Autor: Humberto Rezende
Nos bastidores, parlamentares avaliam que Guedes tenta montar discurso de saída do governo
Pragmatismo em três atos rumo a 2022
A ministra da “transição”
Agora vai
Onde pega
Por falar em filhos…
Bancada evangélica considera que prisão de Crivella é ação contra a Igreja Universal
Coluna Brasília-DF – por Denise Rothenburg
A prisão do prefeito Marcelo Crivella e a citação de que pode ter havido indevida utilização da Igreja Universal na ocultação de renda de origem não declarada deixaram parte da bancada evangélica certa de que o alvo é a Igreja Universal e o bispo Edir Macedo, padrinho do prefeito afastado e preso. Um dos que foram à tribuna várias vezes, ontem, foi o deputado Otoni de Paula (PSC-RJ), integrante de outro partido, que, como o Republicanos, também concentra parte da bancada evangélica: “O alvo é a Universal”, disse ele, revoltado com a prisão de Crivella.
Enquanto isso, em sua pregação diária no site da Universal, o próprio bispo Edir Macedo dizia aos fiéis para que não ficassem impressionados com as provações, porque, “quanto maior a tribulação, maior será sua utilidade para o Espírito Santo aqui na Terra”. O bispo, agora, está dedicado a preservar o rebanho e tentar blindar a igreja.
O jogo do MDB
A candidatura de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) está praticamente definida nos bastidores do entorno de Davi Alcolumbre. Porém, no governo, aliados do Planalto garantem que convenceram o presidente Jair Bolsonaro de que esse jogo pode ser perigoso e que o mais seguro é um candidato do MDB, no Senado, e o do PP, Arthur Lira, na Câmara. A sorte está lançada.
Nem adianta embolar
Ainda que os senadores do MDB apresentem um nome para o Senado, e Baleia Rossi seja, hoje, anunciado candidato do bloco “Câmara Independente” entre os deputados, a eleição da Câmara e a do Senado seguirão, cada uma, no seu tapete, sem misturar as cores.
Por falar no Senado…
Ali, assim como na Câmara, começa a afunilar a candidatura do MDB, porque o fato de Eduardo Gomes e Fernando Bezerra Coelho serem líderes de governo não ajuda. Portanto, está entre o comandante da bancada, Eduardo Braga (AM), ou a presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Simone Tebet (MS), com a vantagem interna para o líder.
Então, é Natal!/ A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP, foto) chegou, no fim da tarde, ao plenário da Câmara dos Deputados num vestido vermelho e, ao entrar, encontrou… Gleisi Hoffmann. Os cumprimentos à presidente do PT fizeram com que alguns deputados que viram a cena desconfiassem que se transformaram nas mais novas best friends forever.
Vacina reservada, hein??!!!????!!!!/
A notícia a respeito do pedido de reserva de vacinas para servidores do Superior Tribunal de Justiça (STJ) causa revolta nas redes sociais. Embora o STJ tenha respondido que não se trata de “furar fila”, é essa a ideia que passa quando já se sabe que não haverá vacina para todos no curto prazo.
Por falar em redes…/ No meio da tarde, já circulava nos grupos de WhatsApp dos parlamentares a marchinha da prisão do prefeito do Rio de Janeiro. “Crivella, Crivella, pode entrar, já abençoamos sua cela”
… E em vacinas/ Em relação às vacinas, o Ministério da Saúde tem sido muito incisivo ao dizer que os imunizantes aprovados pela Anvisa serão distribuídos, primeiramente, aos profissionais da área da saúde, de segurança e grupos de risco — idosos e portadores de comorbidades. Quem pode trabalhar de casa que aguarde a sua vez na fila.
Não subestimem o “gordinho”
Precedente perigoso
Damares, a favorita
Senador com dinheiro escondido nas nádegas deixa Alcolumbre de saia justa
Coluna Brasília-DF
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, planejava para a semana que vem um esforço concentrado, com direito a entregar ao Planalto um novo ministro para o Supremo Tribunal Federal e outro para o Tribunal de Contas da União. Agora, está às voltas com o afastamento de um senador do seu partido e seu amigo, flagrado com R$ 17 mil escondido entre as nádegas, em operação da Polícia Federal que investiga desvio de dinheiro destinado ao tratamento da covid-19 em Roraima.
Alcolumbre foi aconselhado a colocar o afastamento de Chico Rodrigues (DEM-RR) em primeiro lugar na fila. Afinal, já tem muita gente dizendo a ele que não fica bem Chico Rodrigues votar na escolha do novo ministro do STF, que vai julgá-lo nesse caso, nem tampouco num ministro do TCU, que tratará das contas públicas.
A ideia é passar o fim de semana quebrando a cabeça para sair dessa situação incômoda, sem arranhar a própria imagem, dando ares de quem deseja postergar qualquer atitude contra o senador.
Mapeia aí
O governo passa um pente-fino nas indicações de cargos de segundo e terceiro escalões feitas pelo, agora, ex-vice-líder Chico Rodrigues. Bolsonaro quer distância de casos de corrupção que possam desgastar o governo.
Eles têm medo
O fato de Chico Rodrigues ter escondido o dinheiro nas nádegas é o que mais pesa, hoje, para o seu afastamento no Senado. As excelências estão apavoradas com a perspectiva de que, se o colega se salvar, o vídeo terminar vazando, e a Casa ficar totalmente desmoralizada.
Antes ele do que eu
Mesmo entre aqueles senadores mais amigos de Chico Rodrigues prevalece a seguinte tese: se Chico for afastado, o desgaste ficará restrito.
“Sai daí rapidinho!”
A frase que o deputado Roberto Jefferson disse ao então ministro da Casa Civil, José Dirceu, nos tempos do mensalão, para que Dirceu se afastasse, a fim de não comprometer o presidente Lula, era repetida, ontem, ao senador Chico Rodrigues.
Os amigos estão muito desconfortáveis com o fato de precisar votar o afastamento de Chico no plenário do Senado. Ainda mais num ano eleitoral, quando uma votação dessas termina refletindo no partido.
A estreia do decano
O ministro Marco Aurélio Mello, que assume o posto de mais antigo no Supremo Tribunal Federal, não terá a mesma reverência do antecessor com os colegas. Na votação sobre a prisão de André do Rap, chamou o presidente da Corte, Luiz Fux, de vaidoso, totalitário e censor e ainda foi irônico ao final, ao lançar um “só falta querer dizer como devo votar”. Prepare-se, leitor, para fortes emoções.
O strike de Chico/ Além de gerar constrangimento aos senadores e ao governo, o caso do dinheiro nas nádegas prejudicou, ainda, a campanha da deputada Shéridan (PSDB-RR) à Prefeitura de Boa Vista. Lá, ela era considerada uma das favoritas. Agora, vai correr para tentar se afastar do “aliado problema”, Chico Rodrigues.
Quem ri por último/ Ex-líder de vários governos no Senado, Romero Jucá perdeu a eleição, em 2018, por 426 votos. Agora, aproveita a situação do adversário para fortalecer a campanha do partido em Boa Vista.
Deu ruim/ Faltando um mês para o primeiro turno das eleições, as pesquisas corroboram a tese entre os partidos de esquerda de que o PT não iria bem nas principais capitais. Até em Recife, onde a legenda aposta a maior parte de suas fichas, Marília Arraes está em terceiro, atrás de Mendonça Filho (DEM) e, de quebra, vê o deputado João Campos, do PSB, ampliar a liderança, conforme pesquisa divulgada, ontem, pelo Ibope.
Enquanto isso, em São Paulo…/ As apostas dos políticos são as de que, no cenário atual, Celso Russomano e o prefeito Bruno Covas no segundo turno não se confirmará. Um dos dois cederá a vaga para um representante dos partidos de esquerda. Entre os dois, já tem gente apostando na queda de Russomano. Quem será o representante da esquerda a subir ainda é uma incógnita, apesar da terceira colocação de Guilherme Boulos.
Renda Brasil: Bolsonaro fica com o filé; o Congresso, com o osso
Coluna Brasília-DF
Certo de que a criação do programa Renda Brasil lhe trará bônus eleitorais — porém, representará um desgaste ao extinguir outros programas na busca da forma de financiamento —, o presidente Jair Bolsonaro transfere, agora, o ônus de encontrar os recursos para os congressistas.
Essa foi a jogada ensaiada entre o Planalto e o senador Márcio Bittar (MDB-AC), diante da autorização do presidente para a criação desse benefício e, por tabela, o diálogo com a equipe econômica. Assim, as propostas de corte para custear o programa ficam longe do presidente e apenas a parte de “autorizei” o programa é que ficará com a marca do Planalto.
Em tempo: Bittar diz, com todas as letras, que “não tem medo do ônus de apresentar um relatório sobre o Renda Brasil”. Assim, calcula Bolsonaro, se der errado, a culpa é dos congressistas que não souberam montar o programa. Nesse ritmo, governar vira uma delícia.
Sem reformas este ano
A depender da avaliação dos congressistas, 2020 acabará (ainda bem!) sem as reformas tributária e administrativa. Não há consenso em nenhum dos textos e, se já era difícil chegar a um acordo em tempos normais, será muito pior nesse período eleitoral, com uma pandemia no meio.
Bolsonaro na ONU
O discurso de Bolsonaro na ONU tentará amenizar a imagem do Brasil em relação ao desmatamento da Amazônia e as queimadas no Pantanal. Porém, “não se renderá” à carta dos países europeus, que escreveram ao vice-presidente Hamilton Mourão, dizendo que o desmatamento prejudica a venda de produtos brasileiros para a Europa. A contar pelo que está em gestação dentro do Itamaraty, a tendência é dizer que a preocupação dos europeus está diretamente relacionada à proteção dos mercados para produtos locais.
Causa &…
O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-PR), alvo de uma operação da Polícia Federal, não colocou parentes para concorrer à prefeitura de Maringá — lá a candidata do partido é a da Coronel Audilene.
Porém, tentou fazer sua fezinha na disputa pela prefeitura de Curitiba, ao colocar sua filha, Maria Vitória, como possível candidata a vice na chapa de Rafael Greca (DEM) à reeleição. Perdeu a vaga no finalzinho do prazo para fechamento das chapas.
… Consequência
Greca fechou a chapa com o atual vice, Eduardo Pimentel (PSD), e, como foi tudo muito em cima da hora, não houve sequer tempo do líder se organizar para lançar a filha como adversária de Greca. Agora, é administrar a aliança com o DEM.
Pano de fundo I/ Na política, há quem aposte que a operação de busca e apreensão que envolveu Ricardo Barros está diretamente ligada à vontade dos aliados do ex-ministro Sergio Moro de enfraquecer os fiéis escudeiros do presidente Jair Bolsonaro no estado.
Pano de fundo II/ Nem adianta chiar. Desde que Moro largou a magistratura para ingressar na política, tudo o que vier da Lava-Jato e de Curitiba será tratado entre os parlamentares como parte de estratégia política, e não o puro e simples combate a malfeitos envolvendo dinheiro público ou doações de campanha.
Não conte com ele/ Como sempre tem feito em ações envolvendo o governo do Amazonas, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Mauro Campbell vai se julgar impedido de votar nos casos envolvendo o governador Wilson Lima. É uma praxe que o ministro fez questão de manter.
Ficamos assim/ Ao cumprimentar o time de Paulo Guedes na posse do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, o presidente Bolsonaro tenta pôr panos quentes na crise com a equipe econômica. Porém, ninguém acredita que a paz esteja selada. O morde-assopra, dizem os políticos, faz parte do dia a dia de Bolsonaro.
Sob o comando de Fux, acreditam procuradores, a Lava-Jato ganhará apoio
Coluna Brasília-DF
A frase “Em Fux nós confiamos” (tradução livre) ficou famosa quando da divulgação dos diálogos dos procuradores pelo site The Intercept no ano passado. Atribuída ao ex-ministro Sergio Moro, é repetida nas conversas de integrantes do Ministério Público como uma esperança de que o novo presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, dará todo o apoio às forças-tarefas do MP.
Fux é juiz de carreira, foi promotor de Justiça no Rio de Janeiro antes de ingressar na magistratura. A aposta dos procuradores é de que, agora, têm uma posição estratégica para a defesa do trabalho não só da Lava Jato, mas, também, de outras operações em curso.
Em tempo: muita gente se lembra, inclusive, do momento em que o ministro Fux chegou ao Supremo. Houve quem dissesse, à época, que ele foi nomeado por causa do comprometimento de votar a favor do governo petista no processo do mensalão.
Constam, inclusive, relatos a respeito de conversas de Fux no sentido de “Mensalão? Mato no peito”. A posição do ministro, diante dos autos, foi inversa. Ele votou a favor de que o alto escalão petista fosse condenado. A turma do MP acredita que, agora, não será diferente.
Quem tem telhado de vidro…
O fato de o presidente Jair Bolsonaro não responder há mais de um mês sobre os R$ 89 mil que o casal Márcia e Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, depositou na conta da primeira-dama será explorado na campanha municipal, caso o presidente entre no pleito.
… Não joga pedra
O mesmo vale para o fato de o senador Flávio Bolsonaro e o pedido para que a Justiça proíba a divulgação de documentos relativos às suas transações. A oposição pretende bater na tecla de que, se Flávio reunisse explicações plausíveis, já teria dado.
Falta combinar com o eleitor
Até aqui, esses dois assuntos não tiveram qualquer reflexo na popularidade do presidente da República. Se esses temas derem qualquer problema para ele mais a frente, tem aliado dizendo que o jeito será o senador Flávio “matar no peito” e segurar o choro.
E agora, Rodrigo?
A estratégia do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, de deixar a própria sucessão correr solta começa a dar sinais de exaustão. Maia começa a ser cobrado a escolher um candidato. E que não seja ele mesmo. Até aqui, o comandante da Casa tem se equilibrado entre os vários nomes que surgiram, seja na base do presidente Jair Bolsonaro, seja centro, seja na esquerda. Não conseguirá sustentar esse equilíbrio por muito tempo.
CURTIDAS
Prepara a marmita, d. Ester/ A mudança da prisão do ex-deputado pastor Everaldo (PSC), de temporária à preventiva, significa que ele não sai da cadeia tão cedo. Everaldo é uma das chaves do emaranhado que levou o governo de Wilson Witzel ao banco dos réus e tem, ainda, outras ligações na mira do Ministério Público.
Cada um na sua árvore…/ O deputado federal e pré-candidato a prefeito de João Pessoa Ruy Carneiro (PSDB) encontrou um jeito diferente para realizar a convenção, no próximo dia 16. Em tempos de pandemia, escolheu um local arborizado da cidade, com espaços demarcados para cada grupo familiar, inclusive para quem levar o pet.
Sintomas/ A candidatura do deputado Orlando Silva (PCdoB) à prefeitura de São Paulo depois de décadas de apoio do seu partido a um nome petista é vista como um sinal claro de que o PT não tem mais poder de “mando de campo” na esquerda.
Vai fazer falta/ Na época do mensalão, a militância do PCdoB foi para as ruas em defesa de Lula e ajudou, inclusive, a dar fôlego ao então presidente para atravessar aquele período, uma vez que o PT estava em frangalhos. Agora, os petistas terão de contar com a própria militância.
E o Sete de Setembro, hein?/ Pela primeira vez, desde a ditadura militar, sem desfile. Sinal de que o vírus ainda está por aí. Cuide-se, caro leitor. E bom feriado.
Planalto teme que Supremo barre novo centro de inteligência de Bolsonaro
Coluna Brasília-DF
O Centro de Inteligência Nacional (CIN), criado pelo presidente Jair Bolsonaro como um braço da Agência Nacional de Inteligência (Abin), corre o risco de esbarrar no Supremo Tribunal Federal (STF). Recentemente, a Corte impôs limites ao compartilhamento de informações.
A ideia do governo, hoje, é justamente interligar tudo, para uma espécie de economia processual das informações. Entre as atribuições está, por exemplo, coordenar as unidades da Abin com parceiros para a produção integrada de conhecimentos de inteligência.
Inclui ainda planejar, coordenar e implementar a produção de inteligência corrente e a coleta estruturada de dados. O novo sistema entrou em vigor em 17 de agosto.
No governo, o novo centro virou uma preocupação. Não por acaso, integrantes do Poder Executivo têm procurado discretamente saber como é que os ministros do Supremo veem esse novo sistema.
Até aqui, não há uma ação contra o CIN. Afinal, o governo tem todo o direito de organizar seu trabalho, desde que esteja dentro da lei. Agora, se insistir em compartilhar informações fora dos trilhos da segurança nacional, terá problemas.
Quem tem a força
Até aqui, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, conseguiu vencer todas as batalhas que comprou dentro do governo. Porém, a exposição dos ministros da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, e da Casa Civil, Walter Braga Netto, foi demais. A saída de Salles, se confirmada, será o sinal de que o presidente Jair Bolsonaro planeja empoderar os generais do Planalto.
Do jeito que chegar, sai
O script do auxílio emergencial está montado: a oposição vai chiar e pedir aumento do valor. Mas o Centrão não pretende mexer naquilo que o governo propuser. A ordem é aprovar — e ponto.
Já o Renda Brasil…
Se o ministro da Economia, Paulo Guedes, quiser acoplar ao programa substituto do Bolsa-Família outros benefícios tradicionais, como o seguro-desemprego, salário-maternidade, terá dificuldades.
Witzel, o apolítico
O governador afastado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, está com dificuldades de conseguir apoios políticos. Afinal, avisam os parlamentares, quando ele estava bem, nunca procurou ninguém.
Pressão das constituintes/ Capitaneadas pela ex-deputadas Moema São Thiago e Beth Azize, as parlamentares que participaram do Congresso Constituinte dos anos 1980 enviaram uma carta ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pedindo a abertura de processo contra a deputada Flordelis Souza (PSD-RJ), acusada de mandar matar o marido, o pastor Anderson do Carmo.
Decoro/ No texto, elas acusam Flordelis de abusar da fé alheia para se eleger e são incisivas ao cobrar a defesa da imagem do Parlamento: “Ela está infamando a imagem do parlamento, que tanto Vossa Excelência vem lutando para a manutenção de sua dignidade e reafirmação com um dos pilares do Estado Democrático de Direito e da cidadania”, afirmam, pedindo a cassação do mandato.
Não contem com ele/ O senador Reguffe (Podemos-DF) avisa aos colegas que não votará a favor da reeleição de Davi Alcolumbre (DEM-AP) para presidente do Senado, ainda que seja possível. Quem conhece o andar da carruagem no STF tem dito que o parlamentar pode ficar tranquilo: a tendência da Casa é confirmar que não pode haver uma reeleição dentro da mesma legislatura.
Estamos todos bem/ Em todas as conversas de Bolsonaro, ele tem dito que Paulo Guedes não enfrenta problemas por causa do teto de gastos. Às vezes, até corta o interlocutor com um “vamos deixar de intriga, talkey?”
Coluna Brasília-DF
Se o presidente Jair Bolsonaro não quer mexer em benefícios sociais para não estragar a sua lua de mel com a população, que dirá a reforma administrativa nos moldes que vem sendo planejada.
A ideia é criar três categorias de servidores, com estabilidade restrita às carreiras de estado — por exemplo, Receita Federal, segurança pública, procuradores e por aí vai. O segundo segmento é o dos contratos por tempo indeterminado, via CLT, que podem ficar no serviço público até a aposentadoria — aqui entram de funções administrativas, como secretárias e motoristas, até médicos e engenheiros.
Por último, vêm os contratos temporários — por exemplo, campanhas de vacinação, censo e por aí vai. Numa linha auxiliar, entram os terceirizados.
Só tem um problema: uma reforma desse tipo, profunda, dará muita dor de cabeça ao governo, e a guerra vai desembocar lá em 2022, período eleitoral. Diante disso, há quem assegure que o ideal é enviar esse projeto apenas em 2023, quem sabe com um Congresso ainda mais reformista do que esse.
Afinal, não dá para criar tantos cavalos de batalha de uma só vez. E a avaliação interna, de quem é do ramo da política, é a de que a reforma tributária, o Renda Brasil e a necessidade de recursos (leia-se novo imposto) já vão criar brigas demais para esses dois anos.
O lastro de Guedes
O alerta do mercado, que fez subir o dólar e baixar a Bolsa de valores esta semana, levou Bolsonaro a pensar duas vezes antes de aumentar o fogo do processo de fritura a que tem submetido o ministro da Economia, Paulo Guedes. Não é hora de afastar ninguém e nem de jogar para o alto a responsabilidade fiscal.
A hora da verdade
O governo passará o fim de semana fazendo contas para fechar o Orçamento de 2021, a ser enviado ao Congresso na segunda-feira. A expectativa de cortes fará com que toda a Esplanada se mobilize no Parlamento para tentar conseguir um dinheiro a mais.
Porta da esperança
Com a chegada do Orçamento de 2021 ao Congresso, a cúpula da Câmara e do Senado terá de abrir o funcionamento virtual da Comissão Mista de Orçamento. E sabe como é: se uma pode, as outras não têm mais motivos para continuar fechadas.
Izalci, o candidato
O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) começou a trabalhar o projeto para concorrer ao Governo do Distrito Federal. Ele vai percorrer as 24 cidades do DF, nos próximos dois anos, em reuniões para fechar uma proposta para cada localidade. A primeira cidade foi Brazlândia, conhecida pela festa do morango. “Agora vai”, disse ele à coluna.
Muita calma nessa hora/ Apresentada pela área jurídica do Senado ao Supremo Tribunal Federal, a defesa da reeleição para os presidentes da Câmara e do Senado não foi suficiente para tirar Rodrigo Maia (DEM-RJ) da “toca”. Ele diz a todos que não é candidato e planeja mexer de forma mais aberta com esse tema depois da eleição municipal.
Avia, avia/ Já o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, conta os votos e está em plena campanha nos bastidores.
Show de horrores/ Para quem esperava um tema econômico, com a presença de Guedes, a live de Bolsonaro desta semana mostrou a realidade nua e crua que a ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) enfrenta no combate à pedofilia e à violência contra crianças e adolescentes.
Está mais ou menos assim/ Em relação ao auxílio emergencial de R$ 600, Bolsonaro está como aquele sujeito que está bancando um festão, mas a bebida acabou e ele não tem dinheiro para comprar mais. Agora, vai ter que racionar, ainda que a contragosto, ou passar o chapéu entre os convidados para pagar. Este “chapéu” é a aprovação do novo imposto, que será pago por todos.
A la Lula/ Não foram poucas as vezes em que Bolsonaro criticou o PT por cerimônias de lançamento de pedra fundamental. Ontem, fez o mesmo em Foz do Iguaçu, ao lançar duplicação da BR-469, ao lado do governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD).
Bolsonaro não garante o Aliança e fecha partidos para adversários
Coluna Brasília-DF
Ciente de que tem popularidade para levar adiante uma campanha “reeleitoral”, o presidente Jair Bolsonaro trata de colocar todos os partidos sob seu guarda-chuva a fim de evitar que seus adversários tenham onde atracar candidaturas.
É essa a principal leitura política de seus aliados, quando perguntados sobre a declaração do presidente de que não investirá 100% no Aliança pelo Brasil, e que tem convites de quatro partidos, citando, inclusive, o PTB de Roberto Jefferson.
Na avaliação do presidente, o plano está traçado: recupera a economia, conquista votos no Nordeste, junta aliados na Câmara para aprovar suas propostas e evitar dissabores, e, ao abrir o leque de onde pode se filiar, fecha muitos partidos a seus opositores, ou, no mínimo, dificulta qualquer jogo mais ousado das legendas contra a sua candidatura ou ataques na campanha municipal.
Pior para quem apostou no Aliança como a única carta de valor de Bolsonaro para o futuro. Aliás, depois da declaração de ontem, que incluiu até mesmo a perspectiva de retorno ao PSL, a tendência é o novo partido perder força.
Braga Netto tem a força
Aos poucos, o ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, conquista novas atividades do Planalto. A programação para divulgar os 500 dias de governo saiu pela Casa Civil. Antes, essa parte ficava a cargo da Secretaria de Comunicação, subordinada à Secretaria de Governo.
Olho no olho
A reunião dos ministros Braga Netto e Paulo Guedes foi para acertar o que é possível fazer sem comprometer o teto de gastos. A ordem de Bolsonaro é para que os ministros se entendam.
Tem que explicar isso aí
A versão sobre embalagens de frango brasileiro contaminadas em Shenzen ainda carece de maiores explicações, segundo as autoridades sanitárias brasileiras e também da área da saúde. Afinal, esses navios saíram do Brasil há mais de 60 dias. E as autoridades de saúde garantem que o vírus não sobrevive esse tempo todo em superfícies.
E o teto, hein?
Ao dizer que houve a discussão sobre furar o teto dentro do governo — ideia que, assegura, terminou descartada —, Bolsonaro se esqueceu de fechar a porta para que esse tema não volte à mesa. Ou seja, a tensão vai continuar aí.
Servidores, preparem-se
Vem aí a reforma administrativa para discussão, em conjunto com a reforma tributária. Esse é um dos projetos para mostrar que Paulo Guedes ainda tem a força no comando da economia dentro do governo.
CURTIDAS
Beirute ecoa em Santos I/ A propósito das preocupações e do pedido de esclarecimentos feitos pela seccional da OAB na região portuária santista, a respeito do nitrato de amônio usado em fertilizantes, a Santos Port Authority (SPA) esclarece que não se pode fazer uma correlação entre as condições existentes no Líbano e as verificadas nas operações e instalações com cargas deste gênero no porto de Santos.
Beirute ecoa em Santos II/ A SPA considera que “independentemente dos motivos que deflagraram a explosão no Líbano, ainda por esclarecer, temos uma realidade completamente diferente, tanto pela tecnologia implantada quanto pelas austeras condições de exigências, monitoramento e fiscalização. O armazenamento de Nitrato de Amônio Classe 5 no porto de Santos possui autorização do Exército e cumpre todos os protocolos de segurança”, afirma a SPA, esclarecendo que o nitrato de amônio Classe 5, por si só, não é inflamável ou explosivo. “É necessário haver uma combinação de vários fatores de riscos para causar um eventual acidente, por exemplo, alta temperatura, confinamento, existência de produtos inflamáveis no mesmo local”.
E o Queiroz, hein?/ A volta do ex-assessor Fabrício Queiroz à cadeia (desta vez também vai a mulher dele, Márcia Aguiar) deixa o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) novamente sob tensão. E também aumenta a pressão por explicações para os depósitos em favor da primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Bolsonaro cogita oferecer vaga de vice na chapa de reeleição à ministra Tereza Cristina
Coluna Brasília-DF
Empenhado em buscar a reeleição em 2022, o presidente Jair Bolsonaro está dedicado a evitar uma união dos partidos de centro. Nesse sentido, entrou no radar oferecer a vaga de vice na chapa à ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Ela surgiria como o símbolo do setor econômico que segurou firme o país em plena pandemia.
De quebra, o Planalto trava o jogo do DEM, partido que hoje se divide entre o governo e aqueles que preferem um certo distanciamento. Além de Tereza, os bolsonaristas olham com muita atenção para a Bahia, estado governado pelo PT e terra do presidente do partido, ACM Neto, atual prefeito e Salvador. Acreditam que, se apoiarem o DEM por lá, ganham mais um aliado para o futuro.
Obviamente, a esta altura do campeonato, nada está combinado e o cenário da eleição não está posto. É apenas o segundo passo possível para tentar evitar que o centro da política tenha força longe de Bolsonaro em 2022. O primeiro movimento já foi deflagrado, atrair uma boa parte do Centrão. Os bolsonaristas calculam que será difícil construir uma candidatura concorrente à do presidente sem o DEM, com o PSDB desgastado por denúncias de corrupção e Sergio Moro sem partido.
Melhor impossível
Deputados e senadores do chamado Centrão não escondem o sorrisinho maroto quando alguém pergunta sobre os depósitos de Fabrício Queiroz e sua esposa, Márcia, na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Significa que o presidente precisará ainda mais do grupo para tirar de campo pedidos de CPI e o que mais chegar. Foi exatamente esse suporte que o grupo deu ao PT, nos tempos do governo Lula.
O céu é o limite
Um dos sonhos é, por exemplo, conseguir mais espaço nas agências reguladoras, que ainda têm muita influência do MDB dos tempos de Michel Temer.
Olho neles
Além de tentar tirar o DEM de um palanque adversário, o governo pretende apostar numa aproximação maior com o Podemos. Assim, avaliam alguns, o ex-ministro da Justiça Sergio Moro terá dificuldades em encontrar um partido. Os aliados do ex-ministro, porém, avaliam que Moro pode fazer como Bolsonaro, que saiu de um partido sem estrutura e chegou lá.
“Entre o PT e o Brasil, o PT sempre fica consigo, mesmo em momentos difíceis para o país”
Carlos Siqueira, presidente do PSB, referindo-se à decisão dos petistas de lançar candidatos próprios em todas as capitais
CURTIDAS
Apelido da ministra/ Tem bolsonarista tão empolgado com a ministra Tereza Cristina, que a chama de “Marco Maciel de saias”. Vice-presidente da República no governo de Fernando Henrique Cardoso, Maciel era leve, paciente e do diálogo.
Imagina na pandemia…/ Em 2016, ano do impeachment da presidente Dilma Rousseff, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) foi votada em 17 de dezembro. No ano passado, num cenário mais tranquilo, a votação da LDO foi em outubro. Agora, não há a menor previsão.
… com eleição no meio/ As apostas dos políticos são as de que tanto a LDO quanto o Orçamento só serão aprovados depois da eleição.
Anuário virtual/ A Editora ConJur lança, em 12 de agosto, a edição 2020 de seu Anuário da Justiça Brasil. O Judiciário, aliás, não parou nesse período, uma vez que os conflitos entre leis e a Constituição Federal aumentaram. No primeiro semestre de 2020, 161 Ações Diretas de Inconstitucionalidade foram julgadas no mérito.
Por falar em Justiça…/ Alguns adversários do presidente Jair Bolsonaro consideram que falta hoje um Sergio Moro para julgar e pedir que se investigue com mais agilidade as denúncias envolvendo o senador Flávio Bolsonaro e, agora, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Sem juízo de valor, consideram fundamental que tudo isso seja esclarecido logo.