A Salvação dos ministros

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Ao centrar seu parecer na acusação de formação de organização criminosa, o relator da denúncia contra o presidente Michel Temer, deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), tenta tirar de cena qualquer movimento da oposição para tentar separar os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco da votação que envolve Michel Temer. Essa, aliás, será a preliminar a ser apresentada por deputados que defendem o afastamento de Temer.
Além disso, nos bastidores, há quem diga que, se houvesse a separação, seria muito trabalhoso preservar Moreira Franco. Ele, que já escapou por pouco há duas semanas, quando da votação da Medida Provisória que lhe garantiu status de ministro, estaria de novo sob fogo cruzado.

Lula e os militares
Ciente da insatisfação de setores da caserna, o ex-presidente citou ontem no discurso em seminário pela educação em Brasília que seu governo foi o primeiro a pagar um salário aos recrutas. Mencionou ainda os investimentos nas Forças Armadas. Para bons entendedores, o recado dado foi o seguinte: “Se eu voltar, vocês não serão esquecidos”,

Mercado futuro
Lula fez questão também de citar várias vezes o ex-ministro Fernando Haddad como aquele que levou campus universitários a várias cidades. Muitos petistas que estavam por lá saíram certos de que Haddad é mesmo o plano B, na hipótese de o ex-presidente não concorrer. Ainda que o ex-ministro da educação não ganhe, será o PT lançando um nome para o pós-2018. Se for chapa pura, com Lula na cabeça de chapa, Haddad será o vice.

Arrume outro
Se tem algo que o prefeito de São Paulo, João Doria, não poderá fazer é culpar o governador Geraldo Alckmin se houver fracasso em sua gestão. Isso porque, se tem uma coisa que Alckmin tem feito é liberar recursos para a cidade. Só ontem o governador autorizou R$ 14 milhões para a Fundo de Assistência Social, R$ 32,8 milhões para o programa Recomeço, ambos para atendimento de moradores de rua e dependentes químicos. Os valores não chegam a um Geddel, mas já é alguma coisa.

Por falar em valores…
Desde que a Polícia Federal desbaratou a caixa-forte do ex-ministro e ex-deputado em Salvador, os R$ 51 milhões viraram unidade de referência para os prefeitos que passaram por Brasília atrás de emendas ao orçamento do ano eleitoral. Todos querem agora de 1 Geddel para cima.

Uma juíza nas alturas I/ Denise Frossard, a juíza que enfrentou o crime organizado no Rio de Janeiro no início dos anos 1990, passou seu aniversário de 67 anos, em 6 de outubro, se preparando para escalar o… Everest!

Uma juíza nas alturas II/ Ela está em Katmandu, Bagmati Zone, Nepal. Cada um pode levar 15kg. “Na Duffel Bag vai o que os Iaques e Sherpas carregam, indo à frente. Nós carregamos as nossas mochilas de montanhistas com o material estritamente necessário para o dia de trilha (inclusive ração). O montanhista tem que ser minimalista, superorganizado, saber dobrar roupas no estilo montanhista (depois eu ensino) e tudo tem que ser do melhor material e impermeável! Não há nada para repor lá em cima! A bota 3 camadas, cada pé com o peso de 2 kg”, contou ela aos amigos de Facebook.

Quem perdeu foi a política/ Em 2006, ela disputou o segundo turno das eleições contra Sérgio Cabral Filho e perdeu. Tem carioca dizendo, ah, se arrependimento matasse… É pois, é.

Enquanto isso, no foyer do TSE… / O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, abre hoje, 18h, exposição Hans Kelsen, que apresenta ao público brasileiro um apanhado da vida e obra do jurista e filósofo austríaco. A mais famosa é a Teoria Pura do Direito, um marco da ciência jurídica. Com o apoio da Embaixada da Áustria, o assessor da escola Judiciária Eleitoral do TSE, Adisson Leal, traduziu todos os textos. Ali, os visitantes poderão entender um pouco mais sobre a influência de Kelsen no contexto jurídico brasileiro.

Os recados de Jefferson para Dória

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Com a experiência de quem conheceu a ribalta e as coxias de uma carreira política, o presidente do PTB, Roberto Jefferson, mete a colher na cumbuca do PSDB e manda um recado ao prefeito de São Paulo, João Dória: “Se sair do PSDB e abandonar Geraldo Alckmin, ficará com fama de desleal e ingrato. Ficará difícil até mesmo conseguir estrutura para replicar a campanha nos estados e municípios. Afinal, se traiu até o próprio padrinho, o que não fará comigo, que nem afilhado sou? Vade retro!”, diz Jefferson, que, desde já se mostra disposto a ajudar o governador paulista a chegar ao Planalto no ano que vem.

A preços de hoje, com o Brasil ainda saindo da crise econômica,Jefferson considera que o país não pode sair da eleição de 2018 com a vitória de um candidato dos extremos do espectro político, seja à direita, seja à esquerda. Porém, se o centro se dividir muito, com uma candidatura de Geraldo Alckmin, outra de João Dória e de quem mais chegar, há o sério risco de sobrarem as extremidades num segundo turno. O trabalho a que os tucanos deveriam se dedicar é evitar esse perigo, em vez de ficar brigando por coisas menores. Os próximos meses dirão se essa construção é possível.

Trabalho prévio
O grupo de aliados ao senador Aécio Neves começou a contar os votos para a hipótese de o Supremo Tribunal Federal jogar no colo do Senado a decisão
sobre o recolhimento noturno e afastamento do mandato no colo dos senadores. Por enquanto, há número suficiente para devolver as prerrogativas ao senador.

Outra aflição
O receio dos tucanos, entretanto, é o Conselho de Ética. Há uma sensação geral de que não será possível um novo arquivamento. Afinal, se o Senado quiser a prerrogativa de decidir sobre a vida das excelências, terá que julgar o senador no Conselho. Passado o estresse com o STF, é que o PSDB pensará em como lidar com isso.

Lula em Brasília
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa amanhã do encerramento do ato em defesa das universidades públicas, no Centro Internacional de Convenções, no setor de clubes próximo à ponte JK. Estará acompanhado de dois dos ex-ministros da Educação Fernando Haddad e Aloizio Mercadante. A ordem no PT é conquistar os jovens para replicar a campanha de 2018.

O “cara”
O PMDB do Rio não desistiu de ter Eduardo Paes como candidato a governador no ano que vem. Ele é visto como o único que sobrevirá ao vendaval que arrasou o partido no estado.

Agora, vai?
O presidente da Associação Nacional dos Fiscais da Previdência, Floriano Sá Neto, vai dedicar esses próximos seis meses à montagem de uma proposta completa de reforma tributária. A ideia é ter um projeto pronto em março, para apresentar aos pré-candidatos a presidente da República. O texto será feito em conjunto por especialistas convidados pela Anfip e ainda representantes dos estados. “Reforma sem diálogo entre União e estados não é possível, porque um sempre vai fazer uma reforma em benefício próprio. Por isso, vamos fazer uma em conjunto”, diz ele. Oxalá, os ilumine!

CURTIDAS

Notícias do cárcere/ Uma das dificuldades para Geddel Vieira Lima e outros presos acostumados a mandar e desmandar na seara política é andar de mãos para trás e cabeça baixa fora das celas. Aquela turma ali nunca foi de abaixar a cabeça para ninguém.

Custo & benefício/ O video da Anfip contra a proposta de reforma da Previdência apresentada pelo governo, aquele de três minutos que viralizou nas redes, custou R$ 5 mil.

Economia em debate/ Os ministros Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, e Paulo de Tarso Sanseverino, do Superior Tribunal de Justiça, vão a Nova York na semana que vem. São palestrantes
convidados para falar sobre economia e Direito num evento de 11 a 13 de outubro na Universidade de Colúmbia, ao lado de outros brasileiros, como o advogado Marcus Vinicius Coêlho, ex-presidente da OAB, e o ex-presidente do Banco Central Carlos Langoni.

Prioridade/ O ministro Toffoli só viaja depois do julgamento da quarta-feira, quando o STF decidirá se as medidas cautelares adotadas contra parlamentares precisam do aval do Senado Federal.

Mais uma missão para o STF e o TSE

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Com os prazos para a reforma política esgotados no Congresso, restará ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ao Supremo Tribunal Federal (STF) fechar as lacunas do texto. A principal delas se refere à regulamentação da distribuição do “fundão”, aprovado a toque de caixa na Câmara, ao autofinanciamento e às regras para as redes sociais. A ideia dos partidos que tentaram distribuir melhor o fundo e impor limites ao autofinanciamento é recorrer à Justiça, depois de conhecidos os vetos presidenciais ao projeto. Muita coisa ali pode terminar barrada pela Justiça, especialmente a liberdade de gastos pelos mais ricos, que tira a igualdade de condições entre os candidatos.

O império contra-ataca
A ala governista do PSDB está se mobilizando para abrir uma dissidência em relação ao comando de Ricardo Trípoli na bancada da Câmara. Há quem diga que o líder não disse a verdade ao presidente do partido, Tasso Jereissati, ao se referir como “ampla maioria” ao grupo que desejava tirar Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) da relatoria contra o presidente Michel Temer.

A maior aliança
A parceria entre PT e PMDB na madrugada de votação da reforma eleitoral fez estremecer ainda mais a relação entre o DEM e os peemedebistas. O partido do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o do presidente da República, Michel Temer, estão tomando caminhos diferentes rumo a 2018. A irritação dos democratas é que petistas e peemedebistas se juntaram para evitar o crescimento dos partidos médios.

Por falar em DEM
A semana do feriadão de Nossa. Senhora Aparecida será dedicada a movimentos no sentido de instigar Rodrigo Maia a conspirar contra o presidente Michel Temer. Maia, entretanto, continua “jogando parado” na maior felicidade.

Aldo em campo
Nos bastidores das conversas entre os partidos que instigam Maia, é dada como certa inclusive a apresentação do ex-deputado Aldo Rebelo, hoje no PSB, como candidato a vice numa chapa encabeçada por Maia. Isso em caso de eleição indireta.

Só tem um probleminha
Até o momento, ninguém calcula que Michel Temer terá menos de 200 votos no plenário.

Decidiu, mas não resolveu/ O fato de Bonifácio de Andrada relatar a denúncia na vaga do PSC, conforme antecipou o Blog da Denise, no www.correiobraziliense.com.br, não vai tirar a referência PSDB-MG depois do nome do parlamentar. Já tem cabeça-preta incomodado com isso.

Por pouco/ Renata Abreu, do Podemos, tentou abrir uma janela de 30 dias para que deputados pudessem mudar de partido levando o tempo de tevê e o pedaço do fundo partidário. A emenda foi derrotada em votação simbólica.

Foi ele!/ Os defensores de limites para o autofinanciamento culparam o presidente do Senado, Eunício Oliveira, pela derrubada dessa parte do texto da Câmara. “Eunício é candidato à reeleição no Ceará, é rico e agora poderá pagar a própria campanha sem problemas”, afirmam uns.

Tasso com Aécio/ Tasso Jereissati planejava visitar Aécio Neves (foto) antes de voar para o Ceará. A ideia, dizem aliados de Tasso, era tirar o mal-estar criado depois que Tasso não discursou no plenário esta semana em defesa do senador mineiro.

Eletrobras, a próxima fronteira

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Depois da Petrobras, os olhos dos procuradores se voltam para o setor elétrico. Especialmente, para a notícia de privatização da Eletrobras. Há quem esteja desconfiado de que um seleto grupo soube antes do anúncio oficial e ganhou muito dinheiro no mercado, uma vez que as ações da empresa deram um salto de quase 50% na semana em que foi anunciada a venda da companhia, cujo modelo ainda será definido. Caberá agora à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) esclarecer esse mistério. Tem gente dizendo, à boca pequena no mercado, que virá desse setor mais uma dor de cabeça para o governo federal, em especial, para os responsáveis pelas privatizações. Tem muita gente de olho.

A bola está
com o TCU

O Tribunal de Contas da União (TCU) é quem vai dizer ao governo se o modelo de privatização da Eletrobras terá ou não “golden share”, ação que dá poder de veto à União nas empresas privatizadas. O ministro de Minas e Energia, Fernando Filho, é a favor desse tipo de ação. O da Fazenda, Henrique Meirelles, discorda.

A estreia de
Marlon Reis

O juiz da Lei da Ficha Limpa, Marlon Reis, vai mesmo concorrer ao governo do Tocantins no ano que vem. A festa de pré-lançamento para os filiados da Rede está marcada para 24 de novembro com a presença de Marina Silva. “Vou colocar em prática o que sempre preguei. Dar o exemplo e fazer o convite para que as pessoas participem e sejam candidatas. Não dá para demonizar a política. É preciso participar”, diz.

Enquanto isso, no PMDB…

Não duvide da vontade dos peemedebistas. A um ano da eleição, os maiores caciques sonham em voltar aos salões azuis vitoriosos. Estão no páreo em busca de mais um mandato, pelo menos, oito senadores: Valdir Raupp (RO), Renan Calheiros (AL), Eduardo Braga (AM), Romero Jucá (RR), Eunício Oliveira (CE), Jader Barbalho (PA), Waldemir Moka (MT) e Marta Suplicy (SP).

…o céu é o limite

Contados os sete que em 2018 ainda terão mais quatro anos de mandato, o PMDB tem chances reais de permanecer como a maior força do Senado. É nisso que o partido jogará a maior parte de sua energia.

Quem tem a força

Qualquer um que for perguntar a Renan Calheiros se ele se aproximou do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para facilitar a vida eleitoral, o senador logo responde: “Lá atrás, com o Serra (José Serra, candidato a presidente da República), derrotamos o Lula. Serra só ganhou em Alagoas”.

Quem manda I // A escolha do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) para relatar a denúncia contra Michel Temer foi considerada por parlamentares mineiros um “golaço” do presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Rodrigo Pacheco, do PMDB-MG. “Bonifácio não é nem Aécio, nem governo. É Andrada e jurista”, dizem, referindo-se à tradicional família do congressista, professor de direito.

Quem manda II // Pacheco, da mesma forma que não atendeu o PMDB, quando da primeira denúncia, e nomeou quem quis, fez o mesmo agora com o PSDB. Na CCJ, dizem os parlamentares, ninguém tem dúvidas de que hoje há comando.

Quem manda III // Se depender de Gabriela, neta do senador José Serra (PSDB-SP), ele vai concorrer ao governo do Estado. Ela tem 10 anos, quer o avô por perto e gostava dos espaços do Palácio dos Bandeirantes.

Só bola de cristal // Um parente de Joesley Batista esteve com o vidente Carlinhos na semana passada em Brasília. Foi saber o que será da família depois da prisão dos donos da JBS. Faz sentido. Como disse Joesley na gravação, “nunca mais vamos ganhar a vida fazendo rolo. Acabou”.

Colaboraram Júlia Campos e Natália Lambert

Adiamento à frente

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Um grupo de senadores caminha para tentar adiar a votação prevista para a próxima terça-feira sobre a devolução do mandato do senador Aécio Neves. É que existe uma grande parcela de parlamentares que prefere não ter que apreciar o destino do colega, deixando a bola nos pés do Supremo Tribunal Federal. Parece medo das reações nas redes sociais e opinião pública. E é.

Em conversas reservadas, alguns senadores que votaram a favor da urgência na quinta-feira avaliam que a decisão do STF sobre o afastamento, marcada para 11 de outubro, deu discurso aos que não querem aparecer defendendo o colega. Eles têm plena certeza de que o STF errou ao determinar o afastamento e o recolhimento noturno do senador Aécio com base no Código de Processo Penal (CPP). Porém, torcem para não terem que se posicionar a respeito. Foi esse sentimento que evitou a votação na última quinta-feira e promete se repetir na terça-feira.

Denúncia furacão

Parlamentares avaliam que a primeira denúncia contra o presidente Michel Temer chegou à Câmara numa categoria 5, com alto poder destruição, e virou uma tempestade tropical. Com essa segunda acusação de Rodrigo Janot a Temer, o sentimento da Casa é o inverso: chegou como apenas uma chuva forte, alguns ventos, mas à medida que o tempo passa, o poder de destruição vai aumentando.

Por enquanto, categoria 2

A avaliação geral dos deputados é a de que a denúncia não derrubará Michel Temer. Porém, avisam: “Se vier uma terceira, o presidente pode esvaziar as gavetas”.

E o Renan, hein?

No Planalto, há quem diga que Renan Calheiros (PMDB-AL) resolveu atacar novamente o presidente Michel Temer porque sabia da gravação, divulgada ontem pelo site da revista Veja. Na conversa, o empresário Joesley Batista cita um jantar que teve com o senador alagoano e que chegou a comentar o depoimento ao Ministério Público.

Rede convida Marlon Reis

O juiz da Lei da Ficha Limpa, como Marlon Reis é conhecido, foi convidado pela Rede para concorrer ao governo do Tocantins. Será palco certo para Marina Silva no ano que vem.

CURTIDAS

O especialista/ Num determinado ponto dos áudios das conversas de Joesley Batista, divulgadas ontem pela revista Veja, ele diz à advogada Fernanda Tórtima: “Quer aprender a corromper os outros? É a técnica, sabia?”. Eis que Fernanda pergunta: “Qual a técnica?” A prosa segue para outro rumo e Joesley não revela.

Dois pesos/ Os senadores aliados a Aécio Neves coletam todas as informações a respeito do caso do deputado Celso Jacob (PMDB-RJ) que, condenado à prisão, passa o dia na Câmara, no exercício do mandato, e se recolhe à noite. O senador foi afastado do mandato e levado ao recolhimento sem julgamento.

Bauer e Falcão I/ Senadores viram um quê de Rui Falcão no gesto do líder do PSDB, senador Paulo Bauer, de pedir o adiamento da votação sobre o mandato de Aécio Neves para a semana que vem. Assim como Falcão prejudicou o líder do governo Dilma, Delcídio do Amaral, Bauer não ajudou Aécio. Agora, ainda que Bauer tenha dito que não defenderá um novo adiamento, o estrago está feito.

Bauer e Falcão II/ Em novembro de 2015, o ex-senador Delcídio do Amaral (foto) foi preso, acusado de tramar a fuga do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Estava tudo pronto para os senadores revogarem a prisão quando veio uma carta de Falcão, com críticas a Delcídio. Aí, criou-se a porta de saída para a base do governo Dilma, incomodada em votar a favor do senador petista.

Planalto ataca delatores e PGR de Janot

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Os novos áudios da JBS divulgados pela revista Veja foram rebatidos há pouco pelo Planalto. A visão do governo é a de que as gravações acidentais reveladas agora mostram “cabalmente” que o presidente Michel Temer foi vítima de “uma grande armação urdida desde 17 de maio”, data em que veio a tona a conversa entre Temer e Joesley no Jaburu, o estopim de todas as denúncias envolvendo o presidente da República. As gravações, aliás, serão agora usadas para reforçar a defesa do presidente na Câmara dos Deputados, uma vez que tudo indica uma combinação entre os delatores do grupo JBS e o doleiro Lúcio Funaro, cuja delação embasa a segunda denúncia contra Michel Temer.

A seguir, a íntegra da nota do Planalto

Brasília, 29 de setembro de 2017.
Nota à imprensa

A cada nova revelação das gravações acidentais dos delatores da JBS, demonstra-se cabalmente a grande armação urdida desde 17 de maio contra o presidente Michel Temer. De forma sórdida e torpe, um grupo de meliantes aliou-se a autoridades federais para atacar a honradez e dignidade pessoal do presidente, instabilizar o governo e tentar paralisar o processo de recuperação da economia do país.

Agora, descobre-se que integrantes do Ministério Público Federal ficaram decepcionados com a gravação que usaram para embasar a primeira denúncia contra o presidente. “Eu acho, Fernanda, que precisam construir melhor a história do Temer. Não ficou muito claro. Eu acho que quando ouviram o Temer não gostaram muito. Tinham uma expectativa maior”. E isso dito por Ricardo Saud, uma das vozes usada para atacar o presidente por dias, semanas, meses no noticiário nacional.

As acusações caem uma após a outra, revelando a verdade da conspiração que foi construída durante meses. “Eles querem foder o PMDB”, sentencia o advogado Francisco de Assis, sem saber que está sendo grampeado por Joesley Batista. Mostrando todo planejamento da ação controlada que o grupo da JBS tentou fazer contra o país, Assis acrescenta:

“Viu, seguinte, Joesley, no momento certo, temos de dar sinal pro Lúcio pular dentro. Aí ele fecha a tampa do caixão”. Falavam sobre Lúcio Funaro, delator que foi incluído numa segunda denúncia contra o presidente pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, cujas ambições de comandar o país são ressaltadas pelos delatores. “Janot quer ser o presidente da República, ou indicar quem vai ser”, diz Joesley. Funaro, por sua vez, já havia enganado o Ministério Público Federal e a Justiça em delação anterior. Não mudou suas práticas.

O país não pode ficar nas mãos de criminosos e bandidos que manipulam autoridades, mercado, mídia e paralisam o país. É hora de retornar o caminho do crescimento e da geração de emprego. Não se pode mais tolerar que investigadores atuem como integrantes da santa inquisição, acusando sem provas e permitindo a delatores usarem mecanismos da lei para fugir de seus crimes. Cabe agora, diante de tão grave revelação, ampla investigação para apurar esses fatos absurdos e a responsabilização de todos os envolvidos, em todas as esferas.

Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República

Os bons companheiros

Publicado em coluna Brasília-DF, Política

Cresce na base aliada do presidente Michel Temer no Congresso a certeza de que, se ele quiser realmente escapar com folga da segunda denúncia em análise no Congresso, terá que rever a coordenação política. Não dá para deixar esse núcleo restrito ao secretário-geral da Presidência, Wellington Moreira Franco, e ao chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, que já está sobrecarregado. Tampouco entregar tudo ao ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, que enfrenta um forte desgaste nos partidos do chamado Centrão.
O primeiro sinal da necessidade de mudança foi a votação da medida provisória que deu a Moreira Franco status de ministro. A proposta que manteve o status passou por um triz, 203 votos a 198 e sete abstenções. Deputados passaram o dia debruçados sobre o mapa de votação e concluíram que, se o presidente não ampliar seus interlocutores e o núcleo estratégico, surpresas desagradáveis virão em outras votações.

Os trabalhos
de Geraldo
O PSDB de São Paulo votou em bloco contra a permanência de Moreira Franco no papel de ministro de Estado. Há quem veja aí o governador Geraldo Alckmin balançando o partido no sentido de afastá-lo ainda mais do governo e do presidente Michel Temer, que recentemente fez acenos positivos em prol do prefeito paulistano, João Doria, o outro presidenciável de ponta hoje no ninho tucano.

Se arrependimento matasse…
Não é pequeno o número de senadores que se mostra disposto a enfrentar o Supremo Tribunal Federal (STF) e devolver a Aécio Neves o direito de exercer o mandato. Há muitos arrependidos do voto favorável à prisão do senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) em novembro de 2015. E olha que, no caso de Delcídio, os próprios senadores consideraram que houve o flagrante da tentativa de promover a fuga do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.

O Fux da união
De todos os votos do caso Aécio no STF, o que mais incomodou os parlamentares foi o de Luiz Fux. “Soou como adversário político e não como ministro do STF”, comentavam alguns. O líder do PMDB, Renan Calheiros, atacou Fux publicamente, enquanto, no Planalto, o ministro também foi objeto de comentários. Fux conseguiu colocar Renan e Michel Temer no mesmo lado.

Corra, Temer, corra!
O governo reviu a estratégia de caminhar lentamente com a denúncia contra o presidente Michel Temer. A ordem agora é acelerar a tramitação, a começar pela decisão de não fatiar o texto, adotada ontem pela Comissão de Constituição e Justiça. Aliás, é ali que o governo terá a sua real batalha. O plenário não é considerado o maior problema.

Aposta tucana
O PSDB continuará dividido em relação ao presidente Michel Temer. Com ou sem Aécio, muitos acreditam que os votos serão praticamente os mesmos da primeira denúncia. Ontem, aliás, muitos tucanos não se cansavam de repetir que “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”. Em tempo: qualquer semelhança com a mesma frase dita no passado pelos petistas é mera coincidência.

A chuva chegou, mas…/ Atenção, autoridades! Moradores de bairros mais nobres da cidade, como o Lago Sul, começaram a ampliar a profundidade dos poços artesianos, muitos irregulares. A fonte de muitos secou.

Serra na articulação/ O senador José Serra (PSDB-SP) tem trabalhado nos bastidores a favor da devolução do mandato de Aécio Neves. Os argumentos usados nas conversas são as de que não houve flagrante, que Aécio está à disposição da Justiça e que é preciso fixar a separação de poderes.

Renan, o coerente/ Uma parcela do PT que hoje defende que o Senado devolva o mandato de Aécio votou no passado contra Delcídio. Um dos poucos que à época ficou ao lado do senador foi o então presidente da Casa, Renan Calheiros.

Nem todos/ O senador Cristovam Buarque (foto), do PPS-DF, avisava ontem que, antes de mais nada, é preciso definir o que o Senado vai votar. Ele é contra qualquer confronto direto com o Supremo Tribunal Federal. Esse enfrentamento, entretanto, já está instalado, dizem outros.

A jogada da defesa de Michel

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A derrota dos advogados do presidente Michel Temer essa semana já era esperada pelo estafe político. Porém, avaliam que era necessário recorrer, apesar da certeza do insucesso. Tudo para não deixar a arena livre para que Rodrigo Janot pudesse vir com novos ataques diretos. Também fez parte da estratégia manter o silêncio sobre o caso, até que chegasse à Câmara. Agora, com o processo na arena política, o presidente tomará a frente e não descarta inclusive falar sobre o tema nas redes sociais.

Aliás, o marqueteiro Elcinho Mouco foi visto chegando ontem ao Planalto. Cuidou de entregar ao presidente um esboço do que ele considera necessário explicar aos brasileiros. A ordem é não deixar fazer valer o ditado, quem cala consente.

Nem pestanejou
A delação de Lúcio Funaro não tirou o sono dos palacianos em relação ao presidente Michel Temer. Isso porque dizer que “tem certeza” de que havia propina para Temer não vale. É preciso apresentar provas.

Raquel, a muralha
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, não quer saber de vazamentos de delações, em especial, aquelas que estão em fase de homologação. Se está assim com quem resolveu falar, não será diferente se houver uma delação de Geddel Vieira Lima.

Eles são Cabral amanhã
Depois que Sérgio Cabral foi condenado a 45 anos de prisão, a mais alta pena imposta a um político corrupto, outros enroscados estão preocupados. Afinal, como escreveu o juiz Marcelo Bretas na sentença, “nada mais repugnante do que a ambição desmedida de um agente público que, tendo a responsabilidade de gerir o atendimento das necessidades básicas de milhões de cidadãos do Estado do Rio de Janeiro, opta por exigir vantagens ilícitas a empresas”.

Dória e o DEM
O jantar do prefeito de São Paulo, João Dória, com o DEM viria acompanhado de um convite para que o prefeito mude de partido. O PMDB também quer Dória. Daí, decorre parte do estresse entre os dois partidos.

CURTIDAS

Tensão a bordo/ Os passageiros do vôo da TAP que partiu de Brasília rumo a Lisboa ontem passaram a maior parte do tempo com medo de um “barraco”. O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, estava sentado justamente na fileira atrás daquela onde ficou o ex-procurador-geral Rodrigo Janot. Gilmar praticamente chamou Janot de “ladrão” na última quarta-feira.

Dois destinos/ Gilmar segue para a Alemanha, a fim de acompanhar a eleição. Janot saiu de férias. E não vai para a Alemanha.

Ele escapou/ O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o kakay,comemora seu aniversário de 60 anos em Portugal neste fim de semana. Não, ele não estava no mesmo vôo da dupla Janot e Gilmar. Viajou antes num avião… particular.

Constrangimento/ Petistas estão distribuindo via WhatsApp um vídeo em que aparecem imagens do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, em Nova York. O áudio é de manifestantes gritando “golpista”, “canalha”. Meirelles caminha quase um quarteirão e, depois, entra num táxi.

Os trabalhos de Eduardo

Publicado em coluna Brasília-DF

Os trabalhos de Eduardo

O ex-procurador-geral Rodrigo Janot tem razão quando disse, em entrevista exclusiva ao Correio, que a pressão sobre ele vai aumentar. O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, por exemplo, aproveita essa temporada nas dependências do Departamento de Polícia Especializada em Brasília para estudar tudo o que pode da Lava-Jato e das delações. Políticos amigos dele garantem que o
ex-deputado suspeita, por exemplo, que o Ministério Público fazia um mosaico das delações,
pegando anexos de uma e colocando em outras, obrigando os interessados em delação premiada a confirmarem o que havia dito outro enroscado. É por aí que Eduardo das contas na Suíça tentará comprometer o trabalho do MP.

Em tempo: Eduardo Cunha está longe de fazer delação. A raiva que ele tem do Ministério Público é maior. Por enquanto.

Segura aí, Geddel

Aliados do presidente Michel Temer que já fizeram as contas até o final do mandato dizem que o único estrago que Geddel Vieira Lima pode causar ao governo é resolver falar qualquer coisa neste momento, em que a denúncia será apreciada pela Câmara. A Casa é política e Temer correria o risco de perder votos no plenário.

O remédio tempo

Aos poucos, a ansiedade das excelências vai diminuindo em relação a uma possível delação do homem das malas e caixas de dinheiro. É que falta um ano e três meses para terminar o mandato e até qualquer delação de Geddel ter um resultado prático, ou seja, ser negociada e aceita, vai demorar.

Exceção

As delações mais rápidas, calculam políticos, foram aquelas que Rodrigo Janot deflagrou na reta final do seu mandato. Deu no que deu. Hoje, os delatores estão presos.

Esqueceram dele

A pesquisa da CNT divulgada nesta semana não trouxe cenários com o nome do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. O PSD se sentiu excluído.

Pedrinha no sapato/ Aliados do presidente Michel Temer garantem que ele está para lá de incomodado com essa segunda denúncia do ex-procurador. A um amigo, Temer chegou a comentar que não estava feliz de ir conversar com outros chefes de Estado com a sombra da denúncia sobre a cabeça.

À flor da pele/ A comissão de finanças da Câmara virou um pandemônio ontem. O deputado Mário Negromonte Jr (PP-BA) e o deputado Edmilson (PSol-PA) quase foram às vias de fato, porque o paraense demorou mais de 15 minutos falando sobre a votação de um recurso regimental. A deputada Yeda Crusius (PSDB-RS) precisou ficar entre os dois para apartar a briga. Justo ela, uma gaúcha, buscando a paz no dia em que o Rio Grande do Sul comemora a Revolução Farroupilha.

Barulho por nada/ A Câmara pode espernear. O que não for do agrado dos senadores na reforma política, o Senado vai retirar do texto sem pestanejar, avisou o presidente da Casa, senador Eunício Oliveira (foto), durante jantar do site Poder 360.

Por falar em Eunício…/ O presidente do Senado avisa que, se Tasso Jereissati decidir concorrer ao governo do Ceará, o próprio Eunício será candidato à reeleição na chapa
do tucano.

Aliança estratégica

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Parlamentares governistas e oposicionistas detectaram uma parceria de bastidores entre o PT e o PMDB na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da JBS. Ali, os dois partidos jogarão juntos. Afinal, estão no mesmo barco, acusados de recebimento de propina. Por isso, atuarão no sentido de expor as mazelas da Procuradoria-Geral da República para ver se conseguem pôr um freio na Lava-Jato. O que for pedido pelo PMDB não será barrado pelo PT e vice-versa.
Na CPMI, que tem reunião de trabalho hoje, o espectro político se dividirá entre partidos investigados e os que não estão sob a mira da Justiça. E adivinha qual é maioria? É, pois é.

Sutil diferença
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, não vai pedir revisão dos processos da Lava-Jato em curso no STF. Nem mesmo da denúncia contra Michel Temer. O que está judicializado, não muda. O Ministério Público só vai se pronunciar quando o processo for enviado para vista na Procuradoria.
A bola está com o Supremo Tribunal Federal.

O que eles temem
Os políticos que compareceram à posse da procuradora-geral saíram com uma certeza: depois de tanta atenção ao “devido processo legal” mencionado várias vezes no discurso, quem ela denunciar pode se preparar para a condenação. Tudo o que ela fizer terá peso maior.

Movimentos eleitorais
O PSB, do governador Rodrigo Rollemberg, descarta aliança nacional com o PT em 2018. Se o partido não lançar um nome próprio, tem conversa apenas com o PSDB, PDT e Rede.
Diante das incertezas, o congresso que ia discutir cenários ficou para março do ano que vem.

Condição
As conversas com o PSDB só têm chance de prosperar se os tucanos voltarem às origens de centro-esquerda. Caso contrário, tchau. Os socialistas acreditam que os candidatos mais conservadores da eleição presidencial serão Jair Bolsonaro e Henrique Meirelles.

Plano A
Aliados de José Serra acreditam que, pelo andar da carruagem, o senador se apresentará para concorrer ao governo
de São Paulo. Aliás, ele é hoje o único que tira dessa corrida o ministro das Comunicações, Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab. Contra Serra, Kassab
não vai.

Casamento marcado/ O PSB fará um ato solene em Brasília, em 27 de setembro, para a filiação do ex-deputado e ex-ministro Aldo Rebelo (foto). Depois, haverá outra festa, em São Paulo. A data ainda não foi definida.

Prêmio Marco Maciel/ A Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (Abrig) lança hoje, no Panteão da Pátria, às 19h, o prêmio “Marco Maciel — ética e transparência na relação entre o público e o privado”. A homenagem ao ex-vice-presidente da República, ex-senador e ex-ministro faz sentido. Maciel sempre se mostrou preocupado em regulamentar o lobby no Brasil. Ele será representado pelo ex-secretário da Receita Everardo Maciel.

Vaquejada/ O ministro Marco Aurélio pede que se esclareça que a decisão do tribunal sobre a vaquejada se referia apenas ao Ceará. Em relação ao país, ainda existe um suspense se valerá ou não, uma vez que a ação direta de inconstitucionalidade ainda não foi decidida. Os políticos, entretanto, consideram que, se não há decisão proibindo, está valendo.

Que Deus a proteja e a ilumine/ A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, fez questão de ressaltar sua religião no discurso. Ela cumprimentou os embaixadores na figura do núncio apostólico, citou o papa Francisco e fez uma saudação especial ao presidente da CNBB e arcebispo de Brasília, Dom Sergio da Rocha. A PGR ainda citou Deus cinco vezes, numa delas pedindo sabedoria nos momentos mais difíceis. Ela sabe que virão.