A lógica da eleição no Congresso é 2022, por isso, oposição quer impor derrota a Bolsonaro

Publicado em coluna Brasília-DF

A lógica da eleição tirou a oposição de Lira

A disputa pela Presidência da Câmara dos Deputados e do Senado ganhou nesta reta final de 2020 um contorno bem diferente daquele que marcou a corrida de fevereiro de 2019 e se tornou uma armadilha para o candidato do PP, Arthur Lira. Nesse momento, está em jogo quem comandará o Legislativo na preparação das eleições de 2022, o que terminou por afastar do candidato do PP todos aqueles partidos que não desejam seguir com o presidente Jair Bolsonaro daqui a dois anos. Lá atrás, os candidatos que caminhavam numa trilha mais governista e num cenário sem reeleição, caso de Davi Alcolumbre, tinham mais chances de sucesso, por se tratar de um governo novo e com muita expectativa de poder e o discurso da nova política.

Agora, diante de um pleito sem reeleição e, com cada um querendo armar o próprio jogo para o futuro, pesa o discurso de impor uma derrota ao presidente Jair Bolsonaro. Arthur Lira já percebeu e, não por acaso, ontem citou que tanto Baleia Rossi quanto Aguinaldo Ribeiro integram a base do governo. Se Arthur Lira conseguir vencer essa nova lógica, aumenta suas chances de sucesso. Se essa lógica prevalecer daqui a 44 dias. Arthur terá problemas.

Ramagem sob pressão
O diretor da Agência Brasileira de Inteligência, Alexandre Ramagem, que negou ter produzido relatórios para ajudar Flávio Bolsonaro no caso das rachadinhas, passará momentos de tensão por causa da investigação pedida pela ministra do Supremo Tribunal Federal Cármen Lúcia. Há quem diga que ele terá que “matar essa no peito”, de forma a tentar preservar o presidente da República nesse episódio.

Vai ter briga
O clima vai esquentar entre o líder do PSB, Alessandro Molon, e o deputado Júlio Delgado. Júlio tem uma carta assinada por 15 deputados do PSB pedindo uma reunião da bancada para discutir a posição em relação à eleição à Presidência da Câmara. “Não dei cheque em branco para que ele adotasse a participação no bloco do Rodrigo. Aliás, não dou cheque em branco para ninguém”, diz Delgado à coluna.

Será turno único
A montagem de dois grandes blocos na disputa pela presidência da Câmara indica que não haverá segundo turno na eleição. Daí, a pressão daqui para frente será junto aos partidos e parlamentares que têm lá seus votos e falam em lançar candidaturas avulsas ou partidos que costumam marcar posição. Leia-se, o Psol.

Nadou de braçada
A imagem de João Dória recebendo as 2 milhões de doses da coronavac no aeroporto e a imagem de um transporte para as vacinas com a bandeira do Brasil, a marca do governo de São Paulo e e a inscrição “vacina dos brasileiros” deixou muita gente irada dentro do governo. Mal ou bem, Dória até aqui agiu e soube faturar, para irritação de seus adversários.

CURTIDAS

Um artista na cúpula da PGR/ O sub-procurador geral da República Antônio Carlos Bigonha termina este ano tão difícil com muito a agradecer. Na mesma data em que foi nomeado secretário de Relações Institucionais do Gabinete da Procuradoria Geral da República, chegou às plataformas musicais seu mais novo álbum, “Saudades do Amanhã”, com Dori Caymmi, Jorge Helder e Jurim Moreira. Motivos para brindar não faltam.

A volta de Moro/ Com as denúncias de ajuda da Abin a Flávio Bolsonaro no caso das rachadinhas, o ex-ministro Sérgio Moro aproveita para voltar à ativa em suas redes sociais: “A verdade, e não a propaganda, prevalecerá”, escreveu.

O tempo esquentou/ A deputada Fernanda Melchionna (PSol-RS) puxou o coro contra o líder do PP, Arthur Lira, na sessão plenária da Câmara: “Começou muito mal, Arthur Lira. Tentar colher a palavra nossa é inaceitável”.

Muita calma nessa hora/ A viagem de lazer do presidente Jair Bolsonaro ajuda a tirar de cena frases polêmicas, por exemplo, a de virar um “jacaré”se tomar vacina da Pfizer, ou culpar Rodrigo Maia pela não aprovação do 13º do Bolsa Família __ algo que havia sido pedido pelo governo. Quanto ao jacaré, vai para o anedotário, mas o caso de culpar Maia e a negação das vacinas, cruciais para a volta à normalidade, deixaram a área econômica de cabelo em pé. É o presidente distante de sua própria equipe, responsável pelas contas públicas.