Autor: Denise Rothenburg
O governo considera esta terça-feira (4/5) praticamente perdida na CPI da Covid, mas, ainda assim, não vai entregar os pontos. A ideia é lembrar que o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta recomendava que as pessoas não procurassem atendimento logo nos primeiros sintomas e, além disso, tem pretensões políticas. O depoimento que mais preocupa, conforme antecipou a coluna no sábado, é o de Nelson Teich, o ministro que tentou colocar o Brasil na linha de frente dos testes das vacinas e saiu porque não quis incluir a hidroxicloroquina no protocolo de atendimento do Ministério da Saúde. A guerra de narrativas será voltada para Mandetta. Pelo menos parte dos governistas está disposta a tentar emparedar o ministro que, por sua vez, falará das dificuldades do governo em lidar com a pandemia.
Dia de estreia, olho neles
Os governistas do G-4 da CPI vão prestar atenção redobrada nesses depoimentos para ver quais senadores titulares são passíveis de aprovar um relatório paralelo, capaz de poupar o presidente Jair Bolsonaro. Até aqui, o G-7 não abriu uma brecha que assegure maioria para o governo.
Lula na área…
Um dos objetivos desta viagem do ex-presidente a Brasília é buscar apoio internacional para o Brasil no combate ao novo coronavírus. De quebra, mostrar para seus antigos apoiadores, que o abandonaram depois do petrolão, que ele não perdeu o respaldo lá fora.
… e na política
Já os gestos ao MDB vêm no sentido de marcar território e ajudar a aparar as arestas que ainda ficaram depois do impeachment de Dilma Rousseff. De integrantes da família Sarney, Lula ouvirá de pelo menos um deles que, em 2022, votará em quem for capaz de derrotar Bolsonaro.
O limite de quem manda
O presidente da Câmara, Arthur Lira, não gostou nada de ver o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) deixar o relatório da reforma tributária para hoje (4/5), para apresentação na comissão mista, com participação de deputados e de senadores. A medida, que não tem amparo regimental, soou a alguns como algo do tipo, “Arthur é presidente, mas não manda em mim”.
Mudança de hábito/ Na entrevista ontem (3/5), no Planalto, o presidente Jair Bolsonaro não só colocou a máscara depois de sua fala, como ficou um pouco atrás, na hora das explicações técnicas da avaliação do Orçamento por parte do ministro Paulo Guedes e do secretário Carlos Costa. A maioria dos servidores do Planalto também usava o acessório.
A hora é de discrição/ Lula pretende evitar entrevistas em Brasília. A alegação é a de que, em tempos de pandemia, fica difícil. Quanto ao almoço com Sarney, ambos já estão vacinados.
Nem tanto/ A Câmara dos Deputados abriu a exposição sobre as maravilhas da tecnologia 5G em várias atividades, especialmente, na agricultura e pecuária. Alguns funcionários ficaram assustados. Afinal, será aglomeração na certa, e ainda não chegamos ao nível de transmissão da Nova Zelândia, onde até os shows já estão liberados.
Bateu, levou/ O ministro Ricardo Salles adota um estilo daqueles que não levam desaforos para casa. Depois de ouvir calado vários discursos de deputados na comissão de Meio Ambiente, respondeu às perguntas intercalando com ataques aos congressistas e ainda chamou o deputado Rodrigo Agostinho (PSB-SP) de “ambientalista de palanque”. O risco é ficar apenas com os bolsonaristas em sua defesa, na hora de aprovar os projetos governamentais nesta área.
Embora tratada como por sua assessoria como uma agenda privada, a visita do ex-presidente Lula a Brasília movimentará o meio diplomático. O ex-presidente tem encontro marcado esta semana com diplomatas de, pelo menos, três países, Rússia, Alemanha e Argentina. Esses encontros são tratados como “visitas privadas”, mas a expectativa de deputados do PT e a de que o ex-presidente converse sobre o combate à pandemia, o cenário político do continente Sul americano e, de quebra, dê ainda aos diplomatas explicações sobre sua volta à ativa, depois da anulação suas condenações pelo Supremo Tribunal Federal.
Esses encontros são apenas um parte da agenda privada em Brasília. Lula tem ainda almoço marcado com o ex-presidente José Sarney, e há expectativa de uma conversa com o relator da CPI, Renan Calheiros. conforme adiantou a coluna Brasília-DF dia desses. Porém, esse encontro com Renan vem sendo desaconselhado por alguns petistas para não dar margem a versões de que Lula deseja influir na CPI da Covid, uma vez que Renan é o relator. Alguns petistas, por, garante que os dois vão se reunir. Lula chega à cidade esta tarde, junto com o ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, e segue direto para o hotel onde ficará hospedado.
Com a CPI da Covid no Senado e uma agenda na Câmara a cada dia mais atropelada pela antecipação dos acordos políticos com vistas a 2022, deputados avisam que a chance de aprovação de reformas estruturantes, como a tributária e a administrativa, é praticamente zero. Daí, a saída será o “fatiamento” da tributária, com a aprovação apenas da unificação PIS/Cofins, um “remendo” de forma a sinalizar uma certa boa vontade. As outras etapas, porém, ficarão para a temporada pós-eleitoral. A administrativa pode passar na Comissão de Constituição e Justiça, com vistas para o futuro, sem mexer com os atuais servidores.
Ninguém, no entanto, dirá abertamente que a tributária não será totalmente aprovada. O relatório será apresentado, amplamente debatido, vai para a CCJ, pode ter até uma comissão especial instalada. Entretanto, diante das dificuldades financeiras que o país atravessa, os deputados dizem, em conversas reservadas, que os acordos entre todos os atores são quase um sonho impossível. Há quem diga, inclusive, que, se mesmo com os governos totalmente focados na aprovação dessas reformas elas terminaram sem um desfecho, agora, diante de um Poder Executivo que se dividirá entre CPI, pandemia, acordos eleitorais e o que mais chegar, esse ressurgimento promete ser apenas mais uma temporada com abertura marcada para esta segunda-feira.
O recado do Dia do Trabalho
Quer os partidos gostem, quer não, foi expressivo o número de pessoas nas ruas em defesa do presidente Jair Bolsonaro, apesar da pandemia. Para muitos políticos, aliados e independentes está claro que não será por aí que a oposição conseguirá levar adiante um processo de impeachment.
O outro polo
Num cenário que caminha novamente para a polarização, o PT calcula que precisa vencer três desafios para chegar com fôlego a 2022: um bom candidato a vice que repita o perfil de José Alencar, um bom coordenador da área econômica, e, de quebra, uma boa âncora no segmento evangélico, em que o presidente Jair Bolsonaro tem muita força, especialmente, na periferia.
E a terceira via?
Quem enxerga longe ao analisar os movimentos políticos avisa que a união entre Ciro Gomes e o PSDB é praticamente impossível. Depois de realizar as prévias para definir um candidato, os tucanos não terão como voltar atrás e apoiar um nome de
outro partido.
Caciques menos poderosos
Especialistas em direito eleitoral e eleições defendem que a Justiça Eleitoral possa ter mais poder para atuar diretamente nos conflitos internos dos partidos e propõem que a distribuição de verbas do fundo partidário não fique somente a cargo dos diretórios nacionais, com a descentralização obrigatória. Esses dois pontos fazem parte das 26 recomendações da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep), entregues ao grupo de trabalho criado na Câmara dos Deputados para discutir o novo Código Eleitoral e a criação de um Código de Processo Eleitoral.
Renovação e transparência
A Abradep defende, ainda, que os partidos sejam obrigados a divulgar em tempo real as despesas com o Fundo Partidário e o Fundão Eleitoral, criado especificamente para financiar as campanhas. Mais de 140 profissionais, entre juristas, advogados, professores e membros do Ministério Público e da Justiça Eleitoral participaram da elaboração das propostas enviadas à Câmara.
Olho nele/ O comportamento do senador Marcos Rogério (DEM-RO) durante o depoimento do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, na terça-feira, na CPI da Covid, será acompanhado com muita atenção pela cúpula do Democratas. Afinal, Mandetta é um potencial nome do partido para a corrida presidencial em 2022.
Uma conversa importante/ José Sarney receberá Lula para um almoço esta semana em Brasília. É mais um gesto de reaproximação entre PT e MDB depois do impeachment de Dilma Rousseff.
Meu lugar é aqui/ O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) participou da manifestação em Brasília, na Esplanada dos Ministérios, com ares de pop star, posando para selfies com manifestantes. Muita gente estranhou, aliás, a ausência do deputado em São Paulo, onde foi eleito.
Luto no Senado/ Além do ex-diretor da Polícia Legislativa do Senado Pedro Ricardo Araújo Carvalho, funcionários terceirizados de gabinetes de senadores perderam a batalha para a covid na semana passada. A coluna se solidariza com todas as famílias que deram adeus a entes queridos. Se puder, fique em casa. Se sair, não se esqueça de usar a máscara da forma correta.
Nelson Teich, a chave do descaso do governo com as vacinas há um ano
Ninguém está muito atento à exposição que o ex-ministro Nelson Teich fará, na próxima terça-feira, à CPI da Covid. Porém é dali que alguns senadores esperam retirar informações preciosas para a investigação. Teich saiu por discordar da forma como o presidente Jair Bolsonaro desejava conduzir o combate ao coronavírus. Foi em sua gestão, inclusive, que houve os primeiros contatos com laboratórios para a produção de vacinas.
Em uma de suas várias entrevistas enquanto ministro, ele chegou a dizer: “A gente está conversando com possíveis laboratórios que vão produzir vacina para conseguir garantir, caso surja uma vacina, que o Brasil tenha uma parte”. Tudo isso já está no radar da CPI para esta terça-feira.
Primeira baixa
Diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres, Weber Ciloni deixa o cargo um ano antes do término do mandato. O diretor havia sido indicado ainda no governo Michel Temer pelo presidente do MDB, Baleia Rossi. A saída nesses primeiros dias da CPI da Covid e das investidas do partido contra o governo não é mera coincidência.
Novas baixas
Os emedebistas, aliás, já estão de olho no Diário Oficial da União. Afinal, depois da perseguição dos aliados de Baleia Rossi na campanha para presidência da Câmara, o mesmo se dará com aqueles que agora partirem para cima do governo na CPI da Covid.
Parlamento Europeu lamenta politização
Texto aprovado esta semana pelo Parlamento Europeu reitera a profunda preocupação com o impacto devastador da crise sanitária nos continentes europeu e latino-americano e pede reforço à cooperação entre as duas regiões. De quebra, “lamenta que a pandemia tenha sido fortemente politizada, inclusive através da retórica negacionista ou da minimização da gravidade da situação por parte dos chefes de Estado e de governo, e exorta os líderes políticos a agirem de forma responsável, a fim de evitar novos agravamentos da situação”.
Punição a campanhas de desinformação
O Parlamento Europeu diz, ainda, que “considera preocupantes as campanhas de desinformação relacionadas com a pandemia e insta as autoridades a identificar e perseguir judicialmente entidades que realizam tais ações”.
A pá de cal na “nova política”
Assim, muitos parlamentares se referem ao impeachment de Wilson Witzel no Rio de Janeiro. Ele era uma das principais apostas do grupo que elegeu Jair Bolsonaro, e deu no que deu. Agora, será preciso encontrar um novo mote para a campanha de reeleição do presidente.
Diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres, Weber Ciloni deixou o cargo nesta sexta-feira. Ele anunciou sua saída inclusive um ano antes do término de seu mandato. O diretor havia sido indicado ainda no governo Michel Temer, pelo presidente do MDB, Baleia Rossi. A saída nesses primeiros dias de CPI da Covid e das investidas do MDB contra o governo não é mera coincidência.
Embora ele tenha pedido demissão e tenha dito a amigos que a decisão foi de “foro íntimo”, os bastidores da politica em Brasília garantem que Ciloni teria sido praticamente pressionado a sair. Os emedebistas, aliás, já estão de olho no Diário Oficial. Afinal, depois da perseguição dos aliados de Baleia Rossi na campanha para presidência da Câmara, o mesmo se dará com aqueles que agora partirem para cima do governo na CPI da Covid.
O impeachment de Wilson Witzel é visto como uma pá de cal na chamada “nova política” e como um balde de água fria para aqueles que apostaram em uma guinada na politica estadual. Afinal, foram mais de quatro milhões de votos embalados pela campanha Jair Bolsonaro e a certeza de mudança nas relações entre os políticos. Era dali que o presidente Bolsonaro pretendia uma parceria para o combate ao crime. Witzel, porém, logo se colocaria como candidato a presidente da República, rompendo com o presidente da República. Agora, Bolsonaro se volta ao vice-governador, Cláudio Castro, que deseja concorrer a um novo mandato.
Enquanto Witzel cumpria o processo que teve seu desfecho hoje, Bolsonaro em Brasília se aproximava ainda mais do chamado “Centrão”, grupo de partidos que já integraram os governos Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma, Temer e, agora, dão sustentação ao presidente da República no estilo da “velha Politica” do toma-lá-dá-cá. Para bons entendedores, está a cada dia mais claro que Bolsonaro entrou no Planalto pela porta das mudanças na relação política, mas o campanha pelo segundo mandato será mesmo pela política que há anos garante esses partidos no poder.
O presidente ainda tenta segurar alguns cargos e uma estrutura longe desse jogo. Porém, com um orçamento apertado e uma CPI pela proa, será cada vez mais difícil manter o verniz de não se render ao toma-lá-dá-cá. Coincidentemente, o impeachment de Witzel encerra a semana de instalação da CPI da Covid. Há quem diga que agora virá a pá de cal na nova politica nacional.
Ao reservar um dia para ouvir apenas o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, a cúpula da CPI da Covid deixa transparecer que é ali onde o G-7 colocará a fim de saber todos os bastidores sobre o uso da hidroxicloroquina, a não-assinatura do contrato com a Pfizer e as alegações dele sobre a tragédia da falta de oxigênio em Manaus. E é bom o ex-ministro Pazuello se preparar, porque, conforme avaliação dos senadores, ele poderá ser convocado novamente, caso os documentos que vão chegar de Manaus indiquem que o governo estadual e/ou municipal pediram ajuda e ficaram a ver navios.
Em tempo: Pazuello até aqui não pretende fazer qualquer declaração que prejudique o presidente Jair Bolsonaro ou qualquer outra autoridade palaciana. Aliás, a presença do general semana passada num evento em Manaus, foi vista como um sinal de que está tudo bem entre eles. Mas, sabe como é: Vale para os depoimentos em CPIs a mesma máxima que vale para esse tipo de comissão, ou seja, todo mundo sabe como começa, mas ninguém sabe como termina.
Imagens para a campanha
A equipe do presidente Jair Bolsonaro vai guardar todas as imagens da chegada de vacinas, para contrapor àquelas em que o capitão dizia que a vacina chinesa não seria comprada.
Guerra de narrativas
O governo acredita que essas imagens e o incansável exército de Bolsonaro nas redes sociais serão mais que suficientes para fazer valer a versão de que o governo sempre apostou nos imunizantes. Inclusive para o discurso governista na CPI.
Cimento a preço de banana?
Estudo do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) aponta que, apesar do aumento dos preços das commodities, em especial, o petróleo, ter afetado o setor cimenteiro, o valor do produto por aqui ainda é um dos mais baixos do mundo, atrás dos Estados Unidos, Canadá, espanha e de vizinhos, como Argentina, Uruguai e Bolívia.
Nem tanto
O levantamento exclui os custos de transporte, que, no Brasil, são muito elevados, o que significa que a infraestrutura logística do país continua a pressionar preços, não só do cimento, mas de vários produtos. Presidente do Snic, Paulo Camillo Penna lembra que os custos dos insumos vêm sendo pressionados também pelo impacto do câmbio nos combustíveis, pelo aumento dos custos logísticos, de peças de reposição, refratários, papel e papelão.
CURTIDAS
Izalci no ataque/ Dos 50 requerimentos que apresentou à CPI da Covid, o líder do PSDB,Izalci Lucas (DF), saiu com o que mais desejava. Os pedidos de informações sobre a Operação Falso Negativo, que investigou aplicação e compra dos testes de detecção de covid no Distrito Federal. Há quem diga que é material que vai servir a futuros embates políticos.
Renan na defesa/ O relator da CPI, senador Renan Calheiros, inicialmente, foi contra esses pedidos e também a convocação de governadores e a criação de sub relatorias. Olhando para Izalci, Renan respondeu: “Quem tem algum problema com o seu governador, não é aqui que vai resolver”.
Alento/ A chegada das vacinas da Pfizer no dia em que o Brasil ultrapassou a terrível marca de 400 mil mortes foi um atenuante para o desgaste governamental. Não por acaso, foi uma comitiva para receber os imunizantes, inclusive o ministro das Comunicações, Fábio Faria, citado como um provável candidato a vice na chapa presidencial: “Em breve o país será um dos sete países produtores de vacinas contra covid”, disse ele, o primeiro dos ministros a se pronunciar durante a chegada das vacinas.
Ex-ministro nos bastidores/ A CPI não viverá só de ex-ministros da Saúde convocados a prestar depoimento. Nos bastidores, assessorando o PT, está o ex-ministro Arthur Chioro, que atuou ali no governo da presidente Dilma Rousseff, antes de a então presidente se ver obrigada a entregar o cargo para o MDB.
No papel de relator da CPI da Covid-19, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) enfrenta uma saia justa nesse período de aprovação dos requerimentos de convocações e informações. Um dos momentos em que Renan demonstrou contrariedade na sessão desta manhã foi quando o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) pediu a aprovação de pedidos de informações sobre a operação Falso Negativo, da Polícia Federal, no DF. Olhando para Izalci, Renan foi direto: “Quem tem algum problema com o seu governador, não é aqui que vai resolver”. Izalci é potencial candidato a governador do DF pelo PSDB. E o governador Ibaneis, ao que tudo indica, disputará a reeleição pelo MDB e já foi inclusive citado como um potencial nome para um jogo nacional dos emedebistas. A CPI pode resultar em desgaste, ainda que o relator seja do MDB e o governador, à época, tenha afastado todos aqueles que terminaram enroscados na operação da PF.
A operação investigou a compra e testes para detecção de covid-19 e o inicio da testagem da população, quando esses testes eram escassos e ainda não estavam disponíveis nos laboratórios comerciais. A operação resultou inclusive na prisão de autoridades de saúde do DF e o afastamento do então secretário de Saúde, Francisco Araújo. As investigações levantaram inclusive autoridades e políticos que passaram na frente na fila da testagem para visitar parentes.
O jogo está só começando
Com a ajuda de outros senadores da CPI, Izalci conseguiu aprovar os requerimentos, uma vez que um dos objetivos da CPI é investigar repasses federais aos estados e municípios para ajudar no combate à pandemia. Serão alvos todas as unidades da federação que receberam recursos, tiveram problemas, enfrentaram operações da PF. Inclusive o DF. Nesse sentido, os embates políticos serão inevitáveis e, nessa fila, há outros estados que terão mais visibilidade do que do DF.
Ainda não foi aprovada a convocação e governadores, mas isso não significa que, mais à frente, os senadores tentem levar esse grupo a prestar esclarecimentos. Nesta reunião de hoje, houve um pedido de convocação dos governadores do Pará, Helder Barbalho, da Bahia, Rui Costa, do Amazonas, Wilson Lima, e de São Paulo, João Doria. Esses pedidos não chegaram a ser apreciados, porque foram considerados fora do contexto da CPI, que não foi feita para investigar os gestores estaduais. Por isso, antes de ter acesso às informações sobre a aplicação de recursos federais, os senadores concluíram não há como argumentar em favor dessa convocação. Mas, se lá na frente, houver justificativa para chamá-los a depor, esse pedidos voltarão a ser apresentados.
Ainda sem partido e com a CPI da Covid ainda no aquecimento, o presidente Jair Bolsonaro monta silenciosamente o bloco de legendas que pretende aglutinar para apoiá-lo em 2022. Seus aliados acreditam que ele contará com o Patriotas, o Brasil 35 (novo nome do partido da mulher), o PTB de Roberto Jefferson, o PP de Ciro Nogueira e o PL, de Valdemar Costa Neto.
Dos três últimos, apenas Jefferson é considerado capaz de manter uma aliança “na alegria e na tristeza”, por causa da proximidade que mantém com o presidente. Ciro Nogueira e Valdemar são vistos com uma certa desconfiança. Bolsonaro aposta que terá o apoio dos dois partidos, mas quem é próximo do presidente está “com um olho no gato, outro no peixe”. Afinal, os três partidos largaram o PT no meio do caminho.
Modus Operandi
O G-7 da CPI da Covid planeja chegar para a reunião desta quinta-feira com a lista fechada de requerimentos a serem aprovados. Isso quer dizer, que, na largada da CPI, o quarteto governista estará fadado a um papel secundário. E nada indica até o momento que vão conseguir quebrar essa aliança no G-7.
Por falar em governistas…
O senador Ciro Nogueira, o mais experiente da bancada do governo, fica estrategicamente fora da ação levada ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a presença de Renan Calheiros na CPI. É jogo combinado para que possa servir de ponte mais à frente. Até aqui, porém, as falas do presidente Jair Bolsonaro não têm ajudado.
Efeito colateral
Da mesma forma que o Supremo Tribunal Federal conseguiu reduzir os ataques às instituições com o inquérito sobre ameaças aos seus ministros, a tendência é que a CPI da Covid leve o governo a tomar uma atitude mais firme no quesito combate à pandemia. Prova disso é o cronograma de vacinas, que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, prometeu apresentar na semana que vem.
A conta chegou
O governo quer usar seus líderes dentro do MDB __ Eduardo Gomes (TO) e Fernando Bezerra Coelho (PE) __ para tentar se aproximar do partido. Só em um probleminha: O presidente do partido, Baleia Rossi, é justamente aquele que o governo desprezou para apoiar Arthur Lira à presidência da Câmara. E por duas vezes, o MDB foi rechaçado pelo governo para presidir o Senado. Está tudo interligado.
CURTIDAS
A hora da verdade/ Com dois líderes do governo, o do Senado, Fernando Bezerra Coelho (PE), e o do Congresso, Eduardo Gomes (TO), o MDB está cada vez mais pressionado a definir um caminho para 2022. “O partido precisa se reunir e começar a conversar sobre seus caminhos futuros”, diz o vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), em entrevista à Rede Vida.
Educação na pauta/ A deputada federal Paula Belmonte (Cidadania-DF) passou esta semana em articulações no Senado para tentar emplacar seu projeto, que torna a educação atividade essencial. Ela se reuniu com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e participou de encontro entre o relator do projeto, senador Marcos do Val (Podemos-ES), e representantes do Movimento Escolas Abertas. A previsão é votar ainda hoje.
Quem manda/ Em audiência na Comissão de Relações Exteriores do Senado com o chanceler Carlos França, os deputados Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Henrique Fontana (Pt-RS) quase protagonizaram um bate-boca, quando Fontana disse que Eduardo era o “chanceler informal”, que atrapalhava a política externa. “O cargo de filho é indemissível. Ninguém vai me impedir de ir nos fins de semana no Alvorada, conversar com o meu pai. Se alguém há de puxar a minha orelha, é ele”, afirmou o filho do presidente. A discussão só não foi pior, porque o presidente da CRE, Aécio Neves, cortou as falas.
Em comparação ao “ex-Ernesto”…/ O ministro de Relações Exteriores, Carlos França, passou no teste de sua primeira audiência na Câmara. Foi calmo, respondeu de forma objetiva a todas as questões, muito diferente do antecessor, Ernesto Araújo, a quem a senadora Kátia Abreu chama de “Ex-Ernesto”. França contou que procurou o embaixador da China para se explicar sobre as falas de Paulo Guedes. Araújo, quando das declarações infelizes do filho do presidente Jair Bolsonaro sobre a China, reclamou foi do embaixador.
Desde que ficou líquido e certo que o governo não teria maioria na comissão parlamentar de inquérito (CPI) da Covid-19, aliados do presidente Jair Bolsonaro acionaram “o mecanismo”. Consiste em procurar em todas as redes sociais vídeos e declarações que ajudem a diluir os problemas que o governo terá no colegiado. Entre o que já foi encontrado consta uma entrevista do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), dizendo que a polêmica sobre a hidroxicloroquina era desnecessária e que o medicamento poderia, sim, ser receitado pelos médicos. A imagem já foi, inclusive, enviada aos integrantes da CPI.
A aposta dos governistas é de que essa CPI será diferente das outras, porque a estrutura da informação — e, por tabela, a da desinformação — mudou. Sendo assim, a perspectiva de a comissão se transformar numa guerra de versões e narrativas já está no
radar do governo.
CPI internacionalizada
A situação global será parte integrante da estratégia do governo federal na comissão parlamentar de inquérito (CPI) para mostrar que a falta de vacinas ou atraso não é privilégio do Brasil. Uma prova disso é o processo que a União Europeia prepara contra a AstraZeneca, por causa do não cumprimento do contrato de fornecimento de 300 milhões de doses no primeiro semestre deste ano.
O que vem lá
Também entrará no rol do governo reações a algumas vacinas que apresentaram problemas em outros países. A avaliação do governo é de que, puxando percalços vividos em outras nações, será possível mostrar que a falta de vacinas não é culpa do presidente Jair Bolsonaro e, sim, um problema global.
Casamentos de conveniência
A CPI já tem como subproduto uma mexida nos blocos do Senado, que hoje são cinco. O Republicanos, do senador Flávio Bolsonaro, deixa o grupo com o MDB, mas não pretende ficar sozinho. O difícil será encontrar um bloco que acolha os dois senadores do partido.
O governo
A influência que Flávio Bolsonaro cobrou do MDB, por exemplo, uma consulta ao Republicanos sobre quem indicar para a CPI, não será levada em conta em nenhum dos blocos. Com dois senadores, o Republicanos será minoria em todos os grupos.
O final da fila
Se decidir formar um bloco com o PP de Ciro Nogueira, que tem sete senadores e também avalia abandonar o MDB, o novo grupo ficará menor que o PSD, partido de Gilberto Kassab, que tem 11 senadores e não participa de nenhum agrupamento na Casa.
Muda para aliviar / Há quem diga que não foi uma coincidência a conversa do ministro da Economia, Paulo Guedes, com o presidente da Câmara, Arthur Lira, na segunda-feira, e o anúncio de mudanças na equipe que cuidou do Orçamento — o secretário de Fazenda, Waldery Rodrigues, e de Orçamento, Georges Soares. É para dar uma refrigerada. Há pressões pela substituição de Martha Seillier do comando do Programa de Parceria Privada de Investimentos (PPI), mas ela nega que esteja de saída.
Sai daí rapidinho!/ A participação de Flávio Bolsonaro na CPI foi considerada um desastre até por aliados do governo. Já tem senador disposto a pedir que ele fique calado e evite enfrentamento no colegiado. Afinal, a cobrança de isolamento social por quem defende a volta à normalidade com pandemia e tudo não cola.
Quem põe o guizo?/ Faltava definir, porém, quem ia dizer a Flávio Bolsonaro para ficar quieto, ou, pelo menos, não provocar e evitar declarações que passem uma certa arrogância. Os comentários em relação à combatividade das mulheres — “já foram mais respeitadas e indignadas” — e à ingratidão do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, foram os piores momentos.
Explorar o passado/ O governo ainda planeja constranger a parceria entre o relator, Renan Calheiros; o presidente, Omar Aziz; e o vice, Randolfe Rodrigues. Há quem diga que o que os atuais governistas fizeram até hoje a Renan não foi 10% do que Randolfe “aprontou” com o alagoano no passado. Virão ainda tentativas de constranger o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, na terça-feira.
Por falar em parceria…/ Antes que venham dizer que ele é “negacionista” ou adversário da China, o ministro da Economia, Paulo Guedes, organizou uma coletiva para repor os pingos nos is e defender a parceria com a China. Ele explicou a “infeliz” frase de um “vírus da China” e pediu, inclusive, desculpas ao embaixador da China. Melhor assim. De confusão, já basta a tragédia da pandemia, a CPI, as dificuldades orçamentárias e por aí vai.