Autor: Denise Rothenburg
O gesto de unir o polegar ao indicador feito por Filipe Martins, atrás do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, vai lhe custar o cargo de assessor internacional do Planalto. Pelo menos, esse é o entendimento de aliados que conversaram com o presidente Jair Bolsonaro. A ideia é tentar mostrar que presidente não compactua com qualquer desrespeito ao Senado, ainda mais nesse momento em que a Casa segura a CPI da Covid-19 e todas as investidas da oposição contra o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).
O presidente, porém, não pretende entregar os dois _ Filipe e o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Araújo, inclusive, foi se reunir com o presidente da Câmara, Arthur Lira, para tentar buscar algum lastro político diante das ofensivas a que esteve exposto nas últimas 24 horas. Hoje `tarde, por exemplo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, foi direto ao dizer que a política externa do governo precisa mudar e que o governo já cometeu muitos erros na pandemia. A bola esta com Bolsonaro, que deve dar alguma luz sobre se tema na sua tradicional live desta quinta-feira. Pelo menos, é isso que aliados do Planalto esperam.
O gesto foi justificado pelo assessor como uma “ajeitada no paletó” e ele ameaça inclusive processo todos que disseram que ele teve a intenção de fazer um gesto obsceno. Porém, não foi assim que muitos senadores entenderam. O classificado inclusive como um simbolismo da supremacia branca, onde os três dedos abertos são interpretados como um “W”, representando a palavra White, e o polegar unido ao indicador seria o “P”, de power, White-power. Por mais que Filipe não tenha tido a intenção, a política, dizem os parlamentares é feita de gestos. E de um assessor internacional, avaliam deputados, espera-se, no mínimo, boas maneiras.
As despedidas do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello com insinuações sobre pedidos de dinheiro no ministério e referências a políticos com declarações do tipo “todos queriam um pixulé” colocaram por um fio o discurso de união nacional construído na reunião do Alvorada. Em breve, Pazuello será chamado ao Parlamento para dar nome aos bois. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não gostou dessa menção. Em princípio, não baterá de frente com o governo, tem dito que não é hora de “enfrentamentos”, mas não fará objeções, se houver um chamamento ao general para se explicar.
A fala de Pazuello ajudou, ainda, como pano de fundo para o duro discurso de Lira e do recado direto ao Planalto, ao dizer que “tudo tem limite” e que os “remédios políticos são conhecidos e todos amargos”. A menção aos remédios, a preços de hoje, é apenas um aviso para que o Brasil mude as suas políticas interna e externa em relação à pandemia. E também para que falas desrespeitosas às excelências, como a de Pazuello, não se repitam. O Congresso tem claro que não fará o papel de “coveiro” das 300 mil mortes causadas pela covid-19. Antes que chegue a esse ponto, jogará a batata quente no colo do Planalto.
Ficamos todos bem
A reunião no Alvorada cumpriu, na visão do Planalto, o objetivo a que se propôs: mostrar que o governo tem preocupação com a vida das pessoas e quer união nacional. Quanto aos detalhes sobre lockdown e toques de recolher, isso será função do Ministério da Saúde. O presidente não pretende mudar seu discurso nesse quesito.
Fritada de Ernesto I
O leitor assíduo da coluna já sabe que, desde a posse de Joe Biden, a pressão para substituir o chanceler Ernesto Araújo vem num crescente e, agora, diante da necessidade de diálogo com China e Estados Unidos em busca das vacinas, chegou ao ápice. Depois de ser cobrado por Arthur Lira na reunião da manhã, ele não conseguiu explicar em detalhes aos deputados e senadores nem as conversas sobre vacinas e nem a viagem a Israel, a não ser que foi “em busca da ciência”.
Fritada de Ernesto II
O senador Izalci Lucas (PSDB-DF), por exemplo, quis saber por que o ministro não recorreu ao Brics, em meados do ano passado, em busca das vacinas, uma vez que, dos cinco países, três produzem imunizantes. A resposta foi evasiva. No período citado pelo parlamentar, a linha de Bolsonaro era a de que a vacina chinesa “não será comprada”. Ernesto desconversou e mencionou preferência por acordos bilaterais. Nada de pressão do governo Trump para não negociar com a Rússia.
“Esse é meu”
Lá atrás, em janeiro, o presidente Jair Bolsonaro colocou o seu ministro das Relações Exteriores nas comitivas de suas viagens para deixar claro que Ernesto fica. Ontem (24/3), Bolsonaro também não gostou da fritura do seu chanceler.
Eduardo, o incômodo diplomático I/ Depois dos problemas com a China, agora Eduardo Bolsonaro atrapalha a relação com o Irã. Ao pedir uma moção de repúdio ao Hezbollah na Comissão de Relações Exteriores, 03 cita o Irã como financiador desse grupo e coloca entre parênteses “segundo pesquisa da Fundação para a Defesa das Democracias, com sede em Washington, DC”.
Eduardo, o incômodo diplomático II/ Não prestou. O deputado Fausto Pinato (PP-SP) precisou entrar no circuito para acalmar os diplomatas iranianos. E pensar que Eduardo ainda queria ser embaixador nos Estados Unidos.
O “fura fila” da vacina/ A vergonhosa atuação de empresários que se vacinaram em Minas Gerais, incluindo o ex-senador Clésio Andrade, vai parar na Justiça. Há um grupo disposto a obrigar esse segmento do empresariado a importar o mesmo número de doses que usou fora da fila para entregar ao Sistema Único de Saúde, ou doar o valor para o governo fazer essa compra dentro da fila.
Por falar em vacinas…/ A senadora Kátia Abreu (PDT-TO), que já ganhou o apelido de demolidora de ministros, deixou Ernesto Araújo sem resposta ao mencionar que os fabricantes de vacinas não confirmaram o calendário do governo. A resposta cabe ao Ministério da Saúde.
Voz isolada/ O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, foi o único a defender o “isolamento social” em seu discurso depois da reunião do Planalto. Nas internas, obteve apoio maior por parte dos congressistas. Bolsonaro não vai mudar de opinião sobre o distanciamento social, quer a volta de todos os serviços, e ponto. Ou seja, a briga continua. Só que, agora, a classe política está assim: ou Bolsonaro muda ou perderá apoios para empreender seus projetos.
A reunião do “vai ou racha” forma comitê com um ano de atraso
A reunião dos poderes constituídos tenta dar um “freio de arrumação” na gestão a pandemia no Brasil, sob a liderança do presidente da República, Jair Bolsonaro, que se juntou ao discurso “vida em primeiro lugar”. Os pronunciamentos, porém, mostram que ainda teremos dificuldades em chegar a uma uniformização do atendimento e dos protocolos. O presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, falou em “tratamento precoce”, algo controverso na medicina, enquanto o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, lembrou que preciso entender que em caso de “situações críticas, também se faz necessário o isolamento social”, sendo o único a abordar esse tema em seu discurso.
Ficou claro também que, quem tentará fazer a ponte entre a medicina e a política, de forma a tentar buscar um consenso maior no país será o Congresso Nacional. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, será o canal direto com os governadores, enquanto o da Câmara, Arthur Lira, fará uma reunião com os líderes para tratar dos projetos que podem ser aprovados para agilizar a entrega de equipamentos aos hospitais, para que se dê um basta nas mortes nas filas dois hospitais e por vias na UTIs.
Esse comitê, com governadores, Pacheco, Lira, sob a coordenação de Bolsonaro, começa já e terá reuniões periódicas. Se isso resultará em uma politica uniforme de tratamento da pandemia ainda não se sabe. Assim como as vacinas, esse comitê chega atrasado, num cenário de três ml mortes diárias. O maior consenso da reunião é a necessidade de agilizar a vacinação. Já é um avanço.
Afastado do Planalto desde o episódio do convite à médica Ludhmilla Hajjar para assumir o Ministério da Saúde, o presidente da Câmara, Arthur Lira, reata suas pontes com a oposição e justamente no momento em que o Supremo Tribunal Federal (STF) julga Sergio Moro suspeito no caso do triplex atribuído ao ex-presidente Lula. Essa foi a leitura política da decisão de colocar em pauta apenas propostas relacionadas à pandemia, que será detalhada, ainda hoje (24/3), em nova reunião de líderes. A medida veio acompanhada de apelos para que se deixe de lado a ideologia e a política, a fim de dar mais foco à vida das pessoas.
A decisão de Arthur Lira joga para escanteio propostas da pauta ideológica do governo e põe uma parte do PP em distanciamento regulamentar. Na hipótese de o eleitorado seguir noutro sentido em 2022, o partido terá uma ala pronta para aportar no barco oposicionista e puxar os náufragos. Num cenário de 3.251 mortes por covid registradas em 24 horas e panelaços nos três minutos do pronunciamento presidencial, a maioria dos partidos prefere o distanciamento social do governo.
O voto da modulação
A argumentação da ministra Cármen Lúcia foi considerada um ponto de partida para evitar que a suspeição de Sergio Moro no caso do ex-presidente Lula sobre o triplex sirva para derrubar toda a Lava-Jato. Muitos vão tentar, mas os ministros consideram que não dá para dizer que a Petrobras era um convento e tudo o que foi apurado era “perseguição política”.
O aniversário da “gripezinha”
Hoje, completa um ano que o presidente Jair Bolsonaro foi à tevê dizer que, “pelo seu histórico de atleta, seria uma gripezinha” e que a pandemia ia passar “brevemente”, defendendo a volta à normalidade, isolando-se apenas os idosos. Agora, diante do pronunciamento de defesa das vacinas, seus aliados esperam que ele tenha ajustado completamente o discurso.
Olha o foco I
O ajuste do discurso do presidente Jair Bolsonaro em defesa das vacinas trará mudanças, também, na oposição, que se dedicará de forma mais incisiva à cobrança de uma ação mais firme do governo no combate à pandemia. A ideia é proliferar que, enquanto Bolsonaro diz que defende as vacinas, o Ministério da Saúde revisa, para baixo, a disponibilidade de imunizantes no curto prazo.
Olha o foco II
Entra nesse roteiro, ainda, a exposição das responsabilidades do Ministério da Saúde na distribuição de medicamentos. Para refrescar a memória, as declarações de Bolsonaro, tais como a “não será comprada”, em referência à CoronaVac, quando desautorizou o então ministro Eduardo Pazuello.
Muita calma nessa hora
Os petistas viram a decisão sobre a suspeição de Sergio Moro como uma “decolagem autorizada” para Lula rumo a 2022. Porém, esse plano de voo ainda será avaliado. Neste momento grave da covid no Brasil, muitos consideram que não dá para sair por aí em pré-campanha.
O ajuste Supremo/ A decisão do ministro Marco Aurélio Mello, de rejeitar a ação do presidente Jair Bolsonaro contra a decisão dos estados de decretar toque de recolher e lockdown, terá total respaldo do plenário do STF, caso haja um recurso por parte do Poder Executivo.
Depois dos economistas…/ O comando da pré-campanha de Ciro Gomes (PDT) vai se dedicar a preparar a lista de ações que o governo não adotou no momento certo neste um ano de pandemia da covid-19.
Três Hiroshimas/ Em 6 de agosto de 1945, a bomba que os Estados Unidos jogaram sobre a cidade de Hiroshima dizimou cerca de 80 mil pessoas. Ao final daquele ano, esse número já estava em 140 mil, em decorrência da radiação. “A covid, aqui, já matou o equivalente a mais de três bombas de Hiroshima”, comenta o ex-deputado Miro Teixeira.
Enquanto isso, no Planalto…/ A discreta posse a toque de caixa do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o pronunciamento em cadeia nacional de rádio e tevê foi a preparação da reunião de hoje de manhã de Bolsonaro com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco; da Câmara, Arthur Lira; e do STF, Luiz Fux, e governadores. Bolsonaro sabe que será cobrado por uma ação mais incisiva. E, se vier pedir o fim do lockdown, vai ouvir que será feito, quando houver segurança de atendimento médico e vacinas em todo o país. O dia promete.
No rastro dos economistas/ Em live com José Sarney e Michel Temer, o MDB lançará manifesto com críticas às ações do governo de combate à pandemia e cobrará medidas para vencer a crise sanitária e econômica, a pior que o partido já viu em toda a sua história. O comando da pré-campanha de Ciro Gomes (PDT) também prepara uma lista de ações que o governo não adotou no momento certo neste um ano de pandemia.
Decisão da Segunda Turma é vista no PT como “decolagem autorizada” para Lula
A mudança de voto da ministra Cármen Lúcia, ao acolher o HC pela suspeição de Sérgio Moro no caso do triplex do ex-presidente Lula, mexe com todo o tabuleiro da política. O ex-presidente, que desde que foi solto aquece os motores para 2022, segue agora para a “decolagem autorizada”, como os petistas definem a decisão de hoje da Segunda Turma.
A animação dos petistas, porém, não é compartilhada por todos os partidos da esquerda. O PDT de Ciro Gomes, por exemplo, segue focado na cobrança de ações de combate à pandemia por parte do governo federal. O Centrão, por sua vez, que já foi aliado de Lula e hoje está com Jair Bolsonaro, se divide. Um parte continuará aliada ao governo e aumentará o preço para apoiar o presidente. Outra, insatisfeita, vai tratar de reconstruir as pontes com o PT.
No MDB, onde Michel Temer começa a ser citado como um “Joe Biden à brasileira”, a ordem é esperar e ver como o eleitorado reagirá à suspeição de Sérgio Moro. Afinal, na avaliação dos emedebistas, há muita gente que olha com desconfiança para essa decisão contra o ex-juiz, justamente num momento em que o Brasil vira o epicentro da pandemia. Bolsonaro, por sua vez, ganhou um adversário que, assim como ele, adota uma linguagem simples e que o povo entende. O centro não tem hoje ninguém com um plano de vôo que represente a segurança de quebra dessa polarização. E, se até o início do próximo ano, esse nome não aparecer, os partidos vão se dividir entre Lula e Bolsonaro. A não ser que Bolsonaro caia ainda mais e termine fora do segundo turno, é o que teremos para o futuro próximo.
Hoje, há quem diga, por exemplo, que após essa suspeição do ex-juiz, quem terá que operar por instrumentos, é Bolsonaro.
A surpresa do voto de Kássio Nunes Marques eleva a pressão sobre Cármen Lúcia
A visível irritação do ministro Gilmar Mendes nesta tarde com o voto do ministro Kássio Nunes Marques contra a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro se deveu ao fato do decano da Segunda Turma do STF não estar preparado para um placar favorável a Moro. O sentido da eloquência de Gilmar há pouco foi para tentar levar a ministra Cármen Lúcia a mudar o seu voto daqui a pouco, quando a Segunda Turma voltar do intervalo. Até aqui, está três votos a dois em favor de Moro. Cármen Lúcia, que votou contra a suspeição, havia dito no mês passado, que poderia mudar o voto.
A rusga entre Gilmar Mendes e Kássio Nunes Marques sobrou até para o Piauí. Gilmar soltou um “nem no Piauí”, se referindo às argumentação de Nunes Marques para considerar Moro insuspeito. A rebatida de Nunes Marques indica que ele não irá ouvir insultos calado: “Não vou fazer nem réplica, nem tréplica do meu voto, mas vou usar uma imagem. Duas pessoas se encontraram num cemitério, um põe flores e outro um prato de arroz”. Marques contou ainda que, quem levava as flores achou estranho e perguntou se o defunto iria ressuscitar e comer o arroz.”Da mesma forma que o seu vai poder cheirar as flores”, afirmou o ministro, pedindo respeito a quem pensa diferente.
“Seria bom o senhor também esclarecer a sua fala sobre o Piauí, cobrou Marques., “seria uma forma de desprezar um estado pequeno”. Gilmar, então pediu desculpas. Resta saber agora o que fará Cármen Lúcia. Ela é considerada agora a que pode virar o jogo em favor de Lula.
Forças Armadas descartam apoio a impeachment e a intervenção militar
Nem tanto à terra, nem tanto ao mar. Quem tem conversado com os comandantes militares já avisou aos atores da política que os movimentos pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro não terão sustentação nas Forças Armadas. Da mesma forma, também é considerada fora de cogitação qualquer intervenção militar para garantir a liberdade geral de circulação de pessoas em meio ao colapso do sistema de saúde. Diante desse “aviso” em favor do lockdown e contra o impeachment, a ordem nesta semana é que virá o diálogo aberto entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Resta saber se será mais um desfile de fotos sem mudança de atitudes, como em 2020, ou para valer, em prol da saúde das pessoas.
Bolsonaro já deu o recado a seus apoiadores, no domingo, e avisou, de antemão, que não está convencido da necessidade de lockdown num cenário de UTIs lotadas, incerteza de atendimento e vacinas em atraso. Se chegar com esse espírito para a reunião, a tendência é de que vire mais uma pose para fotos, sem muito resultado prático em termos de coordenação nacional.
Ficamos assim
Não conte com o Supremo Tribunal Federal para reverter as medidas restritivas pelo país afora. Esse é o sentimento que vem do STF diante da ação do presidente Jair Bolsonaro contra o lockdown.
“É coisa de tucano”
A carta aberta com mais de 500 assinaturas de economistas renomados, expoentes do setor financeiro, do empresariado, com apelos ao governo em prol do distanciamento social e vacinas como a chave para salvar vidas não sensibilizou o Planalto. Bolsonaro está convencido de que a iniciativa tem o dedo dos tucanos para tirá-lo do páreo em 2022.
Esqueçam 2018
A perspectiva de criação de um “Ministério Extraordinário da Amazônia” para abrigar Eduardo Pazuello desmonta o discurso da campanha passada, de enxugar o número de pastas e cargos em comissão. De quebra, ainda deixa em desconforto o vice-presidente Hamilton Mourão, que hoje cuida dessa seara junto com o Ministério do Meio Ambiente.
CURTIDAS
Biden brasileiro I/ É assim que os amigos do ex-presidente Michel Temer têm se referido a ele nos bastidores. E a contar pela recepção do tuíte de Temer, dizendo que é candidato apenas à segunda dose da vacina, não se descarta nada. Ele tem 80 anos, boa saúde e paciência não lhe falta. Haja visto os dois anos de governo.
Biden brasileiro II/ Nos grupos de deputados, o #VoltaTemer e traz o (Henrique) Meirelles (ministro da Fazenda) de volta foi mais bem recebida do que poderiam imaginar os amigos do ex-presidente. Na cabeça de todos eles, está certo que Joe Biden, aos 78 anos e experiente, com uma vice mais jovem, Kamala Harris, foi a forma encontrada para derrotar Donald Trump nos Estados Unidos.
Olho nele/ Vale prestar atenção, ainda, na movimentação do prefeito do Rio, Eduardo Paes. Nos partidos de centro, tudo será testado até o ano que vem, para tentar quebrar a polarização entre Lula e Jair Bolsonaro.
Por falar em Bolsonaro…/ Ao ouvir o presidente dizer, em solenidade no Planalto, que o “Brasil vem dando certo” e “um dos poucos países que está vanguarda na busca de soluções”, alguns convidados se remexeram em suas cadeiras. Afinal, diante de um número médio de 2 mil mortes diárias, não é exemplo para ninguém. O alento de muitos, porém, foi ouvir o presidente dizer que “ainda não há uma cura para a doença”. Só isso já foi visto como um avanço.
É hoje!/ O seminário on-line “Desafios para o Brasil pós-pandemia”, do Correio Braziliense. A abertura está a cargo do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e o encerramento será do ministro da Economia, Paulo Guedes. O momento é de planejar e pensar, a fim de ser exemplo para o futuro.
É surreal que, durante o momento mais grave da pandemia, tenhamos um ministro demitido que continua no cargo e um ministro escolhido que não assume. As pessoas morrendo e o país sem ministro”
Vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM)
Major Olímpio trabalhava numa PEC para isenção de impostos sobre vacinas
Em fevereiro, antes de ser internado com Covid-19, o senador Major Olímpio (PSL-SP) havia pedido ao ex-secretário da Receita Federal Everardo Maciel que preparasse uma proposta de emenda constitucional para isenção de todos os tributos e contribuições incidentes sobre a produção. transporte, importação e aplicação de vacinas para uso humano. O texto ficou pronto rapidamente e Major Olímpio já estava coletando as assinaturas para que a PEC passasse a tramitar em regime de urgência. Havia conseguido 17 assinaturas, quando foi internado. Vitor, o assessor que cuidava do recolhimento das assinaturas para a tramitação da PEC, também ficou internado e teve alta nesta semana. Agora, seu gabinete pedirá aos senadores que dêem prioridade à proposta, e que seja declarada como “Lei Major Olímpio”
Major Olímpio decidiu abraçar essa causa da isenção de impostos sobre vacinas ao ler um artigo de Everardo sobre o tema. Então, telefonou para o ex-secretário e combinaram a elaboração do texto. Everardo, que já tomou a primeira dose da vacina e aguarda a segunda. já perdeu cinco ex-colaboradores da Receita, vítimas da covid-19.
A reunião do presidente Jair Bolsonaro com o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, inclusive com a participação do ministro das Comunicações, Fábio Faria, teve o sentido de afinar o discurso e preparar direitinho o que o ministro deve dizer em relação ao distanciamento social. A ideia é colocar o governo num único tom, nem uma oitava a mais, nem a menos. E, a contar pelo que o presidente disse hoje a seus apoiadores na porta do Alvorada e o que alguns aliados comentam nos bastidores, Bolsonaro não admite lockdown. Aos apoiadores, ele disse que essa medida foi usada no início da pandemia e não adiantou.
Diante dessa constatação, alguns avaliam que o ministro terá que fazer uma verdadeira ginástica para defender medidas restritivas em locais onde o sistema de saúde está no limite, ou seja, em 22 capitais. Por enquanto, Marcelo Queiroga fala em “distanciamento social inteligente” e em “seguir as recomendações da ciência, fortalecendo o atendimento hospitalar”. Pede ainda “paciência” e diz ter carta branca para atuar.
Em tempo: No governo, há quem diga que a comparação da fala de Queiroga com a de Nelson Teich, quando assumiu, é mera coincidência.
Na busca por um médico que siga a sua receita na Saúde, Bolsonaro recebe Marcelo Queiroga
O presidente Jair Bolsonaro está convencido de que, para ter maior reconhecimento da população no combate à pandemia, teria que trocar o ministro da Saúde. Agora à tarde, recebe o presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Marcelo Queiroga, o próximo da fila, depois da recusa da médica Ludhmilla Hajjar. Ambos têm algo em comum: são contra o uso da hidrocloroquina, que o presidente Jair Bolsonaro defende com tanta veemência. Queiroga foi indicado para a Agência Nacional de Saúde, e aguarda a votação no Senado.
Ludhmilla recusou porque considera que, neste momento, não é possível abrir mão do distanciamento social e avalia como ultrapassada a discussão sobre a cloroquina. Resta saber como Queiroga agirá em relação às exigências do presidente Jair Bolsonaro para exercer o cargo. Nos bastidores, há quem diga que Bolsonaro, na verdade, quer mesmo é um médico que a receita presidencial para conter a pandemia.