Ego de Bolsonaro em ter proposta própria pode atrasar reforma da Previdência

Desencontro informações no salário mínimo
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Por Alessandra Azevedo 

A principal dúvida que paira sobre a reforma da Previdência não é quanto ao conteúdo da proposta — ninguém discute que é preciso estabelecer uma idade mínima para aposentadoria e que não é uma boa ideia tocar em pontos sensíveis, como endurecer acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) e à aposentadoria rural. O que falta decidir é se o novo governo vai ressuscitar a reforma proposta em 2016 por Michel Temer, que já passou pelas comissões e está pronta para ser votada no plenário, ou se vai apresentar um texto novo. A primeira, que já foi bastante desidratada, ainda pode ser adaptada por emendas e ir direto para votação na Câmara.

Retomar o texto que já está no Congresso garantiria mais rapidez ao processo de reforma, mas parte da equipe econômica resiste. Um dos motivos é que essa ala do novo governo quer uma proposta própria, assinada por Jair Bolsonaro e que não seja associada a Temer. Além disso, ficaria estranho retomar um projeto que foi duramente atacado por boa parte do núcleo político da futura administração, inclusive pelo próprio presidente eleito, que disse que a PEC atual “mataria idosos”. O futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e o senador Major Olímpio (PSL-SP), braço direito de Bolsonaro, também fizeram duras críticas durante a tramitação da proposta.

“É masoquismo” apresentar uma nova reforma, acredita o deputado Arthur Maia (DEM-BA), relator da PEC de Temer na Câmara. Ele acredita que, ao final, qualquer proposta vai chegar aos pontos que foram apresentados no parecer dele, no ano passado, sendo os principais a idade mínima, o sistema de transição e a equiparação de regras entre iniciativa privada e serviço público. “Não faz nenhum sentido refazer, e seria extremamente desgastante. A reforma que vai passar pelo Congresso vai ser muito parecida, se não for igual. Não tem como fugir desses pontos”, argumenta o deputado reeleito.

Atraso geral

Seis meses. Esse é o atraso médio na tramitação, previsto por analistas, para que uma nova PEC da Previdência chegue ao estágio em que a de Temer está agora, pronta para ser votada no plenário da Câmara. Caso comece do zero, precisará passar novamente pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que só deve ter a composição formada depois do carnaval, e pela comissão especial. Em outras palavras, não passaria nem da primeira fase antes de março.

Desgaste político

Outra ideia que foi ventilada por Bolsonaro, de dividir a reforma da Previdência em duas, tem sido rechaçada por boa parte dos parlamentares e até por pessoas do grupo de trabalho que trata do assunto na equipe de transição. O entendimento geral é de que seria muito difícil retomar o tema depois de passar a primeira proposta. “Já é difícil aprovar uma, imagina duas”, avalia uma fonte próxima ao presidente eleito. Cientistas políticos dizem que o capital político se esgotaria depois da primeira votação. “É melhor fazer um texto passável e votar de uma vez”, defende a mesma fonte.

Consenso

O ponto positivo até agora, na avaliação de pessoas próximas ao presidente eleito, foi a escolha do próximo secretário de Previdência, Rogério Marinho. Ainda deputado pelo PSDB do Rio Grande do Norte, embora não reeleito, ele tem sido bastante elogiado nos bastidores. A expectativa é de que ele assuma a liderança do processo a partir de agora, como “porta-voz oficial” da reforma. “Ele tem uma capacidade de interlocução muito boa. Terá a mesma paixão e os mesmos resultados que teve ao relatar a reforma trabalhista”, acredita o senador eleito Major Olímpio (PSL-SP).

Sem moral

Embora parlamentares tenham o costume de querer se descolar da imagem de Temer, o Congresso é ainda menos popular que o presidente. Uma pesquisa da XP Investimentos com o Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), feita em novembro, mostra que o movimento #ficatemer rendeu frutos. Enquanto 64% dos entrevistados consideram o governo atual ruim ou péssimo, 65% têm a mesma avaliação sobre o desempenho do Congresso. Além disso, 8% avaliam o governo Temer como ótimo ou bom, enquanto só 5% disseram o mesmo da atuação dos deputados e senadores.

Falando em Senado

Causou estranhamento entre pessoas que acompanham o Senado a rapidez na recondução de Luiz Fernando Bandeira de Mello Filho ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), na semana passada. Ele é considerado “braço direito” do senador Renan Calheiros (MDB-AL). O mandato dele venceria daqui a nove meses, mas os senadores correram para aprovar a recondução na CCJ e no plenário na mesma semana. A pressa, dizem, foi para não correr o risco de ele não ser reconduzido no próximo governo.

Figurante

Antes do desconvite a Cuba e a Venezuela para a cerimônia de posse presidencial, o futuro chanceler, Ernesto Araújo, já era visto com receio por diplomatas em Brasília. Eles acham que Araújo não demonstra ter autoridade sobre a área nem protagonismo nas decisões. Segundo alguns, o futuro ministro parece mais um assessor do presidente eleito do que um ministro de fato.

Corte de cargos em estatais no governo Bolsonaro será maior que o previsto

Regra de ouro
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Coluna Brasília-DF/ Por Denise Rothenburg

O pacote de medidas que o novo governo prepara para concessões na área de infraestrutura e cortes de cargos em estatais será maior do que o imaginado inicialmente. E a justificativa para isso é o atraso na votação da reforma previdenciária e as dificuldades para cumprir a “Regra de Ouro” — aquela que impede o governo de fazer empréstimos para pagamento de despesas correntes, por exemplo, salários de servidores.

A Regra de Ouro, aliás, será objeto hoje da conversa do presidente eleito com os ministros do Tribunal de Contas da União (TCU). A Corte de contas deseja saber, de forma transparente, o que Jair Bolsonaro pretende fazer com essa norma. A depender do que se ouve na equipe de transição, é cortar gastos e cumprir a lei.

Um jantar amargo

Líderes partidários viram com desconfiança o fato de o presidente da Casa, Rodrigo Maia, marcar um jantar com os novos parlamentares. Alguns ficaram com a impressão de que Rodrigo passou a atuar “no varejo”, desprezando o papel de líderes e coordenadores partidários.

Deixa o homem trabalhar

Rodrigo Maia avisou aos amigos que o jantar é um gesto de apreço àqueles que chegam ao Congresso no ano que vem. Os mais chegados ao presidente da Casa, entretanto, não negam: É, sim, um ato de campanha.

Noves fora…

Rodrigo Maia até agora tem ao seu lado o DEM e o PSDB. Os demais querem saber o que vão levar em troca e correm o risco de não entregar os votos. É que, num cenário pulverizado, os líderes não têm mais controle sobre as bancadas.

PCdoB fica com o PT

O PCdoB de Manuela D’Ávila desistiu do bloco com PSB, PDT, PPS, PV e quem mais chegar. Embora a união seja apenas para o funcionamento parlamentar, os comunistas estão com receio de terminar servindo de escada para o pedetista Ciro Gomes.

CURTIDAS

Até aqui…/ Bolsonaro cumpre o que diz. Os nomes anunciados indicam que o presidente eleito não se desviou do que prometeu na campanha: formação da equipe sem toma-lá-dá-cá com os congressistas e carta branca para o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, chamar quem quiser para compor o governo.

O pulo contra Renan/ Renan Calheiros sabe que tem um movimento pelo voto aberto, no Senado, para escolher o presidente da Casa , conforme relatou o senador Lasier Martins (PSD-RS) ao blog da Denise, no site do correiobraziliense.com.br. A reação virá.

Enquanto isso, na sala do ex- juiz…/ Sérgio Moro vai afunilando as escolhas para a sua equipe. Érika Marena, a delegada que batizou a Lava-Jato, é considerada nome certo para a área de recuperação de ativos no Ministério da Justiça.

Ele gostou/ O presidente da ONG Contas Abertas, Gil Castello Branco, não achou ruim ter seu nome citado por engano pelo vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão. “Fiquei honrado em ser presidente da Petrobras por três segundos!”, comentou Gil com um amigo.

Izalci Lucas
Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press – 6/11/18

Debate/ A Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (Abrig) promove hoje mais uma edição do Diálogo entre os Poderes, com a presença do senador eleito Izalci Lucas (PSDB-DF, foto) e da deputada eleita Joice Hasselmann (PSL-SP), às 8h30, no Hotel Kubitschek Plaza. Vão debater os primeiros 200 dias do governo Bolsonaro e a busca de uma agenda legislativa. Quinta-feira, 22, será a vez de Rodrigo Maia abrir evento semelhante, em São Paulo.

Equipe de transição de Bolsonaro mapeia envolvidos em corrupção no Banco do Brasil e na Caixa

Corrupções na Caixa e no Banco do Brasil
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Coluna Brasília-DF/ Por Denise Rothenburg

Governo eleito mapeia Banco do Brasil

Enquanto o presidente eleito, Jair Bolsonaro, cuida da escolha de seus ministros, a equipe de transição faz um mergulho no organograma de estatais e bancos públicos, em especial, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, que sofreram investigações ligadas a megaescândalos, do mensalão à Lava-Jato. Só no Banco do Brasil são nove vice-presidências, uma penca de diretorias abaixo e 70 empresas coligadas, inclusive o Banco Patagônia, na Argentina.

A equipe de transição procura saber agora onde estão aqueles que serviram aos governos petistas e saíram dos cargos mais expostos, de forma a ficarem abaixo do radar do futuro governo.

 

O desafio de Moro

Desde que Jair Bolsonaro despontou como um candidato promissor à Presidência da República, a inteli

gência policial detectou, pelo menos, três planos de resgate de Marcos Williams, o Marcola, apontado como o chefão do Primeiro Comando da Capital (PCC), preso em Presidente Venceslau, São Paulo. O mais recente foi depois da eleição.

Coisa de filme

Pelos cálculos dos serviços de inteligência, o resgate custaria R$ 100 milhões, envolvendo, inclusive, bloqueio de quartéis de forças de segurança próximos ao presídio Presidente Venceslau, em São Paulo, onde Marcola está preso. São esses tipos de financiamento do crime organizado que Moro pretende rastrear.

Alerta total

Com a descoberta do plano, os criminosos recolheram os flaps. Porém, as forças de segurança do presídio já foram alertadas pelo serviço de inteligência de que o momento é de redobrar os mecanismos de proteção do presídio, inclusive no período das festas de fim de ano.

Bolsonaro e Eunício

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, planeja deixar as conversas com presidentes da Câmara e do Senado para o ano que vem. Ou seja, os novos eleitos para comandar o Congresso. Ele tem uma boa relação com Rodrigo Maia, mas, com o senador Eunício Oliveira só pretende conversar mesmo no dia da posse, quando o presidente faz o juramento no Congresso.

Curtidas

Marcelo Ferreira/CB/D.A Press – 27/7/18

Inadministrável/ O general Augusto Heleno (foto), futuro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), está com um pepino enorme em mãos: são quase 700 mensagens de WhastApp diariamente. Os e-mails na caixa chegam a 60 mil. Se parar para responder tudo, só termina depois da posse.

Quando o amor vira guerra…/ As pichações na casa do Lago Sul em que a palestrante Michella Marys viveu com o ex-marido e ex-juiz Roberto Caldas e os filhos são um grande mistério, que só o trabalho criterioso dos peritos conseguirá identificar. Por intermédio de seu advogado, Pedro Calmon, Michella afirma que as chaves da casa foram entregues na última sexta-feira, e, quando ela saiu, o imóvel estava intacto.

…todos sofrem/ O ex-juiz, por intermédio de sua assessoria, afirma que precisou “abreviar uma viagem de estudos ao exterior, porque recebeu denúncia de vizinhos, dando conta da depredação da casa. O trabalho, agora nas mãos da polícia, é identificar os verdadeiros autores. O conteúdo de câmeras de segurança internas e externas pode elucidar tudo”, diz o texto.

Fio da meada/ As pichações foram reveladas no domingo pela coluna. O casal vive uma guerra judicial desde abril, quando Caldas foi denunciado por agredir Michella física e verbalmente por várias vezes, durante anos. O processo com base na Lei Maria da Penha segue em segredo de Justiça, por isso, os advogados de ambos não pretendem entrar em detalhes. O capítulo da casa será mais um nessa triste história de uma separação.

Ao ficar preocupado apenas com a Previdência, Paulo Guedes ‘cedeu’ ao aumento para ministros do STF

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Coluna Brasília-DF/ Por Denise Rothenburg

Paulo Guedes calou, logo concedeu

É bom o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, ficar mais esperto, porque muita coisa vai passar por baixo da ponte que ele montou com o mantra “Previdência, Previdência e Previdência”. Na última terça-feira, durante conversa reservada das autoridades, o presidente do Senado, Eunício Oliveira, quis saber dele se havia alguma preocupação com o Orçamento de 2019. Guedes respondeu que sua preocupação era a Previdência.

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Nesses termos, os senadores presentes se sentiram à vontade para cumprir a parte deles no acordo que havia sido selado entre o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, e o presidente Michel Temer em agosto, quando da elaboração do Orçamento do próximo ano. Agora, Temer vai esperar a decisão do Supremo a respeito do auxílio-moradia, que deve ser restrito a casos específicos, mediante apresentação de nota fiscal de pagamento do aluguel.

A meia-volta de Renan

Numa conversa, dia desses, em Brasília, Renan Calheiros comentou com políticos que está “contando votos”. Se ele sentir que tem espaço para conquistar a Presidência da Casa agora, não abrirá a vaga para a atual líder do MDB, Simone Tebet (MS).

Habilidosa e necessária I

A futura ministra da Agricultura, Tereza Cristina, foi recebida entre os políticos como “mais um golaço” do presidente eleito, Jair Bolsonaro. Ela já chegou em busca de uma pacificação com o presidente da UDR, Nabhan Garcia, que pretendia indicar o futuro ministro e perdeu espaço para a Frente Parlamentar de Agricultura (FPA), presidida pela deputada.

Habilidosa e necessária II

Filiada ao DEM, partido do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, Tereza será fundamental, ainda, no suporte à articulação política, a cargo de Onyx Lorenzoni. Ela tem o mapa da bancada do agronegócio e pontes com outros partidos essenciais para aprovação de reformas, em especial, a da Previdência.

Antes que Moro chegue

Como a coluna adiantou logo depois da eleição, os senadores começaram a se movimentar para ver se aprovam a lei do abuso de autoridade ainda neste ano. Tem muita gente achando que, depois da posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro, e, por tabela, do ministro da Justiça, Sérgio Moro, vai ficar mais difícil.

CURTIDAS

deputado Eduardo Bolsonaro
Agencia Câmara

Melhor assim I/ O adiamento da viagem do deputado Eduardo Bolsonaro (foto) foi visto como uma das medidas mais acertadas do parlamentar até aqui. Quem deve ter o primeiro contato oficial com o governo dos Estados Unidos deve ser o próprio presidente eleito ou os futuros ministros de Relações Exteriores e da Economia. Filho de presidente eleito não é posto para missão oficial.

Melhor assim II/ A outra decisão acertada de Eduardo foi aproveitar a reunião reservada das autoridades no gabinete de Eunício Oliveira, na terça-feira, para pedir desculpas ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, sobre exageros verbais no calor da campanha. Toffoli, relatam senadores, disse que esse assunto estava encerrado.

Melhor assim III/ Por esses dias, aliás, Eduardo vem sendo nominado entre os colegas como “Eduardinho paz e amor”. Que Deus conserve!

Fabinho liderança em ação/ O novo ano não começou, mas o primeiro vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho (MDB-MG), já está em plena movimentação, com um grupo de moças encarregado de receber os parlamentares que prontamente ganham um convite para os fartos almoços de comida mineira que o deputado costuma oferecer em sua residência.

Rodrigo Maia não fica atrás/ Na Presidência da Câmara não tem sido diferente. Deputados que chegam têm sido recebidos com tapete vermelho na residência oficial.

Domínio do DEM coloca reeleição de Maia para presidente da Câmara em risco

Rodrigo Maia criptomoedas
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Coluna Brasília-DF/ Por Denise Rothenburg

DEM dominante põe Maia em risco

Ok, o PSL tem a Presidência da República, mas é nos quadros do DEM que o presidente eleito vai, aos poucos, montando seu governo. O anúncio do nome da deputada Teresa Cristina (DEM-MS) para o Ministério da Agricultura, embora não tenha nada a ver com o partido, tem tudo para representar um balde de água fria sobre a candidatura do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, à reeleição. Especialmente, se combinado com as afirmações dos deputados do PSL. “Maia já deu o que tinha de dar. Não terá o voto do PSL”, diz a deputada Bia Kicis (DF), aliada de Jair Bolsonaro há muitos anos, praticamente repetindo a declaração do senador eleito, Major Olímpio, que não escolherá o futuro comandante da Câmara, mas tem voz ativa no partido.

O DEM, entretanto, não teve qualquer influência na nomeação dos ministros e usará isso para dizer que Rodrigo Maia tem todo o direito de postular a reeleição. Se brincar, está dada a senha para que a oposição tente impor ao presidente eleito uma derrota no Parlamento logo depois da posse. Afinal, dizem alguns parlamentares, se ele nomeia quem quer, o Congresso, pode a seu bel prazer, escolher seu presidente sem dar satisfação ao Poder Executivo.

Liquida Temer I

Começou esta semana uma verdadeira romaria ao 3º andar do Planalto, mais precisamente na sala do assessor especial Marcelo Barbieri (MDB-SP). Ele está ajudando na área de liberação das emendas parlamentares. É que ninguém quer correr o risco de cair nos chamados “restos a pagar” para o ano que vem e ouvir um “é melhor ‘já ir’ se acostumando a pão e água”.

Liquida Temer II

A procura pelas emendas chegou ao ponto de fazer o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, cancelar a maior parte da agenda ontem para cuidar apenas dessa seara. Daqui até 31 de dezembro, essa é a prioridade do governo.

Liquida tudo

Somado ao aumento de teto salarial do Supremo Tribunal Federal (STF) e seu impacto de R$ 5 bilhões, a tendência é ampliação do deficit para o ano que vem. Porém, o reajuste faz parte do acordo para o fim do auxílio-moradia dos magistrados e afins a partir do ano que vem, assim que o reajuste passar a valer. A cobrança começa já.

Trabalho dividido

As funções do Ministério do Trabalho serão distribuídas para várias pastas, da área social ao desenvolvimento industrial.

Música para Ilan

A independência do Banco Central cantada aos quatro ventos pelo futuro governo vem sendo apresentada como uma doce melodia para tentar convencer o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, a permanecer no cargo, a fim de promover essa independência nos próximos dois anos.

Noronha no páreo I / A visita do presidente eleito, Jair Bolsonaro, ao Judiciário ontem, deixou em muitos a certeza de que, a preços de hoje, o presidente do Superior Tribunal de Justiça, João Otávio Noronha, é considerado pule de dez para assumir uma vaga no Supremo Tribunal Federal.

Noronha no páreo II / O presidente do STJ foi um dos poucos a não dar tanta importância à frase de Eduardo Bolsonaro sobre ser preciso apenas “um cabo e um soldado” para fechar o Supremo Tribunal Federal. Aliás, o deputado acompanhou o pai na visita ao STF e ao STJ.

Enquanto isso, no Planalto… / Os militares fizeram a maior festa para o futuro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno. E ainda ficaram impressionados com o fato de Jair Bolsonaro bater continência para o presidente Michel Temer. “Não foi aquela continência displicente. Foi para valer, certinha!”, comentou um militar do atual governo.

… tem festa / A escolha da deputada Teresa Cristina para Agricultura foi comemorada por mais de 40 prefeitos de municípios sul-mato-grossenses que estavam, ontem à tarde, no gabinete de Carlos Marun. Eles estão certos de que continuarão com interlocução privilegiada no futuro governo.

Bolsonaro quer criar um órgão acima dos ministérios só para tratar de infraestrutura

órgão acima dos ministérios
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Coluna Brasília-DF/ Por Denise Rothenburg

Um Planalto “turbinado”

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, está disposto a criar um órgão central dentro do Palácio do Planalto, acima dos ministérios, para cuidar da infraestrutura. A função será orientar o presidente a dirimir e arbitrar as disputas que surgem quando os projetos do setor esbarram em questões indígenas, ambientais e outras que possam ser trazidas à baila pelo Ministério Público ou pelo próprio governo. Hoje, conforme avaliação da futura equipe, as coisas nessa área de infraestrutura custam a sair, não só por falta de recursos, mas porque muitos ficam de mãos atadas e não conseguem enfrentar essas disputas jurídicas, nem mesmo as agências reguladoras. Ainda falta definir, entretanto, como será essa espécie de “câmara de arbitragem” palaciana.

Até aqui, está praticamente definido que esse Ministério da Infraestrutura abarcará as ações que hoje estão a cargo dos Transportes. Minas e Energia, porém, será mantida à parte. É que o setor elétrico e, mais ainda, petróleo e mineração são considerados complexos demais para ficarem atrelados ao todo da Infraestrutura. O desenho será fechado até o fim da semana que vem.

De onde vem a pressão

A transferência da embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém tem toda a torcida da bancada das igrejas pentecostais. Bolsonaro, pelo visto, para não ferir suscetibilidades diplomáticas do mundo árabe, terá de arrumar outro “sideshow” para seus aliados.

Por aí, não

Além da questão da embaixada de Tel Aviv, o presidente eleito já foi aconselhado a não mexer com o Acordo de Paris sobre o clima nem provocar a China na questão de Taiwan. Ou seja, sobrou para o “sideshow” o regime cubano.

Moro, o ministro eleito

Já tem muita gente no ambiente parlamentar dizendo que, antes mesmo da posse do presidente eleito, a principal organização de comunicação do país já apresentou seu candidato à sucessão dele: Sérgio Moro. O futuro ministro da Justiça ganhou direito a transmissão ao vivo de sua primeira entrevista e um bloco inteiro do Jornal Nacional. Resta saber como o presidente eleito reagirá.

Enquanto isso,nas conversas políticas…

Entre os temas da conversa de hoje entre Bolsonaro e o presidente Michel Temer estarão a reforma da Previdência e a necessidade de suspender a intervenção no Rio de Janeiro, caso haja votos para aprovar algo este ano. Vale lembrar que o governador eleito do Rio, Wilson Witzel, já declarou que não quer a prorrogação da intervenção, mas pretende manter os militares no estado por mais 10 meses.

Na muda/ O presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, cancelou todas as entrevistas pré-agendadas para os próximos dias. É que, no papel de árbitro e pacificador entre os Poderes, Toffoli não pretende dar chance de gerar qualquer mal-entendido com o futuro governo.

Por falar em STF…/ A segurança hoje foi toda reforçada para a visita do presidente eleito, Jair Bolsonaro, marcada para 10h. Até os jornalistas credenciados terão de passar pelo detector de metais, algo que nem sempre acontece.

E o “livrinho” reina…/ Onde o presidente eleito pisa, se fala em “Constituição”. Hoje, com Dias Toffoli, não será diferente. O presidente do STF vai presentear Bolsonaro com um exemplar da edição comemorativa, para marcar os 30 anos da promulgação, e com um livro sobre os bastidores da elaboração do texto.

Governo Temer em São Paulo/ Depois do anúncio dos ministros Rossieli Soares (Educação) e Sérgio Sá Leitão (Cultura) para o secretariado do governador João Doria, sempre que um ministro de Michel Temer vai a São Paulo, alguém pergunta: “Que secretaria você vai assumir?” Os ministros, meio constrangidos, ainda respondem: “Parece que acabaram as vagas”.

Com perfil mais ‘suave’, Flávio Bolsonaro é mais interlocutor do que o irmão Eduardo

Bolsonaro
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Coluna Brasília-DF/ Por Denise Rothenburg

Os filhos de Jair: um morde, o outro assopra

Os irmãos Bolsonaro com mandato no Congresso praticamente já definiram o papel e o estilo de cada um no Legislativo, pelo menos, na primeira fase do governo do pai, o presidente eleito, Jair Bolsonaro. O senador eleito Flávio Bolsonaro chega de forma mais suave, disposto a, primeiro, conhecer o Senado e repetindo a muitos a frase que a coluna ouviu, outro dia, de aliados do presidente eleito: “Pato novo não mergulha fundo”. Eduardo, reeleito deputado por São Paulo, retorna à Câmara dos Deputados cobrando, em entrevista ao SBT, um comandante “mais trator” para dirigir a Casa, o que soou para muitos como um chega pra lá em Rodrigo Maia, portador de um perfil mais moderado.

As particularidades tornam o senador eleito muito mais interlocutor do que o deputado. Há quem aposte, desde já, que os partidos tendem a “empoderar” quem se mostra mais afável e “isolar” quem chega de forma mais agressiva. Se o pai não fizer diferença entre os filhos, os parlamentares farão. Faça sua aposta.

O que mais preocupa I

Atual e futuro governo estão hoje concentrados em evitar a aprovação da chamada pauta-bomba. É esse o tema que o presidente eleito, Jair Bolsonaro, vai tratar de forma mas alentada com os congressistas esta semana.

O que mais preocupa II

Há duas questões prontas para ir a voto. Uma delas é o veto ao projeto de lei que permitia a volta ao Simples de empresas que não quitaram seus tributos. O futuro governo não deseja a aprovação de nada que agrave a situação fiscal para 2019, um ano que certamente será de sacrifícios.

Doria em circulação

No périplo que fará por Brasília esta semana, o governador eleito de São Paulo, João Doria, terá encontros com outros colegas “novatos”: Ibaneis Rocha, do Distrito Federal, e Romeu Zema, de Minas Gerais. Há quem diga que se trata de um pé na ação mais nacional.

Amarras para o futuro

Doria planeja se tornar uma espécie de porta-voz dos estados junto ao governo Jair Bolsonaro. Há quem acredite que essa posição pode projetá-lo para, daqui a quatro anos, se for o caso, concorrer à Presidência da República. O fato de ter colocado Gilberto Kassab no Gabinete Civil foi visto como um passo nessa direção.

O conselheiro I/ No entorno de Jair Bolsonaro, há quem aposte que o embaixador Ernesto Fraga Araújo será o assessor internacional do Planalto, assim como o foi Marco Aurélio Garcia para Lula. Porém, o estilo de Araújo está mais para o do empresário Augusto Frederico Schmidt, braço direito de Juscelino Kubistchek.

O conselheiro II/ Schmidt sugeriu a Operação Pan-Americana, um projeto de ajuda no desenvolvimento da América Latina, que JK apresentou ao governo dos Estados Unidos, em 1958.

Não conte com eles/ O PSB não vai se juntar à oposição pura e simples capitaneada pelo PT. Os socialistas fecham essa legislatura com 21 deputados e elegeram 32. Agora, querem uma “oposição propositiva”.

Portos em debate/ A pouco menos de dois meses para o fim do governo, o ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Valter Casimiro Silveira (foto), vai abrir, nesta quinta-feira, em Brasília, o 5º Encontro da Associação dos Terminais Portuários Privados, com a missão de explicar aos maiores investidores do setor os desdobramentos do Plano

Esquerda dividida: PDT e PSB pretendem deixar de lado a hegemonia do PT

PT
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Coluna Brasília-DF/ Por Denise Rothenburg

A disputa da oposição

Enquanto o presidente eleito, Jair Bolsonaro, monta a equipe e conversa com os partidos de centro, os de esquerda se dividem entre o PT e os outros. O bloco capitaneado pelo PDT e PSB pretende deixar de lado a hegemonia petista nesse campo político. Os petistas reclamam de isolamento, mas, pelo andar da carruagem, apesar dos 47 milhões de votos de Fernando Haddad e da eleição da maior bancada, a avaliação geral dos partidos de centro-esquerda é a de que o ciclo do PT está esgotado.

Em tempo: a contar pelo raciocínio dos partidos de centro e centro-direita, essa avaliação de esgotamento do ciclo petista pode ser equivocada. Em conversas reservadas, os caciques dizem que a hora é de ajudar o presidente eleito, Jair Bolsonaro, para que dê tudo certo e o PT não tenha chance de uma volta triunfal em quatro anos.

O Sr. Energia

As estantes vazias ao fundo da sala do professor Luciano de Castro, que leciona na Universidade de Iowa, nos Estados, deram ontem a certeza de que ele já está com tudo pronto para voltar ao Brasil. Ele será o Czar do setor elétrico no governo Jair Bolsonaro. É hoje uma das maiores autoridades brasileiras nesse tema.

Vai dar ruim

Se o juiz Sérgio Moro sair hoje da casa do presidente eleito, Jair Bolsonaro, como futuro ministro da Justiça, há quem aposte que Luiz Inácio Lula da Silva vai deitar e rolar na audiência do próximo dia 14 de novembro e que o magistrado perderá a isenção inerente ao cargo que ocupa.

Marcação de estilo

As idas e vindas do presidente eleito, Jair Bolsonaro, sobre a fusão de ministérios só termina em dezembro. Até lá, as pressões e contrapressões continuam com força total. Há quem diga, inclusive, que essa discussão definirá o estilo: se bater o pé e não mexer em nada, poderá caracterizar autoritarismo. Recuar um pouco, faz parte de um governo marcado pelo diálogo e que aceita quando está errado. Ceder em tudo, entretanto, pode denotar fraqueza. Quem o conhece garante que ele ficará no meio-termo.

Enquanto isso, no STF…

Conforme antecipou a coluna Brasília-DF, o Supremo Tribunal Federal votou unido a favor da liminar da ministra Cármen Lúcia garantindo a liberdade de pensamento e de expressão nas universidades. Todos os atos que vieram nesse sentido, de assegurar a democracia, terão a aprovação geral.

Por falar em democracia…

Bolsonaro aproveitará a viagem a Brasília, na semana que vem, para reforçar a mensagem de paz e harmonia entre os Poderes. Da parte do presidente eleito, a ordem é tirar de cena qualquer vínculo do futuro governo à pecha de fascismo que opositores tentam lhe impor.

Renan na muda/ Reeleito, o senador Renan Calheiros (foto) disse à coluna que, “no momento”, não se coloca para disputar a Presidência do Senado. Como um bom político, primeiro vai sentir o terreno.

Marta na lida/ Embora não tenha se candidatado a um novo mandato, a senadora Marta Suplicy (MDB-SP) está disposta a ajudar Simone Tebet (MDB-MS), caso a líder deseje concorrer ao comando da Casa. Marta mantém uma boa interlocução com parte do PT e dos partidos de oposição.

Enquanto isso, no plenário…/ Chamou a atenção a conversa entre a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o senador Aécio Neves, no plenário. Ambos serão deputados no ano que vem.

Recesso à frente/ O feriadão deve se prolongar para a semana que vem. É que em 7 de novembro termina o prazo para que parlamentares prestem contas dos gastos de campanha. Tem muita gente que será obrigada a ficar no estado para terminar esse serviço.

Equipe de Bolsonaro mapeia universidades para tentar influir na escolha de reitores

Universidades
Publicado em coluna Brasília-DF
Coluna Brasília-DF / Por Denise Rothenburg

Universidades na mira

A equipe de Jair Bolsonaro está mapeando os mandatos dos reitores das universidades federais. A ordem é tentar influir na composição das listas tríplices que saem das comunidades acadêmicas, para que o presidente da República escolha os novos reitores, e não deixar essas instituições como foco de manifestações contra o futuro governo, antes mesmo de o presidente eleito começar a governar.

Quando houve a troca de comando na Universidade de Brasília (UnB), que ontem viveu um novo dia de manifestações contra e a favor de Bolsonaro, o presidente Michel Temer foi aconselhado a não escolher a primeira da lista, Márcia Abrão. Porém, seus principais assessores o aconselharam a não mexer “em casa de marimbondo”. Resta saber, agora, se Bolsonaro, recém-eleito e com a caneta carregada de tinta, adotará a mesma postura. Até aqui, conforme a coluna apurou, ele não decidiu o que fará nessa seara. Mas as datas de substituição dos reitores já estão no radar.

O que o PT separou…

O Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para esta quarta-feira o julgamento em plenário da liminar que a ministra Cármen Lúcia concedeu no último sábado, a fim de garantir a livre manifestação nas universidades públicas. A ideia é acolher a decisão da ministra por unanimidade.

…Bolsonaro vai unir

Conforme já foi dito aqui, será a forma de os ministros do STF reforçarem a defesa dos preceitos democráticos. Para um plenário onde os ministros só faltaram partir para os sopapos, a reunião desta quarta-feira promete ser um momento histórico.

O livre mercado vem aí

A Associação Brasileira de Comercializadores de Energia Elétrica (Abraceel) levará uma carta ao governo de transição pedindo o que chamam de “portabilidade da conta de luz”. A ordem é adotar o mesmo que é feito hoje na telefonia. No caso do DF, a distribuição continuaria com a CEB, mas a geradora de energia poderia ser escolhida.

Deixa decantar

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, não terá o apoio automático do PSL à reeleição. Afinal, Jair Bolsonaro não quer brigar com aliados de outros partidos que postulam o cargo. A ordem é esperar e ver quem agrega mais apoios. Afinal, se entrar errado nessa disputa, a ampla base que ele espera montar não vai durar seis meses.

Deixa decantar II

O primeiro teste de Maia, aliás, será a reforma previdenciária, que Bolsonaro pretende começar a votar ainda este ano.

CURTIDAS

O corpo fala/ Quem conhece o presidente eleito, Jair Bolsonaro, e acompanhou as entrevistas dele às redes Record e Globo, ontem à noite, percebeu que ele não consegue disfarçar incômodos. Na Record, o capitão reformado respondeu a perguntas semelhantes, de forma leve. Na Globo, o mal-estar foi percebido no olhar.

Enquanto isso, no PT…/ A nota que Ciro Gomes (foto) divulgou nas redes sociais foi vista como um recado de que, por enquanto, não há clima para o PT formar um bloco com o PDT na Câmara.

… a hora é de curar as feridas/ Porém, não sem disputa interna. Embora muitos deputados tenham se referido a Fernando Haddad como um novo líder no partido, as alas que abrigam nomes como o de José Guimarães e o da atual presidente, Gleisi Hoffmann, não vão abrir espaço de poder.

Muita calma nesta hora/ Quem vê o PT nessa tristeza e o perigo de retomada da disputa interna não deixa de mirar o exemplo do PSDB, que deixou o governo em 2003 e se prepara para viver a sua maior crise interna. Há receio de que o mesmo ocorra com o partido de Lula.

Após condenação, Fraga articula votação do projeto de abuso de autoridade

Abuso de autoridade
Publicado em coluna Brasília-DF
Coluna Brasília-DF / Por Denise Rothenburg

Ministério Público e juízes que se preparem. Parlamentares que foram alvo de condenações e pedidos de abertura de inquérito e indiciamentos ao longo do processo eleitoral voltaram do pleito dispostos a trabalhar para aprovação do projeto de abuso de autoridade ainda este ano. “Eu pedi ao Rodrigo (Maia) que coloque o assunto em pauta”, disse à coluna o deputado Alberto Fraga (DEM-DF).

Fraga sabe do que está falando. A menos de duas semanas do primeiro turno, a Justiça do Distrito Federal condenou o então candidato a governador a quatro anos de prisão em regime semiaberto por prática de crime de concussão — exigência de vantagem indevida em razão do cargo.

De acordo com o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), ele exigiu e recebeu R$ 350 mil em propina para assinar contratos entre o GDF e uma cooperativa de micro-ônibus em 2008, quando era secretário de Transportes do governo Arruda. Tucanos, petistas e emedebistas também se viram às voltas com processos no período eleitoral. Se eles se juntarem, aprovam fácil.

DEM, o primeiro a chegar

Antes mesmo de o eleitor ir às urnas escolher o próximo presidente da República, o DEM já aportou com mala e cuia na porta de Jair Bolsonaro, oferecendo a chamada governabilidade em troca da sobrevivência.  Em 1993, quando comprou a candidatura de Fernando Henrique Cardoso como quem adquire um apartamento  “na planta”, o então PFL ofereceu os votos para aprovar o Plano Real. Agora, sem tantos votos assim, oferece o verniz de um presidente da Câmara afeito ao diálogo, Rodrigo Maia.

Melhor pegar

Bolsonaro já foi avisado de que, diante do climão entre o candidato e os ministros do Supremo Tribunal Federal depois das declarações de Eduardo Bolsonaro, o melhor é o PSL apoiar Rodrigo Maia para presidente da Câmara e não criar marola nestes primeiros dois anos. Assim, ganha algum lastro maior no Parlamento enquanto busca fazer pontes com o Judiciário.

Questão de tempo

A nova pesquisa Ibope na cidade de São Paulo, onde Fernando Haddad apareceu com 51% e Jair Bolsonaro, com 49%, deixou os aliados do petista com a impressão de que, se houvesse mais tempo de campanha, seria possível repetir a dose no interior, onde Bolsonaro lidera com folga.

Questão de engajamento

Bolsonaro sentiu o peso da capital paulista. Por isso, cobrou via redes sociais que os deputados do PSL trabalhem por ele, e não por Márcio França ou João Doria. E ainda lembrou que a maioria deles não se elegeria sozinho e só conseguiu o mandato graças ao capitão.

Enquanto isso, na Lapa…/ A grande presença de artistas no “Ato da Virada” promovido pela campanha de Fernando Haddad terminou por reunir mais gente do que o próprio PT esperava. Quem esteve no ato paulistano assegurou que a mobilização no Rio foi muito maior. Ali, a escritora Elisa Lucinda pediu aos presentes que fossem votar no domingo carregando um livro.

… Haddad virou candidato/ Quem acompanha diariamente os discursos do Fernando Haddad saiu com a certeza de que, ali, ele vestiu a camisa de candidato a presidente da República. A mudança se deu depois do discurso de Bolsonaro no domingo, em que o candidato do PSL disse que Haddad seria preso ou exilado.

O contraponto/ O ponto alto do discurso do petista na Lapa foi dizer que, se vencer, não quer ver Bolsonaro “preso, nem exilado”. “Quero que ele viva com saúde para ver o jovem negro na universidade, para ver as mulheres emancipadas, donas de seus destinos, os índios com terras demarcadas, os nordestinos progredindo com água, comida, trabalho e educação. Ele não aprendeu nada em 30 anos, quero que viva pelo menos mais 30 para aprender.!”

A volta de Barbieri/ Derrotado para o Senado em São Paulo, Marcelo Barbieri (foto) foi nomeado assessor especial no Planalto. Ele já está escalado para trabalhar na transição para o futuro governo, a partir de segunda-feira.