Atraso no atendimento de cargos e emendas travam votações

Publicado em coluna Brasília-DF

Falta de “entregas” contamina ambiente político

A demora do governo em liberar emendas e cargos, associada ao fato de o presidente Jair Bolsonaro hesitar muito para escolher um partido, acabou por contaminar a agenda de votações do Congresso e as negociações em torno dos projetos. São apenas sete semanas até o recesso e o Planalto não tem um consenso sobre o financiamento do Auxílio Brasil, o novo Bolsa Família; sobre prorrogação do auxílio emergencial, que está acabando; e nem consegue um consenso para votar a proposta de emenda Constitucional (PEC) dos Precatórios. Nesse cenário, reformas estruturantes, como a tributária e a administrativa, nem pensar.

Os deputados estão meio irritados com a demora de Bolsonaro em escolher um partido. Há, hoje, a certeza de que o presidente exigiu demais. Primeiro, queria um partido seu, o Aliança pelo Brasil, que não decolou. Depois, fez uma série de exigências rechaçadas por quem tem poder de mando nas grandes agremiações. Agora, terá que ingressar quase que “de favor” num partido maior.
Bolsonaro, porém, continua convicto de que, mais à frente, os partidos vão lhe estender o tapete vermelho — ou melhor, verde e amarelo, porque vermelho é a cor do PT. Quanto às reformas, já é outro problema. Sabe como é: onde falta dinheiro, não há mágica que resolva.

Muito além das emendas

O relator do Auxílio Brasil, deputado Marcelo Aro (PP-MG), não aceitará parte temporária no benefício e, desse jeito, o governo, se quiser um benefício maior, terá que furar o teto, algo que a equipe econômica não aceita. A ida ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), foi justamente para saber se é possível aprovar logo a PEC dos Precatórios.

Vale lembrar

Embora seja filiado ao Republicanos, o relator da PEC dos Precatórios, deputado Hugo Motta, da Paraíba, toca de ouvido na banda de Arthur Lira.

Onde vai pegar

Se a Câmara conseguir votar a PEC dos Precatórios ainda este mês, o governo ficará à mercê de… Davi Alcolumbre (DEM-AP). Enquanto presidente da Comissão de Constituição e Justiça, o senador não consegue mais reunir a CCJ sem ser cobrado sobre a sabatina de André Mendonça para ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Está tudo parado por lá. E o mesmo corre o risco de acontecer com essa PEC crucial para o governo.

E o Orçamento, hein?

A dificuldade do governo em arrumar recursos para o Auxílio Brasil promete travar ainda a análise do Orçamento do ano eleitoral. Já tem muita gente dizendo que, na falta de recursos para o novo Bolsa Família, os congressistas terão que fazer a parte deles, cancelando as emendas de relator para o ano que vem.

Saldo tucano I/ Os integrantes do PSDB, das mais variadas tendências, avaliaram que o primeiro debate entre Arthur Virgílio, Eduardo Leite e João Doria terminou com a vantagem para o governador paulista. Doria, logo depois do encontro, fechou o apoio do partido no Rio Grande do Norte. No quesito propostas, porém, empataram.

Saldo tucano II/ O Rio Grande do Norte é o quinto estado em número de filiados. As contas indicam que, se Eduardo Leite não conseguir quebrar a preferência por Doria em São Paulo, vai ser difícil chegar lá.

Deu no NYT/ O relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), virou personagem do The New York Times. Publicou declarações dele responsabilizando o presidente Jair Bolsonaro pela tragédia da pandemia no Brasil. Hoje, com a leitura do documento, que tem mais de mil páginas, o Senado pode se preparar para uma longa sessão e muita confusão.

Teto, auxílio e precatórios passam a prioridades do governo

Publicado em coluna Brasília-DF

O governo lavou as mãos em relação à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que trata das mudanças na indicação dos membros do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), tema em pauta, hoje, na Câmara. No Planalto, as prioridades são o teto de gastos, o Auxílio Brasil e a PEC dos Precatórios. Sem os instrumentos econômicos, avaliam alguns, não haverá 2022 para Jair Bolsonaro.

Em relação à CPI da Covid, a briga interna do G-7 deu mais um fator a ser explorado pelos governistas nos próximos dias. Eles não vão deixar passar em branco as rusgas expostas entre Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Renan Calheiros (MDB-AL). As brigas internas enfraqueceram o grupo. Aliás, conforme o leitor da coluna já sabe, a ideia de Omar Aziz (PSD-AM) era, inclusive, acabar com a CPI antes que as brigas aflorassem. Não deu tempo.

Aí tá limpo

O governo considera que está resolvido um dos pontos do relatório: o da compra da Covaxin. Como não houve a negociação, os pedidos de indiciamentos nessa seara dificilmente terão desdobramentos.

Coleção de imagens
Os relatos de parentes das vítimas da covid-19 já estão devidamente arquivados para uso em sites e no horário eleitoral gratuito, na campanha do ano que vem. O governo sentiu o tranco. Da sua parte, porém, os estrategistas de Bolsonaro, conforme a coluna já publicou, se ausentaram da CPI para tentar passar a ideia de que a sessão foi sob encomenda para uso futuro político.

Enquanto isso, na Câmara…
O presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), já fez circular que, apesar da preocupação dos líderes, é preciso retomar as sessões presenciais. A minuta do ato da mesa está pronta.

E o Paulo Guedes, hein?
Quem vai marcar a ida do ministro da Economia, Paulo Guedes, ao plenário da Câmara é Arthur Lira.

Quieto e trabalhando/ Convidado para o jantar da Esfera, que reuniu empresários e financistas de São Paulo para ouvir Eduardo Leite, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin não foi. E respondeu assim a alguns amigos que quiseram saber por que faltou: “Não fui para não atrapalhar”, diz ele, que está ajudando nos bastidores.

Presente, mas…/ Quem acabou aceitando o convite para o jantar foi o presidente do PSD, Gilberto Kassab. Mas ele fez questão de dar apenas “aquela passadinha”, ou seja, cumprimentar as pessoas e sair. Não ficou até o final, de forma a não deixar a impressão de engajamento, e não recusou totalmente o convite, o que poderia parecer desprezo. “O evento é suprapartidário, por isso, fui”, disse ele à coluna.

…o projeto é outro/ Perguntado sobre como estava o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), a principal aposta do PSD, hoje, para o Planalto, Kassab respondeu: “Está bem maduro”.

E o Doria, hein?/ O governador de São Paulo, João Doria, será o convidado do jantar da Esfera, em 10 de novembro. Assim, a associação de empresários e financistas terá ouvido todos os pré-candidatos do PSDB a presidente da República.

Depois de Dubai…/ A postagem de Heloísa Bolsonaro nas redes sociais, em resposta às críticas que recebeu por causa da viagem a Dubai, foi apenas uma amostra do que vem por aí. A família não pretende deixar que essas críticas passem em branco.

Em jantar, Eduardo Leite atribui problemas econômicos à insegurança de Bolsonaro

Publicado em Política

De todos os jantares promovidos pela Esfera, uma associação de financistas e empresários paulistas, nenhum atraiu tanto a nata paulistana quanto este, para ouvir o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que disputa as prévias do PSDB para escolha do candidato à Presidência da República. Chegou ao ponto do dono da casa, o empresário e jornalista João Carlos Camargo, ter que providenciar sanduíches às pressas, porque, os 60 confirmados inicialmente se transformaram em 115, dada a curiosidade do empresariado e até familiares, a respeito do discurso e do pré-candidato. “Dólar alto e queda da bolsa hoje se dá mas pela insegurança transmitida pelo presidente da República. Terei um governo com especialistas em todas as áreas, economia, saúde e educação, mas quem vai negociar com o Congresso sou eu”.

Leite chegou pontualmente as 19h e saiu pouco depois das 23h. Foi sabatinado por quase duas horas, depois de uma explanação inicial, de 15 a 20 minutos. Perguntaram-lhe a respeito de tudo, inclusive sobre o adversário interno, João Doria. “Quem tem menor rejeição? Eu. Se Dória resolver o problema da rejeição, não tenho nenhum problema em apoiá-lo, nas não estou vendo isso. Vejo que vou ganhar as prévias”.  E sem citar o governador paulista, Leite mencionou que tem como característica saber ouvir as pessoas que o outro concorrente ouve para “rebater”.

A impressão de alguns dos presentes, pelo menos, foi a de que estavam diante de uma pessoa que “não tem nariz empinado” e nem é personalista ao ponto de querer impor uma candidatura a qualquer custo. Leite, alias, deixou claro que não será obstáculo a uma construção do centro que aglutine o eleitorado. “O país precisa é sair dessa maluquice”.

O Esfera planeja levar dentro de alguns dias o governador de São Paulo, João Dória, que, até aqui, não encontrou espaço na agenda para esse encontro. Afinal, dizem aliados do governador paulista, os empresários e representantes de fundo de investimento já conhecem Dória, suas propostas e acompanham de perto seu governo.

 

Republicanos distante da federação

Publicado em coluna Brasília-DF

De olho na liberdade para escolher o jogo em que melhor se encaixar em cada estado, o Republicanos pisou no freio das conversas sobre uma federação com o PP, de Ciro Nogueira, e o PL, de Valdemar Costa Neto. A ideia é manter distância de um projeto presidencial e nacional e priorizar a construção de bancada. E, sem amarras, cada deputado apoiará quem quiser para presidente da República. No Distrito Federal e na Bahia, o plano hoje é apoiar a reeleição de Jair Bolsonaro. Em Pernambuco e na Paraíba, a intenção é seguir com Lula. Em Minas Gerais, Ceará e Rio Grande do Sul, a legenda apostará num projeto alternativo à polarização PT versus Bolsonaro. União para valer, só na fé.

A fé, aliás, é o que leva o partido a pensar em carreira solo neste momento em que alguns optaram pela fusão e outros pela federação, que consiste na união por quatro anos, sem a opção de divórcio. A aposta de muitos deputados é a de que as congregações às quais o partido é ligado são capazes de eleger uma boa bancada. Especialmente, a Igreja Universal.

O que dá dinheiro

Quem acompanha o dia a dia dos partidos alerta que as legendas estão olhando só a montagem das chapas para deputado federal. E nada é pelo futuro do país e, sim, pela arrecadação que isso vai proporcionar logo ali na frente. O novo União Brasil, por exemplo, tem se apresentado aos parlamentares como a solução para os problemas deles, porque terá R$ 1 bilhão para investir nas eleições de 2022.

A aposta do governo…
Com o número de internações e mortes por covid-19 em queda, o relatório da CPI da Pandemia será a forma de reavivar a memória dos brasileiros para a tragédia que se abateu sobre o país ao longo de quase dois anos. Porém, estrategistas do governo acreditam que o tema principal da eleição de 2022 será mesmo a economia.

…e a limonada da vacina
Em relação aos imunizantes, que o presidente Jair Bolsonaro declarou que não vai tomar, a ideia é mostrar que ele não obrigou ninguém a seguir a sua atitude. Tanto é que liberou R$ 20 bilhões para imunização e comprou todas as vacinas aprovadas pela Anvisa.

O caminho seguro
O ano de 2022 está logo ali, mas o presidente da Câmara, Arthur Lira, já trabalha de olho em 2023, quando pretende reconquistar o comando da Casa. Até aqui, a certeza é de que a reeleição de Bolsonaro lhe garantirá a preferência.

E o duvidoso
Qualquer outro que seja eleito presidente da República deixa esse projeto nebuloso. Porém, ainda assim, Lira será um candidato forte, porque qualquer presidente eleito precisará do PP e do PL para a governabilidade.

Curtidas

Um partido, dois projetos/ Na Bahia, o Republicanos ainda não atingiu um consenso sobre a candidatura ao governo estadual. O ministro da Cidadania, João Roma, quer montar um palanque para Jair Bolsonaro. Já o deputado Márcio Marinho prefere apoiar o ex-prefeito ACM Neto.

Kátia no TCU/ Parlamentares dão como certa a escolha da senadora Kátia Abreu (foto), do PP-TO, para uma vaga no Tribunal de Contas da União. E com apoio do governo e da oposição.

Eduardo Leite em São Paulo e com Kassab/ Convidado para o jantar da Esfera, que reunirá empresários e financistas em São Paulo com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, disse à coluna que estaria fora de São Paulo neste domingo. De olho numa candidatura própria, fica difícil o PSD colocar desde já a azeitona na empada do governador gaúcho. Melhor esperar a disputa interna tucana passar. Atualização: Kassab terminou comparecendo ao jantar. “Foi um encontro suprapartidário, não conota apoio. O projeto do PSD não mudou”

O trator de João Doria

Publicado em coluna Brasília-DF

A prévia do PSDB, com destaque para os governadores do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e o de São Paulo, João Doria, conseguiu atrair para si a maior parte das atenções da pré-campanha presidencial. Enquanto Eduardo se mostra mais factível de fora para dentro do PSDB, conforme mostrou a coluna esta semana, Doria conquista importantes apoios em Santa Catarina, Mato Grosso e ampla maioria no Rio Grande do Norte e em Sergipe, consolidando o que os tucanos já consideram uma liderança nas prévias do PSDB. Os novos apoios de Doria se somam agora aos diretórios de São Paulo, Tocantins, Acre, Pará e Distrito Federal.

Até 21 de novembro, quando os tucanos promovem a eleição interna que definirá o candidato à Presidência da República, outros partidos farão seus movimentos com um olho no PSDB. O Podemos espera receber Sergio Moro antes disso, da mesma forma que o PSD de Gilberto Kassab planeja a filiação do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.

O que Alcolumbre quer…

O presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Davi Alcolumbre (DEM-AP), bate o pé na indicação de André Mendonça desde que o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, passou a deter o poder de comandar a liberação das emendas extras de senadores. A ideia do demista era fazer no Senado o que Arthur Lira faz na Câmara.

… e não vai levar
Desde a chegada de Ciro Nogueira à Casa Civil, o ministro é quem tem feito esse “atendimento” aos senadores. Irritado, Alcolumbre quer impor uma derrota ao presidente Jair Bolsonaro. Porém, foi com tanta sede de vingança ao pote que derramou a água. Nogueira não abrirá mão dessa prerrogativa. Nem Jair Bolsonaro trocará o indicado para o Supremo Tribunal Federal.

O perigo da canetada na energia
Ao dizer que vai “mandar” alterar a bandeira tarifária de energia, o presidente Jair Bolsonaro deu um susto nos aliados. Não dá para impor um preço da energia elétrica sem provocar problemas, haja vista o que ocorreu com a presidente Dilma Rousseff no passado. Nesse sentido, a mesma turma do presidente que comemorou a perspectiva de estudos sobre a privatização da Petrobras está preocupadíssima com a intervenção.

Eduardo Bolsonaro no PP
O PP já avisou aos filiados em São Paulo que o deputado Eduardo Bolsonaro ficará com o controle do diretório do partido no estado. Como o mais votado em 2018, não poderia ser diferente, avaliam os pepistas.

“Se precisar, eu saio”/ Diante dessa definição, o presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, deputado Fausto Pinato (PP-SP), que já se desentendeu com Eduardo por três oportunidades, disse à coluna que não tem problema algum em relação a isso. “Eu não sou problema para a filiação do pai dele, o problema é o Nordeste”, tem dito Pinato, referindo-se à parcela do PP que aceitará o presidente a contragosto.

Só em 2022/ Se nada mudar até a semana que vem, as sessões presenciais só serão retomadas em fevereiro do próximo ano. É que, na última sondagem, há alguns dias, a maioria dos líderes era contra o retorno presencial, por causa do grande número de casos de covid registrados na Casa.

Saia justa/ Os bolsonaristas não querem saber de passaporte de vacina para frequentar o plenário, embora a maioria já esteja vacinada.

Relatório não vai faltar/ Até aqui, a CPI da Pandemia já tem apresentado o relatório do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que pede o indiciamento do presidente Jair Bolsonaro por sete crimes. Renan Calheiros apontará 11. E o do governo dirá que o presidente agiu para salvar a população. E cada grupo sairá com a sua narrativa.

Prévia tucana terá debate no Globo sem João Dória

Publicado em ELEIÇÕES 2022
AFP/ Nelson Almeida

 

Surpreendido pelo pacote pronto do modelo de debate para as prévias do PSDB, o governador de São Paulo, João Dória, decidiu ficar fora do primeiro encontro entre os candidatos à prévia tucana, promovido pelo grupo Globo e Valor Econômico na próxima terça-feira. Na quinta-feira, em Brasília, as assessorias dos candidatos se reuniram para definir as regras do debate. Os promotores do evento, porém, conforme contam os integrantes do PSDB, já chegaram com um modelo que repete os debates tradicionais das eleições brasileiras. A assessoria de Doria protestou.

Os estrategistas do governador paulista defende um modelo com menos confronto e voltado ao debate por temas, tais como, educação, saude, meio ambiente. Afinal, avaliam seus assessores, o debate é mais para o publico interno do partido, que votará na prévia para escolha do candidato a presidente da República em 21 de novembro. Dória tem dito a amigos que participará de outros debates, porém, o modelo não pode ser o de confronto entre candidatos, que, a partir de novembro, estarão juntos. E as regras precisam ser definidas pelo partido e não seguir o mesmo modelo da eleição, quando os adversários não são do mesmo time. Até a prévia, há outros dois programados, um em São Paulo e outro na CNN Brasil.

PEC da Tributária vira tábua para três crises

Publicado em Política

PEC da Tributária vira tábua para três crises
Ao dizer que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) pode “evoluir na análise da Proposta de Emenda Constitucional 110 (reforma tributária) ainda este ano”, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), dá uma saída honrosa para o presidente do colegiado, Davi Alcolumbre (DEM-AP): colocar em pauta a PEC 110, o que deve levar algumas semanas, e, em seguida, colocar em pauta a sabatina de André Mendonça para ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) em votação.
Assim, Alcolumbre teria em pauta um tema que é cobrado pelo mercado, como uma luz para tentar arrefecer a crise econômica. Ajuda os governadores, que estão contra a mudança do cálculo do ICMS, aprovado pela Câmara na quarta-feira. E, de quebra, dá um tempo para resolver o imbróglio gerado pelo atraso na sabatina de Mendonça. Falta combinar, porém, com os governistas e com os senadores que estão irritadíssimos com essa “birra” do presidente da CCJ.

 

Ponto sem retorno
Davi Alcolumbre não conseguirá abrir uma sessão da CCJ sem ser cobrado pela sabatina de André Mendonça. O presidente Jair Bolsonaro também não pode ceder ao senador. Se o fizer, ficará desmoralizado.

 

Placar
A avaliação dos senadores é a de que Alcolumbre não marca a sabatina porque não tem número para rejeitar a indicação de Mendonça para ministro do STF.

 

De fora para dentro não vai
Em vários estados, a onda provocada pelos apoiadores de Eduardo Leite na prévia que escolherá o candidato do PSDB ao Planalto é vista com desconfiança, porque está mais incensada por quem não tem voto dentro do partido. Além disso, vem de Minas Gerais a ideia de fazer de Leite candidato a vice numa chapa encabeçada por Rodrigo Pacheco.

 

Por falar em economia…
A fala do presidente sobre privatizar a Petrobras foi bem recebida pelo mercado, porém não pelo mesmo motivo de Bolsonaro. O presidente quer se livrar do imbróglio do preço dos combustíveis. O mercado quer é se livrar da intervenção política na estatal.

 

… o futuro é logo ali
No governo, há quem também olhe para essa privatização com bons olhos, e por outros motivos. É que, atualmente, mesmo um mau negócio no petróleo é considerado um bom negócio. Porém, no futuro, com a sustentabilidade e as novas fontes de energia, a tendência é o mundo, aos poucos, abandonar os combustíveis fósseis.

 

Guedes na Câmara
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), avisou aos parlamentares que vai marcar a audiência com o ministro da Economia, Paulo Guedes, no plenário da Casa, já na semana que vem. A ideia é que ele explique logo a offshore de forma a virar essa
página de desgaste.

 

Curtidas

Eles escolheram outro/ O ex-ministro Aloizio Mercadante (foto) ensaiou seu ingresso como interlocutor do mercado da pré-campanha do PT à Presidência da República. Deu água.

O preferido/ Com os ex-ministros da Fazenda de Lula queimados ou cuidando da vida fora da órbita petista, o mercado prefere conversar com o ex-prefeito de São Paulo e ex-candidato a presidente Fernando Haddad — que, aliás, foi o convidado do jantar promovido pela Esfera, instituição que reúne empresários e financistas em São Paulo.

Veja bem/ Haddad disse aos presentes que Lula está maduro e não chegará com sede de vingança contra aqueles que apoiaram o impeachment de Dilma Rousseff, nem tampouco aqueles que o levaram à cadeia. Essa desconfiança, porém, não se dissipou.

Flávia em movimento/ A ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, trabalha com um olho na articulação política de Bolsonaro e outro na sua base eleitoral no DF. Esta semana, ela entregou 12 eletrocardiógrafos ao Instituto de Cardiologia do DF, o antigo Incor-DF, adquiridos com suas emendas ao Orçamento da União.

Ibope baixo/ Por essa o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) não esperava. Ele foi tomar a segunda dose da vacina contra covid-19 num posto de saúde e foi alvo de xingamentos, do tipo “miliciano”, “genocida” — e por aí foi. Tem deputado bolsonarista dizendo internamente que evita sair em fotos com o senador dono da mansão de R$ 6 milhões.

A onda de Eduardo Leite pode juntar o União Brasil ao PSDB

Publicado em coluna Brasília-DF

Com quase R$ 1 bilhão em caixa, o União Brasil avalia, em suas reuniões mais fechadas, apoiar o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, à Presidência da República, caso o gaúcho vença a prévia do PSDB no mês que vem. Até no Podemos, partido ao qual Sergio Moro pretende se filiar em 9 de novembro, o nome do governador é visto com bons olhos.

Do lado do União Brasil, o antigo DEM de ACM Neto tem feito a seguinte exigência em suas conversas: fazer do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta candidato a vice. O cargo de vice é um espaço de poder capaz de influir nas decisões de governo, quando o titular permite. Ou conspirar quando a aliança dá errado.

Em tempo: ninguém, entretanto, apoiará desde já qualquer nome para concorrer contra Lula e Bolsonaro. Tampouco no final de novembro, quando será conhecido o resultado da prévia do PSDB. A ordem é esperar para ver como estará o país depois do carnaval de 2022. Afinal, mesmo nesses partidos de centro que buscam um candidato, há uma certeza de que se o presidente da República se recuperar, a terceira via morre na praia.

Um tucano, dois planos

O ex-governador Geraldo Alckmin não descarta mais continuar no PSDB e terminar candidato ao Senado em apoio a Rodrigo Garcia, candidato a governador que tem o apoio de João Doria. Porém, ainda não fechou a porta para se filiar ao PSD de Gilberto Kassab e concorrer ao governo de São Paulo.

Os ventos mudaram
A nota em que o presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), diz que não aceita ser “perseguido” e “chantageado” foi vista como um sinal de desespero do senador. A avaliação é a de que ele perdeu terreno na Casa ao bater o pé contra a sabatina de André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal (STF). Está a cada dia mais difícil buscar uma saída honrosa para o parlamentar. Afinal, não há justificativa republicana para segurar uma indicação a outro Poder.

Enquanto isso, na esquerda…
O bate-boca entre Ciro Gomes e a ex-presidente Dilma Rousseff tirou de vez qualquer esperança de acordo entre PT e o pedetista. Mas não entre Lula e o PDT contra Bolsonaro, caso Ciro não esteja — e a preços de hoje não estará — no segundo turno. Porém, como ainda tem muita água para rolar sob a ponte para 2022, ninguém no PDT avançará o sinal.

Herança de Rosa/ A assessoria do ministro aposentado Celso de Mello, no Supremo Tribunal Federal, foi quase toda trabalhar no gabinete da ministra Rosa Weber, que sempre viu no antigo decano uma grande referência.

“Não subestimem o Gordinho”/ A frase foi dita num jantar como um aviso a respeito do estilo Davi Alcolumbre, quando o senador ainda era candidato a presidente do Senado, em 2019. Continua valendo.

“Sextou” para eles/ Operadores de planos de saúde como um todo estavam para lá de preocupados com a CPI da Covid. Agora, com a confirmação do fim dos trabalhos na semana que vem, os advogados, por exemplo, começam a desmobilizar seu pessoal.

Olho vivo/ Os economistas estão de olho no IBC-Br de agosto, o índice de atividade econômica, considerado a prévia do PIB, que será divulgado amanhã (15/10). E os políticos vão acompanhar de perto para cobrar do ministro da Economia, Paulo Guedes.

Senado não quer deixar CPI cair no esquecimento

Publicado em coluna Brasília-DF

Embora estejam dispostos a encerrar oficialmente os trabalhos da CPI da Pandemia em breve, os senadores já têm pronto todo um roteiro para não deixar o tema cair no esquecimento. Ao mesmo tempo em que prometem movimentar o final deste ano levando o relatório a várias instâncias — à Procuradoria-Geral da República (PGR); à Corte Internacional, na Suíça; passando, ainda, pelo Tribunal de Contas da União —, também já está definida a criação de uma Frente Parlamentar de Combate à covid-19 e outras epidemias.

A ideia é manter todos mobilizados para não deixar que, no ano eleitoral, com a população-alvo 100% vacinada, as pessoas deixem esse tema de lado e deem razão ao presidente Jair Bolsonaro, que sempre se referiu aos problemas econômicos gerados com o fechamento do comércio. O plano é preservar acesa a luz sobre o que muitos senadores chamam de “irresponsabilidade sanitária” do governo e do presidente da República, que, invariavelmente, criticava as medidas de distanciamento social. Com a Frente e o acompanhamento das ações judiciais e políticas que a CPI cobrará mundo afora, os senadores acreditam que o assunto ainda estará bem quente no ano eleitoral.

Modus operandi

Quem acompanha o jeitão do presidente Jair Bolsonaro com seus aliados e colaboradores tem certeza de que ele não afastará Paulo Guedes por causa da offshore nas Ilhas Britânicas. Mas isso não significa que o Centrão não aproveitará a “sabatina” no plenário da Câmara para chacoalhar o ministro da Economia.

Ele é assim
Aliados têm sido unânimes em observar que o presidente Jair Bolsonaro segurou Ricardo Salles no Ministério do Ambiente enquanto pôde. E não fará diferente com o ministro da Economia, que ainda tem um pé de sustentação no mercado.

Diferenças
No caso de Ricardo Salles, houve uma grande pressão internacional para que ele fosse afastado. O Brasil viu vários países suspendendo repasses de recursos e, constantemente, o governo passou pelo constrangimento de ver autoridades estrangeiras fazendo coro nas críticas ao ministro. No caso de Paulo Guedes, não há esse clima de animosidade externa.

Por falar em público externo…
Ao dizer que só vai prorrogar o auxílio emergencial se houver nova variante que agrave o cenário da pandemia, Paulo Guedes tenta manter o discurso de austeridade fiscal e afastar o fantasma do descontrole. Hoje, o governo retoma a batalha pelo Auxílio Brasil — o Bolsa Família sob nova roupagem —, que ainda está sem recursos definidos e depende da aprovação da PEC dos precatórios. O presidente tem pressa em ver esse programa de pé.

Conselheiros/ Amigos do ex-secretário do Tesouro Mansueto Almeida são muito francos quando perguntados se ele deveria aceitar um cargo de ministro no governo Bolsonaro. Dizem que ele será considerado “maluco”.

Na missa e no culto/ A presença do presidente Jair Bolsonaro na Basílica de Nossa Senhora Aparecida deu aos bolsonaristas o sinal de divisão do eleitorado católico. Ouviu aplausos e vaias. Nos cultos evangélicos, o presidente nunca ouviu vaias. Pelo menos, até aqui.

Tem que manter isso/ Para segurar a expressiva parcela do eleitorado evangélico, o presidente terá algum trabalho. Precisa garantir que seus ministros defendam com mais ênfase a aprovação de André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal e deixar de lado o projeto de regulamentação dos cassinos, que, volta e meia, retorna à baila.

Caiu na rede/ Aliados do governo ficaram preocupados com “fora Bolsonaro” entoado nos Jogos Universitários em Brasília. Há quem defenda que o governo busque urgentemente uma forma de conquistar um naco do eleitorado das universidades, porém a turma do Planalto faz ouvidos de mercador. É que, no entorno de Bolsonaro, em vez de buscar compreender e conquistar esse eleitorado, prevalece a ideia de que os universitários são petistas.

Quem manda no Orçamento manda em tudo

Publicado em coluna Brasília-DF

O governo está quebrando a cabeça para tentar descobrir uma fórmula de retomar algum poder de gestão orçamentária. Essa prerrogativa de comando escorre pelos dedos dos presidentes da República desde 2015. Em seus primeiros meses como presidente da Câmara, o deputado Eduardo Cunha fez valer a sua maioria e aprovou sem dificuldades o Orçamento impositivo para emendas individuais. Abriu-se a porteira. Depois, veio a mesma obrigatoriedade de liberação para as emendas de bancada e, recentemente, para as de relator, as RP9, hoje controladas por Arthur Lira.

As apostas do governo são as de que, com o controle sobre o Orçamento e com o preço dos combustíveis nas alturas, a tendência dos parlamentares será buscar outros caminhos em 2022. Dificilmente Bolsonaro terá gente sua nos estados e nas redes sociais pedindo votos pela sua reeleição. Não por acaso, o próprio Eduardo Cunha, conhecedor das manobras políticas, avisou em recentes conversas que, se Bolsonaro não resolver o problema do preço dos combustíveis e a inflação, pode esquecer um segundo mandato. A essa avaliação, outros congressistas têm acrescentado as liberações orçamentárias.

Os testes de Paulo Guedes

As especulações sobre a saída de Paulo Guedes da Economia foram prontamente descartadas por ministros do Planalto. Bolsonaro não vai demitir Guedes, que está em missão no exterior, em reuniões com o BID e o FMI e, ainda, tem reunião do G-20. Até aqui, a ideia é de que o Posto Ipiranga esclareça a offshore e apresente os dados da economia ao Congresso.

Uma no cravo…
O presidente da Câmara, Arthur Lira, pretende votar esta semana a mudança de cálculo do ICMS que incide sobre os combustíveis para ver se será possível dar aquela aliviada para o contribuinte. E, de quebra, melhorar a imagem de quem está no poder.

… outra na ferradura
Os líderes querem ver ainda se aproveitam essa semana curta pelo feriado desta terça-feira para ver se conseguem votar a emenda constitucional que mexe na composição do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e já vem sendo chamada de “a PEC da vingança”. Nesta quarta-feira, inclusive tem manifestação dos procuradores contra a mudança.

Duas medidas
A negativa do ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski para obrigar o Senado a marcar a sabatina de André Mendonça foi um balde de água fria para os senadores. Eles esperavam que o STF tivesse decisão idêntica àquela que obrigou a instalação da CPI da Pandemia. Porém, não há uma norma escrita que defina um prazo para essa sessão. É diferente de um pedido de CPI, que, protocolado, deve ser lido no plenário da Casa.

Vai sobrar para ele
Já tem senador dizendo, entre quatro paredes, que ou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, enfrenta o presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Davi Alcolumbre, ou o país que espere a boa vontade do senador amapaense.

A união faz a força/ É bom a deputada Celina Leão (PP-DF) “já ir se acostumando”, dizem aliados da deputada Bia Kicis
(PSL-DF). É para lá que Bia deve ir, caso o presidente Jair Bolsonaro se filie mesmo para o Progressistas.

Cálculos políticos/ Bia foi eleita praticamente sozinha em 2018, pelo PRTB, no embalo do bolsonarismo. Celina, por sua vez, conforme o leitor da coluna já sabe, teve uma ampla coligação, inclusive com o PSL, partido de Bolsonaro à época. Agora, os aliados de Bia acreditam que, num cenário sem coligação, será inclusive melhor para Celina ter Bia no seu partido. Só tem um probleminha: se conseguirem conquistar uma vaga só, e Bia mantiver a posição de uma das mais votadas, Celina vai sobrar.

Estado laico e religiosidade I/ O tema volta à baila no livro do advogado João Paulo de Campos Echeverria, A religiosidade do Estado laico e a secularização do sagrado normativo. O estudo considera que há um equívoco quando se considera que um Estado laico não pode ter qualquer relação com a religião. Echeverria lembra que a história brasileira é de um Estado formado a partir de um povo cristão. E, ao negar o exercício da religião, o Estado nega a si mesmo.

Estado laico e religiosidade II/O autor autografa o livro nesta quarta-feira, 13, a partir de 19h, no restaurante Carpe Diem, no Centro Cultural Banco do Brasil, setor de Clubes Norte.

Dia da padroeira do Brasil e das crianças, Que Nossa Senhora Aparecida nos proteja hoje e sempre.