A futura procuradora-geral da República, Raquel Dodge, tem dito a alguns que o antecessor Rodrigo Janot pode ficar tranquilo, porque ela não pretende fazer uma devassa no trabalho dele. Ela pretende, sim, marcar diferenças entre os resultados de um e de outro. Na Lava Jato, por exemplo, Sérgio Moro já procedeu 76 condenações. No Supremo Tribunal Federal, até agora ninguém foi condenado. Ela vai partir para a cobrança de investigações e julgamentos com mais celeridade.
Em tempo: Dodge trabalha também com a perspectiva de ter que mostrar muito serviço em dois anos. É que muitos avaliam que o fato de ter sido escolhida por um presidente investigado torna difícil a perspectiva de recondução ao cargo. Se agradar demais o PMDB, ficará exposta como uma “engavetadora-geral”. Se for com muita gana de condenar os políticos, pode assustar alguns tal e qual Janot assusta hoje o partido comandante do Planalto. Nos dois casos, adeus recondução. Por isso, ela não irá nem tanto à terra, nem tanto ao mar. Apostará no equilíbrio.
Sem ato de ofício
A defesa de Michel Temer na Comissão de Constituição e Justiça do Senado terá como espinha dorsal o fato de não haver decisão administrativa do presidente que configure benefício direto ao grupo de Joesley Batista. Esse foi um dos temas que Temer tratou ontem com seus advogados. A outra frente, a política, será discutida hoje.
Furnas e CCJ, tudo a ver
Apesar de adiada, a substituição do presidente de Furnas, Ricardo Medeiros, virá, dizem aliados do presidente Michel Temer. Vai-se, entretanto, esperar mais alguns dias, para ver o que acontece na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. E o que uma coisa tem a ver com a outra? Furnas é ponto nevrálgico para o PMDB de Minas, do qual faz parte o presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco, encarregado de indicar o relator da denúncia contra Michel Temer.
A volta do sigilo I
Os adversários do procurador-geral, Rodrigo Janot, vão insistir para que Raquel Dodge passe a adotar é o sigilo das delações premiadas, conforme prevê a lei. Alguns têm dito que Janot levantou o sigilo da delação de Delcídio do Amaral, por exemplo, apenas para que ele não tivesse como voltar atrás no acordo. A lei prevê que o sigilo de uma delação só pode ser suspenso com a concordância do delator.
A volta do sigilo II
Há quem diga que a retomada dos sigilos pode terminar por deixar que a população vá no escuro na eleição de 2018, especialmente, a respeito das novas delações que estão na fila. Nesse rol, está a de Antônio Palocci, do PT de Lula.
Ele tem a força
Raimundo Lira passou os últimos dias ao telefone, consultando os colegas sobre sua vontade de assumir o cargo de líder do PMDB. Apontado como o nome mais forte hoje para liderar a bancada, Lira será mais um aliado do ex-presidente José Sarney com posição de destaque dentro do partido.
CURTIDAS
A la Gilmar Mendes/ Ao se referir à futura procuradora–geral da República, Raquel Dogde, um colega dela de procuradoria saiu-se com esta: “É um Gilmar de saias”, no sentido de expor suas opiniões sem constrangimentos.
Ainda incomoda/ Quem acompanhou com uma lupa na disputa na PGR semana passada apontou como uma “burrice” do procurador Rodrigo Janot ter investido seu prestígio em Nicolao Dino. Dino já estava queimado desde a rejeição para o Conselho Nacional do Ministério Público.
Sem saída/ A avaliação de muitos, entretanto, é a de que, se Janot não tivesse colocado seu peso para sustentar Nicolao Dino, Raquel Dodge teria sido a primeira da lista. E tudo o que o procurador-geral não queria era dar a Michel Temer o gostinho de ter a preferida do PMDB na pole position.
Aécio, o retorno/ O senador Aécio Neves (PSDB-MG) fará um discurso na terça-feira para marcar a volta e apresentar sua defesa aos colegas. Voltará ainda às reuniões da bancada. Quanto à presidência do partido, foi aconselhado a não fazer nenhum gesto imediato e trabalhar para que a retomada do comando tucano seja algo natural.