedido de inquérito para investigar a presidente no caso da refinaria de Pasadena, ainda que dois delatores, o ex-senador Delcídio do Amaral e o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, tenham citado a presidente. Cerveró, por exemplo, disse que Dilma havia mentido. Já no caso da nomeação de Lula, onde se suspeitou de obstrução de Justiça, Dilma conseguiu manter o foro privilegiado mesmo depois de afastada.
Todas essas ações ocorrem em paralelo ao jogo previsto para hoje, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, onde um grupo aliado ao Planalto forçará a convocação do ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo, para prestar esclarecimentos. Há quem diga que, se essa atitude for feita de forma atabalhoada e para constranger um ministro da Suprema Corte, o efeito sobre o presidente Michel Temer será inverso. Ou seja, em vez de ajudar, vai atrapalhar. Afinal, tudo o que o país não precisa, nesse momento, é de um confronto entre os Poderes personalizado nas figuras de Fachin e Temer. Bem dizia o ex-vice-presidente Marco Maciel: “Não vamos fulanizar”.Esqueceram dele
Entre aliados do presidente Michel Temer é recorrente comentários do tipo: Rodrigo Janot se esqueceu do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, e justamente depois que o peemedebista virou uma espécie de líder da oposição. Na Procuradoria, entretanto, amigos de Janot avisam que qualquer semelhança é mera coincidência.

TSE & economia
Enquanto o presidente Michel Temer não demonstrar capacidade de levar as reformas adiante, o dólar continuará em viés de alta, conforme previsão de analistas de mercado.

Fator jurídico
O governo bem que gostaria de liquidar o julgamento do TSE esta semana. Porém, juridicamente, todos no Planalto apostam em mais num pedido de vista hoje. Aliás, o que mais preocupa o governo no cenário atual não é nem o tribunal e, sim, Rodrigo Rocha Loures, réu confesso na propina de R$ 500 mil.

Fator político
O PSDB vem sendo acompanhado com uma lupa pelo governo. E, se os tucanos saírem, restará a Temer buscar os mesmos que ajudaram o PT a compor maioria, PR, PTB e PP. O fim dessa história todo mundo já sabe.

Dia dos Namorados..?/ Os deputados tomaram um susto ao ver que o plenário terá uma sessão solene em 9 de junho para marcar o “Dia do Coração Aquecido”. Acharam que o presidente Rodrigo Maia havia enlouquecido ao permitir uma sessão para comemorar o 12 de junho.

É religião/ Quem é metodista sabe: trata-se de comemorar o dia em que o fundador da igreja metodista, John Wesley, sentiu o coração esquentar ao ouvir um comentário de Lutero sobre a epístola dos romanos. Os funcionários de alguns políticos brincavam ontem que só falta agora uma sessão solene para comemorar o Natal. O difícil é as excelências ficarem por aqui no período natalino.

Reportagens & história/ 
O jornalista Magno Martins lança amanhã seu sexto livro, Histórias de repórter, com os bastidores do que viveu no jornalismo desde 1983. São 103 histórias, inclusive algumas no tempo do jornalista Mario Eugênio, com quem Magno trabalhou no Correio Braziliense. Magno autografa a obra a partir das 19h, no bar Boteco, na 406 Sul.

(Daniel Ferreira/CB/D.A Press)


Depois da Carla Amorim…/ 
A estilista Luísa Farani (foto), de Brasília, ultrapassou o “quadradinho”, como muitos carinhosamente chamam o DF. Dia desses, dona Rosângela, mulher do juiz Sérgio Moro, apareceu com uma de suas criações.

Pós-leniência, turbulência

Publicado em coluna Brasília-DF

O grupo J&F pode ter recebido o que os médicos costumam chamar de “visita da saúde”, com o vantajoso acordo de leniência que ajudou a subir a cotação das ações de empresas do grupo na Bolsa de Valores. É que procuradores afirmam já ter elementos para dizer que a companhia terá que responder por informação privilegiada por ganhos obtidos quando do vazamento da gravação da conversa de Joesley Batista com o presidente Michel temer.

Só tem um probleminha: a dupla Joesley e Wesley sempre poderá dizer que “não sabia de nada” a respeito da aplicação no mercado de câmbio, mas a empresa terá que responder. Ou seja, os problemas da JBS estão longe de terminar com a delação.

E o Palocci, hein?
O pedido de prisão domiciliar para o ex-ministro Antonio Palocci, justamente, às vésperas do Congresso do PT foi lido por setores do partido como um recado do tipo, “me aguardem”.

Temer respira…
A avaliação dos políticos é a de que a situação política do presidente Michel Temer é muito melhor hoje do que ontem. A cada dia a sua aflição.

… apesar dos pesares
A coluna quis saber dos ministros e líderes aliados do presidente qual o maior imponderável que Temer precisa enfrentar hoje para atravessar esse período. A maioria não tem dúvidas. É o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, filmado carregando uma mala com
R$ 500 mil.

Distritão
Enquanto a Comissão de Constituição e Justiça do Senado faz andar a eleição direta em caso de vacância da presidência da República, a Câmara realiza consultas sobre a reforma política. Começa a se formar um consenso entre os deputados de que a melhor saída para eles hoje é o distritão (onde os mais votados são eleitos). É mais fácil de o eleitor entender e, para completar, há quem jure que ajudará muitos congressistas hoje, por causa dos votos do interior.

Aposta
Representantes de peso do mercado financeiro apostavam ontem à tarde na queda de um ponto percentual nos juros. E por um motivo muito simples: 0,75 e 1,25 são patamares que podem requerer algum tipo de explicação. Um ponto ficava no meio termo. Bingo!

Ele não perde o humor/ Se tem algo que caracteriza o líder do governo no Senado, Romero Jucá (foto), é a capacidade de rir de si mesmo. Ele se referiu assim a quem perguntava a ele sobre eleição direta já: “É para derrubar o próximo. Se vier um doidinho, com um vice doido, já teremos a eleição direta. O Michel, obviamente, vai terminar o mandato”, afirmou Romero.

Por falar em Jucá…/ Numa rápida conversa no Planalto, Jucá tinha acabado de dizer a um grupo de jornalistas que não mexia “com essa história de cargo”. Eis que um homem se aproxima e vai logo agradecendo: “Senador, obrigado, viu? Aquelas pessoas que o senhor indicou já estão trabalhando”.

E em diretas…/ O senador Raimundo Lira (PMDB-PB) não titubeou ao explicar por que a CCJ aprovou a eleição direta em caso de vacância da Presidência da República: “Sabe como é, às vezes a Casa vota por pressão popular. Eu defendi eleição indireta, que é a que está na Constituição”.

Enquanto isso, no Planalto…/ Ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) preferiram ficar distantes da solenidade de posse do ministro Torquato Jardim. Não é momento de desfilar nos salões palacianos.

Olho vivo/ Deputados enroscados em processos da Lava-Jato acompanharam, da sala de café do plenário, os votos dos ministros sobre a restrição do foro privilegiado. É a preocupação da maioria no momento.

A torcida de Eduardo

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Se tem alguém torcendo para o presidente Michel Temer não cair em função do encontro com Joesley Batista, esse alguém é Eduardo Cunha. É que, se Temer sucumbir, Cunha perde seu único “produto” numa delação premiada. Para conseguir levar o Ministério Público a aceitar os termos de uma possível delação, Cunha precisa ainda de Michel Temer inteiro e, a partir daí, tentar montar o enredo capaz de fazer com que o Ministério Público aceite um acordo. E se Michel cair antes de Cunha delatar, o ex-presidente da Câmara corre o risco de ficar indefinidamente na prisão.

O imponderável que mais preocupa

Em conversas reservadas, aliados do presidente Michel Temer têm dito que Rodrigo Rocha Loures não tem sangue frio para segurar nem barulho de sirene, quanto mais condução coercitiva ou coisa que o valha. Há quem diga que ele está a um passo da delação premiada.

O trunfo de Rodrigo Maia

Uma candidatura de Rodrigo Maia a presidente da República é vista hoje como a mais viável por um simples motivo: põe na roda a Presidência da Câmara, um cargo capaz de atrair muitos apoios. Para se opor a isso, só Geraldo Alckmin, que pode colocar a disputa ao governo de São Paulo, em 2018. Obviamente, para Alckmin empreender algum jogo nesse sentido precisa combinar com o vice, Márcio França, e com o PSDB paulista.

O que move os tucanos

O PSDB tem avaliado em suas conversas mais reservadas que a permanência do presidente Michel Temer enfraquecido não interessa ao partido. E o motivo é simples: Temer desgastado tira do PSDB a chance de se fortalecer para concorrer à Presidência da República em 2018. Por isso, a data-limite para o partido é o julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral.

Dois movimentos

Além da tentativa de retomar a votação das reformas, em especial, a trabalhista no Senado, o governo tem duas outras ações importantes no Congresso para a semana que vem: a contestação da delação superpremiada da J&F e, ainda, quem ganhou dinheiro com a alta do dólar.

Estão todos de olho

A saída de Maria Sílvia Bastos Martins do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi vista como um indício de que o governo está prestes a abrir os cofres da instituição a empresas dispostas a apoiar a sua permanência no cargo.

O sonho de Michel/ Antes de a gravação de Joesley Batista jogar o presidente Michel Temer à beira do abismo, o peemedebista havia feito a seguinte pergunta a um tucano de quem é muito próximo: “Como faço para atrair o PSDB?” A meta era uma possível candidatura em 2018.

O vice da hora/ Aldo Rebelo vem sendo citado em todas as rodas como o vice dos sonhos de qualquer um numa eleição indireta. Até mesmo de Rodrigo Maia (DEM-RJ).

A desconfiança é geral/ Renan Calheiros está de um jeito que os aliados de Michel Temer no PMDB estão desconfiados de que ele e Lula estão trabalhando em parceria. Renan “on-line” atirando contra o governo, e Lula “offline”, jogando nos bastidores para Temer ficar, ainda que enfraquecido, para que o PT tenha algum sucesso em 2018.

Meu garoto!/ Em meio à tensão sobre o julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), um dos ministros da Corte teve uma boa notícia: Admar Gonzaga soube essa semana que seu filho, Henry Zaga, será o Mancha Solar no longa do X-Men que estreia em 2018. O ator brasiliense vai contracenar com Maisie Williams (foto), a Arya Stark, de Game of Thrones.

Michel Temer e a resistência

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Enquanto alguns discutem nomes alternativos para uma saída do presidente Michel Temer, seus fiéis escudeiros estão em campo e em contato direto com empresários com a seguinte mensagem: sem Michel Temer não há quem junte todos os partidos da situação em prol das reformas que o mercado requer para dar estabilidade e segurança jurídica aos investidores. Nessa linha, que ninguém se surpreenda se o PMDB começar a colocar defeito em todos os atores escalados para o papel de sucessor de Temer. Afinal, se funcionar, é mais um fôlego. Pelo menos, até o julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O julgamento começa daqui a 11 dias, sem data para terminar. E, conforme publicou a coluna em 19 de maio, ministros do TSE que estavam fechados com Temer viram na crise a justificativa para pensar em mudar o voto.

Os imponderáveis…

Quem acompanha a política e a tentativa de preservar o presidente Michel Temer no cargo monitora os movimentos do deputado afastado Rodrigo Rocha Loures e os do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, preso em Curitiba.

…E um alvo

Alguns dizem que tanto Cunha quanto Rocha Loures têm hoje mais potencial explosivo do que o próprio Tribunal Superior Eleitoral. É que, se decidirem falar, não terão outra saída, que não seja atirar sobre Michel Temer.

Enquanto isso, no PT…

Em conversas pra lá de reservadas já tem gente aliada ao PT dizendo que o melhor para o partido é Michel Temer ficar sangrando até 2018. Assim, a legenda mantém o diálogo direto com os movimentos sociais e tem tempo de sedimentar Lula e, se brincar, um plano B para a hipótese de o ex-presidente não ter chances de concorrer.

Nem reformas
nem fora Temer

O que mobilizou realmente os sindicalistas a lotarem a manifestação de quarta-feira foi o fim do imposto sindical, que hoje faz a alegria de todos os sindicatos.

O cara é ele

Nem tucano nem peemedebista nem jurista. Se Michel Temer for apeado do poder, o nome preferido dos deputados é o do presidente da Câmara, Rodrigo Maia.

Espião I/ Um deputado aliado do presidente Michel Temer que pedala diariamente nas ruas de Brasília passou cedinho na quarta-feira pelo acampamento dos sindicatos no estacionamento do Mané Garrincha. Ficou impressionado com a estrutura da Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST).

Espião II/ O parlamentar ciclista fez questão de percorrer toda a área e fez um ranking das centrais, em termos de estrutura: a NCST em primeiro disparado. Depois, vem a CUT. Por último, a Força Sindical.

Elas & ela/ A absolvição de Cláudia Cruz (foto) foi vista com esperança por esposas de outros políticos enrolados. Daqui a pouco, diziam ontem os adversários do PT, a única culpada será Marisa Letícia, que não tem mais como se defender.

Impossível agradar a todos/ Houve muita reclamação sobre as tropas nas ruas. Porém, um cidadão que assistia ao noticiário na tevê de uma lanchonete reagiu assim quando ouviu que o presidente Michel Temer havia retirado o decreto que colocava as Forças Armadas nas ruas: “Ô homem frouxo!”.

Saída travada

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A falta de acordo entre os partidos políticos para a eleição indireta é o que hoje sustenta Michel Temer no cargo. O PSDB infla o senador Tasso Jereissati, mostrando que ele é capaz de tocar as reformas. O PMDB, por sua vez, aposta mais no presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Gilmar Mendes, e no ex-ministro Nelson Jobim. O DEM quer é o DEM, leia-se, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ).
A oposição não quer nenhum dos três grandes partidos. Renan Calheiros cita vários candidatos, dizendo que “Cármen Lúcia cresce nas crises”. Aliados do PT trabalham Ayres Britto, que Renan descarta da mesma forma que afasta Fernando Henrique Cardoso. Se continuar nesse pé, ninguém se surpreenda se vier por aí um “fica, Temer”.

Precificado & não-contabilizado

Diante do preço do estádio Mané Garrincha e a falta de fiscalização federal sobre a obra, muitos no mercado da política davam como favas contadas a prisão de José Roberto Arruda e Agnelo Queiroz. O que o Planalto não esperava era a prisão do ex-vice-governador Tadeu Filippelli, assessor especial da Presidência da República até ontem.
A tese do PMDB

Em avaliações para lá de reservadas, os peemedebistas calculavam que Tadeu Fiippelli foi preso ontem apenas como uma forma de chacoalhar ainda mais Michel Temer no cargo. O presidente, que já não está bem das pernas, tratou logo de exonerar o amigo, o terceiro a cair em menos de um ano e o segundo em sete dias. Os outros foram Rodrigo Rocha Loures, pela delação da JBS, e José Yunes, depois da delação da Odebrecht.
A tese do PT

Os petistas começaram a discutir a eleição indireta, porém, têm em mente que, se houver unidade nos partidos aliados ao presidente Michel Temer, essas legendas elegem quem quiser. O PT só terá importância se a base do governo estiver dividida. Por isso, o partido de Lula considera que o principal papel da esquerda agora é paralisar as reformas para não dar sobrevida a Temer nem tampouco mostrar que o presidente é capaz de estabilizar a economia.
A Ford mandou

Com a obstrução do PT em relação às medidas provisórias em pauta, representantes da Ford interessados em manter a prorrogação dos incentivos ligaram direto para os governadores do Ceará, Camilo Santana, e da Bahia, Rui Costa. O recado foi claro: ou põe o PT para votar ou adeus, fábricas.

Me erra!/ A cena mais corriqueira ontem no parlamento era de deputados se esquivando de comentar as prisões de ontem, todas baseadas em delações da Andrade Gutierrez. Sabe como é… Quem recebeu algum dinheiro de doação de caixa dois não quer provocar os delatores nem tampouco ser lembrado por eles.

Ficou mal no ninho/ As declarações de Domingos Sávio (PSDB-MG) jogando Aécio Neves aos leões antes mesmo que o senador tucano afastado do mandato tentasse explicar o diálogo com Joesley Batista foram muito mal recebidas pelo PSDB mineiro. Afinal, se tem uma coisa que se aprecia na política partidária (e é cada vez mais difícil) é a lealdade em momentos difíceis.

Diretas já…/… Na Une. Com a cúpula da União Nacional dos Estudantes na Câmara em campanha por eleição direta já para presidente da República, os governistas partiram para cima do PCdoB: “Que tal eleição direta para presidente da UNE, em vez dessa história de voto de delegados?” Os comunistas fizeram cara de paisagem.

Renan é fofo/ Pelo menos, para a oposição ao governo de Michel Temer. O líder do PMDB, Renan Calheiros (foto), virou realmente o rei da oposição ao dizer ontem que, se votasse na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), se posicionaria pelo adiamento da leitura do relatório da reforma trabalhista. Na hora em que Renan defendeu o desejo da oposição, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) virou-se para ele e saiu-se com esta: “Meu presidente, estou lhe amando!”

Renan muda o jogo

Publicado em coluna Brasília-DF

 


 

O líder do PMDB do Senado, Renan Calheiros, chega ao final deste primeiro ano do governo de Michel Temer disposto a fazer inflexões em relação à reforma trabalhista e guardar energias para o futuro. Ele já percebeu que o cavalo de batalha não é o texto em análise no Senado, que pode ser votado por maioria simples. O poder de pressão do líder do PMDB estará mais forte na reforma previdenciária, que precisa de 54 votos no Senado para ser aprovada. É aí que o governo jogará o duelo de titãs.

Lula e os outros

Os petistas estão cada vez mais dedicados à narrativa da perseguição ao partido. Ontem, não foram poucos os deputados e senadores que trataram as afirmações de João Santana e Mônica Moura sobre a ex-presidente Dilma Rousseff e, ainda, o ex-prefeito Fernando Haddad, como estrategicamente divulgadas para não deixar o PT com nenhum plano B para a campanha de 2018.

Lá e cá

A atual direção do Postalis, o fundo de pensão dos Correios, vai a Washington para apresentar mais uma denúncia à Justiça americana contra o BNY Mellon, o banco acusado de gerar um prejuízo hoje calculado na ordem de R$ 1 bilhão aos aposentados e pensionistas da empresa. Nos Estados Unidos, o BNY Mellon já foi condenado a devolver US$ 700 milhões por prejuízos aos americanos. Aqui, várias ações correm na Justiça sem desfecho.

Placar

A contabilidade de deputados governistas sobre a reforma da Previdência está em 260 votos favoráveis no plenário da Câmara. Sinal de que a votação vai ficar mesmo para o fim do mês ou, na hipótese mais otimista, para início de junho.

Para conferir depois

O líder do DEM, Efraim Filho, se mostrava ontem animado com a exposição do ex-presidente Lula ao juiz Sérgio Moro. Efraim, que é da Paraíba, terra onde Lula mantém uma liderança expressiva nas intenções de voto, referiu-se ao depoimento como “o começo do fim”.

Um ano de governo Temer

O presidente Michel Temer tem dito a amigos que seu único desejo é poder terminar o governo com a sensação de ter tirado a economia brasileira do buraco. Esses amigos têm dito que o presidente hoje está na metade desse caminho. Melhor que nada.

Imagina na Copa I/ Advogados que acompanharam o depoimento do ex-presidente Lula em relação ao triplex no Guarujá ficaram preocupados com o clima entre os defensores do ex-presidente, em especial Cristiano Zanin Martins, e o juiz Sérgio Moro para os próximos “encontros”. Afinal, há outros quatro processos em que Lula ainda não foi ouvido.

Imagina na Copa II/ Se, nessa ação do apartamento, considerada uma das mais frágeis, Cristiano ficou nervoso e Moro teve momentos de impaciência, imagine na hora em que chegar aos outros inquéritos…

A festa na primeira vice/ O jantar que o primeiro vice-presidente da Câmara, o peemedebista Fábio Ramalho (foto), serve em seu gabinete todas as quartas-feiras de votações até tarde da noite está tão famoso que até os garçons da Casa têm tirado uma folguinha no trabalho para degustar as iguarias da cozinha mineira.

Enquanto isso, no Planalto…/ Hoje tem festa para marcar um ano de governo, mas não terá lançamento do programa “Avançar”. Apenas, balanço. Primeiro, o governo quer fazer as contas para, depois, apresentar novos projetos. Melhor assim.