Brasil se move para evitar o tarifaço de Trump

Publicado em Política

Coluna Brasília-DF publicada na quinta-feira 24 de julho, por Carlos Alexandre de Souza com Eduarda Esposito

Enfim, começam a ganhar relevo as movimentações diplomáticas do Brasil em resposta à ofensiva do governo de Donald Trump. Paralelamente ao protesto formal na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra medidas protecionistas “arbitrárias”, com apoio de dezenas de países-membros do organismo multilateral, o Executivo busca aproximações bilaterais. Um exemplo foi o telefonema do presidente Lula à presidente do México, Claudia Sheinbaum, para discutir as relações econômicas e comerciais entre os dois países.

Crédito: Caio Gomez

O diálogo com o país vizinho aos Estados Unidos, fortemente impactado pela economia e pela política anti-imigratória do governo Trump, pode ser interpretado como um movimento ousado no xadrez tarifário. Recentemente, a Casa Branca ameaçou impor uma tarifa de 30% sobre o vizinho latino.

Os Estados Unidos também se movimentam. Depois de fechar um acordo bilateral com o Japão, considerado “gigantesco” por Trump, o governo norte-americano mantém as tratativas com a União Europeia. Para o Brasil, a questão principal é quando iniciará o diálogo direto com a administração Trump. Afinal, faltam oito dias para o tarifaço entrar em vigor.

Pontes minerais

O encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, se reuniu ontem com o diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, e o vice-presidente, Fernando Azevedo. O encontro, realizado a pedido do representante diplomático norte-americano, tratou do envio de uma missão comercial de mineradoras que atuam no Brasil aos EUA, além de um possível acordo sobre minerais críticos e estratégicos entre os dois países.

Sem privatização

Sindicatos de Minas Gerais têm se movimentado para tentar impedir a privatização das estatais mineiras Companhia Energética Minas Gerais (Cemig) e Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). Os sindicatos dos setores de água e elétrico promoverão ações entre julho e agosto contra a proposta, apresentada pelo governador Romeu Zema na assembleia legislativa de Minas Gerais.

Luz para todos

O Ministério de Minas e Energia lançou a quarta chamada pública para o programa Procel, que auxilia municípios brasileiros a trocarem pontos de luz para lâmpadas de LED. Em 25 anos, o programa trocou 3 milhões de pontos em mais de 1,5 mil municípios. Com o aporte da União, as prefeituras conseguem economizar no serviço e direcionam o orçamento para outras prioridades.

Guia para todos

Junto com a chamada, o MME publicou o “Guia para Eficiência Energética em Edifícios Públicos: Boas Práticas para Gestão de Energia”. A publicação, disponível gratuitamente no site da pasta, visa ajudar estados e municípios que desejam aumentar a eficiência energética em prédios públicos e realizar uma transição energética de acordo com a realidade local.

Agenda cheia

O ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, tem marcado presença em praticamente todos os eventos da Esplanada — e também fora dela. Nas últimas semanas, compareceu ao lançamento do livro do presidente da ABDI, Ricardo Cappelli. Ontem, estava no lançamento da agenda sobre transformação digital do governo federal.

É com ela

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não falou no evento. Nos bastidores, comentou-se que ele quis dar visibilidade à ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck.

Água e óleo

Discordantes em relação às mudanças do IOF, os Poderes Executivo e Legislativo parecem alinhados em outros temas. Ambos unem esforços na reforma administrativa e na defesa do Brasil contra o tarifaço do Trump. A ministra do MGI, Esther Dweck, deu crédito à Câmara na busca da eficiência na máquina pública. Em relação à ofensiva norte-americana, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, se reuniu com os senadores integrantes da comitiva que negociará com o governo norte-americano.

Crédito: Caio Gomez

Mais um

O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) está colecionando pedidos de cassação de seu mandato por sua atuação nos Estados Unidos. A Uneafro Brasil e o Instituto de Referência Negra Peregum lançaram um abaixo-assinado exigindo a perda de mandato. As organizações do movimento negro brasileiro alegam que o deputado tem atuado com a extrema-direita internacioal e feito declarações prejudiciais aos interesses do Brasil.

Negociadoras

O Ministério das Mulheres e a Universidade de Brasília (UnB) organizaram um curso de formação sobre diplomacia popular e emergência climática. A ideia é preparar lideranças que atuem em espaços estratégicos de incidência e negociação climática, incluindo a participação na COP 30. O curso será lançado amanhã, às 15h, no Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. A pasta das mulheres investiu R$ 200 mil para formar representantes de povos e comunidades tradicionais, incluindo reserva de vagas inicial para mulheres negras, jovens e representantes do Conselho Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais (CNPCT).