Depoimento de Valeixo indica que quem tentar interferir em investigações será citado nos autos
Coluna Brasília-DF
Em seu depoimento à Polícia Federal, ao qual a coluna teve acesso, o ex-diretor-geral Maurício Valeixo foi muito claro ao dizer que não é “comportamento padrão” do cargo acesso direto às equipes de investigação em curso e, dado o “amadurecimento institucional”, uma ação como essa seria formalizada nos autos e comunicada, no caso do inquérito das Fake News, ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro responsável por esse inquérito é Alexandre de Moraes, que já blindou a equipe responsável pela investigação, determinando que não seja substituída. Nesse sentido, a resposta de Valeixo, durante o depoimento, foi vista como um aviso direto aos recém-chegados ao comando da Polícia Federal, e, em especial, aos deputados alvos da investigação: quem tentar interferir não terá sucesso e ainda será citado nos autos.

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Ali é que o bicho pega/ É no Congresso que a base de Jair Bolsonaro continua instável. A aposta é a de que, se não acomodar todos os partidos, não terá sossego. Semelhanças/ Se acomodar o Centrão, os aliados de primeira hora é que vão chiar. Afinal, muitos apoiaram Bolsonaro na crença de que ele não entraria no toma lá dá cá. A aposta do governo, porém, é garantir a base política agora e, paralelamente, administrar a rua. Foi a receita que Lula usou para escapar de um processo político no período do mensalão, em 2005, e se reeleger em 2006. Coadjuvante/ O ministro Nelson Teich, que prepara um plano com 40 páginas sobre a quarentena, não foi sequer consultado sobre a abertura de academias, salões de beleza e barbearias. Sinal de que não teve qualquer fundamentação técnico-sanitária para a edição do decreto. Separados, mas afinados/ Ninguém aposta em contradições entre os três ministros generais que vão depor hoje no Palácio do Planalto, em salas separadas. Braga Neto (Casa Civil), Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) vão afirmar que não viram nenhum sinal de interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal.

Bolsonaro dá a entender que tem um SNI particular

Publicado em Governo Bolsonaro

O vídeo, conforme o leitor da Coluna Brasília-DF já sabe, representará mais um desgaste político ao governo do presidente Jair Bolsonaro em parte do eleitorado. Deixa ainda, mais uma vez, o presidente na defensiva e obrigado a esclarecer certos pontos, que deixam muita gente no mundo da política preocupada.

À primeira vista, preocupou especialmente o momento em que a fala presidencial deixa no ar a suspeita de que ele tem um sistema de informações paralelo, fora dos canais oficiais.

Num dado trecho da reunião, ele diz “Sistema de informações: O meu funciona. O meu particular funciona. Os ofi.. que tem oficialmente, desinforma”.

A reunião mostra ainda que, pelo menos, naquele 22 de abril, Bolsonaro não estava num dia tranquilo. Em vez de tratar de assuntos de estado, de gestão administrativa e projetos, o presidente cobra uma posição política dos ministros em sua defesa, xinga governadores, prefeitos. E, dentro do escopo da investigação, a tentativa de interferência na Polícia Federal, a avaliação geral é a de que há esse aspecto de pressão para influir, porque, num dado momento, o presidente afirma com todas as letras que tem o poder de interferir em tudo.

“Não vou esperar o barco afundar para tirar água. Tenho o poder e vou interferir em todos os ministérios, sem exceção (…). E ainda diz, num momento, “não posso ser surpreendido com notícias. Tem a PF, que não me dá informação”, reclama.

As reclamações do presidente ocorrem justamente na véspera da demissão de Maurício Valeixo da direção da Polícia Federal. Agora, é esperar o que virá do ponto de vista jurídico que precede as ações politicas dentro do Parlamento. No Congresso, a partir de agora, os aliados de Bolsonaro vão dizer que o vídeo é a demonstração de um presidente que se coloca ao lado do povo e que tem um estilo sincero, ainda que seja agressivo.

Da parte da oposição, servirá para reforçar as declarações de despreparo de Bolsonaro, de não demonstrar preocupação com a pandemia, com o número de mortes e sim com a economia e a própria defesa e a política.

Enquanto não houver um desfecho no inquérito do Supremo Tribunal Federal, o vídeo servirá para que, cada um, tente afiar a narrativa. Agora, quanto a um SNI particular, já tem gente no Congresso disposto a pedir judicialmente explicações a respeito. A Justiça será a arena dos principais lances a partir da divulgação do vídeo.