Categoria: coluna Brasília-DF
Ao contrário do que esperava a equipe econômica do governo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, fará um aquecimento da base aliada com medidas infraconstitucionais e, posteriormente, discutirá a reforma da Previdência.
O freio é fruto das reclamações da base aliada e avisos do tipo, “voto a favor do presidente na denúncia, mas não venha com reforma da Previdência”, dito por dezenas de deputados aos líderes partidários. Ou seja, diante de tanta confusão e do susto que o governo tomou no início da votação, com o placar favorável à denúncia, a ordem é deixar baixar a poeira. Até porque, Rodrigo Maia tem uma viagem internacional marcada para a semana que vem, e Michel Temer cuidará da saúde. A Casa só volta com força depois do feriadão de finados.
Em tempo: a votação de ontem foi classificada por deputados aliados ao governo como a “mais cara da história”.
A da Previdência, quando houver, será a única capaz de empatar em termos de preço.
“Foi criminoso”
A acusação é do deputado Sarney Filho, licenciado do cargo de ministro do Meio Ambiente apenas para votar a denúncia ontem em plenário. Referia-se ao incêndio que consome o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Zequinha Sarney foi informado que se fosse apenas um acidente teria parado nas áreas que são preparadas para evitar que o fogo se alastre como se alastrou. “Tudo indica que vem daqueles que não queriam a ampliação do parque. Vamos investigar”, diz ele.
Sonho de França.
Só que não.
O acordo entre o governador Rodrigo Rollemberg e Maria de Lourdes Abadia era a largada para uma grande construção do vice-governador de São Paulo, Márcio França, no sentido de conquistar o apoio do PSDB à sua candidatura ao governo de São Paulo e juntar o PSB ao projeto de Geraldo Alckmin ao Planalto. Nem o PSDB do DF nem o de São Paulo topam. O PSB nacional também busca outros caminhos.
Por falar em PSDB…
Além do PSB, que tem nove deputados de saída — muitos rumo ao DEM —, o PSDB perderá parte expressiva de sua bancada.
Sem sossego
Com o presidente Michel Temer no hospital, os ministros praticamente abandonaram a conquista dos votos. Assim, um deputado ligou para o presidente: “Cadê os ministros, que ainda não vieram para cá ajudar?” Foi aí que alguns se mexeram e seguiram até a Câmara para ajudar na conquista do quórum.
Fiscal dos votos I/ O deputado Marcus Pestana (foto), do PSDB-MG, passou grande parte da votação sentado estrategicamente na mesa próxima ao elevador da sala de café dos deputados. A todos que saíam, ele perguntava se já havia votado. Pestana, ao votar, jogou a denúncia no colo do PT, citando a afirmação da denúncia de Rodrigo Janot de que o esquema começou com Lula.
Fiscal dos votos II/ Assessores e líderes do governo acompanharam voto a voto, dentro do plenário, com a lista de parlamentares em mãos. Já no primeiro estado, o Rio Grande do Sul, esse grupo tomou um susto com o número de votos contrários ao presidente, maior do que os favoráveis, o que nunca aconteceu na primeira denúncia.
Sempre eles…/ Yeda Crusius (PSDB-RS) perdeu a hora e não votou. Nilson Leitão, tucano e presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, quase sofre do mesmo problema. Ele conversava com o deputado Pedro Vilela (PSDB-AL) e, quando viu que a bancada de Mato Grosso do Sul estava votando, saiu correndo da sala de café em tempo de dizer um “sim” esbaforido no plenário.
Por falar em tucanos…/ O PSDB fez de tudo para tentar evitar que o partido saísse chamuscado da votação de ontem sobre a segunda denúncia contra o presidente. Porém, a maioria dos deputados, na hora de votar, dizia “voto com o relatório do PSDB, a favor de Michel Temer”.
Não se surpreendam se o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), convocar a Casa para debater a reforma da Previdência já na próxima segunda-feira. Rodrigo tem pressa. Pressa em mostrar que tem poder de comando e responsabilidade, como ele mesmo diz, para acelerar a retomada do crescimento econômico e da confiança dos investidores. Ele tem se mostrado disposto a empreender a pauta considerada necessária para o país voltar aos trilhos mais rapidamente.
Michel Temer não achará ruim se Rodrigo adquirir esse protagonismo. Afinal, com a segunda denúncia fora do palco principal, o foco “voltar-se-á”, diz Temer, à realidade, ou seja, ao cenário econômico e à eleição de 2018. Ainda que se esteja a dois meses do Natal, o presidente não pretende entregar os pontos, mas se mostra disposto a deixar o protagonismo a cargo de Rodrigo Maia. Não por acaso, Rodrigo chegou tão feliz do Planalto ontem. Temer não é mais candidato a nada, mas quer ter um legado. Para Rodrigo, o céu é o limite. Se tudo der certo, pode nascer aí um certo capitão Rodrigo — e não Henrique Meirelles (Fazenda) — como uma aposta para o futuro. Como esse candidato ainda não saiu, estão todos na pista.
A largada
O governo está de olho no leilão do pré-sal desta sexta-feira. Será o primeiro grande evento depois da denúncia. A expectativa é de adesão expressiva de empresas de todo o mundo e não apenas dos chineses. Mais um ponto que o presidente pretende explorar para mostrar que o país está bem melhor do que nos tempos da presidente Dilma Rousseff.
Por falar em Temer…
A sociedade está em outra. Levantamento feito pelo Palácio do Planalto nos últimos tempos mostrou que o presidente é o primeiro assunto da mídia (e, na maioria das vezes, com viés negativo). Nas redes sociais, porém, a pegada é outra. Temer aparece em 23º lugar no ranking de assuntos e/ou personagens mais comentados. Neymar e o fim da novela Força do Querer encabeçam a lista…
Meirelles alerta
Em jantar do site Poder360, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, foi direto no diagnóstico: Sem a reforma da Previdência, alguma coisa terá de ser aprovada, porque “há um teto”, que deu uma sinalização muito forte de controle das contas públicas. E isso terá que ser cumprido.
Põe lupa aí
O senador Airton Sandoval (PMDB-SP) quer ampliar a CPI do BNDES para os financiamentos destinados ao Desenvolvimento Integrado dos Estados (Finem). Não por acaso, governadores aliados aos governos de Lula e de Dilma estão para lá de preocupados.
Quem cala…/ Perguntado se será candidato a presidente, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (foto), diz que é cedo para tratar do tema e coisa e tal, dá aquela enrolada básica nos jornalistas e empresários presentes ao jantar do site Poder360. A coluna emenda: “Mas o senhor não diz que não é candidato…” Meirelles, então, responde: “Eu não, para quê?”.
A voz da América/ O embaixador dos Estados Unidos, Michael Mckinley, presente ao jantar, fez questão de dizer que a percepção do Brasil lá fora está muito melhor do que é percebido aqui, entre os brasileiros. “Há muito interesse em investir no Brasil”, afirmou, para delírio de Meirelles.
A voz da oposição/ Renan Calheiros volta à tribuna do Senado hoje para dizer que seis pedidos de investigação contra ele já foram arquivados. Falará também do PMDB da Câmara e defenderá o afastamento do presidente Michel Temer.
A voz da intriga/ Rodrigo Maia estava todo contente na sala de café, acabara de chegar do Planalto, eis que o deputado Silvio Costa (Avante-PE) surge com uma proposta: “Estou trabalhando por você (para presidente da República agora)! Sem remuneração!” Rodrigo apenas sorri: “Isso. Trabalhe” E falando baixinho completa: Para 2019!”
O governo começa a trabalhar o dia seguinte à votação da denúncia contra o presidente Michel Temer e, nesse sentido, embora os ministros hesitem em falar, vem por aí um “refresh”, como alguns se referem hoje à necessidade de “atualizar” a equipe de governo. Confiante em uma vitória para esta quarta-feira, Temer quer na equipe pessoas dedicadas à última temporada da sua gestão. Internamente, o presidente tem confidenciado a amigos que tem muitos ministros cuidando da própria vida e pouco dedicados ao governo como um todo. Temer não quer sair do poder como aquele que simplesmente “passou” e com desaprovação recorde. É nisso que ele pensa desde já, antes mesmo de os deputados darem o veredito sobre a denúncia. Por isso, não duvidem: como antecipou a coluna há alguns dias, vem mudanças depois desta semana.
Climão…
Em recente almoço em Brasília, o deputado Alexandre Valle (PR-RJ) disse ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia: “Está na hora de você assumir um protagonismo maior (a presidência da República)”. O ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, estava à mesa. Nada disse. O almoço foi pra lá de indigesto.
…na base…
Valle votou a favor do presidente Temer quando da primeira denúncia. Havia alguns dias, tinha um indicado na diretoria das Indústrias Nucleares do Brasil (INB). Perdeu o posto para um indicado do presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Rodrigo Pacheco.
…e pressão sobre Rodrigo
A pressão sobre Rodrigo Maia (foto) está grande nessas 48 horas: “Na primeira denúncia, Rodrigo foi visto como quem não jogou contra o presidente por uma questão de lealdade. Agora, pode sair como covarde”, diz Alexandre Valle.
Placar da hora
Apesar de todas as brigas internas, a contabilidade dos governistas indica algo entre 230 a 240 votos a favor de Michel Temer. Ou seja, ganha, mas não nos moldes que deseja para tocar as reformas pendentes.
Esfria aí
O PSDB adiou a reunião marcada para esta quinta-feira, quando iria discutir a prévia para a eleição de 2018. Tudo para ver se acalma a ala que deseja a renúncia de Aécio Neves ao cargo de presidente do partido. A ordem é acalmar os ânimos dando espaço para que Aécio se defenda sem mais esse problema. Afinal, faltam 46 dias para a convenção que escolherá seu substituto.
As andanças de Michel/ O presidente Michel Temer tem apreciado muito as viagens pelo país. Dia desses, comentou: “Preciso fazer mais isso, viu?” Qualquer semelhança com o tal “precisa manter isso, viu?”, captado na gravação de Joesley no passado, é mera coincidência.
Questão de estilo/ As declarações do ex-ministro Ciro Gomes de que ele e Jair Bolsonaro têm alguma semelhança preocuparam o próprio Bolsonaro. É que, até aqui, o jeitão de Ciro, que já foi candidato a presidente da República por duas vezes, não rendeu sequer uma vaga no segundo turno.
Por essa Fux não esperava/ Está circulando no WhatsApp: um garoto todo feliz tirando foto com o ex-juiz de futebol Arnaldo Cezar Coelho, dentro do avião, enquanto o ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Fux observa a cena com um sorriso meio amarelo. Segue junto um comentário: “O sonho do garoto é ser juiz”. É, pois é.
Foco em 2018/ Relatores das principais reformas do governo Temer têm encontro marcado com empresários do varejo, no III Fórum Nacional de Comércio, hoje e amanhã em Brasília. O Sistema CNDL conta com mais de 450 mil empresas associadas, responde por 5% do PIB nacional e gera 4,6 milhões de empregos. A ideia é discutir os principais pontos dos projetos previdenciários e tributários para preparar um rol de propostas aos candidatos nas próximas eleições.
O empresário Joesley Batista passou a monitorar todos os movimentos do ex-diretor da JBS, Ricardo Saud, preso na Papuda. Por meio de advogados, Joesley procura saber com quem Saud conversa e avaliar o humor do subordinado. O maior pesadelo de Joesley hoje é Saud contar mais detalhes de tudo o que os irmãos Batista não disseram aos promotores na delação. Saud não era “da família”. Para procuradores, por exemplo, o executivo não passava de “um empregado” e há quem diga que ele não ficará na cadeia para poupar os patrões.
Aí tem I
Ouvido em sessão secreta na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da JBS, o advogado Francisco de Assis e Silva, ex-diretor jurídico da empresa, se reservou o “direito de permanecer calado” todas as vezes em que os parlamentares perguntaram algo sobre o procurador Marcelo Miller, que deixou o Ministério Público para trabalhar no escritório que cuidava do acordo de leniência da JBS.
Aí tem II
Os políticos ficaram com a impressão de que Assis prepara uma delação envolvendo o procurador. Por isso, a insistência em não revelar nada que pudesse comprometer o procurador agora.
Ao vencedor…
No papel de presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG) teve um desempenho de provocar inveja em muitos. Na primeira denúncia contra o presidente Michel Temer, o parecer foi favorável à denúncia e Pacheco conquistou a fama de independente. Na segunda, amarrou Aécio Neves e o próprio PMDB à sua campanha ao governo estadual, quando indicou Bonifácio de Andrada para a relatoria. Se esse apoio não vier de pronto, pelo menos, a ponte está feita.
CURTIDAS
Planos de saúde comemoram/ Sempre criticadas, as operadoras de planos de saúde conseguiram fechar a semana passada com um alento, porque o ranking da Agência Nacional de Saúde deixou 83,8% das 1.057 maiores operadoras entre as duas melhores faixas de avaliação.
Até ela/ A Unimed, por exemplo, que passou por maus bocados com seus clientes, nunca foi tão feliz. Entre as 20 operadoras de grande porte mais bem classificadas (as que têm mais de 100 mil beneficiários), 14 são do seu sistema. A líder do ranking é a Unimed de Belo Horizonte, seguida pela Unimed do Paraná, pela Bradesco Saúde, pela Unimed Porto Alegre e pela Unimed Campinas.
Trocador/ O deputado Valtenir Pereira (PSB-MT) mudou tanto de partido (ele já trocou cinco vezes) que, dia desses, um colega comentou: “Rapaz, você já trocou de novo?” Eis que Valtenir se sai com esta: “E não me convida, senão eu vou para o seu”.
Tudo como dantes/ Sabe aquela polêmica dos carimbos nos laticínios industrializados que fez a chef Roberta Sudbrack (foto) desistir de atuar no Rock’n Rio? Pois é: deu em nada. Houve toda aquela mobilização com queijos na Câmara dos Deputados, mas nenhuma medida concreta foi adotada até o momento.
Que venha a chuva!!
—
Leonardo Cavalcanti
Um governo, duas metas
O governo e a base aliada vivem hoje uma queda de braço em relação à votação da próxima semana, quando estará em análise a segunda denúncia de Rodrigo Janot contra o presidente Michel Temer. Os partidos desejam a vitória do peemedebista, mas não num patamar em que o presidente saia com fôlego para retomar a agenda de reformas, em especial, a da Previdência. Enquanto isso, no Planalto, o próprio presidente coordena o esforço para que o governo ultrapasse o patamar dos 257 votos, ou seja, metade mais um dos votos totais da Câmara para, no futuro próximo, ampliar isso em relação às reformas. É por aí que o jogo vai se dar nos próximos dias.
Os aliados querem o poder de empreender uma agenda mais voltada a temas com maior sintonia na sociedade, como a segurança pública, educação e cultura, deixando de fora aumento de alíquotas, ajustes fiscais e cortes. Daí, a necessidade de deixar Temer franzino no quesito votos em plenário.
Don Geddel I
O fato de a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, se referir a Geddel Vieira Lima como chefe de organização criminosa não causou estranheza a muitos políticos. Afinal, ele comandava o PMDB da Bahia, assim como Eduardo Cunha e Sérgio Cabral dividiam o comando do Rio de Janeiro. Diz o Ministério Público que há outros “dons” por aí.
Don Geddel II
Os políticos que acompanham com uma lupa o caso de Geddel afirmam que, agora, o ex-ministro não terá como colocar o presidente Michel Temer nesse redemoinho. Afinal, se Geddel comandava, não tem como delatar
mais ninguém.
Onde mora o perigo
Deputados petistas aproveitaram o prêmio Congresso em Foco, concedido todos os anos a parlamentares eleitos pela imprensa, pela internet, e um júri seleto, para espalhar que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, está “costeando o alambrado” do Planalto. Ou seja, “esperando a oportunidade”. Sinal de alta-tensão até quarta-feira, data da votação da denúncia
em plenário.
Sem saída
Deputados tucanos não veem mais possibilidade de união entre as diversas alas do partido. Alguém vai ter que pedir o boné. Quem? Eis a questão.
País em choque
A tragédia em Goiânia, onde um adolescente assassinou colegas na escola, reforçará uma campanha para maior controle de armas no país. A bancada da bala, porém, já tem um argumento. O menino é filho de policial e, ainda que houvesse controle, ele teria arma em casa.
CURTIDAS
PF independente/ Instituição mais aplaudida no 7 de Setembro, a Polícia Federal vai intensificar a campanha pela autonomia com a entrega de mais um documento com mais de meio milhão de assinaturas em prol da Proposta de Emenda à Constituição 412/2009, que regulamenta a autonomia funcional, administrativa e orçamentária da PF. A PEC está parada há oito anos na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.
Hora certa/ Pré-candidato ao governo de Minas Gerais, o presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco, receberá o documento com as assinaturas das mãos do presidente da ADPF, Carlos Sobral. Ele irá acompanhado de líderes de movimentos sociais independentes, como Carla Zambelli (Nas Ruas) e Maurício Vidal (Movimento Brava Gente Brasileira), além de representantes do Orgulho Nacional, Movimento Brasil Livre e Mulheres da Inconfidência, todos com forte representação em Minas.
E o Renan, hein?/
O senador Renan Calheiros (foto) não perde uma oportunidade de fustigar Michel Temer. Ontem, mandou esta no Twitter: “Engraçado… Nunca soube que Geddel era o chefe. Para mim, o chefe dele era outro… era ouTro”. Assim mesmo, com T maiúsculo.
Sabática/ Destituída do cargo de líder do PSB, a deputada Tereza Cristina (MS) passou todo o jantar de entrega do prêmio Congresso em Foco ladeada por dois representantes do PPS, Rubens Bueno e Carmem Zanotto. Tereza, entretanto, ainda não definiu para qual partido irá. “Nos próximos 30 dias, não quero pensar nisso. Vou, primeiro, dar um tempo pra mim”, diz a deputada quase ex-socialista.
Dupla dinâmica/ De todos os representantes do DF no Congresso Nacional, apenas
dois senadores saíram agraciados do
Prêmio Congresso em Foco: Cristovam Buarque e Reguffe.
Certos de que o presidente Michel Temer terá votos para permanecer no cargo, deputados aliados ao governo recolheram a pressão para troca do ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy. A ideia é guardar energia para uma nova investida depois da votação da denúncia. A avaliação geral é a de que o PSDB, completamente enroscado na disputa interna, não dará a Temer os mesmos votos da primeira vez. Assim, estará dada a senha para a substituição do ministro. Não por acaso, bateu o medo em alguns dos ministros exonerados ontem para votar a favor do presidente, na semana que
vem, de não voltar aos cargos.
Em tempo: causou estranheza a muitos o fato de o PSDB querer obstruir a votação do acordo de leniência dos bancos, um projeto com o aval do governo. Por incrível que pareça, os tucanos — que no passado fizeram o Proer (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional) — não queriam votar a proposta para não dar uma rede de proteção a instituições que podem, num futuro não muito distante, terminar afetadas por uma possível delação de Antonio Palocci. Deixaram assim de lado o pragmatismo de defender as instituições, mantendo qualquer punição apenas aos controladores.
De Michel para Raquel
As mudanças que o presidente Michel Temer fará no decreto que terminou por expor trabalhadores ao regime análogo à escravidão serão baseadas apenas nos insumos da procuradora-geral da República, Raquel Dodge. É à comandante do Ministério Público que o governo dará satisfação.
Saiu do forno
Está pronto o parecer pelo arquivamento do pedido para que o senador Aécio Neves responda por quebra de decoro no Conselho de Ética do Senado. É João Alberto cumprindo o que já foi antecipado pela coluna: “Se o plenário arquivar aqui, eu arquivo lá”.
Juntou de lá
O posicionamento do governador de Goiás, Marconi Perillo, em defesa da permanência de Aécio Neves no comando do PSDB levou os aliados de Tasso Jereissati à sensação de que talvez o presidente em exercício tenha errado a mão. Agora, os aliados do mineiro não têm mais dúvidas sobre quem apoiar para presidente do PSDB: é Perillo na cabeça.
Irritou mais
O ministro de Minas e Energia, Fernando Filho, planeja seguir para o PMDB. O deputado Alexandre Baldy (GO), hoje no Podemos, seguirá por esse mesmo caminho. Ambos eram esperados no DEM do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ).
Nova frente para velha prática/ Vem aí a Frente Parlamentar do Jogo, em defesa da regulamentação dos cassinos no Brasil. Como bem lembram alguns, em certas casas da cidade será apenas o caso de colocar placas e neons nas portas.
Resumo da ópera/ O deputado Danilo Forte, de saída do PSB, soltou esta que jura ter ouvido de um socialista de carteirinha: “No partido, estamos no seguinte ponto: quem manda, não tem voto. E quem vota, não manda”.
De grão em grão…/ O senador Álvaro Dias (foto), do Podemos-PR, tem diversos grupos de WhatsApp completos com o nome “Álvaro Dias presidente”. Ali, assessores e o próprio parlamentar respondem diariamente a eleitores de todo o país, interessados em propostas para um futuro governo. O trabalho é quase de 24 horas.
Vem de cá/ Depois de conquistar o apoio do senador Fernando Collor, do PTC, o governador de Alagoas, Renan Filho, vai trabalhar para evitar uma tríplice aliança no palanque adversário em 2018 — do ministro do Turismo, Max Beltrão, com o dos Transportes, Mauricio Quintella, e o líder do PP, Arthur Lyra.
Depois da devolução do exercício do mandato ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), o presidente do Conselho de Ética, João Alberto Souza (PMDB-MA), pretende arquivar a nova denúncia contra o senador tucano no colegiado. “Estou esperando o plenário. Se ele preservar o mandato, não temos porque julgá-lo no conselho”, disse João Alberto à coluna antes de conhecido o resultado de 44 votos a favor de Aécio.
A intenção de João Alberto pelo arquivamento está diretamente ligada à proximidade da eleição. Ali, às vésperas do ano eleitoral, a ordem entre os parlamentares é deixar que os eleitores de Minas Gerais definam o que fazer em relação ao senador. Assim será com qualquer outro que seja levado ao Conselho de Ética.
Ficamos assim
Nos votos em favor de Aécio Neves prevaleceu a tese de que o Supremo Tribunal Federal (STF) não pode afastar um senador sem que ele sequer seja réu num processo. Como há mais de 150 parlamentares na mesma situação, entre senadores e deputados, a tendência daqui para frente é não aceitar medidas cautelares contra parlamentares. O caso de Aécio apenas puxou a fila.
Depois de Aécio…
A expectativa do governo com a devolução do mandato ao senador mAécio Neves (PSDB-MG) é reforçar o time para as votações sobre a denúncia contra o presidente Michel Temer. Tanto hoje, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, quanto na semana que vem, no plenário da Casa. A expectativa dos governistas gira em torno de 42 votos hoje na CCJ, a favor do relatório do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG).
O pulo do PSB
Os 12 deputados socialistas que assinam a carta pedindo a desfiliação do PSB só vão se considerar fora do partido se o presidente, Carlos Siqueira, entregar ainda hoje o aceite de todos eles. Ou seja, pode ser que dê tempo de dois dos votos favoráveis a Michel Temer registrarem o apoio hoje na CCJ.
‘’A vontade de prender Marcelo Miller é tão legítima quanto uma nota de três reais”
Do procurador Ângelo Goulart, referindo-se às ações de Rodrigo Janot contra o procurador que deixou o Ministério Público para trabalhar num escritório que atendia a JBS.
E o Uber, hein?
Os parlamentares vão ter de escolher entre os votos dos taxistas e os dos 17 milhões de usuários ativos só do Uber, um dos aplicativos da “carona” que deu o tom da economia colaborativa no Brasil, uma tendência mundial.
A carta ganhou/ Assim como Michel Temer, Aécio também mandou uma carta aos parlamentares. Funcionou.
( Luis Nova/Esp. CB/D.A Press)
Por falar em Aécio…/ Quando o senador Antonio Anastasia foi se inscrever para falar a favor de Aécio Neves, as cinco vagas já estavam preenchidas. Tasso Jereissati (foto), que preside o partido, não teve dúvidas: “Eu cedo a minha”. “Não, pode deixar”, respondeu Anastasia. Acabou que com a demora da abertura do painel de votação, tanto Anastasia quanto Tasso falaram em defesa do colega tucano.
Point/ O prefeito de São Paulo, João Doria, estava na sede da Frente Parlamentar da Agropecuária, uma casa em frente à de Heráclito Fortes, que recebia o presidente Michel Temer. A poucos quilômetros dali, no mesmo bairro, no Lago Sul, Aécio liderava as articulações para retomar seu mandato.
Baianos & goiana/ Os três votos da Bahia contra Aécio Neves já eram esperados. O que surpreendeu os tucanos foi o voto da senadora Lúcia Vânia (GO), hoje no PSB. Ela foi tucana por 20 anos, porém, ontem ficou com seu novo partido.
O PT não pretende votar a favor do retorno do senador Aécio Neves ao exercício do mandato. Depois de acompanharem com uma lupa a decisão do Supremo Tribunal Federal, que colocou as medidas cautelares para análise no Congresso Nacional, os petistas querem tirar a questão institucional de cena e analisar o mérito do processo contra o senador do PSDB. Algo parecido com o que fez o ministro Luís Roberto Barroso, um voto que gerou inclusive uma nota da defesa de Aécio. É o PT colocando de volta à cena a tentativa de desgastar ainda mais um dos partidos adversários no caminho de 2018.
Nessa brecha de enfrentamento com o PSDB, o PT planeja ainda cobrar a abertura de processo contra Aécio no Conselho de Ética do Senado. A reação da base será imediata. A julgar pelo que os políticos estão comentando nos bastidores, a confusão está só no começo. Vem aí uma guerra de pedidos no Conselho.
Conte com eles
As contas da base do governo indicam que Aécio Neves pode prescindir do PT para recuperar o direito de exercer o mandato. A base aliada, se continuar unida, terá condições de salvar Aécio no Senado da mesma forma que segurará Michel Temer na Câmara. Aliás, Aécio e seus aliados aproveitam esses dias de feriadão para expor aos demais senadores que foi uma “injustiça” tirar o mandato de um senador por medida cautelar e só agora, 16 dias depois, decidir que tem que passar pelo Senado. A esperança do grupo é a de que o senador possa exercer o mandato, até para se defender no Conselho de Ética.
Mistério
Os parlamentares que tomaram o depoimento do advogado Willer Thomaz essa semana na CPI da JBS ficaram estarrecidos. O advogado ficou preso 78 dias e não foi ouvido pelas autoridades todo esse período. A suspeita é a de que não foi ouvido para não expor o Ministério Público.
Calcanhar de Lula
Os petistas que ainda têm esperanças de ver Lula na corrida presidencial do ano que vem começaram a coletar de dados para tentar responder por que o PT, em 13 anos de poder, não resolveu determinados problemas do país. A lista é encabeçada pela corrupção.
Êxodo
Socialistas calculam que algo em torno de 15 dos 36 deputados do PSB planejam deixar o partido, caso haja a expulsão da líder, Tereza Cristina. É o grupo que, junto com a líder, chegou ao PSB atendendo a um convite de Eduardo Campos, num projeto alternativo à polarização PT-PSDB. Desde a morte de Eduardo, o grupo vem perdendo espaço entre os socialistas.
CURTIDAS
Os trabalhos de Arruda/ Empenhado em fazer da mulher, Flávia (foto), deputada federal, o ex-senador e ex-governador José Roberto Arruda (PTB) tem conversado com vários pré-candidatos a governador do Distrito Federal. O último representante do PTB do DF no Parlamento foi o senador Gim Argello, hoje “inquilino” do sistema carcerário em Curitiba.
Climão entre torcidas/ Aliados de João Dória disseram que as vaias no santuário de Nsa Sra Aparecida ontem mostram que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, não está com essa bola toda. Os de Geraldo, entretanto, respondem que Dória só não foi alvo das vaias, porque, “como sempre, estava viajando”.
Assédio eleitoral/ Acostumada a frequentar supermercados e feiras em Brasília, a senadora Ana Amélia Lemos (PP_RS) tem sido abordada por cidadãos pedindo que ela se candidate a presidente da República., Ana Amélia sorri e avisa: “Sou candidata à reeleição para o Senado no Rio de Grande do Sul”.
Faz sentido/ Aliados do presidente Michel Temer se apressaram nos últimos dias em desmentir que ele tenha qualquer problema de saúde grave: “Se fosse algo grave, doutor Kalil não deixaria o Michel sair do hospital”, disse o deputado Beto Mansur.
O presidente Michel Temer vai dar um tempo na edição de medidas provisórias, inclusive a que se refere ao aumento do PIS/Cofins, em estudo pela área econômica do governo. Tudo para não melindrar ainda mais o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que esta semana reclamou do fato de o governo ter esvaziado o plenário da Casa, justamente no momento em que estava em pauta o acordo de leniência dos bancos.
Quanto ao aumento de imposto, a decisão do presidente vem em boa hora. Afinal, o presidente da Câmara, além de irritado com as idas e vindas do governo em relação às medidas provisórias de um modo geral, integra o partido que mais combateu o aumento de impostos nos governos petistas. Há quem diga que Maia não admitiria uma medida provisória sobre esse tema.
Não colou
Senadores passaram a tarde ligados na TV Justiça, torcendo para que os ministros do Senado colocassem as medidas cautelares como algo a ser resolvido pelo “Senado” e não pelo “plenário”. Assim, eles teriam condições de tentar deixar a Mesa Diretora decidir numa canetada.
Vaca no brejo
Todo o esforço do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, em tentar aprovar a medida provisória 784, que trata de acordos de leniência de bancos, era para evitar que grandes instituições financeiras fossem atingidas pela delação do ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Agora vai ficar difícil.
Guerra socialista I
O governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, e o vice-governador de São Paulo, Márcio França, foram surpreendidos com a decisão do presidente do PSB, Carlos Siqueira, de convocar uma reunião de cúpula para segunda-feira, 16 de outubro, apenas para expulsar a líder da bancada, Teresa Cristina, e os deputados Danilo Forte e Fábio Garcia. Todos votaram a favor de Michel Temer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) quando da primeira denúncia.
Guerra socialista II
A intenção de Siqueira é colocar na CCJ deputados favoráveis ao afastamento do presidente Michel Temer. Teresa resiste a trocar os dois deputados. Por isso, Siqueira quer expulsar todos sumariamente, antes mesmo da reunião do partido que tratará do assunto, na terça-feira. Rollemberg e Márcio França entraram no circuito para tentar evitar o confronto na segunda-feira.
Guerra socialista III
No caso de Danilo Forte, Siqueira vai ter que aguardar, porque o caso dele está sob análise da Justiça, uma vez que há uma liminar suspendendo qualquer decisão partidária contra o deputado até que o pleno analise a intervenção no diretório do PSB no Ceará.
CB.Poder/ Em entrevista ao programa CB.Poder, na TV Brasília, o ministro da Justiça, Torquato Jardim, disse que a reforma política foi positiva, porém, sobrou muita coisa para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), inclusive a distribuição dos recursos do fundo partidário dentro de cada
partido. Veja a íntegra em www.correiobraziliense.com.br
Cofres vazios/ Parlamentares estiveram esta semana com o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, para sentir como está o clima para as emendas de 2018. Ouviram que o governo precisa urgentemente de mais recursos e cobranças sobre a reforma da Previdência.
Fulanizar para quê?/ O voto do ministro Luiz Roberto Barroso (foto) foi o que mais irritou os aliados do senador Aécio Neves. Afinal, a ação direta de inconstitucionalidade em julgamento ontem não era sobre o senador, e sim a tese de uso de medida cautelar para afastar parlamentar do mandato.
12 de outubro/ Que Nossa Senhora Aparecida proteja nossas crianças. Bom feriado a todos!
Desconfiados de que o Supremo Tribunal Federal jogará hoje no colo do Senado a decisão final sobre o destino de Aécio Neves, senadores começam a se mobilizar no sentido de pedir ao presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), que resolva o caso no âmbito da Mesa Diretora. Esse recurso foi utilizado no ano passado, quando o ministro Marco Aurélio Mello determinou que Renan Calheiros fosse afastado da Presidência da Casa. A Mesa Diretora descumpriu a liminar do ministro Marco Aurélio e Renan continuou no comando do Senado.
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A ideia dos senadores que defendem essa saída é tratar o caso de forma institucional, dando à Mesa Diretora o protagonismo de dizer aos ministros do STF que qualquer medida cautelar contra senador será tratada da mesma forma. Assim, em vez de votar o caso Aécio no plenário, expondo todos, a Mesa, eleita pelos senadores, restauraria a separação entre os Poderes, sem “fulanizar” e ainda evitaria que qualquer outro senador passasse pelo mesmo constrangimento. Integrantes da Mesa Diretora ainda não disse se aceitará o papel. Preferem esperar o que vem do STF hoje à tarde.
Na geladeira
Se depender dos partidos do chamado Centrão, o gabinete do ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, ficará às moscas. Essa turma agora trata das emendas ao Orçamento diretamente com o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, e com o senador Romero Jucá (PMDB-RR). Com Jucá no estaleiro, a agenda de Dyogo está tão cheia quanto a de Michel Temer.
Maia versus Temer
Pronto. Era o que faltava. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), praticamente acusou o presidente Michel Temer de priorizar a leitura do parecer em defesa do seu mandato e, com isso, comprometer a votação de uma Medida Provisória defendida pelo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn.
“Sérgio Machado tem que ir para a cadeia, igualzinho os irmãos Batista”
Do senador Valdir Raupp (PMDB-RO), que também se viu enroscado nas denúncias do ex-presidente da Transpetro, a maioria não comprovada pelas investigações
Deixa quieto
Em reunião ontem, o Democratas decidiu congelar a proposta para mudança de nome. “Primeiro, temos que resolver o quadro dos estados, construir um programa. Essa troca de nome não é prioridade”,comenta o líder José
Agripino (RN).
Apostas/ Os parlamentares começaram a fazer um bolão sobre o que o STF decidirá em relação a Aécio Neves. Desistiram, porque todos apostam em 6 a 5 em favor de o Senado dar a última palavra sobre afastamento e recolhimento noturno de senadores.
Me erra…/ O deputado Paulo Maluf (PP-SP) nem piscou quando um repórter foi lhe perguntar o que ele achava da decisão da primeira turma do STF, que mantiveram a condenação por lavagem de dinheiro. Olhou fixo para a frente e seguiu, fingindo que não era com ele.
Por falar em condenação…/ José Dirceu (foto) disse numa festa dia desses em Brasília que está pronto para voltar à cadeia. Porém, acha que ainda consegue um tempo bom de liberdade para curtir a filha mais nova.
E o Lula, hein?/ No Congresso não há mais dúvidas: Se ex-presidente não conseguir comprovar a autenticidade dos recibos de aluguel do apartamento vizinho ao seu, em São Bernardo do Campo (SP), vai ser difícil escapar dessa. Há quem esteja se referindo às cópias apresentadas pela defesa de Lula ao juiz Sérgio Moro como uma nova operação aloprada.