Autor: Denise Rothenburg
Aliados pedem a Lula guinada ao centro para conter crescimento de Bolsonaro
Os mais moderados apoiadores de Lula na seara política dizem que ou ele faz logo uma guinada ao centro, ou correrá o risco de ser ultrapassado por Jair Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto. Em São Paulo, levantamentos já detectaram esse movimento. Portanto, melhor moderar logo o discurso do que ficar
esperando o auge da campanha.
Até aqui, Lula praticamente fechou os partidos de esquerda, mas não está agregando votos ao centro. Se continuar assim, a tendência, segundo alguns, é surgir espaço para algum nome da terceira via, ou Bolsonaro tomar mais espaço de centro. As duas situações preocupam os apoiadores do petista.
E a tensão não vai passar
A tomar pelas manifestações nos atos pró-governo, a tensão com o Supremo Tribunal Federal não vai terminar tão cedo. Será de altos e baixos ao longo de toda a campanha.
Não será fácil para ninguém
Não é só Bolsonaro que tem problemas com o ministro Alexandre de Moraes. O PT terá entre seus advogados nesta eleição o ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão, mas o deixará nos bastidores. É que Aragão e Moraes, futuro presidente do TSE, tiveram um embate em 2017 que até hoje não foi resolvido. Aragão acusou Moraes, seu então sucessor no Ministério da Justiça, de ligações com o PCC, e Moraes respondeu que iria processar Aragão para que o antecessor aprendesse a “calar a boca”.
Turma da paz
Os petistas planejam colocar como seus representantes junto ao TSE a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, e o secretário-geral, Paulo Teixeira, uma dupla para lá
de paciente.
Faça a conta
Ainda não há lastro orçamentário para o aceno a mais vagas para contratação de policiais que o presidente Bolsonaro fez em telefonema ao ministro da Justiça, Anderson Torres, enquanto conversava com apoiadores no cercadinho do Alvorada. Porém, no Planalto, a turma diz que algo terá que ser feito. Falta combinar com o caixa do governo, que já está para lá de apertado.
Quem prorroga quer briga/ O PTB viu na prorrogação dos inquéritos envolvendo o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) no Supremo Tribunal Federal um sinal de que o ministro Alexandre de Moraes não deixará barato a concessão da graça ao parlamentar. A avaliação dos petebistas é a de que quem quer paz tem que fazer gestos.
Pauta religiosa I/ A sessão de hoje da Câmara dos Deputados vem sob encomenda para atrair a bancada evangélica. Estão em pauta o Dia Nacional do Cristão, a garantia ao livre exercício da crença e dos cultos religiosos, e, ainda, um terceiro que veda qualquer alteração, edição ou adaptação de textos e versículos
da Bíblia.
Pauta religiosa II/ O projeto que proíbe até adaptação dos tetos bíblicos promete provocar confusão. Afinal, há uma vasta literatura adaptada de passagens bíblicas.
Vamos votar!/ As candidatas do concurso Miss Bumbum 2022 também entraram na campanha para que os jovens tirem o título de eleitor. Todas elas posaram para fotos com o documento em mãos.
A dificuldade em montar as nominatas para a eleição de deputado federal em vários estados está levando os partidos a chamarem os vereadores a concorrer, a fim de ajudar a conquistar vagas. Em São Paulo, por exemplo, onde o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha será candidato a deputado federal pelo PTB, os integrantes de Assembleias Legislativas serão contatados com o seguinte aviso: quem não quiser ajudar agora pode ficar sem o pedaço do fundo eleitoral daqui a dois anos, quando for disputar a própria reeleição.
O fim das coligações para a eleição proporcional, porém, já apresenta como resultado positivo a eliminação de candidatos “laranjas”, ou seja, colocados para concorrer apenas para constar. Agora, com a redução do número de candidatos e a obrigação de ter votos, muitos partidos querem distância dos “sem-voto”.
O que vem por aí
Quem acompanha a Vaza-Jato garante que ainda tem muito material de diálogos de procuradores da Lava-Jato pronto para vir a público em meio à campanha eleitoral. Sabe como é, com Deltan Dallagnol pré-candidato a deputado federal no Paraná, os diálogos vazados pelo site The Intercept Brasil voltarão à baila.
Muita calma nessa hora
Os políticos mais experientes aliados a Lula têm pedido encarecidamente aos mais otimistas que evitem falar em vitória no primeiro turno. A campanha ainda nem começou, e todas as vezes que o PT venceu foi em dois turnos, inclusive há 20 anos, quando era favorito na disputa contra o tucano José Serra. Para completar, quem conta com a vitória no primeiro turno e não leva passa para o segundo com cheiro de derrotado, ainda que esteja na rodada final.
Bolsonaristas comemoram…
O presidente Jair Bolsonaro aparece à frente de Lula no levantamento feito em São Paulo e divulgado neste fim de semana pelo Instituto Paraná Pesquisas. Bolsonaro, que em abril tinha 31%, aparece com 35,8%, e Lula, com 34,9%.
… e tucanos também
João Doria também melhorou sua performance junto ao eleitorado paulista. Aparece com 5,5%, empatado tecnicamente com Ciro Gomes, com 5,4%. O resultado estimula o PSDB ligado ao ex-governador a insistir na candidatura nas conversas com os demais partidos de centro, uma vez que Simone Tebet tem 1,9%.
Nem tanto
Os emedebistas, porém, não estão convencidos. Dizem que João Doria deveria estar muito à frente, uma vez que já governou São Paulo. E, para completar, na pesquisa espontânea, aquela em que o eleitor diz em quem vai votar sem consultar uma lista de opções, Doria aparece com 0,7%, e Tebet, com 0,4%, ambos atrás de Sergio Moro (1%) e Ciro (1,5%). Bolsonaro lidera, com 22,1%. Lula surge com 20,7%.
Apostas eleitorais/ Os mais atentos aos bastidores da terceira via vislumbram uma chapa João Doria e Simone Tebet. A construção, porém, só será fechada em julho.
Preservem as mães, por favor/ O União Brasil poderia até se aliar a Ciro Gomes, mas a resposta do ex-governador aos bolsonaristas na Agrishow leva o partido de Luciano Bivar e ACM Neto a segurar qualquer aproximação. A história de responder a agressões citando a mãe de um brasileiro de forma jocosa foi pesado.
Mergulha, Daniel/ O deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) foi aconselhado a sair de cena e do fogo cruzado para baixar a poeira do processo que pede a suspensão do exercício do mandato.
Dia do Trabalho/ Que seja um domingo de manifestações pacíficas.
Nos bastidores do XV Congresso do PSB, realizado em Brasília, o ex-presidente Lula se dedicou a tentar organizar os palanques de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, que ainda não estão totalmente resolvidos entre petistas e socialistas. E, em princípio, o mais difícil é o Rio de Janeiro. Lula conversou com o deputado Marcelo Freixo, pré-candidato a governador, e concluiu que a tendência é mesmo a coligação ter dois candidatos ao Senado, Alessandro Molon, do PSB, e André Ceciliano, do PT.
Os socialistas consideram que não dá para abraçar a candidatura do petista ao Senado, muito ligado ao atual governador Cláudio Castro, do PL, partido de Jair Bolsonaro. O receio é de que Ceciliano acabe “escondendo” Freixo e fazendo campanha para a reeleição de Castro.
Campo minado
A campanha de Lula ainda quebra a cabeça para saber o que fazer no interior. É que nas pequenas cidades, os prefeitos estão de olho nas RP9. Muitos não têm sequer abertura para conversar com os petistas. A ordem, nesse caso, será tentar criar uma onda pela democracia.
O legado de Eduardo Campos
Depois das homenagens a Eduardo Campos em praticamente todas as falas dos socialistas no XV Congresso do PSB, a família se reuniu para jantar na Trattoria da Rosário, um dos preferidos do ex-governador pernambucano, que morreu num acidente de avião em 2014 em plena campanha presidencial. A ex-primeira-dama reuniu todos os filhos, noras, genro, e o primeiro neto, Eduardo, de dois meses e meio. Da esquerda para a direita, José Henrique Campos, João Campos (prefeito de Recife) com a namorada, a deputada Tabata Amaral (PSB-SP); Augusta, esposa de Pedro Campos, seguida pelo marido; a ex-primeira-dama Renata Campos, Miguel Campos, Eduarda Campos (de pé), com o filho, e, em primeiro plano, o marido, Tomaz Alencar.
Ajuda aí, Geraldo!/ O ex-governador do Maranhão Flávio Dino fez questão de abordar Geraldo Alckmin na convenção do partido, a fim de ajudar na construção de uma candidatura única para o governo estadual. O PT vai de Fernando Haddad, e o PSB, de Márcio França.
Muita calma nessa hora/ Alckmin, já confirmado como pré-candidato a vice-presidente numa chapa encabeçada por Lula, e tarimbado na política, prometeu ajudar. Mas não garantiu sucesso.
Morde-assopra/ Jair Bolsonaro entrou no modo assopra, ao dizer que não quis “peitar” o Supremo quando concedeu a graça constitucional a Daniel Silveira. Sinal de que a corda da tensão entre os Poderes deu uma afrouxada.
Limão-limonada/ As críticas de Lula aos meios de comunicação, por terem, segundo ele, destruído a sua vida ao noticiarem as acusações feitas pela Lava Jato, foram lidas pelos políticos atentos como um sinal de que o “Lulinha paz e amor” ficou no passado.
Confiantes na aprovação do novo Auxílio Brasil pelo Senado, os estrategistas do presidente Jair Bolsonaro acreditam que está posto o discurso social para que ele apresente na campanha pela reeleição. O chefe do Executivo dirá que não elevou o valor do Auxílio Brasil porque preferiu transformá-lo num programa permanente, “muito melhor” do que o Bolsa Família do PT de Lula. Falta acertar o que fazer com a economia. O anúncio da prévia da inflação de abril, esta semana, deixou o cenário ainda mais nebuloso nessa área.
Até aqui, a estratégia do governo é dizer que está ruim no mundo todo. Porém, avaliam os governistas, isso não basta, porque Lula virá com o discurso de que no governo petista a população comia melhor, e os candidatos da terceira via, em especial, Ciro Gomes, que já foi ministro da Fazenda, também vão puxar a campanha para esse lado. Paulo Guedes terá de se virar para construir um discurso capaz de convencer o eleitor de que é melhor a continuidade do que a mudança nesse setor. Até aqui, a contar pelas pesquisas, o eleitor não se convenceu, e o tempo está se esgotando.
O “sim” de Lula
A fala de Lula em reunião da Rede Sustentabilidade, assumindo de vez a candidatura ao Planalto, vem sob encomenda para que ele possa desfilar hoje, no Congresso do PSB em Brasília, com o convite oficial a Geraldo Alckmin. A partir de agora, os dois caminharão mais juntos nas andanças da pré-campanha.
Dinheiro em caixa
A aprovação dos projetos de suplementação orçamentária, esta semana, vai garantir os recursos para o reajuste do funcionalismo. E também o Plano Safra. Essa fogueira, dizem deputados governistas, o Executivo pulou.
Não os provoque!
Ao dizer que o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) não fará parte da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), tenta acalmar os ânimos, além de promover a paz entre os Poderes. Ele quer evitar uma investida ainda maior do Supremo Tribunal Federal sobre as emendas de relator.
Falta combinar
Lira, porém, ainda precisa se acertar com o PTB. O partido de Roberto Jefferson tem a prerrogativa de indicar quem quiser para compor o colegiado.
Anfavea em Brasília/ Pela primeira vez em seus 65 anos de história, a Anfavea fará a posse de sua diretoria na capital da República, em 3 de maio. É hora de estar mais perto do centro do poder no Brasil. Entre os que já confirmaram presença está o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, mineiro como Márcio Lima, o presidente que assume o comando da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores.
Iniciativa do bem I/ A Associação Nacional das Defensoras e Defensores Públicos (Anadep) e a Associação das Defensoras e Defensores Públicos do Distrito Federal (Adep-DF) lançarão, em 5 de maio, a campanha nacional “Onde há defensoria, há justiça e cidadania”. Para marcar o início da campanha, haverá um mutirão de atendimento jurídico prestado pela Defensoria Pública do Distrito Federal, no pátio da Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Iniciativa do bem II/ Os defensores públicos realizarão petições iniciais de direito de família e prestarão orientação jurídica para a população. Haverá, também, atendimentos do Núcleo de Direitos Humanos e do Núcleo de Assistência Jurídica da Central de Relacionamento com os Cidadãos (CRC). Outro destaque será o atendimento do Programa Paternidade Responsável, que proporcionará exames de DNA entre as partes. Os atendimentos serão realizados das 8h às 13h.
Noite de homenagens/ A sessão em comemoração aos 62 anos da TV Brasília, na Câmara Legislativa do DF, reuniu autoridades, diretores do grupo Diários Associados e empresários. A primeira emissora de tevê da cidade é parte da história do Brasil.
Auxílio Brasil permanente é vitória do governo Bolsonaro e da base aliada
A decisão de tornar o Auxílio Brasil de R$ 400 permanente, conforme emenda do líder do Republicanos, Hugo Motta, foi tomada sob encomenda para dar aos governistas o discurso que impedisse ampliar para os R$ 600 defendidos pelo União Brasil e pela oposição. De quebra, a base do presidente Jair Bolsonaro ainda sai com a narrativa de que levou o governo a rever a proposta de encerrar o Auxílio em dezembro de 2022. A oposição, por sua vez, não teve saída, senão aceitar a proposta do deputado João Roma (PL-BA), que, quando ministro da Cidadania, implantou o Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família.
A negociação de João Roma foi lida no Planalto como um gol que tirou o governo do desgaste e da discussão dos R$ 400 versus R$ 600. No governo, diz-se que, se Bolsonaro for reeleito, João Roma terá assento garantido no ministério.
Lula, fase um
O discurso de Lula sobre o aborto, revisão da reforma trabalhista e militares em cargos civis foi feito com o objetivo de agregar os partidos de esquerda em torno de sua candidatura. Deu certo. PSol, que, em 2018, lançou Guilherme Boulos, já fechou com Lula. Assim como o PSB, que não apoiou integralmente o PT, e o PCdoB. Naquele ano, a legenda ensaiou a candidatura de Manuela D’Ávila, que terminou vice de Fernando Haddad.
Lula, fase dois
Agora, o ex-presidente voltará sua atenção para o centro, de olho em construções que possam levar a turma da terceira via a apoiá-lo num provável segundo turno contra Bolsonaro. O PT acredita que a polarização está posta e não tem mais volta. Esse discurso moderado e voltado ao centro começa em 3 de maio, no ato com Paulinho da Força, do Solidariedade.
Daniel, jurista de recado
A indicação do deputado Daniel Silveira para a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara pelo seu partido, o PTB, foi vista como uma chacota ao Supremo Tribunal Federal e um recado: ali, na Câmara, quem manda são os deputados.
Finalmente
O governo federal enviou uma comissão para verificar a denúncia de estupro e morte de uma menina ianomâmi de 12 anos. Antes tarde do que nunca.
Eles são de todos/ Todos os pré-candidatos ao Planalto que foram à 23ª Marcha dos Prefeitos saíram de lá com a sensação de que terão apoio da maioria dos prefeitos. Só tem um probleminha: nos bastidores, os prefeitos só querem saber mesmo é das RP9, as emendas de relator.
Apostas/ O União Brasil calcula que poderá eleger dez deputados no Rio de Janeiro. Para isso, porém, quer distância da tal terceira via e uma aproximação com Jair Bolsonaro.
Sai daí rapidinho!/ Aliás, os planos estaduais do partido é que levam o presidente do União Brasil, Luciano Bivar, a pensar seriamente em abandonar as conversas da terceira via com o PSDB, o Cidadania e o MDB. Ele já percebeu que dificilmente sairá consenso entre essas agremiações. A avaliação no União é a de que João Doria, do PSDB, não desistirá da candidatura. Nem Simone Tebet, do MDB.
Enquanto isso, no Ceará…/ O ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (MDB) é pré-candidato a deputado federal e, se eleito, tem grandes planos. Por exemplo, concorrer à Presidência da Câmara, se Lula vencer a eleição presidencial.
… o céu é o limite/ Depois que o secretário-geral do PT, Paulo Teixeira, declarou com todas as letras à coluna que não irá apoiar Arthur Lira, os aliados de Lula estão todos pensando em ocupar a cadeira onde hoje está o alagoano.
A reunião do União Brasil serviu de termômetro do que está por vir no plenário da Câmara, quando a Medida Provisória do Auxílio Brasil de R$ 400 for à votação. Dos 52 deputados da bancada, nenhum foi contra quando Danilo Forte defendeu que o partido apresente uma emenda passando o benefício para os R$ 600 pagos no primeiro ano da pandemia, de forma a não deixar essa “bondade” como obra dos partidos de oposição. “Todos os entes federados tiveram aumento de arrecadação. E já que não querem ceder em impostos para aliviar o preço da energia e dos combustíveis, que deem esse dinheiro para a população mais pobre”, defendeu Forte, com o aval de toda a bancada. O único que ficou calado foi o líder, Elmar Nascimento. E, diz o ditado, quem cala consente.
Os partidos mais ligados ao governo, porém, vão apostar nos R$ 400, o piso do Auxílio que, em alguns casos, ultrapassa o valor de R$ 800. E deixar claro que é melhor aprovar do jeito que está do que voltar aos parcos recursos pagos pelo antigo Bolsa Família. A discussão promete.
Cena fluminense
Alguns cultos evangélicos no interior do estado do Rio de Janeiro começam com a entrada da bandeira do Brasil e o Hino Nacional. Quem esteve por lá recentemente viu que, quando a música para, um pastor diz: “A nossa bandeira jamais será vermelha”.
Eu sou você amanhã
Dificilmente, a maioria da Câmara dos Deputados vai corroborar a ordem do STF, de cassar o mandato de Daniel Silveira. A ordem que impera nos partidos é na linha do que foi dito pelo presidente Arthur Lira, ou seja, o Parlamento é quem decide a sorte dos deputados.
Direito autoral
Se fosse por um processo interno, Daniel poderia ser até punido, mas cassação por ordem do STF os parlamentares tendem a rejeitar.
Nossos índios estão sozinhos
A denúncia do caso de estupro e morte de uma menina ianomami de 12 anos, em Roraima, obteve até aqui respostas protocolares das autoridades locais. Em Brasília, silêncio de todos os ministérios, seja de Direitos Humanos, seja da Justiça. E se fosse a sua filha?
Terrivelmente chateado/ A alguns amigos, o presidente Jair Bolsonaro disse que, se soubesse que o mais novo ministro do Supremo Tribunal Federal, André Mendonça, votaria contra Daniel Silveira, teria escolhido Ives Gandra Martins Filho ou Augusto Aras para o STF.
Por falar em escolhas…/ O ex-ministro Carlos Marun (MDB) decidiu que não será candidato a nada. “Descobri que há vida fora do Parlamento”, diz ele.
A boa regra/ Na exposição em homenagem aos 62 anos de Brasília e do Correio, diversas autoridades comentavam o indulto a Daniel Silveira — exceto o ministro Gilmar Mendes. Ele só fala nos autos.
Portfólio/ Onde a deputada Bia Kicis vai, ela carrega o relatório do trabalho de seu período na presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Em 2021, em plena pandemia, foram apreciadas ali, em 2021, 934 matérias, entre elas o projeto que prorrogou o subsídio para 17 setores da economia, que ela negociou pessoalmente com o ministro Paulo Guedes.
A depender das conversas entre ministros do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso avançou o sinal ao dizer que as Forças Armadas estão orientadas a pôr em dúvida o processo eleitoral no Brasil. Nos bastidores, há quem tema que as declarações de Barroso sirvam para que as Forças tomem partido nessa tensão entre o Poder Executivo e o Judiciário e para que o presidente Jair Bolsonaro inclua outros temas, muito além da graça que Bolsonaro concedeu a Daniel Silveira.
A citação por parte de Bolsonaro do novo marco para demarcação de terras indígenas, em discussão no Supremo Tribunal Federal, é vista como um exemplo. O presidente não pode simplesmente dizer que não cumprirá uma determinação da Suprema Corte.
Muita calma…
Os líderes partidários mais aliados ao Planalto não estavam muito dispostos a entrar nessa briga entre Planalto e Supremo Tribunal Federal. Mas o projeto da deputada Carla Zambelli (PL-SP), que concede anistia ao deputado Daniel Silveira, tenta colocar a turma no redemoinho.
…nessa hora
Em princípio, a ideia que alguns vão levar ao presidente da Câmara, Arthur Lira, é deixar esse projeto tramitando normalmente, para esperar um pouco e ver se esfria a tensão entre Planalto e STF. Falta combinar com os bolsonaristas, ávidos por ver Daniel Silveira candidato.
Ou vai ou racha
O início das inserções de rádio e tevê do PSDB é a esperança dos aliados de João Doria dentro do partido. Se subir alguns pontinhos e reduzir a rejeição, ninguém tira a candidatura dele.
Nem vem
No MDB, porém, há um grupo que não quer saber do tucano. Muita gente diz que, se Simone Tebet não for candidata, uma ala apoiará Lula, e outra, Bolsonaro. No DF, como o leitor da coluna já sabe e o telespectador do CB.Poder também, o governador Ibaneis Rocha apoiará Bolsonaro.
Por falar em DF…
O pré-lançamento da candidatura de Damares Alves ao Senado foi lido, nos bastidores, como um sinal de que nem tudo está tão tranquilo para a deputada Flávia Arruda na base bolsonarista. Até aqui, a ex-ministra da Secretaria de Governo era considerada o nome para a vaga, em parceria com Ibaneis Rocha à reeleição. O movimento de Damares embaralhou esse jogo.
… o jogo é bruto
Agora, está reaberto o leque de especulações sobre uma possível candidatura de Flávia Arruda ao governo. Aí tem outro problema: parte dos bolsonaristas não quer. Até julho, temporada das convenções, tem conversa.
E por falar em Dia do Trabalho…/ Com o propósito de incluir motoristas e entregadores que atuam por meio de plataformas digitais no sistema público da previdência, a Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) pretende reunir parlamentares, empresas, governo federal e acadêmicos no evento Plataformas Digitais nesta quarta-feira, 27, no auditório da FGV, em Brasília, para debater o tema, o futuro da proteção social no trabalho digital.
… eles querem discutir/ Já confirmaram presença o secretário-executivo do Ministério da Fazenda e Previdência, Bruno Dalcomo; os deputados Rodrigo Coelho (Podemos-SC), Marco Bertaiolli (PSD-SP), Paula Belmonte (Cidadania-DF) e Paulo Ganime (Novo-RJ). A Amobitec, que representa empresas como Uber, 99 e iFood, defende a construção de um ambiente regulatório com segurança jurídica para o modelo de negócio das plataformas.
Anteprojeto/ A ideia é chegar a um sistema que propicie a proteção social aos profissionais independentes, que hoje totalizam cerca de 1,4 milhão de pessoas no Brasil. No evento, será apresentada uma carta de princípios do setor sobre o tema, que já vem sendo citada como algo que poderá ajudar na construção de uma nova legislação a respeito.
É lá/ Ficou a ver navios a turma que costuma fazer fila na casa do ex-presidente José Sarney todo 24 de abril para cumprimentá-lo pelo aniversário. Os 92 anos foram comemorados no Maranhão. Com Roseana Sarney candidata a deputada federal para puxar votos, a maioria da família não sai de lá.
Coluna Brasília-DF, por Carlos Alexandre de Souza (interino)
O indulto concedido pelo presidente Jair Bolsonaro ao deputado Daniel Silveira, contrariando o entendimento de dez ministros do Supremo Tribunal Federal, empurra o Poder Judiciário ao terreno do bolsonarismo. O gesto do chefe do Planalto põe a política no caminho da Justiça, em um ano eleitoral. O desgaste para os integrantes da mais alta Corte de Justiça do país será incontornável.
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Ao justificar a concessão do perdão ao parlamentar, Bolsonaro empregou argumentos jurídicos, como defesa da liberdade de expressão, e noções subjetivas, como a de que a “sociedade encontra-se em legítima comoção”. O objetivo, entretanto, é claramente político. Não se trata de preservar um senso de justiça, mas manter no campo eleitoral uma controvérsia que, na última quinta-feira, ganhou claro entendimento no Judiciário.
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O STF pode frear o ímpeto presidencial em resposta ao decreto, mas não conseguirá evitar a tensão institucional detonada pelo Palácio do Planalto, com evidentes efeitos políticos e econômicos. Note-se que o réu em questão foi condenado por incitação a atos antidemocráticos e ataques aos ministros do Supremo.
“Covarde”
Paola Daniel, esposa de Daniel Silveira e pré-candidata a deputada federal, cobrou uma reação mais firme do chefe da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL). “Daniel Silveira não é criminoso para ter pena estipulada. Ele não cometeu crime algum e posso garantir que ele não está assustado. Está ainda mais decidido a despertar pessoas para o que poderemos enfrentar. Arthur Lira é um covarde!”, escreveu em uma rede social.
Joio e trigo
Quando ainda não era ministro do Supremo, André Mendonça deixou claro aos senadores que o ouviam em sabatina. “Na vida, a Bíblia. No Supremo, a Constituição”, dizia, sinalizando que saberia distinguir religião e laicidade. Ontem, diante da revolta de bolsonaristas com a condenação a Daniel Silveira, o ministro recorreu às suas convicções morais e jurídicas. “Sinto-me no dever de esclarecer que: [a] como cristão, não creio tenha sido chamado para endossar comportamentos que incitam atos de violência contra pessoas determinadas; e [b] como jurista, a avalizar graves ameaças físicas contra quem quer que seja”, disse.
Está bagunçado
A crise na comunicação da pré-campanha de Lula obrigou o petista a intervir. Ontem, o partido dispensou o marqueteiro Augusto Fonseca, em um revés para o ex-ministro Franklin Martins, até aqui chefe da estratégia de comunicação da campanha de Lula. “A campanha vai ser mais ampla que o PT” e Lula vai “resolver a questão”, disse ao Correio uma fonte do entorno do ex-presidente. O partido ainda não decidiu quem vai ser o novo marqueteiro.
Pé quente
Setores do PT tentam emplacar um marqueteiro mais ligado ao partido. O preferido é o publicitário Sidônio Palmeira, que esteve à frente das campanhas vitoriosas do partido ao governo da Bahia em 2006 e 2010, com Jaques Wagner, e em 2014, com Rui Costa.
Reajuste suspenso
O ministro do STF Luís Roberto Barroso suspendeu o reajuste extra concedido a servidores da saúde, educação e segurança pública de Minas Gerais. O subsídio foi aprovado pela Assembleia Legislativa do estado e elevou em 14% os salários do funcionalismo. Com a decisão do magistrado, fica valendo o reajuste 10,06% dado a todos os servidores do estado. A medida fica em vigor até a análise do caso pelo plenário da Corte. Na decisão, Barroso alertou para o “risco de impacto significativo e irreversível nas contas do Estado”.
A guerra do auxílio
O governo se articula para barrar a tentativa da oposição de aumentar o valor do Auxílio Brasil para R$ 600. O Planalto pretende deixar a medida provisória que complementa os pagamentos do programa caducar e, em seguida, editar um decreto para fixar o benefício em R$ 400 até o fim de 2022. PT, PSol, PSB, PCdoB e PDT tentam, além de elevar o valor do Auxílio Brasil, tornar o benefício permanente. Nesta guerra, além do cálculo eleitoral, pesa a questão orçamentária.
Mais arrocho
Recentemente elogiado pelo ex-ministro Guido Mantega, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, segue fiel à amarga receita para conter a inflação. A investidores estrangeiros, em Washington, ele disse que o Copom deve aumentar a taxa Selic em um ponto percentual na reunião prevista para o início de maio. Atualmente, a Selic está em 11,75%. Na avaliação do presidente do BC, é “apropriado continuar avançando significativamente no processo de aperto monetário para um território ainda mais restritivo”.
“Bolsonaro fecha o STF e autoriza o anarquismo comportamental”
O indulto do presidente Jair Bolsonaro ao deputado Daniel Silveira (PL-RJ) provoca as reações mais diversas ao longo do dia. “Por linha oblíqua, o presidente da República fechou o Supremo Tribunal Federal. Essa atitude dele se aproxima das violentas agressões de setembro de 2021. Definitivamente, autoriza o anarquismo comportamental”, avaliou o vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rego (MDB-PB). Da parte dos bolsonaristas, porém, houve comemoração.
O fim de semana prolongado pelo feriado desta quinta-feira será dedicado a tentar buscar uma forma de derrubar o decreto do presidente Jair Bolsonaro no Poder Legislativo e buscar um meio-termo que permita restabelecer a paz entre os Poderes.
A avaliação de muitos políticos é a de que, se o placar no STF tivesse sido apertado, até poderia auxiliar na defesa de Daniel Silveira, conforme o leitor do blog pode conferir na coluna Brasília-DF de hoje, publicada no post abaixo. Mas a condenação do deputado por 10 votos e apenas um contrário faz qualquer outra medida, que não o cumprimento da decisão da Suprema Corte, soar como uma afronta ao Poder Judiciário. Caberá ao Congresso arrumar um jeito de mediar a situação entre os Poderes, uma vez que muitos advogados ligados ao presidente consideram que o indulto está dentro das quatro linhas da Constituição, como diz o presidente Jair Bolsonaro. Será preciso muito jogo de cintura, paciência e habilidade política para sair dessa crise.
CURTIDAS