Aliados dizem que pauta tributária pode dar sensação de base ampla a Lula

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Aliados do futuro governo consideram que a pauta capaz de dar uma sensação de base ampla ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será a tributária, com o novo marco fiscal. O setor produtivo e a classe trabalhadora desejam esta reforma. E, assim como ocorreu com a previdenciária, depois de mais de duas décadas de idas e vindas, o texto em tramitação na Câmara pode dar algum alento. A ordem, agora, é tentar convencer Arthur Lira (PP-AL) a recolocar o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) como relator.

Aguinaldo foi relator da reforma tributária da Câmara, a PEC 45/2020, mas a proposta terminou inviabilizada com a troca de comando na Casa, em 2021. Agora, o novo governo espera apaziguar e colocar esse projeto de novo em andamento. Aguinaldo tem dito a amigos que basta uma atualização do texto para colocar em votação. É por aí, pela reforma tributária, que o novo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tentará se aproximar mais dos agentes econômicos.

O céu é o limite

Com 16 partidos na base de Lula e a maioria reivindicando mais de um ministério, está difícil fechar os 20% que não estavam na cabeça do presidente eleito. O PV, por exemplo, que está na federação do PT, reivindica pelo menos um Ministério e apresentou ao presidente uma lista tríplice de cargos: Cultura, Turismo ou Esporte. Cultura ficará com a cantora Margareth Menezes.

Aos sem-mandato, as autarquias

Sem espaço para todos no primeiro escalão, a tendência é colocar quem perdeu eleição em escalões inferiores e agências. O martelo será batido hoje, na reunião que fechará o número de ministérios.

Há exceções

Nem todos os que perderam a eleição estão destinados ao segundo escalão e autarquias. A senadora Simone Tebet (MDB-MS), que fez campanha para Lula no segundo turno, e Márcio França (PSB), que abriu mão de disputar o governo de São Paulo para apoiar Fernando Haddad (PT), serão ministros.

Enquanto isso, no Parlamento…

A candidatura do senador eleito Rogério Marinho (PL-RN) a presidente do Senado é olhada com algum interesse por senadores que, em 2026, terão que concorrer a um novo mandato. É que muitos estão de olho no mega fundo partidário e eleitoral do PL para financiamento da reeleição. Parece distante, mas tem muitos senadores pensando na própria sobrevivência na próxima eleição.

Um cargo para acomodar dois/ Um dos nomes cotados no MDB para assumir um ministério é o do deputado Hildo Rocha (foto) (MDB-MA). Hildo ficou na primeira suplência. Se Roseana Sarney (MDB-MA) for para o governo Lula, ele assume o mandato. Se ela não quiser, Hildo pode virar ministro.

Neri na área/ Neri Geller (PP-RS), que foi ministro da Agricultura da presidente Dilma Rousseff (PT) tem encontro marcado com o presidente da Associação Comercial da Indústria Frigorífica Brasileira, Maurício Reis Lima. É mais uma ponte que o pessoal da transição faz com a turma do agronegócio.

Diplomação curta/ A cerimônia de diplomação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva será vapt-vupt. Não está prevista sequer a fila de cumprimentos. A ordem é se agarrar no serviço da transição e fechar logo a equipe para que todos os futuros ministros possam passar o Natal em seus respectivos estados.

Por falar em Natal…/ O presidente Jair Bolsonaro (PL) planeja permanecer no Alvorada, na noite de 24 de dezembro. Será praticamente uma despedida do Palácio e dos aliados do cercadinho.

Movimento bolsonarista dá fôlego à PEC

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A presença de manifestantes à frente dos quartéis e as dúvidas que alguns setores mais radicais tentam levantar sobre a posse de Lula ajudam na aprovação da Proposta de Emenda à Constituição da Transição, ou fura-teto. A ideia de muitos congressistas — e que começa a se cristalizar nos partidos de centro — é passar uma mensagem de tranquilidade ao país e de apoio ao presidente eleito, fortalecendo a posição em defesa da democracia. Assim, dizem alguns, será possível arrefecer movimentos favoráveis à ruptura institucional.

Os partidos de centro veem essa necessidade de aprovação da PEC para conter o golpismo. Porém, isso não significa aprovar o texto da PEC do jeito que está. A aposta hoje é de que Lula conseguirá um prazo de dois anos de valores fora do teto. Será o tempo para o governo definir uma nova âncora fiscal. Resta definir os valores, para os quais ainda não há um consenso (leia notas ao lado).

Mercadante ministro

Lula está a cada dia mais convencido de que o ex-deputado, ex-senador e ex-ministro Aloizio Mercadante é o nome para a articulação interna do governo. Falta definir se esse trabalho será feito pela Casa Civil. Se essa for a ideia, é lá que Mercadante estará.

Malandro é malandro…

Integrantes da equipe de transição têm dito aos parlamentares que, quanto mais programas sociais fora do teto de gastos, mais sobrarão recursos para as emendas. A ideia é ver se, assim, a turma se convence da necessidade de aprovar o texto tal como
foi apresentado, sem
redução de valores.

… E mané é mané

Só tem um probleminha: o caixa é o mesmo, ou seja, ficar dentro ou fora do teto pode até facilitar a vida do governo, no sentido de evitar “pedaladas” como a da ex-presidente Dilma Rousseff. Mas isso não aumentará o volume de dinheiro no cofre.

Acalma aí, PT

Nos próximos dias, além de negociar a PEC, Lula aproveitará para dizer aos petistas que é hora de segurar o apetite. Mais à frente, quem sabe, haja mais espaço
para o partido.

Olho nele/ O prefeito de Santo André, Paulo Serra, é apontado no PSDB como alguém em franca ascensão no partido, com a chegada do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (foto), ao comando tucano.

Comprou “na planta”/ Paulo Serra ficou ao lado de Eduardo Leite contra o então governador João Doria na disputa da prévia para escolha do candidato do PSDB à Presidência da República. Agora, com Doria fora do partido, ganhará mais espaço na cúpula partidária. Igual a um apartamento que se compra antes da construção, e o imóvel valoriza.

Objetivo/ A missão de Leite no comando do PSDB será no sentido de tentar recuperar os votos que perderam para Jair Bolsonaro, por causa de Lula, e aqueles que perderam para Lula, por causa
de Jair Bolsonaro.

Copa & política/ Com o Brasil passando para as quartas de final, depois de vencer a Coreia por 4 X 1, a intenção de Lula é deixar qualquer anúncio da futura equipe para depois do jogo contra a Croácia. Quem tem tempo, não tem pressa. A prioridade neste momento é o hexa.
Bora, Brasiiiiilllll!!!!

 

PEC vem com “gordura” para garantir uma margem de negociação

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A intenção do futuro governo em pedir quatro anos de duração dos programas sociais extrateto, e a inclusão de vários benefícios e não apenas do Auxílio Brasil (que voltará a se chamar Bolsa Família), é justamente para garantir uma margem de negociação à PEC da Transição ou Fura-teto. O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sabe que o Congresso, mais conservador do que em seu primeiro governo, não lhe dará tudo que deseja. Por isso, é preciso pedir o céu para obter um meio-termo. Por exemplo, dois anos de validade do novo Bolsa Família fora do teto.

Agora, começam as negociações diretas, que certamente passarão pela formação do novo governo. Até aqui, o que se ouve na equipe de transição é que Lula ainda não está seguro sobre anúncio de nomes esta semana, embora haja uma torcida interna para que ele oficialize logo alguns ministros. O presidente, porém, tem dito que esses próximos dias serão mais para ouvir do que para anunciar.

Aposta I

Desde que Fernando Haddad foi escolhido para representar o presidente Lula no almoço da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), os políticos têm certeza de que o ex-prefeito de São Paulo será o ministro da Fazenda. Só tem um probleminha: se a economia ficar “PT demais”, o governo terá problemas com o mercado e com os empresários. Haddad, porém, é um curinga e pode ir para qualquer pasta.

Aposta II

A visão dos petistas é de que Haddad pode terminar sendo bem recebido mais à frente, conforme ocorreu com Antônio Palocci, o ministro da Fazenda, em 2003. Vale lembrar que, naquele ano, Palocci foi um dos ministros que seguiu a receita da responsabilidade fiscal e de equilíbrio das contas. Agora, não dá é para terminar como Palocci — preso e delator na Lava-Jato.

Enquanto isso, na oposição…

A PEC da Transição não é um teste apenas para o futuro governo. Vale também para a futura oposição. Até aqui, Jair Bolsonaro (PL) não assumiu a liderança desse grupo e, se não o fizer, outro nome ocupará esse espaço.

… a hora é de definir o tamanho

Com Bolsonaro em silêncio e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) passeando no Catar, a avaliação de muitos é a de que o bolsonarismo tende a perder a força que obteve
nas urnas.

Valdemar na área…/ O PL de Valdemar Costa Neto tem um jantar marcado para hoje, a fim de avaliar o clima da bancada em relação à PEC da Transição ou Fura-Teto. Também vai aproveitar para explicar a um pedaço do partido que lutará até o fim na Justiça para anular a multa de R$ 22 milhões, imposta pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, por causa da ação do partido pedindo investigação das urnas.

Por que apoiar Lira já?/ O PT não quer ser o último a apoiar a reeleição do presidente da Câmara. Quer ser partícipe da vitória para não melindrar o alagoano. Arthur Lira é de cumprir todos os acordos que faz e tem uma outra característica: quando percebe que alguém lhe puxa o tapete, a vingança vem cedo ou tarde.

Detalhe/ Para retomar o nome Bolsa Família, o atual governo terá que aprovar no Plenário. E os apoiadores de Bolsonaro vão apresentar emendas para tentar manter o nome Auxílio Brasil.

Torcida/ O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin faz das meias sua marca registrada. Depois das bolinhas, foi a vez de um par todo listrado de verde, amarelo, azul e branco, para ver o Brasil vencer a Suíça. Ele postou a foto em seu Twitter (foto). Agora, que o Brasil ganhou, a meia listrada tende a virar uniforme para o jogo das oitavas.