Categoria: coluna Brasília-DF
Bolsonaro ganha tempo para decidir sobre a inclusão de militares na reforma da Previdência
A decisão do presidente Jair Bolsonaro de apresentar a reforma da Previdência depois da viagem a Davos deu ao governo pelo menos mais 10 dias para fechar o texto e amadurecer o que deve ser feito, especialmente, em relação aos militares. Hoje, eles não têm um sistema previdenciário completo, uma vez que quem passa para a reserva pode ser chamado em caso de necessidade, com ocorreu, por exemplo, com os policiais, no Ceará. O mesmo período será usado para o líder do governo, Major Vitor Hugo, sondar os aliados sobre o tamanho do grupo com que o presidente poderá contar para “o que der e vier”. Até aqui, essa é a maior incógnita no Planalto.
Bloco dos pragmáticos
A decisão do PCdoB embaralhou o jogo na Câmara. O partido vai indicar o voto em favor de Rodrigo Maia, mas não participar do bloco formal que hoje engloba o DEM e o PSL. O PDT segue pelo mesmo caminho. O PSB não quer Maia, mas quer um bloco com esses dois partidos. Vai terminar surgindo aí um bloco, sem compromisso com candidaturas a presidente da Casa. O que eles querem é vaga na Mesa Diretora.
Lição petista
O PT está decidido a fazer qualquer movimento que lhe garanta espaço na Mesa Diretora, desde que não tenha que se aliar formalmente ao PSL de Bolsonaro. Em compensação, não lançará candidato a presidente da Câmara. O partido fará tudo para não repetir 2015.
Preço foi alto
Naquele ano, quando Eduardo Cunha venceu, o PT apostou suas fichas em Arlindo Chinaglia e perdeu tudo — a Presidência da Câmara, cargos de comando à Mesa Diretora. Mais tarde, esse erro custou a Presidência da República.
Discurso & prática I
Autoridades do governo estão convictas de que o decreto do presidente Jair Bolsonaro flexibilizando a compra de armas não mudará muito o dia a dia do cidadão. Nem tampouco a segurança das famílias, especialmente, as de baixa renda, dado o preço dos artefatos e da munição.
Discurso & prática II
A diferença entre discurso e ação vale também para a transferência da Embaixada em Israel, de Tel Aviv para Jerusalém. Muito se falou sobre o tema nos primeiros dias de governo, mas até agora nenhuma ação concreta foi adotada.
Presença de Levy/ Sempre que está em Brasília, o presidente do PRP, Levy Fidelix, vai religiosamente à vice-presidência da República. Nem que seja para dar um “olá” ao vice-presidente, general Hamilton Mourão.
Rocha versus Dallagnol/ O deputado Hildo Rocha (MDB-MA) chamou o procurador Deltan Dallagnol para a briga nas redes sociais. Num vídeo, Rocha diz que Deltan pede voto aberto para presidente do Senado, mas vota secretamente na hora de compor a lista tríplice para o cargo de Procurador-Geral da República.
Meia volta no PSL/ Pressionados por suas redes sociais, deputados ligados a Jair Bolsonaro engrossam publicamente o “fora Renan”. Em conversas reservadas, porém, já tem muita gente do partido torcendo pelo senador alagoano.
No embalo da Rede/ Ao se lançar candidato a presidente do Senado, Álvaro Dias se antecipa a Tasso Jereissati e espera conquistar o apoio do bloco encabeçado pela Rede. Serão 15 dias de muito movimento nessa seara.
Membros do governo acreditam que a justiça negará abertura de processo contra Queiroz
Jogada arriscada
No governo, há quem diga que a perspectiva de o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) pedir a abertura de processo contra o ex-assessor de Flávio Bolsonaro (PSL), Fabrício Queiroz, sem ouvi-lo abre um portal para adiamentos ainda maiores sobre o caso. Afinal, a Justiça terá a brecha de recusar o pedido por falta do depoimento e, assim, volta tudo à estaca zero.
Bloco liderado pela Rede pensa em lançar Tasso Jereissati candidato à presidência do Senado
O bloco liderado pela Rede, do senador Randolfe Rodrigues, está com dificuldade de encontrar um candidato a presidente do Senado que cumpra dois pré-requisitos: represente a renovação da política e a independência em relação ao governo. Renan Calheiros, que caminha para ser o nome do MDB, não é renovação. E os demais que se apresentaram até agora — Davi Alcolumbre e Major Olímpio — não são independentes. É por aí que o senador Tasso Jereissati pretende se lançar. Falta, entretanto, combinar com o PSDB.
Mudança & comando
Ao escolher o deputado Major Vitor Hugo, de primeiro mandato, para líder do governo, Bolsonaro dá dois recados aos políticos: quer realmente mudar a forma de se relacionar com o Parlamento. E, para completar, o fato de Major não ser muito conhecido na Casa, é lido como um sinal claro de que quem vai coordenar tudo é o presidente da República.
Equilíbrio
O presidente Jair Bolsonaro tenta contrabalançar o poder do DEM na articulação política do governo.
Preservação
O fato de Vitor Hugo não pertencer ao eixo Rio de Janeiro-São Paulo também preserva o espaço dos filhos do presidente que fazem política nesses dois estados.
Estimular para embaralhar
Deputados aliados de Fábio Ramalho começaram a estimular outros colegas a entrarem na disputa pela Presidência da Casa. Quanto mais candidatos, avaliam, mais difícil para Rodrigo Maia manter um mapa fiel dos votos.
Curtidas
Onde passa boi…/ A prisão domiciliar do deputado Chiquinho da Mangueira provocará uma corrida de outros presos da Operação Furna da Onça ao Superior Tribunal de Justiça. Quem ainda não recorreu prepara a papelada do recurso a fim de tentar o mesmo benefício ainda no plantão.
As dores do crescimento/ A vida do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) mudou. Até dezembro, ele era líder dele mesmo e não precisava dar satisfação a ninguém. Agora, tudo o que é feito tem de ser discutido com outros quatro.
Longe de confusão/ O secretário especial de Regulação Fundiária do Ministério da Agricultura, Luiz Antônio Nabhan Garcia, arrancou risadas de quem acompanhava uma entrevista coletiva. Ao avistar um repórter com um crachá de visitante na cor rosa, chamou atenção. “Menino, tem de avisar o pessoal lá embaixo que menino é crachá azul e menina crachá rosa”, brincou. Ele adotou o tom da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves. “É para evitar conflito no governo”, disse às gargalhadas.
Restou o recado/ O presidente Jair Bolsonaro sonhou em assinar a extradição de Cesare Battisti. Michel Temer o fez. Sonhou em entregar o terrorista às autoridades italianas. Não conseguiu. Sobrou, porém, anunciar que condenados em outros países por terrorismo não terão mais abrigo no Brasil, um país que respeita decisões judiciais de nações amigas. Como diziam ontem alguns diplomatas, caso encerrado. Bola para frente.
Colaborou Otávio Augusto
Renan e Ramalho ganham força, e MDB pode comandar Senado e Câmara
Cansados do que chamam de interferência do Judiciário no Legislativo, deputados e senadores começam a olhar com mais interesse a candidatura do senador Renan Calheiros (MDB-AL) e a do deputado Fábio Ramalho (MDB-MG).
À época da prisão do então senador Delcídio do Amaral (PT-MS), em 2015, Renan foi enfático ao dizer que um senador não poderia ser preso no exercício do mandato sem julgamento. Discordou da maioria. Na visão dos senadores, é considerado como aquele que, no momento difícil, tem coragem de defender prerrogativas do Poder Legislativo, mesmo quando não tem aplausos da população.
Na Câmara dos Deputados, a situação que leva muitos para o colo de Fábio Ramalho é o caso da cassação do mandato de Paulo Maluf, em agosto do ano passado. Deputados que se reelegeram ainda se dizem engasgados com o fato de o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ter cumprido a decisão de Edson Fachin, de que a Mesa Diretora deliberasse a cassação do mandato.
À época, Maia tomou a decisão com mais três integrantes da Mesa para proteger a imagem da Casa. Porém, em conversas reservadas, deputados reclamam. Dizem que ele deveria ter levado o caso ao plenário, a instância que deve se pronunciar sobre perda de mandato de parlamentares.
#Ficaesperto: Se essa lógica prevalecer, o DEM, que disputa a presidência das duas Casas, pode terminar a ver navios.
A fórmula
Embora o Senado esteja mais pulverizado do que há quatro anos, ou seja, com mais partidos, o MDB planeja repetir a estratégia que levou Renan Calheiros à vitória, em 2015: fechar os cargos da Mesa Diretora apenas com aqueles partidos que apoiaram o candidato oficial da bancada. Se vingar, quem apoiar outros candidatos perderá a vaga.
PT caminha para apoiar Renan
O PT do Senado caminha para apoiar Renan Calheiros. Isso porque, dos candidatos que se apresentaram até agora, o emedebista é visto como o mais distante do governo Bolsonaro.
Se o PSDB quiser disputar a Presidência do Senado, corre o risco de ficar sem a primeira vice-presidência, cargo que lhe cabe hoje se prevalecer a tradição de respeito à proporcionalidade.
Em 2015, o PSDB apoiou Luiz Henrique contra Renan Calheiros e terminou fora da Mesa Diretora, porque os partidos que apoiaram o candidato oficial do MDB fecharam a chapa sem levar em conta aqueles que optaram pelo candidato avulso.
Alto verão
A perspectiva de condenação do ex-deputado e ex-assessor Rodrigo Rocha Loures deixou o grupo de políticos ligado ao presidente Michel Temer preocupado. Há quem diga que o sossego terminará antes do carnaval.
Dois coelhos
A campanha publicitária que o governo pretende promover para esclarecer a população sobre o uso de armas de fogo é considerada mais um instrumento para dar segurança ao Parlamento na hora de votar a legislação depois do decreto presidencial.
Dentro do governo, o embate sobre a reforma da Previdência será em torno do grau de sacrifício a ser cobrado dos militares. Parte da equipe econômica está disposta a não cobrar tantas mudanças nas aposentadorias e pensões das Forças Armadas. Porém, há quem diga que, se o presidente Jair Bolsonaro ceder demais a eles, ficará difícil cobrar grandes sacrifícios das demais carreiras de Estado. Os militares estão divididos. Enquanto uma parcela não se incomoda em dar sua contribuição à reforma, outra considera que já passou muito tempo desprestigiada nos governos anteriores. O desafio está lançado e todos estão de olho. Se os militares forem muito “beneficiados”, há quem diga que será mais difícil aprovar qualquer projeto na Câmara e no Senado.
O corpo fala
Militares estarão de olho hoje no comportamento do presidente Jair Bolsonaro e do vice, o general Hamilton Mourão. É que já tem gente nas Forças Armadas se referindo à parceria entre eles com a seguinte expressão: “casal em fim de casamento”. Isso, em 11 dias de governo, ou seja, fase que deveria ser de lua de mel. Se é pura intriga ou não, o futuro dirá. Mas as referências são reais.
Jogo não está empatado
O vice Mourão tem um filho nomeado e o presidente tem um filho chamado para prestar esclarecimentos ao Ministério Público a respeito de um ex-assessor.
Um bloco anti-PSL
A decisão do PSB de não apoiar Rodrigo Maia caminha para levar a escolha do presidente da Câmara a um segundo turno e, por tabela, tirar espaço do PSL nas comissões importantes da Casa. O cálculo interno no PSB é o de que, se o partido conseguir reunir num bloco algo em torno de 70 deputados ou mais, terá musculatura suficiente para, mais à frente, buscar posições de destaque nas comissões técnicas da Casa, impedindo que o partido de Jair Bolsonaro conquiste o comando daquelas estratégicas, como Finanças e Tributação.
Os trabalhos de Aécio
O deputado eleito Aécio Neves tem defendido internamente a candidatura de Rodrigo Maia a presidente da Câmara. Geraldo Alckmin até agora não se manifestou.
Por falar em Alckmin…
Entre os deputados, há quem esteja comparando a campanha de Rodrigo Maia àquela que terminou por prejudicar a candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência da República: Fechou acordo com as cúpulas dos partidos, mas se esqueceu da patuleia.
O povo é pra lá…/ Um dos memes que está provocando gargalhadas na comunidade jurídica de Brasília dá conta de uma conversa fictícia entre o presidente Jair Bolsonaro e o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. A conversa começa assim: “Ô, Kakay” (…) “É o Jair aqui. Maluf me indicou seu nome. O Aécio também. E o Jucá. E a Roseana. E o Ciro Nogueira. Até o ACM me indicou seu nome numa sessão de psicografia”.
… de criativo/ Kakay, então responde: “Rapaz, o ACM. Eu tava mesmo precisando dar uma palavra com ele. Mas em que posso ajudá-lo, presidente?” “Não é para mim, não, é para o motorista do meu filho Flávio”, diz o fictício Bolsonaro. “Vixe, filho é sempre um problema. É aquele que falou em invadir o STF?”, pergunta o advogado. “Não, esse aí é o Eduardo.” “Ah, é aquele que fala muito no Twitter”, chuta o imaginário Kakay. “Não, esse é o Carlos.”
Moro em “casa”/ O ministro da Justiça, Sérgio Moro (foto), tem aproveitado o tempo fora do gabinete em Brasília para trocar ideias em jantares com colegas de outros ministérios.
#Ficaadica/ Os políticos estão estranhando os horários das reuniões e posses. Nos últimos governos, tudo atrasava. Agora, a pontualidade tem sido britânica. Entre os militares, então, nem se fala. A transmissão de cargo no comando da Marinha começou pontualmente às 10h30. Hoje, por exemplo, tem posse no Comando do Exército. E bom acertar os ponteiros.
Com o dólar em baixa, a bolsa em alta e a Previdência em pauta, o presidente Jair Bolsonaro apresentará maravilhas de seu governo aos economistas e presidentes no Fórum Econômico de Davos, na Suíça. A expectativa do governo é a de que essas notícias, associadas ao ajuste fiscal e à “segurança jurídica”, ou seja, a regras claras em todos os setores, ajudem a atrair novos investimentos. Aliás, a medida provisória de combate a fraudes nos benefícios previdenciários será incluída na bagagem como prova da atenção do governo às contas públicas.
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Aliás, o presidente, embora dê alguns recados sobre vários temas em seus discursos e no Twitter, está convencido de que o cartão de visitas será mesmo a economia e o combate à corrupção. Na visão de alguns de seus estrategistas, outros assuntos tendem a se tornar acessórios com o passar dos dias.
Militares, o teste
Os políticos aguardam para ver se o presidente Jair Bolsonaro dirá sim a todos os pedidos dos militares, da mesma forma que o ex-presidente Lula fazia com as solicitações dos sindicatos. A resposta a essa pergunta será dada durante a negociação da reforma previdenciária. Já está decidido que os militares serão incluídos. Resta saber em que patamar.
Por falar em Lula…
A depender do que tem dito o ex-ministro Antonio Palocci nos depoimentos e delações premiadas, o PT ficará afônico de tanto gritar “Lula livre”, sem sucesso.
Senado no escuro I
Por enquanto, os senadores ainda não conseguiram sentir como está o humor da maioria em relação à escolha do novo presidente. No Nordeste, por exemplo, de 18, só três se reelegeram. Nem o experiente Renan Calheiros (MDB-AL) consegue vislumbrar quem está disposto a seguir a tradição da maior bancada de indicar o presidente.
Situação começa a clarear
Ao negar o pedido de Kim Kataguiri (DEM-SP) para a escolha do presidente da Câmara por voto aberto, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, deixou clara que também decidiria em favor do voto secreto no Senado, o que acabou acontecendo, conforme antecipou a coluna ontem. Melhor para o nome do MDB, leia-se Renan Calheiros, e pior para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que será traído por alguns partidos dos nove que o apoiam.
Enquanto isso, na oposição a Maia…
Que ninguém se surpreenda se o deputado Fábio Ramalho (MDB-MG) começar a insuflar aqueles que desejam concorrer à Presidência da Casa. É que, no quadro atual, quanto mais candidatos houver, maior a certeza do segundo turno.
E o Tasso, hein?/ Pré-candidato a presidente do Senado, Tasso Jereissati (CE) ainda está em férias. Ainda nem começou a ligar para os senadores pedindo voto. Ali, prevalece a máxima, “quem chega primeiro bebe água limpa”.
O alto verão de Izalci/ O senador eleito Izalci Lucas, do PSDB do DF, viaja domingo para a base brasileira Comandante Ferraz, na Antártica. O convite foi feito pelo comandante da Marinha, Ilques Barbosa Júnior, durante a solenidade de transmissão de cargo. Já é a terceira vez que o deputado é convidado, e a primeira em que ele vai. Nas outras, repassou o convite ao chefe de gabinete. Agora, vai para trazer na bagagem as linhas gerais da frente parlamentar mista de apoio à ciência, tecnologia, inovação e pesquisa.
Por falar em Marinha…/ Na cerimônia de transmissão de cargo, o almirante Ilques Barbosa Júnior afirmou que o Brasil esteve ao lado dos Estados Unidos em três guerras mundiais, o que causou estranheza a quem estava presente, pois o mundo enfrentou até hoje a 1ª e a 2ª guerra mundiais.
… guerra fria conta/ Perguntado sobre qual seria a terceira, ele disse que, ao citar um terceiro conflito, se referia à chamada Guerra Fria. Na ocasião, Estados Unidos e a extinta União Soviética trocaram ameaças contundentes. Não houve combate armado, porém, de acordo com o comandante, “o Brasil tinha um lado”. E continuará nesse lado.
Colaborou Renato Souza
Nos bastidores do jurídico, já é certo que a eleição para a Presidência do Senado terá voto secreto
A depender do que se comenta nos bastidores do mundo jurídico, os senadores podem se preparar para a eleição do novo presidente da Casa por voto secreto. É que, depois do recurso do Solidariedade e do MDB ao Supremo Tribunal Federal (STF), a tendência do presidente da Suprema Corte, ministro Dias Toffoli, é analisar o pedido dos partidos dentro daquilo que vale até no regimento do STF para escolha do seu próprio presidente e também para a Presidência da República: votação secreta.
A barganha da Previdência
Nas conversas com ministros ontem, o governo concluiu que é melhor investir numa mudança mais profunda da Previdência, como o regime de capitalização. Assim, deixará que o Congresso faça os ajustes a fim de aprovar o que for possível. Se, no texto a ser enviado ao Legislativo, o governo for tímido, a reforma a ser aprovada terá o tamanho de um amendoim, e não resolverá sequer metade do problema.
Ritual eleitoral I
Ex-líder da bancada emedebista e ex-presidente do Senado, Renan Calheiros avisa aos interessados que “o mais importante é a unidade do MDB”. Por isso, não se colocará como candidato antes de o partido decidir quem terá os seus 13 ou 14 votos (os emedebistas têm expectativa da filiação do senador Elmano Ferrer, do Piauí). “Não posso ser candidato em movimento anterior ao do MDB. O partido é quem escolherá o seu candidato”, disse Renan à coluna.
Ritual eleitoral II
Para bons entendedores, o recado está dado: Renan, se for escolhido pela bancada (e até aqui nada indica uma posição diferente), terá o apoio fechado de seu partido. Numa casa pulverizada, como está o Senado
Ritual eleitoral III
A reunião do MDB está marcada para 31 de janeiro. A do PSD, a terceira maior bancada, está prevista para o dia seguinte, ou seja, já com a posição do MDB definida. Quem ainda não se posicionou foi o PSDB do senador Tasso Jereissati (CE). Entre os tucanos, há quem diga que ele está com dificuldades de fechar o próprio partido em torno do seu nome. O PSDB não conseguiu
vencer as disputas internas.
Onde pega
Quem estuda atentamente as redes sociais aconselha o governo a retomar urgentemente o “governar pelo exemplo”, defendido diariamente pelo presidente Jair Bolsonaro. A nomeação do filho do vice-presidente, Hamilton Mourão, no Banco do Brasil, ainda que ele seja servidor de carreira e não tenha pedido para ser nomeado, desgasta o governo nessa largada, assim como o desconhecimento dos convites para que o senador eleito Flávio Bolsonaro preste esclarecimentos a respeito da movimentação do ex-assessor Fabrício Queiroz. Ainda que seja para dizer “não sei de nada”, é de bom tom comparecer.
Conversa republicana I/ O novo ministro da Secretaria de Governo, general Santos Cruz, telefonou para o ex-senador Francisco Escórcio nesta semana. Conforme relato do próprio Chiquinho, como todos o chamam, o ministro foi direto: “Estou aqui desde o dia 2, e o senhor não apareceu. Liguei para lhe comunicar que o senhor será exonerado.”
Conversa republicana II/ Chiquinho contou à coluna que também foi no ponto: “Muito obrigado. Não fui, porque havia mandado uma carta para o senhor pelo general Etchegoyen, com o meu telefone e me colocando à sua disposição. Pena que não tive oportunidade de conhecê-lo pessoalmente. Fui senador, duas vezes colega de Bolsonaro na Câmara”. Despediram-se e a conversa terminou aí. Chiquinho, ontem, ainda não havia falado nem com Bolsonaro, nem com José Sarney, de quem é fiel escudeiro.
Por falar em Bolsonaro…/ Se tem algo que o presidente preza são os gestos de solidariedade. Enquanto estava no hospital, recuperando-se das cirurgias a que foi submetido depois do atentado em Juiz de Fora, ele recebeu a visita do vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho, o Fabinho Liderança, hoje candidato a presidente da Casa. O deputado mineiro colocou-se à disposição para ajudar a família no que fosse preciso. Do presidente da Casa, Rodrigo Maia, não houve esse movimento.
… ele vai coordenar/ Embora esteja distante da disputa da Presidência da Câmara, será dele a coordenação com os congressistas para aprovação das reformas, em especial, a da Previdência.
Bolsonaro deve rescindir contratos de aluguel e mexerá no bolso de Luiz Estevão
Para desespero dos empresários que alugam prédios para o poder público federal, a intenção do governo Jair Bolsonaro é fazer com que a administração central fique concentrada na Esplanada dos Ministérios. Há quem diga que, se distribuir melhor os espaços, cabe. São 19 prédios na Esplanada, incluindo a Justiça e as Relações Exteriores, que têm seus palácios. Quatro pastas estão dentro do Palácio do Planalto. O Banco Central também tem a própria sede. Todos têm anexos.
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A ideia do governo é entregar praticamente todos os imóveis alugados. Os contratos que podem ser encerrados no curto prazo ainda estão em fase de levantamento. Mas, segundo alguns ministros, já é possível afirmar que um dos que perderá dinheiro nessa história é o empresário Luiz Estevão, que administra seu império a partir da Papuda desde março de 2016. Em dezembro, ele completou mil dias de cadeia. Se o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, decidir seguir pelo mesmo caminho, o faturamento despencará da casa dos milhões.
Um pé no Nordeste
O telefonema do governador do Ceará, Camilo Santana, pedindo apoio da Força Nacional de Segurança para ajudar a conter a onda de violência que assola o estado é vista como a porta de entrada do governo Jair Bolsonaro na região onde o PT continua forte em termos eleitorais. Por ironia do destino, o secretário de Segurança Pública, general Theófilo, que vai cuidar do caso, foi o adversário de Camilo Santana na eleição.
Não foi por falta de aviso
Há um ano, o deputado Danilo Forte (PSDB-CE) pediu que o presidente Michel Temer decretasse intervenção no Ceará por causa das ações do crime organizado. Na época, Camilo Santana disse que estava tudo sob controle. Agora, passada a posse, os ataques voltaram e uma janela se abre para o governo federal ajudar o petista.
Gabinetes invadidos
Não foi apenas o PT que sofreu com a invasão de gabinetes na Câmara. Nas transmissões de cargos, vários servidores de carreira, técnicos, tiveram suas salas arrombadas e maçanetas quebradas. Muitos consideraram a atitude inexplicável, uma vez que a segurança tem chave-mestra que poderia ter sido usada na varredura.
Renan e o PSL
O lançamento da candidatura do senador Major Olímpio à Presidência do Senado é a estratégia do presidente do PSL, Luciano Bivar, para contrabalançar o apoio a Rodrigo Maia (DEM-RJ). O PSL lança apenas para não ter que apoiar Renan. Rápido no gatilho, Renan fez chegar ao governo que pisará no acelerador das reformas constitucionais. O gesto de Renan deixa um problema para Bolsonaro: se o partido do presidente ficar com Major Olímpio e Renan vencer, as dores de cabeça vão sobrar para o governo.
Conselhos a Bolsonaro I/ O presidente está sendo aconselhado por personalidades de Brasília a restaurar a disposição original dos móveis do Palácio da Alvorada. Pela retomada das cadeiras azuis, flagrada ontem pela TV Globo, há quem diga que ele acolherá a sugestão. Resta saber se fará o mesmo em relação às imagens sacras.
Conselhos a Bolsonaro II/ A capela do Alvorada, anexa ao prédio principal, também precisa de algum ajuste. No período em que Dilma se manteve afastada do Planalto, cuidando da defesa no processo de impeachment, a capela foi transformada em escritório para assessores.
Humor e governo I/ Depois de o chanceler Ernesto Araújo (foto) ganhar o apelido de Beato Salu, personagem da novela Roque Santeiro, de 1985, foi a vez da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, ganhar a alcunha de “Dilma do governo Bolsonaro”, dada a capacidade de proferir frases inspiradoras de memes, como a tal “meninas de rosa e meninos de azul”.
Humor e governo II/ Gente do próprio governo Bolsonaro se lembrou na hora da frase de Dilma sobre as crianças, “sempre que você olha uma criança, há sempre uma figura oculta, que é um cachorro atrás”.
Bolsonaro precisa manter aceso o sentimento popular para pressionar o Congresso
Depois dos primeiros discursos do presidente eleito, muito se falou sobre a necessidade de “descer do palanque”, que a eleição acabou, etc. Porém, quem o conhece garante que não será bem assim. “Ele simplesmente não pode fazer isso”, diz o professor Paulo Kramer. O presidente Jair Bolsonaro optou por queimar a ponte com o presidencialismo de coalizão. Portanto, precisa manter aceso o sentimento popular para pressionar o Congresso a apoiar a agenda do Poder Executivo.
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É esse sentimento de resgate da bandeira verde e amarela, e da necessidade do ajuste fiscal e das reformas, que ele pretende usar nos próximos meses. Só tem um problema aí, diz o professor: “Como alertava Max Weber, o carisma é inerentemente instável e fugaz, logo, a janela de oportunidade para implementar os pontos prioritários dessa agenda é estreita”. Portanto, o governo vai acelerar nesses primeiros meses e tratar de ganhar tempo onde for possível.
Guedes quer “desjudicializar” a economia
Muitos se perguntaram o que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, comentavam aos cochichos na transmissão de cargo de Guedes ontem à tarde. Era a necessidade de “desjudicialização” das matérias tributárias e a simplificação do tema na Constituição. Vem muita coisa por aí.
Guedes por Rodrigo
A presença do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na transmissão de cargo de Paulo Guedes, já estava acertada há tempos e a proximidade entre os dois foi fundamental para ajudar a levar o PSL a fechar com a reeleição do deputado para mais dois anos de comando na Casa. Até aqui, avisam alguns, Rodrigo Maia é quem tem mais trânsito e experiência para garantir a agenda de reformas econômicas.
Governo fora
A proximidade entre Paulo Guedes e Rodrigo Maia não garante o apoio fechado do governo ao demista. O presidente Jair Bolsonaro quer ficar distante dessa disputa. Prefere isso a fazer como a presidente Dilma Rousseff, que apoiou Arlindo Chinaglia (PT-SP) contra Eduardo Cunha (MDB-RJ) e perdeu.
Enquanto isso, no Clube do Exército…
Ao falar de improviso na transmissão de cargo do ministro da Defesa, Fernando Azevedo, o presidente Jair Bolsonaro mencionou que o ex-ministro general Joaquim Silva e Luna “não vai colocar o pijama”. Ao fim da cerimônia, o general disse ao jornalista Leonardo Cavalcanti que ficou surpreso com a referência e garantiu não saber qual cargo poderá ocupar.
Cada um no seu quadrado
Poucos deputados prestigiaram a posse de Sérgio Moro na Justiça. A maioria preferiu mesmo ir ao Planalto, Agricultura, Desenvolvimento Social, Turismo e Saúde, onde os ministros são políticos. Com Moro, estavam o Judiciário e policiais. Em peso.
Guedes, o informal/ O ministro da Economia, Paulo Guedes, não é muito chegado às menções protocolares. Em seu primeiro discurso oficial, dispensou a extensa nominata. Apenas saudou “as autoridades” e agradeceu a todos, “em primeiro lugar, minha família”.
Padrinhos/ Na posse, destaque para Winston Ling e Bia Kicis, que apresentaram Paulo Guedes a Jair Bolsonaro em novembro de 2017. “Jamais imaginamos que hoje estaríamos todos aqui”, disse a deputada. Guedes, à época, ainda sonhava com a candidatura do empresário Luciano Huck.
O Carlos das redes e do Rolls-Royce/ Funcionários que cuidam do Twitter do Planalto não têm feito o expediente completo. Ontem, houve até quem não aparecesse, uma vez que a gestão das redes sociais palacianas ainda não está definida. A culpa, agora, recai sobre Carlos Bolsonaro (foto) — o filho que acompanhou o presidente sentado sobre parte da capota e com os pés sobre o estofado do Rolls Royce presidencial . Há inclusive quem diga, “bem, já que o Carlos tuíta tudo…”
Por falar em servidores…/ Ao exonerar todos os servidores da Casa Civil, não sobraram funcionários nem para atender o telefone. O ministro Onyx Lorenzoni e seus principais assessores tiveram que resolver tudo sozinhos. A intenção da equipe é que, até amanhã, as coisas já estejam normalizadas. Pelo menos, o novo ministro não encontrou computadores apagados e sem HD, como ocorreu na passagem de Dilma para Michel Temer.










